Em vídeo publicado na tarde de hoje, o ministro da educação Abraham Weintraub deixará o Governo Bolsonaro para assumir o cargo de diretor do Banco Mundial, representando o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro estava ao lado do ministro na gravação.
Weintraub passou um ano de dois meses na pasta e acumulou uma série de polêmicas, sofrendo críticas durante toda a gestão dos especialistas da área. Ele já é o segundo Ministro da Educação que deixa o Governo Bolsonaro sem legado. Nos últimos dias, porém, o que aumentou o seu desgaste dentro do Governo não foram declarações relacionadas a sua pasta, mas de enfrentamento ao Superior Tribunal Federal, em que chegou a defender a prisão dos ministros da suprema corte.
Não foi anunciado o nome que o substituirá no ministério, mas os bastidores indicam que o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, poderá assumir o cargo pelo menos interinamente.
Luciano Meira“A saída do Abraham Weintraub do MEC, infelizmente, não constitui avanço ou vitória. Em vista do histórico de nomes absolutamente incapazes de lidar com os múltiplos e complexos afazeres da pasta, talvez o único alento seria esperar que o próximo ministro não seja tão deseducado e de truculência tão vil”, avalia Luciano Meira, Ph.D. em educação matemática pela University of California at Berkeley e professor da UFPE.
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“Weintraub foi uma vergonha ocupando a pasta da educação. Além de incompetente, vulgar e criador de problemas. O MEC está na contramão do que se vinha fazendo de melhor nos rumos da educação brasileira. A BNCC Ensino Médio estagnou e a implementação até o 9º ano ninguém sabe de nada”, avaliou Armando Vasconcelos, diretor do Colégio Equipe, vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinepe/PE) e membro titular do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco.
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Carlos André Silva de Moura, doutor em História na Unicamp e professor da UPE
“Fica difícil apontar algum legado desse ministério da educação, com a saída do Weintraub. Na verdade foi acumulado um conjunto de crises em torno da educação, desde uma tensão muito grande com todos os professores de todos os níveis de ensino, desde a educação básica até superior. Uma tensão criada em torno do funcionalismo público. E também uma tensão criada entorno do próprio conhecimento científico. Weintraub ficou muito identificado e visualizado como um dos grandes representantes do negacionismo. As tensões que ele criou em torno das ciências humanas, ao afirmar que não merecem financiamento como as áreas da antropologia, filosofia e história, da qual faço parte, talvez seja uma das grandes marcas desse ministério. Isso é uma grande contradição pois sabemos que todas as áreas têm a sua importância e são fundamentais para a formação das pessoas em diversos níveis. No momento em que o representante do MEC ataca professores e nega a importância de pesquisas científicas, temos uma grande desarticulação de tudo o que foi construído desde a redemocratização. Tivemos grandes ministros em todos os governos, pessoas que poderíamos concordar ou não, mas que deixaram a sua contribuição. Infelizmente, a gente não enxerga nenhuma avanço ou legado deixado por esse ministério, mas ataque aos professores ao sistema público de ensino, a universidade, ao pensamento crítico, a democracia e a liberdade de cátedra. Além de jogar a população contra a construção do conhecimento científico. E ele não deixa nenhum grande projeto para a educação e desestruturou o que foi deixado pelos seus antecessores”, criticou o professor Carlos André Silva de Moura
.Erika Suruagy – Presidente da Aduferpe
Erika Suruagy – Presidente da Aduferpe
“Já vai tarde! Inacreditável todas as ofensas aos(as) professores(as) e os ataques à educação que o ex-ministro Abraham Weintraub desferiu durante o período que ficou à frente do MEC. Nada de relevante fez, muito pelo contrário, tentou destruir avanços da educação brasileira, atacar à autonomia das universidades, esqueceu o Plano Nacional de Educação e foi incapaz de defender recursos para sua própria pasta. A educação, os seus trabalhadores e trabalhadoras, os professores e suas organizações seguirão firmes na construção de uma educação pública, crítica, laica e de qualidade, um dos pilares da democracia. Que seja o prenúncio do início do fim do governo Bolsonaro. A educação merece respeito!”, afirmou Erika Suruagy, Presidente da Aduferpe
Após o anúncio, a hastag #javaitarde se tornou uma das mais mencionadas no Twitter. Ciro Gomes, Marcelo Freixo e Randolfe Rodrigues estiveram na lista dos milhares de depoimentos que comemoraram a queda do ministro.
Confira abaixo o vídeo com o anúncio da saída: