27 anos após o falecimento do médico, farmacêutico, antropólogo, pesquisador e escritor recifense Waldemar Valente, seu acervo chega a Fundação Joaquim Nabuco pelas mãos da companheira de vida, Marilene Torquato. Entre aproximadamente 6 mil documentos da coleção, estão artigos de temáticas diversas, manuscritos, diplomas, livros originais inéditos, revistas, críticas e comentários sobre seu trabalho, correspondências a personalidades ilustres, medalhas, troféus, entre outros.
“A família faz essa doação levando em consideração o fato de que ele foi servidor da Fundaj, um órgão que preserva a cultura dos grandes nomes do Nordeste e do Brasil. Vamos organizar esse material e torná-lo público para ser difundido da melhor maneira possível”, comenta o presidente da Fundaj, Alfredo Bertini. A viúva reuniu todo material que tinha em uma casa em Maria Farinha, no litoral Norte Pernambucano. “Os acervos estiveram sempre comigo, nunca longe de mim. Se não for preservado, quando me for, tudo isso desaparecerá”, explicou Marilene Torquato, sobre a doação.
Entre o material reunido, estão a placa de reconhecimento da atuação de Waldemar ganhou no Museu do Homem do Nordeste, o troféu Escritor de 1974 e um quadro feito pelo pintor pernambucano Baltazar da Câmara. Marilene esteve com Waldemar desde os seus 17 anos. Durante os 32 anos que passaram juntos, trabalhou com o marido ajudando a pesquisar, reunir e armazenar seu acervo. “Gosto muito de guardar as coisas, mas me sinto muito bem sabendo que encaminhei para um local que o fará permanente e as pessoas terão acesso”, afirmou.
Coleção ao Muhne
Ainda em vida, Waldemar Valente doou parte de sua coleção para o Museu do Homem do Nordeste, com peças e estudos em temáticas de cultura, folclore, miscigenação, sobretudo na questão indígena e afrodescendente. Waldemar realizou um grande trabalho etnográfico junto ao o cineasta Rucker Vieira sobre terreiros de religiões afro-descendentes. O próprio Rucker doou o acervo fotográfico das visitas que fez com Waldemar aos terreiros. Waldemar tinha permissão para entrar e participar até de cultos vetados ao público. Até hoje há fotografias desses momentos que não podem ser mostradas.
Relação com a Fundaj
Waldemar Valente chegou na Fundaj em 1962 como prestador de serviço sem remuneração. Em 1965, conseguiu um contrato remunerado, trabalhando no setor de antropologia da instituição. Em 1972, entra como diretor do departamento. Ficou na casa até a aposentadoria compulsória, em 1990. Mas o presidente na época, Fernando Freyre, o convocou para continuar na instituição. Waldemar sofria do Mal de Parkinson. A doença tira todos os movimentos, mas mantém a mente lúcida. Ele não queria deixar de trabalhar e continuou frequentando a Fundação até não conseguir mais andar.
(Da Fundaj)