Claudia Santos - Página: 118 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Claudia Santos

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Orquestra Sinfônica do Recife homenageia Arraes

Para celebrar o centenário de Miguel Arraes, nascido em 15 de dezembro,  a Prefeitura do Recife realiza uma homenagem hoje, com um concerto especial da Orquestra Sinfônica do Recife. A última apresentação da Temporada Oficial 2016 acontece às 21h30, no Teatro de Santa Isabel, bairro de Santo Antônio, sob a regência do maestro Marlos Nobre. Os ingressos podem ser retirados gratuitamente na bilheteria do teatro, a partir das 20h30. Duas composições integram o programa da apresentação da OSR. A primeira será a Abertura OSR 85 para grande orquestra, Opus 124, composta por Marlos Nobre para marcar os 85 anos de atividades contínuas da orquestra. A obra incorpora ritmos como o maracatu, unindo o erudito ao popular numa composição harmônica de sons. A peça finaliza com uma delirante alusão às notas fundamentais do Hino Nacional Brasileiro nos metais. A segunda peça da noite será um grande clássico: Bachianas Brasileiras nº 5, de Villa-Lobos, para soprano e orquestra de violoncelos. A composição integra um grupo de nove peças criadas pelo compositor, onde ele buscou misturar o estilo do alemão Johann Sebastian Bach com os ritmos brasileiros. A de número 5 foi a que mais se destacou mundialmente, tornando-se sua marca registrada. A apresentação terá a participação especial da soprano Anita Ramalho que fará a Ária (cantilena) de abertura da peça. O público deve ficar atento ao horário da entrega dos ingressos, já que o concerto será realizado um pouco mais tarde. Sendo assim, quem quiser conferir o 10º Concerto Oficial da Temporada 2016 da Orquestra Sinfônica do Recife, em homenagem ao Centenário de Miguel Arraes, deve estar na bilheteria do teatro a partir das 20h30. Serviço: 10º Concerto Oficial da Temporada 2016 da Orquestra Sinfônica do Recife Homenagem ao Centenário de Miguel Arraes Quando: quinta-feira, dia 15 de dezembro Horário: 21h30 Local: Teatro de Santa Isabel, Praça da República, s/n, Santo Antônio, Recife. Ingressos: entrega gratuita a partir das 20h30, na bilheteria do teatro. Informações: 3355.3322

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Novidades no tratamento da incontinência urinária

Ela afeta a qualidade de vida, a sociabilidade e até os relacionamentos sexuais. A incontinência urinária acomete 25% a 30% da população feminina mundial entre 30 e 60 anos, um contingente que passa por limitações em razão da perda involuntária de urina. Mas já existem tratamentos eficazes que vão desde a cirurgia tradicional, passando por fisioterapia até o uso de laser. A incontinência de esforço é a mais frequente e que ocorre durante a realização de uma atividade como espirrar, tossir, rir ou levantar peso na academia. Afeta principalmente mulheres no período da menopausa, quando ocorre uma redução da produção de estrógeno. Uma das funções do hormônio é manter firme a musculatura do assoalho pélvico, um conjunto de músculos que auxilia na sustentação de alguns órgãos como a bexiga, útero e intestino. Eles funcionam também como esfíncteres, isto é, como válvulas de fechamento, permitindo a retenção ou saída de urina. “Paciente na pós-menopausa, que teve muitos partos vaginais, tendem a ficar com a musculatura do assoalho pélvico mais frouxa levando à incontinência urinária”, esclarece Dimas Lemos Antunes, urologista do Hospital Jayme da Fonte.   Também chamada de bexiga hiperativa, a incontinência de urgência é caracterizada por uma vontade súbita e imperiosa de urinar e, muitas vezes, a mulher não consegue chegar ao banheiro a tempo para evitar o escape de xixi. A sua bexiga se contrai independentemente de sua vontade. Os fatores que a causam até hoje são uma incógnita para a medicina. “Algumas mulheres apresentam os dois tipos de incontinência”, acrescenta Antunes. Para os casos de incontinência de esforço - de leve a moderada – o mais recente tratamento é o uso do laser Fotona. Ele é introduzido na vagina por meio de um instrumento chamado ponteira e a sua luz estimula a produção de colágeno (proteína que dá sustentação à pele) tornando mais tonificada toda a musculatura da vulva e do canal vaginal. “O tratamento é realizado em três sessões, com intervalos de um mês, no próprio consultório médico. É indolor, sem cortes, nem sangramentos e não requer anestesia geral”, explica a dermatologista Beatriz Almeida. Também não é preciso se afastar das atividades rotineiras, apenas ter abstinência de sexual entre cinco a sete dias. A especialista recomenda realizar as aplicações a cada ano. A nova terapia tem ainda reflexos na melhoria da qualidade da vida sexual, porque o laser além de promover um estreitamento das paredes da vagina, também produz aumento da lubrificação. “A paciente deixa de sentir dor durante a relação sexual, provocada pelo ressecamento que é comum nas mulheres menopausadas. Além disso, ao eliminar o relaxamento vaginal, o sexo torna-se mais prazeroso para ela e seu parceiro”, assegura Beatriz. Veja também: Fisioterapia recorre a games para tratar com eficácia a incontinência urinária  

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Incontinência urinária tratada com gameterapia

A fisioterapia tem recorrido a inovações tecnológicas para tratar pacientes com incontinência urinária. E o melhor, de forma lúdica, pois as técnicas foram associadas a games e podem ser empregadas nos casos de incontinência de esforço, de urgência e mista. Os nomes dos tratamentos são um tanto complicados - estimulação elétrica com corrente bifásica e biofeedback – mas o funcionamento é fácil de entender. O objetivo é fazer a mulher ter consciência dos músculos usados no controle da micção. Pode parecer estranho, mas a maioria das pessoas não consegue contraí-los. “Colocamos eletrodos na vagina que emitem pulsos elétricos, indicando a região em que se deve fazer a contração muscular”, relata Silvana Uchôa, fisioterapeuta técnica responsável da Clínica Confie e professora da Unicap. Ao mesmo tempo, um computador exibe gráficos que mostram por quanto tempo a paciente consegue manter o músculo contraído. “A técnica melhora a consciência do assoalho pélvico e sua contração muscular, aumentando o tônus e a força”, assegura a fisioterapeuta. A chamada gameterapia também pode fazer parte da terapia. Mulheres com incontinência de esforço, por exemplo, realizam contração com os eletrodos e jogam games com kinect (tecnologia que permite jogar com os movimentos do corpo). O jogo pode ser uma simulação de uma partida de tênis. “Ela vai treinar a contração enquanto faz a atividade até o momento em que conseguir automatizar os dois movimentos”, esclarece Silvana. O tratamento compreende 10 a 30 sessões da fisioterapia, sendo duas por semana. Depois deve haver a manutenção anual. “Muitas pacientes continuam assintomáticos há mais de cinco anos”, informa Silvana, que também destaca uma melhora no prazer sexual. Outras alternativas Já a terapia comportamental é indicada principalmente para os casos de incontinência de urgência e mista. “Recomendamos urinar a cada três horas, evitando que a bexiga fique cheia, reduzindo a pressão do esfincter. Também orientamos reduzir a quantidade de ingestão de líquido quando a paciente vai viajar”, informa Dimas Antunes. Evitar refrigerantes à base de cola, café, tabagismo e obesidade e tratar a constipação são outras medidas necessárias. “Deve-se investigar, ainda, a existência de infecção urinária que pode favorecer à incontinência”, acrescenta o médico. Se as medidas não funcionarem nos casos de bexiga hiperativa recorre-se a medicamentos. Se os remédios falharem, o especialista pode indicar a aplicação de botox na bexiga, que a torna menos contraída. Mas deve ser reaplicado periodicamente. Há ainda a técnica que introduz um dispositivo chamado neuromodulador sacral. É uma espécie de marca-passo, ao ser implantado na raiz nervosa da bexiga emite pulsos elétricos, que estimulam o nervo a inibir as contrações que provocam a micção. Para os casos mais graves de incontinência por esforço, indica-se a cirurgia, cuja taxa de sucesso, segundo Antunes é alta. “Varia de 80% a 90%”.

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Almir Rouge e Caboclinhos Carijós são os homenageados do Carnaval do Recife

  Uma das agremiações mais tradicionais da cultura do Recife e um nome que é referência para a música pernambucana em todo o País. Este é o perfil dos homenageados do Carnaval do Recife 2017, anunciados pelo prefeito Geraldo Julio nesta segunda-feira (12). Os Caboclinhos Carijós do Recife e o cantor Almir Rouche foram agraciados pela homenagem feita pelo povo do Recife. Durante o anúncio, o prefeito destacou a importância dos dois escolhidos para a cultura recifense. "É uma homenagem feita pelo povo do Recife a duas forças importantes do nosso Carnaval. De um lado temos os Caboclinhos Carijós, que completa 120 anos, ativo, ganhando prêmios no Carnaval e engajando as pessoas a participarem do movimento. E do outro lado temos Almir Rouche, que é um dos cantores recifenses mais conhecidos, completa 30 anos de carreira e viveu diversos momentos do nosso Carnaval. É uma homenagem justa e tenho certeza que o Carnaval no Recife em 2017 será muito bonito", ressaltou Geraldo. A notícia foi recebida com surpresa pelos homenageados. O presidente dos Caboclinhos Carijós do Recife, Jéfferson Nagô, lembrou que a homenagem reforça o movimento. "A gente não esperava, mas estamos muito felizes por esta homenagem a nossa agremiação, que completou 120 anos. Será uma honra muito grande para a gente participar do Carnaval como homenageados e vamos fazer uma belíssima festa. Vamos colorir a cidade e reforçando a nossa cultura indígena". Já Almir era só emoção. Completando 30 anos de carreira, o cantor recebe a primeira homenagem deste porte em sua vida. "Não esperava por esta notícia. Não achava que seria minha hora agora. Estou muito feliz e vamos fazer um grande trabalho para realizar um lindo Carnaval em 2017", lembrou. Almir ainda disse o que os recifenses e turistas podem esperar para a festa. "Vou pensar em muita coisa para o Carnaval, ouvir as pessoas e dobrar o serviço. Vamos ter um Carnaval com a essência da nossa cultura", finalizou.

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Mas o que são cervejas artesanais, caseiras e industriais? (Por Rivaldo Neto)

Muito se fala em cervejas artesanais. Mas você realmente sabe a forma de como elas são produzidas? Vamos então mergulhar um pouco nesse universo cervejeiro que está em plena ebulição e conhecer um pouco mais do que isso quer dizer. Passando depois pelas caseiras e por fim as industriais. O primeiro ponto é que quando nos referimos as cervejas usando o termo artesanal, nos remete a ideia que de certa forma é uma bebida produzida de um jeito mais “caseiro”. Um ponto importante a destacar é que mesmo uma cerveja produzida com equipamentos modernos e uma linha de engarrafamento do produto, a sua produção ainda é considerada artesanal. O ponto “X” da questão é o cuidado que tal produção terá. Isso porque que mesmo que no processo sejam usados ingredientes básicos, receitas de preparo e insumos mais apurados, tudo isso deve ser predominantemente natural e não químico. As cervejas artesanais são produzidas em menor escala, feitas com maior cuidado, com foco na qualidade. Todo o processo é controlado e acompanhado pelas mãos dos produtores. Observa-se mais de perto todas as etapas e, ao final, analisa se os aromas e sabores condizem com a qualidade que se é esperada. os ingredientes são selecionados, mais nobres e alguns precisam ser até mesmo importados. Essas bebidas têm quatro componentes: malte, água, lúpulo e levedura. Isso quer dizer que as cervejas não levam açúcares de fontes extras. Mas também existem sim cervejas “caseiras”, por assim dizer ao pé na letra e são aquelas em que são usados equipamentos de pequeno porte, onde não se precisa de muito espaço de produção, não tem engarrafadoras, usando embalagens comuns e em alguns casos utilizando até rolha no processo de vedação. E são feitas com produções limitadas, normalmente de 20 a 40 litros por vez. Cervejas artesanais e cervejas “caseiras” têm uma matriz mais comum e se assemelham mais do que as produzidas em larga escala comercial. As cervejas industrializadas são produzidas em maior escala com o objetivo de vender em grande quantidade para um maior número de consumidores. Elas também passam por processos como filtração e pasteurização, o que não acontece na produção da cerveja artesanal. Tais cervejas utilizam cerca de 60% de malte de cevada, que é o principal ingrediente dessa bebida, e os outros 40% são cereais não maltados ou carboidratos, como milho e arroz. No mundo das cervejas, os processos de produção definem diretamente na qualidade do que bebemos e apreciamos, é sempre bom sabermos onde podemos provar o que há de melhor! *Rivaldo Neto (rivaldoneto@outlook.com) é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Meninos do Recife (por Joca Souza Leão)

O primeiro “serviço de extinção de incêndios” do Brasil surgiu aqui, no Recife. O do Rio de Janeiro foi inaugurado por Pedro II mais de 100 anos depois. Lembrei-me desse fato sem muita, ou nenhuma, importância – veja você como são as coisas do pensamento – porque me lembrei do poema Evocação do Recife, de Manuel Bandeira: (...) De repente nos longos da noite um sino Uma pessoa grande dizia: Fogo em Santo Antônio! Outra contrariava: São José! Eram os sinos das igrejas que chamavam os bombeiros e informavam ao povo o bairro que o fogo queimava. Sinos de São Pedro dos Clérigos, do Carmo e do Livramento? Incêndio em São José. Esse poema foi encomendado a Bandeira por Gilberto Freyre. “Encomendado como quem encomenda um pudim” – diria Gilberto em tom jocoso anos depois. Mas, pudim de quê? Ah! aí é que tá. Quem encomendou tinha outras receitas do Recife, mas não aquela. Pudim da infância cada um tem a sua. Única. E a de Bandeira, ainda menino, já era de poesia pura. Poesia nos nomes das pessoas e ruas (Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância”); poesia nas casas; no Capibaribe; nos banheiros de palha de Caxangá. “Um dia eu vi uma moça nuinha no banho / Fiquei parado o coração batendo / Ela se riu / Foi o meu primeiro alumbramento.” Gilberto, por sua vez, planejava escrever um grande livro (já o imaginava grande) sobre a “História da Vida de Menino no Brasil” ou “À procura de um menino perdido”, esses os títulos provisórios escolhidos. Chegou a investir todas as suas economias na compra de livros para pesquisar a vida de crianças sob as mais diferentes culturas. Escreveu para Bandeira revelando o seu projeto e pedindo ajuda. Queria que o poeta investigasse o que havia sobre crianças no acervo da Biblioteca Nacional, o que havia de peças e brinquedos infantis no Museu Nacional, além de recorrer à sua cultura e memória musical: cantigas de ninar, de danças e de roda. “Esse estudo teria de começar pela vida de menino entre nossos índios. (...) Depois, sobre o background da criança dos colonizadores (brancos e negros) e os primeiros contatos das crianças de origem europeia com os bichos do Brasil, os papões e os mal-assombrados, os frutos, os pássaros etc...” Bandeira tinha ido de mudança com a família para o Rio aos 2 anos de idade. Voltou com 6 e aqui ficou até os 10 na casa do avô, na Rua da União. “Do Recife tenho quatro anos de existência consciente, mas ali está a raiz de toda a minha poesia” – disse ele em sua última longa entrevista, em ‘64. Veja só, amigo leitor. Do “Meninos do Brasil”, de Gilberto, cresceu e tomou corpo Casa Grande e Senzala; da encomenda atendida por Bandeira, com sua memória infantil e afetiva, nasceu Evocação do Recife. Obras-primas. Manu e Giba. Ah, esses meninos do Recife!

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O sonho de uma cidade-parque

No lançamento da Agenda TGI 2017, no final de novembro, tive a oportunidade de falar, pelo 18º ano seguido, sobre a retrospectiva do ano que está terminando e as perspectivas relativas ao ano que vai se iniciar para o mundo, o Brasil, Pernambuco e o Recife, conforme reportado na matéria de capa desta edição. No que diz respeito ao Recife, dei destaque aos avanços conseguidos em relação ao projeto Parque Capibaribe: o Jardim do Baobá, a Avenida Beira-Rio das Graças, Ativação da Capunga e o Cais do Imperador. Sobre o Jardim do Baobá, considerado o marco zero do Parque Capibaribe, mostrei como uma intervenção relativamente simples conseguiu derrubar os muros que emparedavam a árvore na beira do rio, o monumento vegetal que é o portentoso baobá, resgatando-o para a cidade e chamando tanto a atenção da população que passou a frequentar em massa o local. Em relação à avenida Beira-Rio das Graças, relatei a luta da associação de moradores do bairro pela adequação da via às diretrizes do Parque Capibaribe, a vitória conseguida e a aprovação pela prefeitura do novo projeto de uma via-parque prestes a ser licitada. Relativamente à Ativação da Capunga, destaquei a ação de urbanismo tático realizada no trecho da beira do rio que fica na frente da faculdade Uninassau e vai quase até os fundos do Quartel do Derby onde foram instalados equipamentos provisórios, mas dentro do espírito do Parque. Já no que diz respeito à recuperação do Cais do Imperador, mostrei as fotos do local onde desembarcou D. Pedro II em 1859, na frente do antigo Grande Hotel, agora reintegrado à cidade com uma cafeteria, do outro lado do Cais da Alfândega. Essas intervenções inserem-se na concepção do Parque Capibaribe que, por sua vez, insere-se na concepção do Plano Recife 500 Anos, uma abordagem consistente de planejamento de longo prazo para a cidade, pela primeira vez em muitas décadas, com um bônus adicional: o potencial (o sonho) de, pela extrapolação dos conceitos do Parque Capibaribe, transformar o Recife numa cidade-parque até 2037. No final da palestra, citei novamente Victor Hugo: “Nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã”. É com ele que finalizo este último artigo de 2016 desejando aos leitores um ano novo de sonhos realizados, inclusive o de uma cidade com um futuro melhor. Que venha 2017!

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A morte é um dia que vale a pena viver

Vira e mexe meu irmão faz a mesma proposta, há anos: “Vamos jogar tudo pro alto, construir uma casinha numa praia deserta, levar toda a família e viver da caça e da pesca?” Romantismos, brincadeiras e devaneios à parte, no fundo no fundo, o desejo é real, não obstante pareça ser de praticidade utópica. Li um livro na última semana que me fez ligar para ele, assim, do nada: “E aí, Mamá? A proposta está de pé?” Expliquei-lhe que acabara de ler A Morte é um dia que vale a pena viver, da médica Ana Cláudia Quintana Arantes, pela editora Casa da Palavra. O livro, conquanto fale da morte, é, na verdade, uma lição de vida. Simplesmente impactou-me. Falamos pouquíssimo da morte, ou quase nada. Sendo essa a única certeza que temos, caro leitor, deveríamos conversar mais sobre o evento que se aproxima. Perdoe-me a franqueza, mas não há como negar. Ela vai chegar para ti também. Pensar na morte é um tabu. Mas Ana Cláudia é uma médica que especializou-se em cuidados paliativos e nos traz uma surpreendente reflexão sobre o assunto. A morte anunciada traz a possibilidade de um encontro veloz com o sentido da vida. Os cuidados paliativos não são apenas aqueles que aliviam o sofrimento físico e as sequelas do tratamento agressivo. Quando fecha-se o prognóstico de uma doença incurável e anuncia-se a proximidade da morte, a medicina costuma dizer que “não há mais o que fazer”. Cláudia prova no livro que a medicina sempre esteve errada. Sim, ainda há muito o que fazer. Porque muito embora não haja mais tratamento disponível para a doença, há muito mais a fazer pela pessoa que tem a doença. Sempre atrelei cuidado paliativo à sedação. Estava enganado. A narrativa nos convence que é possível ter uma morte natural, lúcida. Assim como existe o parto normal, pode existir a morte normal. Aquela que é sentida e vivenciada pela pessoa até o seu último suspiro, de forma consciente, digna. Existem meios adequados para que se alivie a dor, o sofrimento, permitindo à pessoa que vá embora despedindo-se de cada um dos seus, de forma serena, calma, tranquila, consciente. Cláudia especializou-se em ajudar as pessoas a morrer. A ter uma boa morte. A ter qualidade de vida na finitude humana. “A morte é um laboratório incrível”, diz ela. Especialmente porque, nesse corredor final, as pessoas costumam se despir de toda e qualquer vaidade, futilidade ou mentira. E, assim, as pessoas falam com a alma. Quer um conselho sábio sobre a vida? Peça a alguém que está morrendo. Esse sopro vital de sabedoria, bem perto da hora da saída, emerge para a consciência e ilumina os pensamentos com uma luz divina, uma lucidez absurda. E é neste ponto que Cláudia, através do seu trabalho, nos dá uma lição de vida ao falar dos arrependimentos dos seus pacientes. E eles são sempre os mesmos, amigo leitor. Seja qual for a sua situação financeira ou status social. Seja a pessoa um gari, médico, advogado, engenheiro, servente, carpinteiro ou psicólogo. O maior dos arrependimentos é sempre o de não ter realizado os seus próprios desejos. De não ter priorizado suas próprias escolhas e de ter feito escolhas para agradar os outros. Pode ser o mais poderoso ou o mais humilde dos seres humanos, ele estará arrependido no seu leito de morte se não fez aquilo que queria ter feito. O que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de chegarmos ao fim da vida sem aproveitá-la. Sem fazê-la do nosso jeito. Não há motivo para temer a morte. Só há uma coisa a temer: não usar o nosso tempo da maneira que gostaríamos. O que estás a fazer com o tempo que tens? O que farás do tempo que te resta? Por sinal, quais são suas escolhas para 2017? Bom Natal e feliz Ano Novo!

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O abandono da Maciel Pinheiro

Não é possível que o prefeito desta cidade do Recife, Geraldo Julio, depois de reeleito com expressiva maioria de votos no último pleito municipal, continue de olhos vendados para o abandono da Praça Maciel Pinheiro no bairro da Boa Vista. De alguns anos para cá, na Praça Maciel Pinheiro, reina o completo abandono e o descaso, não havendo quem se atreva a sentar em seus bancos nas manhãs ou mesmos nos fins de tarde e, muito menos, nas noites amenas do bairro da Boa Vista. Antes belo e bucólico, esse recanto daquele bairro foi transformado em “teto” dos moradores de rua, que lá espalharam os seus andrajos e entulhos, misturados aos viciados no crack e outras drogas, o que torna impossível a frequência de quem quer que seja. Em meio a tal abandono, a secular fonte encontra-se relegada ao descaso, fissurada pelos pregos que vez em quando nela são introduzidos, num verdadeiro atentado a esta cidade que se diz civilizada. Com seus 7,85 metros de altura, a velha fonte portuguesa, esculpida em Lisboa pelo renomado artista Antônio Moreira Ratto (1818-1903), que tem sua assinatura em vários monumentos que ornam praças e passeios de Lisboa, de Évora e do Rio de Janeiro, resiste à incúria do tempo e a agressividade dos homens. Trata-se do mais belo monumento do Recife, erguido em comemoração ao término da Guerra do Paraguai (1864-1870), ali instalado por subvenção popular, em 31 de março de l875, assim descrito pelo Diario de Pernambuco, em sua edição de 1º de abril: O chafariz mede da base, que é em forma de cruz e assentada em granito, até o cimo do emblema representando a América – uma cabocla selvagem – que o coroa, 7,85 m; à base sobrepõem-se quatro leões curvados sobre as patas, olhando aos quatro pontos cardeais e sustentando com suas cabeças uma grande bacia de 3,18 m de diâmetro. Sobre esta bacia quatro ninfas em pé, simetricamente dispostas em atitude de se banharem, recebem a água que desborda da segunda bacia que lhes sobre fica e que é menor do que a primeira, pois só tem 2,11 m de diâmetro. Cada uma das ninfas conta de altura com 1,60 m. A terceira e última bacia mede 1,80 m de diâmetro. No singular bairro da Boa Vista, a partir do ano da Revolução Russa de 1917, vieram fixar residência centenas de famílias de judeus askenazins emigrados da Bessarábia (Moldávia), Polônia, Ucrânia, Iugoslávia e de outras regiões do Leste Europeu. Tipos ruivos que logo ocuparam seculares casas e sobrados existentes nas ruas Velha, da Glória, de Santa Cruz, Leão Coroado, da Alegria, Visconde de Goiana, Marques Amorim, Barão de São Borja, do Jasmim, do Aragão, dos Prazeres, Visconde de Suassuna, dentre outras. Nos finais de tarde homens dessa comunidade faziam da bucólica Praça Maciel Pinheiro o seu centro de convívio, onde em animadas conversas, ou acaloradas discussões, se comunicavam, na língua anasalada do dialeto ídiche, tratando de temas da vida diária ou de recordações de suas terras de origem. Descendente desta comunidade a futura escritora Clarice Lispector (Chechelnyk - Rússia, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977), viveu sua infância, na casa de esquina com a Rua do Veras; uma escultura em cimento da escritora lá se encontra em obra recente do artista Demétrio Albuquerque (2006). O bucolismo da praça é assinalado pelo poeta Eugênio Coimbra Júnior (1905-1972) em um dos seus mais belos sonetos, cujos versos iniciais lá se encontram transcritos no painel em cerâmica no meio de um de seus canteiros: Cidade velha: em meio à praça, a fonte/Todo o jardim cercado de gradis./Maciel Pinheiro, queres que te conte?/Nem mesmo criança fui jamais feliz. Senhor Prefeito! Vamos recuperar esta joia que o passado do legou!

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Estados fracassados?

À grave situação fiscal que afeta a União some-se agora a crise financeira que atinge o conjunto dos Estados brasileiros, embora haja substanciais diferenças quanto ao grau de dificuldade e de desempenho da gestão fiscal entre as unidades federadas. A crise financeira dos Estados brasileiros que assume colorações fortemente dramáticas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, mas não em Pernambuco, é estrutural em sua essência. A recessão econômica só fez agravar e revelar com ênfase uma situação que vinha se deteriorando gradativamente ao longo do período 2007-2015. A perda de arrecadação própria e de transferências da União comprometeu as receitas dos Estados. Todavia, esta não foi a causa da crise. Apenas piorou o que já era ruim. O principal vilão da crise é o crescimento dos gastos com pessoal, especialmente com os inativos. As despesas com servidores públicos no conjunto dos Estados aumentaram 43% acima da inflação entre 2009 e 2015. E o déficit com inativos elevou-se 64% durante o mesmo período aumentando de R$ 47 para R$ 77 bilhões. Não houve aumento significativo no número de servidores públicos ativos para o conjunto do País. A elevação dos gastos com pessoal deveu-se mais ao aumento de inativos e do salário médio. Em 2015, oito Estados tiveram os limites globais de comprometimento da Receita Corrente Líquida com pessoal bem acima do teto de 60% estabelecida pela Lei de Responsabilidade Fiscal, destacando-se Minas Gerais (78%) e o Rio Grande do Sul (71%). Pernambuco comprometeu apenas 53% porque fez bem o dever de casa. Esse estouro ocorreu apesar da definição do que está contido ou não nos limites ter sido, em anos recentes, flexibilizada pelo Senado Federal e pela vista grossa dos Tribunais de Contas dos Estados. Houve também um aumento do endividamento financeiro dos Estados com bancos públicos e agências multilaterais, especialmente entre 2007 e 2014. Esses recursos foram captados para investimento, mas, de fato, substituíram receita própria que teria essa finalidade e que foi deslocada para aumentos de pessoal e custeio da máquina pública. Parte do investimento foi financiado por empréstimos e não por recursos próprios. A terceira causa da crise dos Estados repousa na substantiva renúncia fiscal incorrida para atrair ou manter empresas nos seus territórios, conhecida como guerra fiscal. Os benefícios fiscais incidem em sua maioria sobre o ICMS, o principal imposto de titularidade dos Estados. Há inúmeros benefícios que se caracterizam por isenções, redução da base de cálculo e créditos que drenam recursos dos cofres estaduais. Alguns desses benefícios foram concedidos à margem do Conselho de Política Fazendária (Confaz) que exige unanimidade dos Estados para serem aprovados. No caso do Rio de Janeiro, de longe o Estado com a situação fiscal mais crítica, houve o uso de rendas do petróleo (royalties), um recurso volátil e finito, para financiar despesas permanentes como o pagamento de aposentadorias e pensões dos servidores públicos. É um princípio saudável da política fiscal que gastos recorrentes não devam ser financiados por receitas extraordinárias ou incertas no seu valor e duração. Isso, no entanto, foi o que ocorreu no Rio de Janeiro onde as despesas com pessoal cresceram durante o período 2009-2015, sem descontar a inflação, 146,6%. Retirado o efeito da inflação (45,4%), o crescimento real da folha de pagamento dos servidores públicos, ativos e inativos, do Rio de Janeiro cresceu 101,2%, o que significa que os gastos com pessoal dobraram em termos reais em seis anos. Esse crescimento mostrou-se insustentável, revelando uma gestão fiscal temerária. Quais são as saídas? Reformar a previdência pública dos Estados; criar uma limitação constitucional para o crescimento dos gastos primários, ou seja, limitar o crescimento real do gasto público primário estadual com mecanismo, se não igual, semelhante à contida na PEC dos gastos do Governo Federal; acabar com o princípio do destino na cobrança interestadual do ICMS extinguindo a guerra fiscal; e, fortalecer e ampliar a Lei de Responsabilidade Fiscal para evitar alguns abusos como o uso de royalties para financiar despesas permanentes. As medidas são duras, mas é melhor encarar esses desafios do que ter de conviver com Estados fracassados onde há uma dissociação entre realidade jurídica e empírica, onde as estruturas de governança não funcionam e onde as instituições e as principais funções do Estado colapsam.

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