Evento faz parte do projeto “ Show Música Rural”, que vai circular durante 20 dias de maio, levando música, poesia e danças culturais populares da região da Zona da Mata pernambucana, por cidades do exterior
Expectativa, emoção e alegria marcam a estreia do projeto “Show Música Rural”, que vai levar mestres da cultura popular, da região da Zona da Mata Norte de Pernambuco para uma turnê, inédita, na Europa. A iniciativa tem como proposta difundir, registrar, preservar e transmitir, no exterior, os ritmos, danças e histórias das manifestações de raiz da região, como coco de roda, maracatu rural e ciranda. Além disso, o projeto vai ofertar rodas de diálogo, debates, oficinas de dança e percussão para estudantes de cidades europeias. A turnê, prevista para acontecer em 2020, só será possível ser realizada em maio deste ano, após a flexibilização dos protocolos da Covid-19. Serão 20 dias de muito trabalho e realização de sonhos, para muitos dos artistas que já estão de malas quase prontas e de passaporte em mãos. O embarque dos artistas está programado para próximo dia 11 de maio.
Os ritmos presentes na turnê fazem parte da tradição pernambucana e são considerados patrimônio imaterial do Brasil, um reconhecimento oficial da importância dessa manifestação para a cultura do país. A região da Zona canavieira é um dos importantes territórios culturais do Nordeste, berço de vários mestres, mestras da tradição oral, que terão um espaço especial para brilhar durante a passagem do “Show Música Rural”, na Europa. Entre eles, um ex-trabalhador rural, cortador de cana de açúcar, e que hoje leva a vida como mestre de maracatu, ciranda e coco de roda, o Mestre Bi, da cidade de Nazaré da Mata, que está de passaporte em mãos e de malas prontas para o embarque.
Também integra a delegação de artistas populares, o produtor cultural e músico, Ricco Serafim, de Carpina, que há mais de 30 anos se apresenta como coquista, uma das maiores expressões do gênero no estado de Pernambuco. O projeto tem, ainda, a presença do educador social, cirandeiro, mestre de maracatu , defensor da cultura popular e de origem de família rural, Josivaldo Caboclo, da cidade de Lagoa de Itaenga – filho do Poeta Bio Caboclo, falecido recentemente. Além deles, participam o percussionista, compositor e poeta, Nino Alves; e a coreógrafa, dançarina popular e produtora cultural, Juçara. Juntamente com os músicos, Henrique Albino, Josias Costa, Guilherme Otávio, Valdir Felix e Larissa Michele.
Lançamentos – A apresentação em solo internacional marcará uma nova página na cultura pernambucana e na vida dos artistas. Durante os dias de shows, serão lançadas cerca de 15 músicas autorais, inéditas. As produções, criadas em meio a pandemia, pelos artistas, trazem poesias e versos embalados pelos ritmos do coco de roda, ciranda, e maracatu rural. O conteúdo musical também será disponibilizado nas plataformas de streaming da turnê, disponível no Spotify, Deezer, Apple Podcast, para acesso gratuito do público. Uma equipe audiovisual será escalada para acompanhar, de perto, os dias da passagem do grupo no exterior. Fruto deste trabalho é lançar um documentário, que ilustra música e depoimento dos artistas na realização do espetáculo. A ideia é que, quando retornarem ao Brasil, a produção audiovisual seja distribuída em emissoras de rádios e tvs públicas do Estado, para conhecimento do público. Toda produção audiovisual está aos cuidados do cineasta pernambucano, Nilton Pereira. Já os registros fotográficos são de Hugo Muniz.
Produção do Figurino – Há mais de dois anos o grupo, que é formado por cerca de 25 pessoas, entre músicos, artistas e produção, segue realizando todos os preparativos para realização da turnê internacional. Semanalmente têm sido realizadas várias reuniões e encontros virtuais e presenciais, para afinar todos os detalhes. O figurino, por exemplo, é um quesito à parte. O figurinista, Kleber Camelo, importante artista ligado à moda popular, foi convidado para projetar as roupas dos artistas, que trazem características das manifestações culturais e retratam cenários da região, como os canaviais, engenhos de cana de açúcar e a força do povo da Zona da Mata. A produção, feita toda à mão, segue a todo vapor, com muito carinho e atenção aos detalhes. Além de gerar a oportunidade da criatividade, a construção dos figurinos movimenta a economia, já que conta com o apoio de lojas locais para fornecimento das peças em tecido e, também,de costureiras, para acelerar o trabalho.
Agenda de atividades culturais –A turnê do “Show Música Rural”, está programada para acontecer a partir da segunda quinzena de maio. O retorno dos artistas será realizado antes do ciclo junino, no Estado. Durante 20 dias, o projeto cultural vai circular por eventos culturais, espaços públicos, como escolas e pontos turísticos da Europa, levando diversão, música, conhecimento e trocas de experiências e culturas, gratuitamente.
O projeto conta com o incentivo do Governo do Estado, por meio dos recursos do Funcultura. “Estamos com coração alegre, mas muito animados também, por poder reunir tantos artistas em um projeto que fala de nossas raízes. Viver tudo isso, depois da pandemia, sem dúvidas, nos enche de orgulho”, enfatiza, emocionada, a produtora cultural e coordenadora do projeto, Joana D’Arc Ribeiro.