A parte do acervo de Joaquim Nabuco em posse da família Nabuco será repassada para a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). São aproximadamente 14.850 documentos entre fotografias, cartões-postais, cartas, manuscritos originais, autógrafos autênticos e recortes de jornais que vão de 1865 a 1991 serão trazidos pelo bisneto de Nabuco, completando o patrimônio já existente na Fundação.
A doação será oficializada na terça-feira (24), às 9h, na sala Gilberto Freyre, campus Casa Forte. O bisneto de Joaquim Nabuco, Pedro Nabuco, participa do evento que integra a abertura do ano de comemoração até os 70 anos da Fundaj. Um dos mais valiosos itens é um diário pessoal de Nabuco escrito em 1888, ano da abolição da escravatura. “O ânimo da família nessa doação é que os documentos se unam ao que já estão aí, que sejam bem guardados no Recife, onde meu avô nasceu e foi enterrado”, declara Pedro.
Segundo ele, o destino certo dos documentos é na instituição, para que sejam tratados, armazenados e conservados do jeito que precisam. Desde 1974, a Fundaj possui documentos que retratam majoritariamente da figura pública do abolicionista. Com a nova aquisição, mais arquivos da vida privada chegam ao acervo para contemplar Joaquim Nabuco além do diplomata, abolicionista e reformador social que foi.
Para a historiadora do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira – Cehibra, Rita de Cássia Barbosa, completar o acervo reafirma a Fundaj enquanto instituição de pesquisa, preservação e acesso a memória brasileira. “Reforça também a importância do pensamento de Nabuco nos dias atuais. Chegamos ao século XXI sem conseguir superar a maioria dos problemas que ele apontava em 1880”, explica.
Ainda desconhecida pela comunidade acadêmica e pelo público, essa parte da história de Nabuco dará melhores condições de avaliar como se construiu sua figura. De raridade inquestionável, os documentos serão incorporados ao Arquivo Privado Joaquim Nabuco, reconhecido como “Memória do Mundo Unesco-Brasil 2008”, preservado e acessível à consulta no Cehibra.
Ele será tratado, limpado, catalogado, e posteriormente mandado para digitalização. “Nabuco aqui é prioridade absoluta. É uma consagração nos 70 anos da Fundaj a gente estar com esse acervo o mais completo possível”, comemora Rita.
Segundo Pedro Nabuco, doar uma parte desconhecida do acervo é “como jogar uma garrafa ao mar”, dando a oportunidade de estudiosos e pesquisadores entenderem melhor o pensamento do bisavô. Além disso, ele está contente em poder estar pessoalmente na comemoração: “Eu sou muito amigo da Fundaj e do Recife. É sempre um prazer retornar.”