*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais
À s vésperas do início oficial das eleições de 2022, que prometem ser históricas no Brasil, o debate do cenário nacional perpassa pelo local e vice-versa. Há 200 anos, o País estava em um outro tenso momento político, sem urnas ou santinhos, mas que seria definidor dos rumos da nação: o processo da independência, com impactos importantes no Estado. Em Pernambuco, que já vivia há quase um ano de forma autônoma da Coroa Portuguesa, cabia a Gervásio Pires a gestão do governo em meio à disputa nacional entre os monarquistas e os defensores do Brasil Imperial.
Muitos pernambucanos que passam diariamente pela Rua Gervásio Pires, na Boa Vista, não conhecem a trajetória desse comerciante que se tornou o primeiro governador eleito em Pernambuco no ano de 1821. Ele morou em uma casa vizinha à Igreja Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista, que fica quase na esquina com a rua que leva o seu nome. Nesse templo estão os restos mortais do comerciante.
Antes de chegar ao posto de presidente da Junta Governativa de Pernambuco, que seria equivalente ao cargo de governador atualmente, o recifense Gervásio havia constituído negócios em Portugal, quando foi surpreendido pela chegada das tropas napoleônicas ao País. Depois, voltou ao Recife, onde se estabeleceu como comerciante até eclodir a Revolução de 1817, na qual foi participante e posteriormente preso na Bahia por quase quatro anos. É no retorno ao Estado, que ele vive o momento mais importante da sua participação política na nossa história.
Em 1821, um grupo de revolucionários formam a Junta de Goiana, cercam o Recife e forçam a derrubada do último governador português no Estado, Luís do Rêgo, com a assinatura da Convenção de Beberibe. Após a queda do regime, acontece uma eleição na Igreja da Sé, em Olinda, que escolhe sete nomes para uma Junta Governativa. Mesmo sem ser o mais votado, entre os membros eleitos, ele é escolhido para conduzir o governo que se formava.
“Gervásio entrou na Revolução de 1821 como um negociador, indicado pelo governador português, o que era uma demonstração da sua capacidade de transitar entre os dois polos de poder. Tanto compreendia entre os interesses locais, como da comunidade portuguesa, já que era filho de português. Era uma posição privilegiada que o colocou como grande personagem da Convenção de Beberibe, sendo depois escolhido para presidente da Junta Governativa. Ele passa apenas 11 meses no poder, sendo um período muito convulsionado, de desassossego e de tensão política permanente. Mas ele se coloca como alguém que tem como maior prioridade garantir a Pernambuco uma autonomia política e sobretudo fiscal”, afirma o doutor em história e professor da UFPE George Cabral.
Leia a reportagem na íntegra na edição 196.2 da Revista Algomais: assine.algomais.com