O Instituto Ricardo Brennand completou, em setembro passado, 15 anos dentro de nossa paisagem, transformando-se em um dos museus mais consagrados da América do Sul. Criado pelo industrial pernambucano Ricardo Brennand, aquele centro cultural é em nossos dias o maior local de congraçamento de público devendo atingir, no ano do seus 15 anos, a invejável frequência de 2.550.000 visitantes neste quarto de século.
Como todo museu do mundo, existem nele peças que causam maior impacto em seus visitantes, como a última escultura do artista italiano Antonio Frilli, A Mulher na Rede ou Doces Sonhos, adquirida em 2009. Esta obra de arte, que tanto agrada aos visitantes, veio a inspirar recentemente uma novela, escrita nos Estados Unidos e publicada no ano passado do escritor Gary Rinehart, Nude Sleeping in Hammock.
O italiano Antonio Frilli, que em 1860 fundara o seu ateliê em Florença (Via del Fossi), foi um dedicado escultor de grandes estátuas em mármore de Carrara e alabastro, destinadas a famosos cemitérios, bem como para galerias conhecidas na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália.
Em 1904, dois anos após a sua morte, seu filho Umberto apresentou na Louisiana Purchase Exposition em Saint Louis, Missouri a última obra do seu pai: “uma escultura que descrevia uma mulher nua em uma rede (Nude Sleeping in a Hammock) No mármore branco de Carrara, ganhou o Grande Prêmio e seis medalhas de ouro”.
Já fazendo parte do acervo do Instituto Ricardo Brennand, eis que uma nova faceta vem ao encontro à história da escultura da “Mulher na rede”, como é conhecida entre nós: um visitante a vendo em nosso acervo fez presente à Biblioteca do Instituto Brennand do catálogo original da Louisiana Purchase Exposition em St. Louis (1904), onde a escultura de Antonio Frilli foi pela primeira vez apresentada com o título de Sweet dreams (Doces sonhos); revelando assim um passado até então desconhecido.
Voltando ao histórico da obra, consta ter ele esculpido-a em 1892, sob o título de Doces Sonhos, representando uma bela mulher em tamanho real dormindo despida numa rede. Em 1915 foi a escultura enviada de Florença para São Francisco da Califórnia, onde ficaria exposta na Panama Pacific Exhibition. Nesta exposição, foi a escultura adquirida para decoração de um jardim residencial em Piedemonte (Itália).
Agora chega ao nosso conhecimento que, em 1998, após mudanças na posse da primitiva casa, o advogado e pianista John Hayden, juntamente com sua mulher Sarah tornaram-se seus novos proprietários, passando a denominá-la de Eva.
O acontecimento veio inspirar a novela publicada em 2016, escrito por Gary Rinehart, Nude-Sleeping-Hammock (Nu dormindo numa rede), que coloca a obra de Antonio Frilli como o centro da trama ficcional dos diversos proprietário, a partir do seu surgimento, em 1892, e como a escultura afetou suas vidas.
O autor da novela só não revela, talvez por total desconhecimento, que a “Eva” de sua novela, hoje repousa em terras da nossa Várzea do Capibaribe.