A escola precisa mudar para formar cidadãos – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

A escola precisa mudar para formar cidadãos

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O que os problemas que o Brasil está passando têm a ver com a escola? Para o CEO do C.E.S.A.R. Sérgio Cavalcante, uma série de dificuldades que o País enfrenta precisa de soluções inovadoras. Ele avalia, no entanto, que apesar dos brasileiros serem criativos, não são inovadores. Essa caraterística, em parte, se deve ao sistema de educação do Brasil. Para discutir essas questões, a Algomais promoveu o Workshop Algomais Educação, com o tema “Formar para o século 21”.

O evento contou com a presença de alunos e professores de 10 escolas públicas e particulares de Recife e de Caruaru, além dos secretários de educação dessas cidades, respectivamente, Alexandre Rebêlo e Rubenildo Moura. A discussão foi conduzida por Sérgio Cavalcante e teve uma intensa participação do alunado.

Nas raízes do comportamento pouco inovador do sistema brasileiro de educação há uma série de fatores. Sérgio criticou, por exemplo, a quantidade de conteúdos que compõem o currículo do ensino médio. “No ensino fundamental os alunos são estimulados a ter uma visão mais holística, fazem aulas de robótica, teatro, meu filho faz até ioga. Eles estão abrindo mais a cabeça. Mas, em razão da quantidade de informações obrigatórias que os alunos precisam aprender para passar no Enem, ao chegar do ensino médio, eles se tornam passivos. Deixam de ser analíticos e proativos”, afirma.

Na análise do CEO do C.E.S.A.R., os problemas para a sociedade se acentuam quando o estudante passivo leva esse comportamento para a universidade e, consecutivamente, para o mercado. “Um profissional passivo não inova, pois não tem proatividade. Inovação precisa de problema. Sem capacidade de inovar, olhamos para o problema e acabamos não fazendo nada”, provoca.

No debate, os alunos exphttp://portal.idireto.com/wp-content/uploads/2016/11/img_85201463.jpgam muitos dos sentimentos e reflexões sobre sua experiência escolar. Criticaram a pressão exercida pela sociedade para se enquadrarem nos cursos mais tradicionais (medicina, direito e engenharia). “Se o País quer profissionais inovadores tem que mudar o sistema. Muitos estudantes estão se preparando para profissões apenas com finalidades comerciais. O que move as pessoas a serem profissionais inovadores é a paixão”, defendeu Ana Luíza Meira, estudante do Colégio Fazer Crescer.

A aluna do Ginásio Pernambucano Renata Cheron, afirmou que, mais problemático que a quantidade de conteúdos, é a forma como são ensinados. “Participei, em julho do ano passado, de um intercâmbio na Alemanha. Tínhamos aulas de manhã e, à tarde, o aprendizado era nos passeios pela cidade, ao ar livre. Aprendi mais lá do que em dois anos aqui. Como poderíamos trazer esse modelo para cá? Acho que o problema do aprendizado está na forma e não necessariamente na quantidade de conteúdo”.

Em muitas das críticas dos estudantes contra os políticos, a sociedade ou as próprias escolas, Cavalcante fazia uma provocação sobre a necessidade de eles próprios serem agentes das mudanças que precisavam ser feitas. “Se nós não começarmos a mudar o País, alguém terá que mudar. Quem é ‘alguém’? Não somos nós?” indagou.

Armando Vasconcelos, diretor do Colégio Equipe e membro do Conselho Editorial da Algomais, destacou a necessidade dos colégios e sistemas de ensino refletirem sobre seu trabalho de maneira mais ampla e cidadã, não apenas sobre os currículos e a forma de aplicá-los. “Percebo que nas escolas estamos trabalhando e discutindo muito sobre formação, conteúdo, mas ainda pouco em desenvolvimento de atitudes”.

A discussão ressaltou ainda a importância do diálogo para encontrar os problemas reais e a partir daí buscar soluções. Cavalcante defendeu a necessidade de pessoas com conhecimentos diferentes se comunicarem. Ele constatou que as universidades têm dificuldade de promover interação entre os profissionais e alunos dos diferentes cursos e departamentos.

Na próxima edição, a Algomais publica o Especial Educação, que discutirá os assuntos que nortearam o debate do workshop. Serão apresentados cases de escolas pernambucanas com experiências educacionais bem-sucedidas e os esforços do poder público na qualificação dos sistemas de educação.

PRÊMIO ESTÁCIO
Essa é a segunda edição do Workshop Algomais Educação. A cobertura do evento do ano passado, que teve como tema A aula faliu, viva a aprendizagem, foi classificada como finalista do Prêmio Estácio de Jornalismo. A série de reportagens está entre as três melhores do País na categoria impresso regional. O anúncio dos premiados será feito em outubro.

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