Alguma vez na sua vida, você já imaginou encontrar um sorvete de capim-santo? E de canela, já viu? Pois eles existem e são deliciosos. A sorveteria La Glace, localizada no Mercado da Torre, tem inovado no preparo e nos sabores do gelado, graças à criatividade do seu proprietário Edgard Távora, que inspirado na maneira artesanal francesa de fazer essas delícias geladas, tem produzido verdadeiras surpresas para o paladar.
Edgard sempre gostou de cozinhar, por isso resolveu, despretensiosamente, fazer um curso básico de gastronomia no horário pós-trabalho como funcionário público. O curso foi tão produtivo que, preparando-se para o período de aposentadoria, e antevendo um segundo ciclo profissional, resolveu se aprofundar nessa paixão. Juntou a família e foi estudar durante um ano na escola LeNôtre, em Paris, referência na área de gastronomia mundial.
“Quando voltei da França, trouxe a máquina e os equipamentos e terminei conseguindo fazer um sorvete no mesmo padrão que eu fazia lá na escola” relembra Edgard. O que inicialmente era uma iguaria oferecida aos amigos nos momentos de lazer, começou a crescer até o ponto que não dava mais para ofertar devido à alta demanda. Foi quando decidiu entrar de cabeça no negócio.
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Há cinco anos ele começou a comercializar seus gelados para os amigos, alguns desses tinham restaurantes que serviam o sorvete como sobremesa para seus clientes. A partir daí novas portas se abriram. “Meu amigo passou a vender no restaurante Capitão Lima, depois veio o café Meio do Mundo, em seguida, o Entre Amigos de Boa Viagem também se interessou”, relata. “Nós criamos um site, em que as pessoas acessavam para fazer o pedido e, uma vez por semana, nós entregávamos”, explicou. Em fevereiro deste ano, ele decidiu abrir uma unidade física do La Glace no Mercado da Torre, mas continua com o site e com a distribuição a alguns restaurantes da cidade.
O diferencial da sorveteria, além dos sabores especiais, é o modo de preparo com “sotaque francês”, como costuma definir Edgard. No Brasil é mais conhecida a maneira originária da Itália. “Os sorvetes franceses e italianos têm suas nuances, seja em função dos tipos de ingredientes que se usam, seja pelos padrões de cada ingrediente utilizado. Até a região influencia, se é mais ou menos fria”, afirmou. O sorvete da La Glace se caracteriza por ser mais denso, aveludado e consistente do que a maioria. “Uma das características do produto artesanal é que ele incorpora menos ar no processo de produção, então é um sorvete mais pesado e com mais sabor”, destacou.
O processo de produção dos sabores da La Glace também é realizado dentro de uma proposta diferente. “Para produzir o sorvete de capim santo, por exemplo, temos uma horta em casa e plantamos, sem agrotóxicos, portanto é um alimento orgânico”, detalhou. “Fazemos uma infusão com leite e incorporamos ingrediente por ingrediente. Acrescentamos creme de leite fresco, leite de búfala e açúcar”, detalha. “O de coco, nós extraindo o leite e o óleo da fruta para produzir o sorvete”.
De acordo com Edgard, todas as frutas utilizadas são, preferencialmente, orgânicas. Ele conta com uma série de fornecedores especiais para suas iguarias: “Em janeiro, fiz sorvete de manga que é de um pomar da casa do meu pai. Esse sabor eu só faço em época de safra da fruta. O de cajá é a mesma coisa, coincidentemente, um vizinho meu tem uma cajazeira enorme. Quando está na época, vou lá e colho a fruta”. Já o caramelo do sorvete é produzido pelo próprio chef, o amendoim é feito de uma pasta integral 100%, o de chocolate belga é proveniente do cacau extra bruto Callebaut, reconhecida marca da Bélgica.
Apesar de ser calórico, por causa do açúcar, Edgard assegura que o sorvete da La Glace é natural e saudável. “É preciso que se diga que o sorvete condenado pelas nutricionistas é aquele que leva componentes que não são saudáveis, como a gordura hidrogenada, conservantes, corantes e saborizantes que não são naturais e os quais não utilizo”, ressaltou.
Sobremesa adorada por todos, o sorvete, como ressalta Edgard, tem a notória qualidade da polivalência, há a possibilidade de se produzir o gelado de alimentos variados. E é exatamente isso a que se propõe o chef da La Glace. “Você pode fazer sorvetes gastronômicos que são servidos de entrada, por exemplo, no Entre Amigos um dos sabores que compram da gente, eles usam pra fazer uma salada”, exemplifica, acrescendo que podem ser produzidos gelados de queijo, de azeite, de tomate. O desafio é ter um conhecimento para saber como reduzir esses elementos numa pasta. “É um exercício de criatividade, algumas receitas eu trouxe do curso, mas outras fui criando”, assegurou. Nesse caso, como diria seu bom professor francês, culinária C’est le savoir faire, ou é saber fazer.
Serviço:
La Glace: Mercado da Torre – Rua José Bonifácio, 747 – Bairro da Torre. Recife. Funciona das 11 h às 22h.