Caixa Cultural celebra J. Borges – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Caixa Cultural celebra J. Borges

Claudia Santos

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A CAIXA Cultural Recife apresenta a mostra-homenagem J.Borges 80 anos, que comemora as 8 décadas de um dos primeiros patrimônios vivos de Pernambuco, em temporada de 21 de dezembro de 2016 a 12 de fevereiro de 2017. A arte de gravar na madeira e perpetuar na memória coletiva a essência do cotidiano nordestino fazem do xilogravurista e cordelista J. Borges um dos mais expressivos artistas populares do Brasil. A mostra gratuita será aberta às 19h do dia 20 de dezembro, data em que o artista completa 81 anos. A exposição, que já passou pela CAIXA Cultural Salvador, traz uma coletânea de 30 xilogravuras e suas matrizes, sendo 10 inéditas, e ainda uma oficina de 17 a 19 de janeiro. A visitação é gratuita e pode ser feita das 10h às 20h de terça a sábado e das 10h às 17h aos domingos.

Considerado pelo escritor Ariano Suassuna como o melhor gravador popular do Brasil, J.Borges, conta através das obras sua trajetória de vida, que começa como José Francisco Borges, natural de Bezerros, no Agreste Pernambucano. Dessa época reporta na madeira os temas ‘No Tempo da Minha Infância’, ‘Na Minha Adolescência’, ‘Vendendo Bolas Dançando e Bebendo’, ‘Serviços do Campo’, ‘Cantando Cordel’, ‘Plantio de Algodão’, ‘A vida na Mata’, ‘Plantio e Corte de Cana’, ‘Forró Nordestino’, ‘ Viagens a Trabalho e Negócios’. Entre tantos outros.

“Estou muito alegre com essa exposição sobre os meus 80 anos. Eu ainda quero viver bastante. O que me inspira é a vida, é a continuação, é o movimento. É aquilo que eu vejo, aquilo que eu sinto”, afirma J. Borges. Com curadoria de José Carlos Viana e Marcelle Farias, a exposição reserva um lugar especial para a poesia popular, com um espaço dedicado à literatura de cordel. Cordelista há mais de 50 anos, os versos de J. Borges tratam do cotidiano do Agreste de Pernambuco, acontecimentos políticos, fatos lendários, folclóricos e pitorescos da vida. A mostra trará ainda obras assinadas por J. Miguel e Manassés Borges, filhos e aprendizes do artista, além da exibição de uma cinebriografia sobre sua vida e obra.

Oficina – De 17, 18 e 19 de janeiro serão oferecidas oficinas gratuitas de xilogravura, ministradas por Bacaro Borges, que também é filho do artista. Trata-se de uma oportunidade para aprender a técnica milenar. São três turmas de 25 participantes cada e a atividade é voltada a estudantes e pessoas interessadas na arte da xilogravura, a partir dos 14 anos. As inscrições poderão ser feitas no período de 9 a 15 de janeiro, pelo e-mail gentearteirape@gmail.com. As aulas acontecem das 9h às 12h e das 13h às 17h.

J. Borges

Nascido em 1935, filho de agricultores, trabalhou desde os dez anos na lida do campo, em Bezerros, onde vive e trabalha até hoje. É Patrimônio Vivo de Pernambuco, título concedido pelo Estado aos mestres da cultura popular pernambucana, reconhecidos como patrimônio imaterial. O gosto pela poesia o fez encontrar nos folhetos de cordel um substituto para os livros escolares. “Eu me criei no sítio e a única informação era dada pelo cordel que meu pai comprava na feira pra gente ler. Era o jornalismo nosso”, revela Borges.

Em 1964 fez sua primeira publicação: “O encontro de dois vaqueiros no Sertão de Petrolina”, xilogravada por Mestre Dila, que vendeu mais de cinco mil exemplares em dois meses. Animado com o resultado, escreveu o segundo cordel, intitulado “O Verdadeiro Aviso de Frei Damião Sobre os Castigos que Vêm”, que o conduziu pela primeira vez à xilogravura. Sem dinheiro para pagar um ilustrador, J. Borges resolveu ele mesmo entalhar na madeira a fachada da igreja de Bezerros, usada no seu segundo folheto. Desde então não parou mais de fazer matrizes por encomenda e também para ilustrar as centenas de cordéis que lançou ao longo da vida.

Na década de 70, J. Borges começou a ampliar os horizontes de sua obra, gravando matrizes dissociadas dos cordéis, com grandes dimensões. Foi descoberto por marchands e colecionadores e seu trabalho ganhou imensa visibilidade sendo reconhecido, inclusive, internacionalmente, com exposições em países como França, Espanha, Estados Unidos, Venezuela, Alemanha e Suíça.

Criação
J. Borges desenha direto na madeira, equilibrando cheios e vazios com maestria, sem a produção de esboços, estudos ou rascunhos. O título é o mote para Borges criar o desenho, no qual as narrativas próprias do cordel têm seu espaço na expressiva imagem da gravura. O fundo da matriz é talhado ao redor da figura que recebe aplicação de tinta, tendo como resultado um fundo branco e a imagem impressa em cor. As xilogravuras não apresentam uma preocupação rigorosa com perspectiva ou proporção.

A originalidade, irreverência e personagens imaginários são notáveis nas suas obras. Os temas mais populares em seu repertório são: o cotidiano da vida simples do campo, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrupção, os folguedos populares, a religiosidade, a picardia, enfim todo o rico universo cultural do povo nordestino.

Serviço:
Exposição J. Borges 80 anos

Local: CAIXA Cultural Recife – Av. Alfredo Lisboa, 505, Praça do Marco Zero – Bairro do Recife Antigo.

Abertura: 20 de dezembro de 2016

Hora: 19h
Visitação: 21 de dezembro de 2016 a 12 de fevereiro de 2017
Horário: Terça a sábado: das 10h às 20h | Domingo: das 10h às 17h
Informações: (81) 3425-1915
Entrada Franca

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