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Modelos de Trabalho Pós-Pandemia: Equilibrando Produtividade e Engajamento

*Por Jessica Couto A pandemia de Covid-19 forçou empresas e colaboradores a se adaptarem rapidamente ao trabalho remoto. Investimentos em novas tecnologias e alto engajamento tornaram essa transição bem-sucedida, com muitos especialistas observando um aumento na produtividade individual dos trabalhadores remotos, que encontram maior foco e concentração em casa devido a menos barulho e interrupções externas. Segundo a pesquisa Engaja S/A, realizada entre agosto e outubro de 2023, 69% dos entrevistados estão satisfeitos com o trabalho a distância, 61% preferem o modelo híbrido e 51% o presencial. No entanto, a Associação Brasileira de Recursos Humanos revelou que apenas 4,2% das empresas operam integralmente em home office, contra 23,9% em 2022. Isso levanta questões sobre a discrepância entre a preferência dos colaboradores e as práticas das empresas. A produtividade e o engajamento dos colaboradores, sejam remotos ou presenciais, dependem do ambiente de trabalho. Em home office muitos enfrentam interrupções de filhos, animais, baixa iluminação e barulho, afetando sua produtividade. Além disso, com o trabalho remoto muitas empresas notaram uma desaceleração na aprendizagem. Interações espontâneas podem interferir nas tarefas, mas também aceleram a resolução de problemas e atualizam informações, reduzindo o número de falhas e retrabalhos.A pesquisa também revelou índices de desengajamento: 8% no ambiente presencial, 7% no modelo híbrido e 5% no trabalho remoto. Empresas que exigem a volta presencial enfrentam impactos, em seus casos mais graves, pedidos de demissões. A geração Z mostra-se cada vez mais inflexível, abrindo espaço para uma força de trabalho mais madura (40-55 anos). Empresas que adotaram o modelo remoto estão sendo desafiadas a investir em happy hours, encontros mensais e eventos. Da mesma forma, empresas que adotam o trabalho presencial precisam remodelar sua estrutura, priorizando ambientes de integração, áreas para concentração e itens que promovam conforto e bem-estar à equipe.O engajamento e a produtividade vão muito além das horas trabalhadas. Eles revelam a capacidade da equipe em "vestir a camisa" da empresa e entregar mais do que foram contratados para fazer. Os desafios da liderança em acompanhar a equipe nesses diversos cenários são grandes, mas a busca pelo melhor cenário, considerando os tipos de atividades realizadas, o nível de dependência entre atividades, o momento da empresa, o orçamento disponível, o perfil da equipe e do produto ou serviço, fará desse líder um profissional cada vez mais preparado e antifrágil. Unir profissionais da geração Z, que têm maior facilidade com tecnologia e buscam propósito no que fazem, a colaboradores mais maduros, que prezam por um ambiente seguro, são mais estáveis e possuem vasta experiência de vida, pode gerar uma equipe de sucesso. Estimule o estudo e a aprendizagem da equipe 40+ e a maior flexibilidade e capacidade de escuta dos integrantes mais jovens. Tenho certeza de que colherá bons frutos. *Jessica Couto é Diretora no Grupo Trino e especialista em Liderança e Gestão Empresarial

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Felicidade como centralidade nos negócios

*Por Rafael Dantas Você já imaginou que, ao lado de indicadores como o faturamento e as margens de lucro, as empresas tivessem como prioridade a felicidade para medir o sucesso da corporação? Essa foi a provocação do CEO Fórum 2024, realizado pela Amcham nesta semana. Um ambiente mais feliz evidentemente deve promover maior produtividade das equipes e satisfação dos clientes. A obviedade desse fator para a instituição foi destacada nos primeiros minutos do evento pelo presidente do Conselho Regional da Amcham Recife, Paulo Sales. Fernanda Angeiras, gerente regional da Amcham, destacou que a recente pesquisa Panorama de Lideranças 2024, realizada pela Amcham em parceria com a Humanizadas.br, com 780 líderes empresariais de todo o Brasil, revelou que 94% desses entrevistados avaliam que há uma relação positiva entre bem-estar, motivação e produtividade no trabalho. UM OLHAR PARA ENTENDER AS SUBJETIVIDADES DA EQUIPE Em um período desafiador para o mundo corporativo, com o desafio de engajar suas equipes, manter os bons profissionais e evitar os casos extremos da vida profissional, como o burnout, colocar esse indicador na mesa é fundamental. Na reportagem desta semana na Algomais, quando escrevi sobre mudança de carreiras, estava evidente que a insatisfação profissional era um fator relevante que leva muitas pessoas a fazer grandes transformações na sua vida em busca de serem mais felizes. Há, evidentemente, aqueles que buscam sonhos diferentes, experimentar novos cenários. Mas a infelicidade com seu lugar no mercado de trabalho é um combustível importante para decisões de abandono. No CEO Fórum 2024, vários executivos compartilharam suas trajetórias profissionais. Viradas pessoais, pontos de inflexão, maior preocupação com o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida de trabalho... A subjetividade humana, tão difícil de mensurar e entender, foi observada nas experiências corporativas e pessoais compartilhadas no evento. Não é sustentável para a carreira ou para a dinâmica corporativa um ambiente que não se preocupe com a felicidade das pessoas que o integram. Não apenas o cliente final, mas de ponta a ponta do negócio. NOVAS REIVINDICAÇÕES PROFISSIONAIS PELA FELICIDADE A gerente regional da Amcham destacou que as reivindicações das pessoas em suas corporações são novas e englobam felicidade, bem-estar e saúde mental em dia. "As pessoas hoje transcendem o que se entendia como o benefício de uma relação de trabalho. Trazemos o tema 'A felicidade como estratégia de negócio'. Estamos fazendo uma convocação às organizações para que elas possam de fato repensar, se colocar nesse lugar que é demandado hoje não só por pessoas que estão promovendo redirecionamento de carreira, mas também por pessoas que estão acessando agora o mercado de trabalho, como é o caso da geração Z, uma nova geração com uma visão de mundo completamente diferente e que serão os líderes do futuro. Então, a Amcham faz essa provocação, trazendo para a mesa a discussão em torno da felicidade como estratégia de negócios, propondo aos líderes de hoje que possam preparar o solo para a semeadura de uma nova geração de empresários e empreendedores, que colherá frutos excelentes no futuro próximo." No conjunto de dados apresentados do Panorama Liderança, Fernanda destacou que a liderança inspiradora é apontada como como estilo de liderança mais valorizado. Esse perfil não foi listado sequer entre os 5 estilos de liderança atuais das empresas. Outro padrão apontado como ideal, mas não listado entre os atuais é da inteligência emocional. O único ponto em que o atual também está listado entre os ideais é do líder com abertura ao feedback. Os desafios são enormes, mas a pauta está na mesa. Está na agenda do dia dos CEOs antenados com o futuro dos seus negócios e de suas equipes. *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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O necessário debate sobre a Segurança Pública em Pernambuco

Por Isaac Luna* O Governo Raquel Lyra tem um grande desafio pela frente. Trata-se da efetivação do plano estadual de segurança pública, intitulado pela equipe da governadora de “Todos Pela Segurança”. O nível do desafio ficou um pouco maior após os últimos números apresentados sobre a violência no Estado, o que trouxe a questão da segurança pública para o centro do debate político. Uma outra questão também merece atenção: a recente decisão do STF sobre a obrigação dos Estados em apresentar soluções para a questão dos presídios, o que precisa ser enfrentado, inevitavelmente, no novo plano estadual que está em execução. Porém, ao lado desses desafios, há também uma grande oportunidade, que é de alinhar a política estadual de segurança aos dois planos nacionais apresentados pelo ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, em visita à Pernambuco em outubro do ano passado, momento em que o Todos pela Segurança estava no forno. Ao discorrer sobre o Programa de Ação na Segurança (PAS) e (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONACI 2), o ex-ministro anunciou o aporte de aproximadamente R$160 milhões para a segurança pública de Pernambuco. Investimento esse destinado à construção da Casa da Mulher Brasileira em Recife, na aquisição de viaturas para a Patrulha Maria da Penha e no repasse direto de recursos para o Estado através do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). O governo federal aposta no fortalecimento do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), coordenado pelo Ministério da Justiça e pactuado com os Estados para combater centralmente o crime organizado, o tráfico internacional de drogas e armas, o controle do poder paralelo em determinados territórios, dente outras questões. Essas são, certamente, questões centrais também na crise da segurança que aflige os pernambucanos. Foco em programas e ações O plano apresentado pela governadora Raquel Lyra precisa focar as suas energias em programas e ações para o combate ao crime organizado, facções e disputa de territórios no Estado, conjuntura que potencializa sensivelmente a ocorrência de crimes violentos letais intencionais e a sensação de insegurança em terras pernambucanas. Para isso, o governo do Estado precisa atuar política e administrativamente para garantir o alinhamento estratégico com os programas e ações dos PAS e do PRONACI2 e facilitar um fluxo mais consistente de repasses federais e ações integradas com governo federal no combate à criminalidade em Pernambuco. Poder de articulação A missão não é fácil, pois exige um grande poder de articulação da Palácio do Campo das Princesas. Sobretudo com as corporações policiais, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a ALEPE, as Universidades e as instituições da sociedade civil organizada, com a promoção de fóruns descentralizados de segurança que possibilitem discutir com todos os atores sociais e institucionais as questões nevrálgicas de cada território para garantir que as ações estratégicas sejam planejadas com base nas necessidades e realidade de cada lugar. Tal como o fórum que será realizado em João Alfredo, nesta quarta-feira (19), por iniciativa da ALEPE, ASC-PE e Prefeitura Municipal de João Alfredo para tratar a questão da segurança pública no Agreste Setentrional. Sem essa ampla participação na concepção, discussão, elaboração e pactuação para aplicação do “Juntos pela Segurança”, considerando as peculiaridades do Estado e dos seus territórios, mas, ao mesmo tempo, alinhando as suas ações e programas com o PAS e o PRONASCI2, não só a mensagem de planejamento coletivo denotada pelo nome do novo plano estadual, como principalmente a sua execução e resultados, pode se esvair em uma mera carta de boas intenções. Chover no molhado É chover no molhado lembrar que a segurança pública é central na vida em sociedade e que tem o potencial de definir os rumos da avaliação de qualquer governo. Sobretudo porque outros valores como liberdade, igualdade, integridade e propriedade são fortemente afetados quando a insegurança se torna regra. Raquel tem um grande desafio, mas também uma grande oportunidade de gestar e gerir um política pública de segurança alinhada com o governo federal, a ALEPE, as corporações policiais, o Poder Judiciário, o Ministério Público, as universidades e a sociedade civil que possa trazer importantes resultados no controle da violência e da criminalidade, com impacto consistente no sentimento de segurança e proteção à vida, à liberdade e ao bem-estar de toda a gente pernambucana. *Isaac Luna é advogado, cientista político, professor universitário e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP) e da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP).

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Thiago Bezerra adv

Mudança de regra na Alienação Fiduciária

*Por Thiago Bezerra O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) decidiu que a Alienação Fiduciária só vale para o SFI (Sistema Financeiro Imobiliário) e para o SFH (Sistema Financeiro de Habitação). Todos os demais contratos assinados deverão ser levados a registros, pois a decisão do CNJ implicará a alteração do Código Nacional de Normas, que passará a vedar, em todo o país, a constituição de alienação fiduciária por instrumento particular por entidades não integrantes do SFI e SFH. O Conselho Nacional de Justiça - CNJ colocou em julgamento na última quarta-feira (05/06/2024), que “os atos e contratos relativos à alienação fiduciária de bens imóveis e negócios conexos poderão ser celebrados por escritura pública ou instrumento particular, desde que, neste último caso, seja celebrado por entidade integrante do Sistema de Financiamento Imobiliário - SFI, por Cooperativas de Crédito ou por Administradora de Consórcio de Imóveis”.O principal ponto de discussão compreendia a possibilidade de ingresso, no Registro de Imóveis, de contrato particular celebrado por qualquer pessoa, ainda que não integrante do Sistema Financeiro de Habilitação ou do Sistema Financeiro Imobiliário, desde que garantido por alienação fiduciária de bem imóvel. Dessa maneira, o CNJ decidiu que apenas a utilização de instrumento particular com efeito de escritura pública se este for realizado por alguma das entidades integrantes do Sistema Financeiro Imobiliário, de modo que a possibilidade de todo e qualquer instrumento particular tratar de alienação fiduciária causaria insegurança jurídica e careceria de sustentabilidade, apesar dessa posição não ser majoritariamente adotada por todos os Tribunais de Justiça Estaduais. Apesar da legislação ser clara e inequívoca ao estabelecer que a alienação fiduciária poderá ser contratada por qualquer pessoa física ou jurídica, expressando também que não é atividade privativa dos órgãos que operam no SFI, ao contrário do entendimento do CNJ. Em conclusão, compreendemos a importância da tutela pública em negócios privados como meio para lhes conferir juridicidade e autenticidade, contudo, o CNJ não pode agir de forma a alterar a interpretação e aplicação de uma legislação. A Lei nº 9.154/1997 regulamenta de forma objetiva como a Alienação Fiduciária de Imóveis deve ser realizada, atendendo aos interesses e autonomia da vontade daqueles que atuam no setor. A extensão dos efeitos de escritura pública para instrumentos particulares, servia como medida para reduzir os custos com registro desses Imóveis, tornando a sua aquisição menos onerosa para as Partes que apenas precisavam realizar o reconhecimento de firma dos Contratos e averbação na Matrícula do Imóvel, desburocratizando e tornando mais célere, prático e barato realizar esses negócios. Conforme a decisão do CNJ, as Corregedorias-Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal devem adequar suas normativas no prazo de 30 (trinta) dias, de modo que aqueles que desejam realizar a Alienação Fiduciária de Imóvel deverão levar os contratos para registro, sendo o prazo até o dia 06 de julho de 2024, contudo, deve-se observar que a Corregedoria-Geral de Justiça do seu Estado poderá publicar a correção das normativas antes do prazo supramencionado. *Thiago Bezerra é Head do Imobiliário, no Escritório Urbano Vitalino.

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Jessica Couto

Como a liderança pode se aliar à Inteligência Artificial para maximizar o seu resultado

*Por Jessica Couto A integração da Inteligência Artificial (IA) no ambiente corporativo não é apenas uma tendência, mas uma evolução necessária. A resistência e o preconceito que alguns líderes demonstram em relação ao uso da IA, especialmente com o Chat GPT, refletem uma compreensão ainda inicial sobre o papel e o potencial dessas tecnologias no ambiente de trabalho. Essa reação pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a falta de familiaridade com a tecnologia, preocupações com a substituição humana por máquinas e uma visão limitada sobre a colaboração entre humanos e IA. Contrariamente à expectativa equivocada de que a IA possa substituir completamente as funções humanas, seu verdadeiro valor reside na capacidade de auxiliar, otimizar e complementar as capacidades humanas. Imagine, por um momento, a frustração de perder horas na elaboração de um procedimento operacional padrão, na composição detalhada de descrições de cargos, na criação de resumos de pitch de vendas destinados a capturar a atenção de um cliente em meros 15 minutos, ou na angustiante busca por um lampejo de criatividade em momentos de pressão. Agora, considere como a IA pode aliviar esses fardos, permitindo um foco maior na revisão e busca de melhoria nessas atividades, você poderá ser o revisor de você mesmo, garantindo empatia e senso crítico – qualidades intrinsecamente humanas que esse seu “estagiário” não terá. A IA necessita de contexto específico, instruções claras, especificações e feedback para produzir resultados satisfatórios, elementos que fazem parte do papel da liderança. Enquanto alguns gestores resistem à adoção dessa tecnologia, dedicando um tempo precioso a tarefas que poderiam ser otimizadas, outros se atualizam e se engajam, alcançando melhores resultados e uma qualidade de vida superior. Esses líderes inovadores reconhecem a importância de adaptar suas estratégias para atrair e reter talentos da geração Z, que valorizam o sentido de pertencimento e buscam evitar tarefas repetitivas e desprovidas de valor. A IA pode ser vista como um estagiário extremamente inteligente, disponível 24 horas por dia, sempre pronto e disposto a auxiliar. Embora não tenha todas as respostas, a IA estimula a reflexão e oferece uma vasta gama de dados e informações. Para os líderes, o desafio é superar preconceitos e reconhecer a IA como uma ferramenta valiosa que, quando bem utilizada, pode significar um salto em produtividade e inovação. Portanto, a importância de as lideranças entenderem e abraçarem a IA reside não apenas na otimização dos resultados dos negócios, mas também na promoção de um desenvolvimento profissional sustentável. Ao fazer isso, os líderes não só garantem a competitividade e relevância de suas organizações no mercado atual, mas também cultivam um ambiente de trabalho mais engajado, inovador e satisfatório para todos os envolvidos. *Jessica Couto - Diretora no Grupo Trino e especialista em Liderança e Gestão Empresarial

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Oportunidades e desafios nos investimentos de descarbonização automotiva em PE

*Por Edgard Leonardo A Stellantis prevê investimentos da ordem de R$ 30 bilhões no Brasil para o período entre 2025 e 2030, destes, R$ 13 bilhões, 43% do total, deverão ser investidos diretamente na fábrica do grupo em Goiana, no estado de Pernambuco. Importante destacar que esse é o maior plano de investimentos já anunciado por uma montadora no Brasil e certamente com impacto significativo em nosso estado. A infraestrutura de recarga ainda é incipiente no Brasil e certamente isso contou na hora do grupo realizar seu planejamento estratégico, apontando na direção de investimentos em veículos híbridos e elétricos. Importante lembrar também que a montadora foi a primeira a lançar um carro com versão a álcool no Brasil, em 1979. O Fiat 147 Álcool foi lançado no contexto do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) e desempenhou um papel crucial na popularização do etanol como combustível. O Brasil certamente é um país que apresenta uma vantagem competitiva em termos de descarbonização, pois tem a infraestrutura para etanol desde os anos 1980 e cultura de utilizar automóveis movidos a etanol ou flex, além do fato que nossa produção de etanol tem uma pegada de descarbonização maior que de outros países, pois no Brasil (ao contrario dos EUA) usamos biomassa para produzir a eletricidade e o calor necessário ao processo produtivo. Ao combinar a tecnologia dos carros flex associada aos motores elétricos, certamente a Stellantis está apostando na opção mais lógica.Para o Brasil como um todo temos um impacto positivo na manutenção do projeto do automóvel movido a etanol, uma solução mobilidade sustentável e que gera emprego e renda no país e, claramente, em nosso estado. Somos o segundo maior produtor mundial de etanol do planeta, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Outro ponto que merece destaque é a oportunidade para profissionais atuarem diretamente no que existe de mais moderno em termos de tecnologias do setor automotivo. Isso coloca o estado na frente e permite certamente o surgimento de uma nova geração de técnicos especialistas em automóveis elétricos/híbridos, seja pelos treinamentos oferecidos, seja pela atração de novos players pela oportunidade gerada em pesquisa e inovação nas universidades da região, além da própria atração de profissionais especializados. Isso acaba gerando maior difusão do conhecimento e qualificação da mão de obra. Importante que o estado possa finalizar o prometido anel viário que ajudaria a fabricante italiana a escoar sua produção local até o Porto de Suape, destacando que a contrapartida do estado para com a indústria está há pelo menos uma década atrasada. Melhorar a infraestrutura viária, facilitando o movimento não apenas das cargas, mas também das pessoas, certamente contribuirá para fixar os trabalhadores e as empresas fornecedoras e prestadoras de serviço em nosso estado. Estamos diante de uma ótima oportunidade para escolas técnicas e instituições de ensino superior, que precisam ofertar cursos na área de maneira a qualificar a oferta de mão de obra para o setor, lembrando que as oportunidades estão por toda a cadeia produtiva. Temos no estado, além de excelentes instituições de ensino, o Porto Digital, que possui uma miríade de empresas qualificadas e que certamente serão beneficiadas pelo direcionamento estratégico do polo automotivo como um todo. *Edgard Leonardo é economista e professor da Unit-PE

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O assassinato do Padre Antônio Henrique durante a Ditadura Civil-Militar em Pernambuco

*Por Carlos André Silva de Moura “PROVA DE AMOR MAIOR NÃO HÁ QUE DOAR A VIDA PELO IRMÃO!” A lista de perseguidos, presos, torturados e mortos durante a ditadura civil-militar (1964-1985) no Brasil é extensa. Muitos jovens perderam as suas vidas na luta pela liberdade e democracia. Outros passaram anos presos, resultado da militância política contra o sistema opressor. Os chamados “crimes” eram classificados como terrorismo, subversão ou atentado contra a soberania nacional. Durante os 21 anos do regime, diferentes ordenamentos jurídicos, a exemplo do Ato Institucional nº 5, garantiam a “legalidade” das atrocidades cometidas pelos militares. Os assassinatos de militantes políticos como Edson Luís de Lima Souto (1950-1968), Fernando Santa Cruz (1949-1974), Vladimir Herzog (1937-1975) ou Manuel Fiel Filho (1927-1976) deixaram marcas profundas na História do Brasil. As circunstâncias dos acontecimentos, a falta de informação para as famílias ou a repercussão internacional direcionaram os olhares do mundo para as violações dos direitos humanos realizadas após 31 de março de 1964. Na longa lista dos crimes políticos, membros da Igreja Católica não estiveram distantes das perseguições e atentados contra a vida. Mesmo após o apoio inicial às propostas da ditadura civil-militar, algumas lideranças católicas se destacaram na oposição ao regime. Dom Aloísio Lorscheider, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Helder Camara, Dom Luciano Mendes de Almeida, Dom Waldyr Calheiros, Dom Pedro Casaldáliga e Dom José Maria Pires são alguns nomes de religiosos que se opuseram às atrocidades dos militares e defenderam a democracia e os direitos humanos. Proibidos de se posicionarem nos meios de comunicação do Brasil, muitos religiosos utilizavam eventos internacionais para denunciar “os clamores do seu povo”. Mesmo que os órgãos ditatoriais não tenham imposto limites para as práticas dos seus servidores, os dirigentes sabiam que prender, torturar ou assassinar uma liderança religiosa provocaria grande repercussão internacional. Por este motivo, instituições e colaboradores dos eclesiásticos foram alvos dos ataques, com o objetivo de silenciar os “bispos vermelhos”. Entre os eventos que marcaram a prática está o assassinato do Padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto (1940-1969), ocorrido na cidade do Recife, em 27 de maio de 1969. O religioso era coordenador da Pastoral da Juventude, com atividades que buscavam a inclusão social, recuperação de jovens em situação de rua e debates sobre os problemas econômicos. Auxiliar de Dom Helder Camara, realizava denúncias sobre a violência praticada pelos militares no cenário nacional. Como posicionamento político, em 1968 celebrou uma missa em memória do estudante Edson Luís de Lima Souto. As suas ações contribuíram para que se tornasse alvo do monitoramento dos militares, inclusive por meio de escutas telefônicas. Com o objetivo de atingir Dom Helder Camara e silenciar as suas denúncias, o Padre Antônio Henrique foi sequestrado na noite de 26 maio de 1969, torturado e morto na madrugada do dia 27 de maio por membros do Comando de Caça aos Comunistas e agentes da Polícia Civil de Pernambuco. O assassinato tinha o objetivo de atingir o arcebispo de Olinda e do Recife e impor o medo entre os seus colaboradores. Durante o período ditatorial, a morte do Padre Antônio Henrique foi tratada pelas autoridades como crime comum. No entanto, com os trabalhos da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara, novas interpretações foram apresentadas, com a indicação dos responsáveis pela execução. Para os membros da comissão, durante a década de 1970, os integrantes do SNI (Serviço Nacional de Informação) foram avisados que o crime foi realizado por um grupo de extrema direita em conjunto com a Polícia Civil de Pernambuco. Em parecer enviado ao Ministério Público, constava que participaram do crime os investigadores Rível Rocha, Humberto Serrano de Souza, José Bartolomeu Gibson, Jerônimo Gibson e Rogério Matos. As informações contribuíram para um processo de (re)escrita da História. Com o trabalho de pesquisadores e o acesso às fontes foi possível demonstrar como o religioso se constituiu em mais uma vítima das atrocidades da ditadura civil-militar. Sessenta anos após o início de um dos períodos mais conturbados da História republicana, ainda existem mortes que precisam ser investigadas e famílias que buscam informações sobre seus parentes, tidos como “desaparecidos” políticos. Em um momento que lembramos daqueles que tombaram na luta pela democracia, que possamos continuar exigindo informações sobre um período que marcou negativamente o nosso passado. *Carlos André Silva de Moura é doutor em história e professor da UPE

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O direito de laje, o condomínio urbano simples e os meios para regularizar a informalidade

*Por Tereza Borba Com o adensamento populacional das cidades, associado ao escasso investimento público na produção de moradia e na regularização fundiária ao longo de décadas, são cada vez mais frequentes as tipologias habitacionais da laje e do condomínio urbano simples. Esse último, as vezes chamado de puxadinho, representa a iniciativa da família de construir, no mesmo lote, uma casa ao lado da já existente ou nos fundos, para acomodar a família que vai crescendo, ou como meio de subsistência, com a sua locação. A laje é mais visível, tendo em vista a verticalização das construções. Ambas são alternativas que restam para clamor das famílias inseridas nos números que representam o déficit habitacional, crescente a cada censo do IBGE. Estas tipologias passaram a ser reconhecidas por lei, tendo sido o direito de laje inserido no elenco dos direitos reais, a exemplo da propriedade, no Código de Direito Civil. O objetivo é tutelar a realidade não abrangida por lei anteriormente. A lei que regulamenta a regularização fundiária (lei nº 13.465/17) modificou a forma de parcelamento do solo, estabelecendo novas normas e procedimentos para, entre outras situações, regularizar tais tipologias, possibilitando a abertura de matrícula individualizada para cada imóvel, titulando as famílias ocupantes, perante o Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição imobiliária do imóvel objeto da regularização. Assim, essas situações existentes e consolidadas, que antes figuravam como um problema para a dita “cidade formal”, aquela regida pelas leis que estabelecem as regras de uso e ocupação do solo e os parâmetros urbanísticos para construir e regularizar os imóveis, podem agora ocasionar mais uma modalidade de licenciamento urbanístico na esfera dos órgãos municipais. Para tanto, a municipalidade precisa se preparar para atender essa grande demanda, prevendo um espaço na sua estrutura organizacional e, sobretudo, instalar capacidade técnica e operacional para proceder à análise e ao licenciamento. Com isso, será possível cumprir os requisitos para individualizar a matrícula e obter o registro no âmbito do cartório de imóveis. A abrangência dos instrumentos do direito de laje e do condomínio urbano simples não é específica da regularização fundiária, dessa forma, os imóveis já regularizados, que dispõem de matrícula na serventia registral, podem ser objeto de instituição dos instrumentos jurídicos citados, sendo passível de abertura de matrícula para cada unidade autônoma criada e realizada averbação do fato na matrícula existente. Nos casos das ocupações espontâneas e consolidadas, com maior concentração das situações aplicáveis à instituição da laje e do condomínio urbanos simples, é recomendável e mais ágil regularizar de uma única vez. Para isso, município deve delimitar a poligonal da área e instituir procedimento administrativo de REURB-S (regularização fundiária urbana de interesse social, aplicável às áreas ocupadas predominantemente por população de baixa renda) ou REURB-E (regularização fundiária urbana de interesse específico, aplicável aos casos da população não qualificada como baixa renda). Para o desencadeamento da REURB e o cumprimento das etapas estabelecidas pela lei nº 13.465/17, até a regularização plena, os Municípios precisam constituir uma equipe multidisciplinar, tendo em vista o próprio conceito contido na lei, a saber, a regularização fundiária consiste num conjunto de medidas sociais, jurídicas, urbanísticas e ambientais destinadas à incorporação desses imóveis ao ordenamento territorial urbano e à titulação de seus ocupantes. Com seus imóveis regularizados, as famílias passam a ter segurança jurídica, a garantia de direitos sucessórios e, querendo, podem ofertar garantias para acessar crédito perante os bancos públicos e privados para reformar suas casas ou criar seu próprio empreendimento. Tereza Borba é Advogada, especialista em regularização fundiária.

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Filipe Andrade Lima

Regularizar imóvel reduz riscos e facilita negócios

*Por Filipe Andrade Lima Quem precisa comprar ou vender um imóvel sabe o quanto dificulta ter uma propriedade irregular. Pode ser um terreno, uma casa ou até mesmo um edifício comercial. O fato é que a ausência de regularidade na propriedade dificulta a realização de negócios e reduz consideravelmente o valor do imóvel. Sem falar da perda de benefícios fiscais que deixam de ser concedidos pelo poder público, com isenção ou redução do IPTU ou ITBI, por exemplo. Nessa condição, há ainda a possibilidade de receber multa, não conseguir aprovação de financiamento e pior: perder o imóvel. É importante frisar que, além de registrar, é necessário mantê-lo regular com a documentação e também com os pagamentos dos tributos em dia. Há ganhos maiores e maior liquidez. No Brasil, a propriedade de um imóvel só é garantida quando ocorre o registro. E todo imóvel possui uma matrícula, que mostra se há alguma dívida, compromissos de compra e venda, alteração de propriedade, entre outros. É como um CPF que identifica o imóvel. Por meio dela, é possível fazer uma consulta no município. E graças a novas tecnologias, como o site registradores.org.br, é possível ainda ter acesso à certidão de matrícula para avaliar riscos ou fechar negócios imobiliários. Nele, há diversos serviços disponíveis. A informação é pública e aberta a qualquer pessoa. Ajuda corretores, proprietários de imóveis e também o setor notarial. Um caminho para regularizar um imóvel, sem registro, é localizar os antigos proprietários e formalizar a compra do imóvel no ato de lavratura pública de compra e venda, em um cartório de notas. Outra maneira é procurar um cartório de registro de imóveis na cidade onde o bem está instalado e dar entrada no processo de regularização. Será necessário levar o contrato de compra e venda para a emissão da escritura da propriedade. *Filipe Andrade Lima é tabelião titular do Cartório Andrade Lima.

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rodrigo Acioly

O peso dos benefícios fiscais e a corrida aos tribunais

*Por Rodrigo Accioly Os benefícios fiscais de ICMS sempre foram uma das principais estratégias de atração de investimentos industriais para o Estado de Pernambuco e também para o Nordeste como um todo. Entretanto, a atratividade gerada por tais regimes vem perdendo relevância, o que gera uma enorme preocupação quanto ao desenvolvimento econômico do nosso estado. Em primeiro lugar, com a Reforma Tributária aprovada, todo benefício fiscal de ICMS, atual ou futuro, terá como horizonte final o ano de 2032. Porém, já agora em 2024, com a aprovação da chamada “MP das Subvenções” (transformada na Lei nº 14.789/2023), as indústrias e demais empresas incentivadas já tiveram uma redução indireta de 9,25% nos benefícios fiscais recebidos. Isso porque o Governo Federal passou a explicitamente exigir o pagamento de PIS e Cofins sobre o montante das chamadas subvenções (benefícios fiscais) concedidas por qualquer ente estatal. Ou seja: se num determinado mês, uma indústria recebe um crédito de Prodepe de R$100 mil, ela passa, nesse mesmo mês, a ter que recolher R$9,2 mil a título de Pis e Cofins. Sem considerar as mudanças no Imposto de Renda que, a depender da situação, podem gerar um agravamento ainda maior. Por se tratar de uma situação anacrônica, em que um Estado dá com uma mão e a União tira com a outra, diversos contribuintes têm recorrido ao Poder Judiciário para evitar a elevação da carga tributária. Entre as liminares proferidas ainda são raras. Espera-se que o Supremo Tribunal Federal, que já recebeu ações sobre o tema, emita uma decisão e, naturalmente, de forma favorável aos detentores de benefícios fiscais. Por fim, é necessário que os representantes do nosso Estado em Brasília formem uma frente para garantir a competitividade da indústria pernambucana, mediante manutenção de condições que garantam a paulatina redução das desigualdades regionais. *Rodrigo Accioly é sócio da área tributária do escritório Queiroz Cavalcanti Advocacia e consultor legislativo

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