*Paulo Caldas
É provável que seja apenas um ensaio, um tiro no escuro ou a tentativa de alçar o voo inicial. Porém, os sinais indicam que Douglas Marques Moreira será escritor. As Fabulosas Aventuras do Super D dão indícios que este menino já acionou o gatilho da criatividade. E sem medo.
O texto é ousado, trilha as pegadas dos super-heróis e figuras paridas pela simbiose dos filmes e desenhos e o imaginário de adolescentes (Douglas Marques Moreira tem 14 anos), mas que neste livro recebem tratamento íntimo, pois o autor é um super-herói e as ações vivenciadas são narradas por ele mesmo.
Todavia o conteúdo de cada capítulo está do além dos clichês (habituais em literatura deste segmento). De um jeito todo seu, subliminar, o autor se mostra de tal sorte que, mesmo abraçado ao empirismo, o texto satisfaz ao leitor de qualquer idade.
As histórias abordam aspectos sociológicos (dramas familiares), questões sentimentais (como o ato do perdão), tiradas filosóficas e em alguns momentos encaram os mistérios da interação com a morte, num clima de absoluta naturalidade: “A morte não lhe deu uma chance; ela lhe deu a imortalidade, mas vou lhe perguntar: você quer viver para sempre sabendo que as pessoas que você ama vão morrer ou quer morrer agora?”, noutras palavras viver é sofrer. Quanto mais se vive, mais se sofre.
Sem a percepção das técnicas que seduzem o leitor, Douglas Marques Moreira descarta tal dificuldade quando assume o narrador onisciente que também é o próprio protagonista, sem comprometer o entendimento do leitor. Durante o caminhar do texto, há momentos em que as coisas acontecem com tal dinâmica que requer pausas na pulsação de quem lê.
De resto, o livro é um delicioso caldeirão de loucuras imaginosas que às vezes se aproximam do surreal, invadem o mundo da magia, mitologia, avançam nos estilos do mágico, fantástico ou maravilhoso, “Minha dona, você fez o que lhe pedi; então vai ganhar um passeio de lobisomem pela Douglas City” e nos convence que tudo aquilo é o possível do impossível.
As ilustrações são fruto da imaginação do autor. Imagens de monstros, figuras extraterrestres, personagens de filmes, fotos de uma floresta qualquer e até automóveis. Produzida pela Luci Artes Gráficas (2018), a apresentação gráfica é apenas razoável. O livro tem a diagramação de Paulo Camelo e prefácio de Cláudio Renato Pina Moreira, membros da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores,
*Escritor