Rafael Dantas - Página: 423 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Rafael Dantas

Rafael Dantas

A esquecida rua do Imperador

Dentre as ruas que marcaram o centro do Recife, destaca-se a Rua do Imperador D. Pedro II, a primeira surgida na ilha entre os anos de 1606 e 1613, quando os frades franciscanos nela fizeram erguer o convento e uma igreja dedicada a Santo Antônio. Por ocasião da invasão holandesa, em 1630, foi o Convento de Santo Antônio cercado por muralhas e transformado no Forte Ernestus, uma fortificação retangular com quatro baluartes, dispondo de 19 canhões de diversos calibres. Nesta rua fixou residência o Conde João Maurício de Nassau-Siegen, que aqui chegou como governador do Brasil Holandês em 1637, ocupando uma casa então localizada na atual esquina da Rua Primeiro de Março. Nela o sábio Georg Marcgrave (1610-1648) instalou o primeiro observatório astronômico em terras das Américas e iniciou seus estudos sobre a fauna, flora e tipos humanos da região. Naquele local ele ergueu uma torre de observação em madeira, onde instalou o seu telescópio com o qual fez observações sobre o nosso céu e documentou o primeiro eclipse solar, ocorrido em 13 de novembro de 1640. No extremo norte da ilha, o Conde de Nassau fez erguer o Palácio das Torres (Friburgo) em 1642, rodeado por jardins, árvores frutíferas e dois grandes viveiros para criação de peixes, construindo assim um Jardim Zoobotânico destinado às experiências e estudos dos membros de sua comitiva de cientistas. O trajeto do caminho do palácio, margeado pelo Capibaribe, veio a ser aplainado e transformado em pista de esportes equestres (cavalhadas, corridas, etc.), sendo no seu extremo construído o templo religioso dos calvinistas franceses (1642). No final do século 17 foi criada a Ordem Terceira de São Francisco que iniciou a construção da monumental Capela Dourada dos Irmãos Noviços, construída entre 1695 e 1697, junto ao Convento Franciscano. Os Irmãos Terceiros de São Francisco, irmandade constituída pelos mais ricos comerciantes da então Vila de Santo Antônio do Recife (1709), logo iniciaram a construção do seu templo cujas obras se estenderam de 1702 a 1828. Em 1731 a primitiva Rua de São Francisco recebeu o prédio da Cadeia Pública (hoje ocupado pelo Arquivo Público Estadual) e, por conta dele, a denominação de Rua da Cadeia Nova, pois a primitiva prisão continuaria no bairro do Recife. O primitivo templo dos calvinistas passou a ser ocupado pelo Colégio dos Jesuítas (1686). Com a expulsão dos padres da Companhia de Jesus do Brasil (1757), o conjunto de prédios veio a ser ocupado pelo Palácio dos Governadores da Capitania, seguindo-se do Tribunal da Relação de Pernambuco e pela igreja do Divino Espírito Santo, esta a partir de 1855. No ano de 1859 o Recife recebe com grandes festas a Família Imperial Brasileira, que desfila em grande cortejo na então Rua do Colégio, naquele 22 de novembro. É nesta ocasião que o D. Pedro II, emocionado com a calorosa recepção quando do seu desembarque, haveria exclamado: “Pernambuco é um céu aberto...” A partir da visita da Família Imperial, a antiga Rua da Cadeia mudou seu nome para Rua do Imperador D. Pedro II. Com o centro religioso de devoção, com o Convento de Santo Antônio a receber, todas as terças-feiras, centenas de devotos, durante todo ano... Com suas calçadas largas a permitir a formação a um só tempo de dezenas de conglomerados de homens a falar de política, futebol, vida alheia, negócios e tanta coisa mais... Com os diversos centros administrativos no seu entorno, como o Palácio da Justiça, Fóruns Cível e Criminal, Secretaria da Fazenda, a secção regional da Ordem dos Advogados do Brasil, cartórios, repartições, redações de grandes jornais (Jornal do Commercio, 1919), instituições culturais (Gabinete Português de Leitura, 1850; Arquivo Público Estadual, 1945), bancos, escritórios de advocacia, casas comerciais, bares... Até recentemente, era a Rua do Imperador uma das mais movimentadas da cidade do Recife. A sua história, porém, se confunde com a própria história do Recife... As pedras do seu calçamento testemunharam o caminhar para a forca mártires das revoluções liberais, a exemplo de Agostinho Bezerra Cavalcanti e Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (1825)... Foi da sacada de um dos seus sobrados que o então estudante da Faculdade de Direito do Recife (que funcionava no prédio do antigo Colégio dos Jesuítas), Antônio de Castro Alves (1847-1871), conclamava a Mocidade Acadêmica naquele seu Improviso, quando da questão Ambrósio Portugal (1867): Moços! A inépcia nos chamou de estúpidos! Moços! O crime nos cobriu de sangue! Vós os luzeiros do paí­s, erguei-vos! Perante a infâmia ninguém fica exangue Protesto santo se levanta agora, De mim, de vós, da multidão, do povo; Somos da classe da justiça e brio, Não há mais classe ante esse crime novo! Sim! mesmo em face, da nação, da pátria, Nós nos erguemos com soberba fé! A lei sustenta o popular direito, Nós sustentamos o direito em pé!

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Sucesso de Miriam           

Depois de atuar na assessoria do pai, Julião Konrad, Miriam Konrad Viezze partiu para carreira solo e faz sucesso com a filial do The Black Angus que comanda no Shopping Recife, com espaço do restaurante e da loja de vinhos. E tem outros grandes projetos para este ano. Vendas Pesquisa do Portal Administradores, com cinco mil entrevista, revela que 70% das pessoas se incomodam muito ao serem recebidos numa loja com o tradicional "Olá, posso ajudar?", sempre acompanhado de um insistente sorriso meigo. Som ruim Cada vez mais comum encontrar aviões com serviço de som interno deficiente, não se conseguindo ouvir com clareza o que o comandante fala. Aprendizado Pouco a pouco os recifenses vão entendendo que é fundamental fazer a reserva de mesas nos restaurantes badalados, especialmente nas sextas e sábados. Muita gente ainda acaba voltando da porta por falta de lugar. Problema Os prefeitos das principais cidades do País estão com um problema comum: a alta geométrica do desemprego tem obrigado muita gente a abandonar planos de saúde e escola particulares dos filhos. Isto acarreta forte aumento nos custos da saúde pública e nas escolas municipais. Brilho feminino Silvana Aguiar Arruda herdou do pai, Severiano Aguiar o gosto pelo trabalho no turismo; da mãe, Glorinha Aguiar, a elegância, o dinamismo. Casada com Sérgio Arruda, forma um dos casais mais queridos da nossa sociedade. Depois da aposentadoria do pai, assumiu o comando da Sevagtur, uma das maiores agências de viagens do Estado, onde faz um trabalho dos mais competentes, com destaque para os grandes grupos que leva, todos os anos, para férias na Disney e excursões exclusivas no Carnaval. Faz parte de um grupo que constantemente realiza excursões de bicicleta, por roteiros charmosos na Europa. E é também, excelente anfitriã, especialmente em festas que faz na sua casa de Toquinho. Nova sede de Suape               O secretário Thiago Norões acompanha as obras de conclusão da nova sede de Suape, no seu complexo industrial e portuário. O prédio tem uma bela arquitetura e até um heliponto, que vai facilitar a visita de empresários que pretendam investir no espaço. Bacharéis Funcionam atualmente no Brasil mais de mil cursos de direito autorizados pelo Ministério da Educação. Só em São Paulo são 250. Em Pernambuco, 32, mas só três receberam o selo de qualidade da OAB: Damas, UFPE e Unicap. Moto O técnico do Santa Cruz, Marcelo Martelotti, costuma ir para os treinos da equipe a bordo de sua poderosa moto, que usa também nos seus passeios na cidade. Garante que pilota com toda precaução no trânsito.

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A MÍDIA

Pesquisa com 33 mil pessoas de 28 países, feita pela consultora Edelman, mostra que a mídia está bem na fita: globalmente subiu de 45% para 47% e, separadamente, no Brasil, de 51% para 54%. O GANDHI DESCONHECIDO Esta verdade nova vem por conta da jornalista e escritora Caitlin Moran. Ela lista um rosário de maus costumes de Gandhi, garantindo que pesquisou e conheceu o lado escuro do Mahatma, que na vida íntima familiar era fissurado por sexo e até capaz de gestos de crueldade. Nos quase 20 anos que viveu na África, praticou vários atos de racismo. Teria até afirmado que a população branca da África do Sul deveria predominar no país, fazendo dos negros minoria social. Quando foi preso, ficou revoltado por ter ficado na mesma prisão dos negros, e não para onde eram levados os brancos em reclusão. Ainda afirmam que o grande pacificador da Índia pouco se preocupava em ajudar aos que precisavam. E mais: Gandhi acreditava que a mulher era responsável por despertar e liberar a libido sexual do homem e dizia que o impulso sexual masculino era involuntário e incontrolável, cabendo ao sexo feminino preservar a sua sexualidade. Para tentar domar a sua libido, usou diversas meninas menores de idade, levando para a cama e dormindo nu até com uma sobrinha-neta. Foi publicado no livro Great Soul, de Joseph Lelyveld, que Gandhi teve experiências homossexuais, inclusive com o arquiteto judeu Hermann Kallenbach, por quem teria se apaixonado loucamente. A morte trágica e a propaganda pessoal teriam feito dele uma figura capaz de superar todos os erros e falhas. INCENTIVO À CULTURA O rico empresário Roberto Medina jogou R$ 6 milhões a mais no “pé do cipa”, convencendo o governo federal de que o superlucrativo Rock in Rio precisava de uma ajudazinha da Lei Rouanet. Quem precisa não recebe, mas quem tem a chave da porta do poder faz a água correr para o mar. DRAMÁTICA HISTÓRIA DE CHIFRE Vai sair um livro de Anna Sharp, neta de Ana Ribeiro, mulher de Euclides da Cunha. Como todos sabem, o autor de Os Sertões foi assassinado por Dilermando de Assis, que comia a mulher dele. Cunha descobriu o romance entre sua mulher e o garanhão que era oficial do Exército e campeão de tiro. Quando o escritor tentou a vingança, ele reagiu matando-o. Foi uma legítima defesa, no dia 15 de agosto de 1909. Alguns anos depois, o filho de Euclides da Cunha tentou vingar o pai, mas foi também assassinado pelo oficial Dilermando, macho da mãe dele. Agora a nova escritora vem contando que Euclides tratava a esposa, avó dela, muito mal desde o dia do casamento. Ela casou com 15 anos e, quando ele teve tuberculose, tentou obrigá-la a beber o seu sangue.

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O ciclo da economia de Pernambuco: 2005-2015

Ao longo dos dez anos de circulação da Revista Algomais, a economia de Pernambuco passou por mudanças na base produtiva e infraestrutura. Nos dois governos de Jarbas Vasconcelos (1999-2006) foram criadas as pré-condições políticas, os programas de desenvolvimento e as primeiras negociações que conduziram a um período de forte crescimento econômico durante o Governo Eduardo Campos (2007-2014) que ampliou e consolidou um ambiente de negócios que trouxe para Pernambuco um bloco de investimentos da ordem de R$ 105 bilhões, dois terços dos quais foram alocados ao setor industrial e endereçados, em grande parte, para Suape. Os governos do PSB ousaram politicamente para atrair esses investimentos, inovaram na gestão pública e assumiram para si e em parceria com o setor privado importantes investimentos em infraestrutura econômica, especialmente rodovias. Na segunda metade da década passada houve a feliz convergência de um bom desempenho das economias internacional e nacional, estabilidade macroeconômica e a chegada à maturidade dos investimentos realizados em Suape, fruto do esforço de sucessivos governos desde 1974. Durante o período 2005-2015, as taxas de crescimento anual do PIB de Pernambuco – à exceção do ano de 2007– situaram-se sempre acima das taxas brasileiras. Com isso o PIB por habitante cresceu 7,0%, em termos reais, entre 2010 e 2013. Mudanças na estrutura econômica do Estado ocorreram durante esse período. A construção civil avançou substancialmente pois a ela coube o papel de edificar e de instalar os novos equipamentos produtivos e de construir a nova infraestrutura. Assim, a participação da construção civil no PIB aumentou de 5,6%, em 2005, para 9,4%, em 2013, constituindo-se, nessa fase, no principal motor da economia pernambucana. Estavam sendo implantadas novas cadeias produtivas na economia do Estado e outras estavam se modernizando, gestando uma nova conformação do aparelho produtivo com a presença das indústrias naval, petróleo e gás, offshore e automotiva. As indústrias de alimentos e bebidas se modernizaram e se interiorizaram. Evidentemente que, concluídos esses investimentos e iniciadas as operações desses empreendimentos, estão sendo observadas mudanças graduais na estrutura econômica do Estado, fenômeno que foi desacelerado mais recentemente por causa da crise econômica. Esse dinamismo econômico se manifestou claramente nos indicadores do mercado de trabalho. A ocupação total, segundo a PNAD, cresceu 1,2% ao ano entre 2005 e 2014, liderado pelo pujante crescimento do emprego na construção civil que se expandiu no mesmo período à taxa de 7,1% anuais, seguido dos setores transporte, armazenagem e comunicação (6,1%) e de alojamento e alimentação (5,1%), que se beneficiaram da expansão dos investimentos puxada pela construção civil. Esses setores aumentaram sua importância relativa no conjunto da ocupação durante esse período: a construção civil elevou sua participação de 5,5%, em 2005, para 9,0% em 2014 enquanto os setores de transporte, armazenagem e comunicações e o de alojamento e alimentação subiram, respectivamente, de 4,3% para 6,4% e de 3,6% para 5,5%. Com a demanda por mão de obra em ascensão, especialmente nas ocupações de baixa e média qualificação da construção civil, o rendimento médio real de todos os trabalhos da população ocupada com 10 anos ou mais elevou-se ao ritmo de 5,4% ao ano, bem superior à apresentada para o País como um todo (4,1%), durante o período 2005-2014. Com isso taxa de desemprego caiu de 11,0%, em 2005, para 8,7% em 2014. O emprego formal também cresceu expressivamente durante esse período contribuindo para reduzir a taxa de informalidade no mercado de trabalho, uma característica estrutural da economia pernambucana. O estoque de emprego formal segundo a RAIS cresceu 4,4% ao ano entre 2005 e 2015, sendo que a construção civil se expandiu ao ritmo de 7,5% e os serviços e o comércio às taxas, respectivamente, de 6,3% e de 5,9% anuais. Esses crescimentos teriam sido bem mais expressivos durante o período não fosse o efeito da crise econômica que queimou 9,6 mil e 89,8 mil empregos com carteira, respectivamente, em 2014 e 2015. Isso significa que a crise extinguiu parte, mas ainda deixou intactos significativa parcela dos empregos gerados durante aquele período. Se houve um ciclo virtuoso de fatores que propiciaram um robusto crescimento da economia de Pernambuco no início do período que estamos analisando, ocorreu o inverso no seu final, ou seja, nos anos de 2014 e de 2015 quando a crise começou a manifestar seus primeiros impactos sobre o Estado. No rastro da economia mundial, ainda em recuperação da crise de 2008, a economia nacional, devido aos sucessivos equívocos e voluntarismo da política econômica do Governo Dilma, entrou em forte recessão. Pernambuco ficou exposto e absorveu os efeitos da retração no nível de atividade da economia brasileira. Além disso, a crise atingiu o Estado no momento em que o mercado de trabalho estava fragilizado pela grande desmobilização – previsível e inevitável – de mão de obra ocorrida em decorrência da conclusão da fase de implantação dos investimentos produtivos e em infraestrutura, especialmente em Suape. O mercado de trabalho foi pego, portanto, na fase de transição da implantação para a de funcionamento de vários empreendimentos produtivos e de infraestrutura. E finalmente, a economia estadual sofreu as consequências econômicas das investigações no âmbito da Operação Lava Jato. O envolvimento da Sete Brasil que, para produzir sondas que seriam alugadas a Petrobras, tinha feito várias encomendas ao Estaleiro Atlântico Sul, viu-se obrigada a cancelar contratos que desencadearam efeitos em cadeia que atingiram severamente a recém-instalada indústria naval e o setor metalmecânico da economia estadual. A Refinaria Abreu e Lima, por outro lado, ficou inconclusa. Os números são inequívocos: a economia estadual retrocedeu 2,2% entre janeiro e setembro de 2015 comparada com o mesmo período de 2014, o Estado perdeu quase 90 mil empregos em 2015, a taxa de desemprego voltou aos 11% no final de ano passado e o rendimento médio real do trabalho caiu quase 1% em termos reais, corroendo parte dos ganhos observados nos anos anteriores. Todavia, quando forem restabelecidas as condições políticas e econômicas para a retomada do crescimento, Pernambuco poderá se recuperar com mais rapidez devido ao grande bloco de investimentos feitos anteriormente, embora continuem a pairar incertezas

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“A vida toda serei um adolescente"

    Irrequieto, eloquente e bem-humorado, Alceu Valença esbanja uma vitalidade que nem parece que fará 70 anos em julho. Nesta conversa com Algomais ele fala do filme que está lançando, inspirado nas conversas sobre Lampião que ouvia na infância, das traquinagens de criança, de como Jean-Paul Bemondo o ajudou a conquistar garotas e da política das gravadoras. Como foi ser menino em São Bento do Una? Muito bom. Eu jogava pião, corria atrás de bezerros na fazenda, via os cavalos com os vaqueiros aboiando, via na feira os emboladores, os cegos que tocavam, os cordelistas cantando seus cordéis, as mentiras que contavam dos cangaceiros, dos circos que passavam, da discussão se Lampião era bandido ou herói. São Bento para mim é um mito em tudo: o mito da música, do Agreste, dos forrós. Isso tudo está no meu filme chamado A Luneta do Tempo, que vai ser passado, finalmente, no dia 24 de março no circuito comercial. Por que fazer cinema? Meu pai morreu, eu fui enterrá-lo e me lembrei muito do papo dele comigo sobre grupos como o de Lampião. Lembro de vovô que fez o folheto Patativa e Azulão com tio Lucilo. Por isso, talvez eu tenha feito um folheto chamado A Luneta do Tempo, que primeiro era cordel virtual, não um filme. A mitologia segura a gente. Lampião, Corisco são mitos, entre outras dezenas de mitos brasileiros. Meu filme é bem-feito, mas não tem estouros, essa coisa chata da indústria do entretenimento. Não suporto efeitos especiais. Verdade que você começou a cantar aos 4 anos? Foi no Cine Teatro Rex em São Bento do Una. O prêmio era uma caixa de sabonetes. Eu concorri mas perdi a caixa de sabonetes! Um outro menino cantou Granada e ganhou porque cantava melhor do que eu. Mamãe conta que eu não entendia o que era palco o que era plateia e quando o menino vencedor começou a cantar fiquei na frente rebolando, e fazendo o que se chama de bunda canastra (cambalhotas). Aí o público ficou louco por mim naquele momento e eu sem entender muito bem, porque eu queria me amostrar pra mamãe. Como foi o início nos estudos? Tia Bebete foi minha professora. Na primeira aula, achei chato demais, pedi para sair da aula para poder cuspir. Ela deixou e aí corri para casa. Fiquei embaixo de uma cama. De repente, Miau, meu gato, me viu chegou perto de mim e fiquei com ele horas e horas debaixo da cama. Depois fui morar em Garanhuns e estudar no Colégio Diocesano de Padre Adeumar da Mota Valença, que era o diretor do colégio. Depois vim para cá e fui morar na rua dos Palmares, onde eu via passar os frevos, os caboclinhos. Essa rua eu denominei num poema de “carnavalódroma”. O maestro Nelson Ferreira morava ao lado da minha casa e na frente morava o poeta Carlos Pena Filho, que era casado com Tânia Carneiro Leão, mulher muito bonita. Olhava o belo casal passeando na rua e pensei que se fosse poeta também poderia arranjar uma gata para mim. Ao lado esquerdo da minha casa morava Maria Parísio, cantora lírica. Nesse momento eu estudava no Colégio Nóbrega e fui expulso. Por que? Eu precisava de um ponto para poder passar em francês. O professor estava com marcação comigo. Eu tirei 10, 10, 10, mas depois eu não estudei muito, porque jogava basquete na seleção pernambucana infantil e juvenil e tive que viajar para o Paraná para jogar. Ele botou zero, zero, zero. Acontece que eu tinha sido escolhido para fazer um concurso para ir para França e ainda ia ganhar um dinheirinho. Mas não podia tirar nota baixa. Precisava de um ponto só. Pedi ao professor, bote um, preciso viajar. Ele não quis, aí disse: quer saber de uma coisa? Soque no cu! (risos) Fui expulso. E foi para onde? Para o colégio do professor Rodolfo Aureliano, um desembargador que era colega de meu pai, que era procurador. Nessa época eu ia para os carnavais no Clube Português, chegava perto das moças, mas elas me davam um chute. Comecei a me achar feio. Até que um dia surgem filmes da nouvelle vague e um deles era À bout de souffle (Acossado) , com Jean-Paul Belmondo. Era o novo galã, a nova estética. Eu era parecido com ele, só que mais bonito, porque na época em tinha um nariz direitinho e ele havia levado um murro e tinha um nariz quebrado. Eu ia para o cinema São Luiz e ali aprendi a fumar por causa dele – a pior coisa que fiz na minha vida. Eu fazia assim: (coloca a mão como se estivesse com cigarro entre os dedos e toca os lábios). As meninas diziam: “meu Deus do Céu ele é igual ao artista!”. Aí namorei muito por causa de Belmondo. Nessa época eu era muito botado para fora das salas de aula, de castigo. Mas eu devo muito a Dr. Aureliano porque ele me colocava na sala dele e ficava até duas horas da tarde tendo que ler. Ele me apresentou a livros de Jorge Amado, Graciliano Ramos. Ele mandava bilhetes para papai dizendo que eu tinha sido expulso da classe. Eu levava e falsificava a assinatura de papai e entregava no colégio. Até que um dia ele desconfiou e mandou a caderneta lá pra casa por um cara que trabalhava no colégio. Aí eu corri para casa, botei uns óculos, penteei o cabelo para trás para fingir que eu era meu irmão. Quando ele chegou ficou olhando pra mim e disse: sou do colégio Padre Félix. Perguntei: aconteceu alguma coisa com Alceu? Aí ele disse “é que Dr. Aureliano mandou isso aqui”. Eu assinei e ninguém soube, aliás papai soube algum tempo atrás (risos). Você se formou? Em direito, mas trabalhava como estagiário em jornalismo. Trabalhei na redação da Bloch e do Jornal do Brasil, onde falei muito bem de São Bento. Mas eu mentia muito. Para eu reescrever uma reportagem do Diario de Pernambuco

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O mais pernambucano dos alagoanos ou o mais alagoano dos pernambucanos?

Para ambas as questões a resposta é afirmativa. Aldemar Paiva é honra e glória de Alagoas e Pernambuco, protagonista de um inesquecível caso de dupla naturalidade. Caso começado cedo, diga-se, quando ele, militar, foi transferido de Maceió para o Recife. Aqui, dia a dia, se foram distanciando os sons das ordens-unidas, dando lugar aos que vinham da Rádio Clube de Pernambuco. Foi naquela emissora que ele deu os seus primeiros passos como radialista e, para começar, enfrentou a árdua missão de substituir ninguém menos que Chico Anysio. Deu conta do recado, e com perfeição. Tanta, diga-se, que de lá para cá só conheceu o sucesso, tornando-se um dos mais disputados profissionais do mercado, inclusive fora do meio radiofônico. Afora haver sido produtor, apresentador e diretor artístico da Rádio Clube de Pernambuco, ele teve igual sucesso nas rádios Tamandaré e Jornal do Commercio, na TV Rádio Clube, onde foi diretor de teleteatro, e na TV Jornal do Commercio, onde foi apresentador. Registre-se, igualmente, que ele manteve coluna no jornal Fatorama, de Brasília, e foi redator da Golden Publicidade, na época a mais importante agência de propaganda do Estado. Fora do meio de comunicação, presidiu a Empresa Metropolitana de Turismo, planejou e instalou a Empresa Cearense de Turismo, atuou como ator e diretor do Teatro de Amadores de Pernambuco e dirigiu o Museu Murillo La Greca. Um homem de valor, não é mesmo? – mas ele foi, essencialmente, um homem de profunda sensibilidade. Assinou mais de 70 composições musicais, em meio a elas Saudade e Me abufelei, frevos-canção. Fez também Pajuçara, homenagem à bela praia maceioense, onde, dizia a letra, havia mais encanto, mais luz. Em parceria com o maestro Nelson Ferreira, compôs Frevo da saudade e Sopa no mel – frevos, Brasil campeão do mundo – hino, Elegia a Calheiros – canção, Se me viste chorar – bolero, entre outras. Notou a versatilidade dos gêneros musicais? No rádio, ele reinou. Basta dizer que, no horário, foi líder de audiência durante 25 anos ininterruptos, com o programa diário Pernambuco, você é meu. E não foi seu único sucesso. Credite-se-lhe igualmente Dona Pinoia e seus brotinhos, Festa no varandão, O céu é o limite, Campeonato das cidades... Aldemar Paiva também escreveu livros e publicou seis: O caso eu conto, Monólogos e outros poemas, A chegada de Nelson Ferreira ao céu, Gilberto Freyre descobridor do Brasil e A saga do 44 espada d’água. Com muita razão, pois, ele foi membro da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, sócio honorário da Academia Maceioense de Letras, e foi homenageado com os títulos de Cidadão do Recife, Cidadão de Pernambuco, Memória Viva da Cidade do Recife, e o Troféu Cipriano Jucá, da Academia Maceioense de Letras. Peças teatrais? Também escreveu, bastando registrar Auto do Batizado, um especial da Rede Globo sobre a Inconfidência Mineira. Que tal conhecer agora o Aldemar Paiva poeta? Para falar dele, nada melhor do que sua própria poesia. Como este monólogo: Eu não gosto de você Papai Noel! | Também não gosto desse seu papel de vender ilusão pra burguesia. | Se os meninos pobres da cidade soubessem o desprezo que você tem pelos humildes; pela humildade, eu acho que eles jogavam pedra em sua fantasia. I Talvez você não se lembre mais, eu cresci me tornei rapaz, sem nunca esquecer daquilo que passou… | Eu lhe escrevi um bilhete pedindo o meu presente… a noite inteira eu esperei contente…| Chegou o sol, mas você não chegou. | Dias depois meu pobre pai cansado me trouxe um trenzinho velho, enferrujado, pôs na minha mão e falou: Tome filho, é pra você. Foi Papai Noel que mandou! | E vi quando ele disfarçou umas lágrimas com a mão. | Eu inocente e alegre nesse caso, pensei que meu bilhete, embora com atraso, tinha chegado em suas mãos no fim do mês. | Limpei ele bem limpado, dei corda, o trenzinho partiu, deu muitas voltas… O meu pai então se riu e me abraçou pela última vez. | O resto eu só pude compreender depois que cresci e via coisas com a realidade. | Um dia meu pai chegou assim pra mim como quem tá com medo e falou: -Filho, me dá aqui seu brinquedo, eu vou trocar por outro na cidade. | Então eu entreguei o meu trenzinho quase a soluçar, como quem não quer abandonar um mimo, um mimo que lhe deu quem lhe quer bem | Eu supliquei… Pai! Eu não quero outro brinquedo, eu quero meu trenzinho… Não vai levar meu trem pai…! | Meu pai calou-se e de seu rosto desceu uma lágrima que até hoje creio tão pura e santa assim só Deus chorou, ele saiu correndo, bateu a porta assim, como um doido varrido. | A minha mãe gritou: -José! José! José… Ele nem deu ouvido, foi-se embora e nunca mais voltou…| Você! Papai Noel, me transformou num homem que a infância arruinou… | Sem pai e sem brinquedo, Afinal, dos meus presentes não há um que sobre da riqueza de um menino pobre, que sonha o ano inteiro com a noite de Natal! | Meu pobre pai, malvestido, pra não me ver naquele dia desiludido, pagou bem caro a minha ilusão… | Num gesto nobre, humano e decisivo, ele foi longe demais pra me trazer aquele lenitivo; tinha roubado aquele trenzinho do filho do patrão! | Quando ele sumiu, eu pensei que ele tinha viajado, só depois de eu grande minha mãe em prantos me contou… que ele foi preso, coitado! E transformado em réu. | Ninguém pra absolver meu pai se atrevia. Ele foi definhando na cadeia até que um dia, Nosso Senhor… Deus nosso Pai…Jesus entrou em sua cela e libertou ele pro céu. Aldemar Buarque de Paiva, justo orgulho de alagoanos e pernambucanos, nasceu em Maceió, em 20 de julho de 1925 e repousa eternamente no Recife, desde 4 de novembro de 2014. Poeta, cordelista, radialista, jornalista, compositor, produtor artístico e publicitário, foi um homem de múltiplos talentos e incontáveis admiradores. *Por

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A vitória do acaso

Por formação, desde pelo menos o primeiro dia de faculdade, e também por dever de ofício da consultoria, tenho lidado a cada dia com planejamento há mais de 40 anos, seja de projetos, seja de clientes e parceiros, seja da TGI e, como não poderia deixar de ser, seja de minha própria trajetória pessoal e profissional. Ao longo desse tempo, muitas coisas aconteceram como resultado do planejado, outras não aconteceram e algumas mais aconteceram mesmo sem terem sido planejadas. Dentre essas últimas, do ponto de vista pessoal, nunca me passou pela cabeça, como algo planejado com antecedência, nem fazer exposição nem publicar um livro de fotografias, bem como nunca me passou pela cabeça participar do projeto de uma revista, menos ainda de um projeto vitorioso que hoje completa 10 anos como o da Algomais. Da emergência das coisas não planejadas mas bem sucedidas, tirei o ensinamento que passei a adotar no meu dia a dia de planejamento e pode ser enunciado do seguinte modo: “planeje o mais que puder, mas deixe sempre a porta aberta para o acaso”. Em não poucas situações ele se impõe de forma avassaladora. No que diz respeito à Algomais, foi um acaso e tanto que terminou se transformando num projeto de absoluto sucesso. Uma revista que, desde o seu número zero, se pauta pela defesa do nosso Estado e que, de fato, pratica a missão que definiu para si: “Prover com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.” Além dessa fidelidade absoluta à missão, outro fator distingue a Algomais no meio jornalístico pernambucano: o funcionamento ininterrupto, desde o seu primeiro número em 2006, do Conselho Editorial que, de fato, pautou, avaliou e qualificou, com suas reuniões mensais, cada uma das 120 edições que hoje se completam. Na condição de colunista mais antigo da revista (desde o número zero), nesta mesma Última Página, presidente licenciado do Conselho Editorial e sócio da SMF/TGI, editora da Algomais, só tenho que me congratular orgulhosamente com o acaso. Não fora ele, eu não estaria participando desta experiência fantástica.

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Entrevista com o pintor e Pr. Paulo Roberto

Pastor da Igreja Presbiteriana em Prazeres, o pastor Paulo Roberto divide as atividades eclesiásticas com a sua produção nas artes plásticas. Amante da pintura desde a infância, ele fala para a Olhar Cristão sobre sua inspiração artística e seus planos. Formado em teologia, com pós-graduação em missiologia urbana, sua formação nas artes foi bastante empírica. Observando, admirando e testando. Até chegar as telas, tintas e pincéis demorou um longo tempo. Para futuro ele planeja criar uma escola de arte para crianças e adolescentes e em breve realizará um dia de exposição reunindo suas obras. Como começou o seu interesse pelas artes? Venho de uma família muito humilde do interior. Desde pequeno tenho essa veia artística. Quando ninguém tinha falado de arte ou pintura para mim eu já gostava e falava de arte. E na medida em que cresci fui desenvolvendo, mesmo sem nunca ter estudado formalmente. Mas sempre pesquisando e observando. Comecei pintando com barro no jornal. Depois passei para giz de cera, depois com tinta, assim que pude comprar tinta e pincel. Já adulto é que começo a pintar com tinta óleo sobre tela e acrílica sobre tela. Qual a sua cidade de nascimento? Nasci em Barra de Guabiraba, perto do município de Bonito. Na zona da Mata Sul. Vejo que a arte tem capacidade de transformar, mudar. Tirar as pessoas do lugar de pobreza e ignorância e levá-las a um lugar melhor. Ela abre a mente. Ela educa. Aconteceu comigo. A arte e educação. Apesar de muito pobre, meus pais que eram agricultores sempre me incentivaram a estudar. Consegui fazer faculdade, hoje faço pós-graduação. Fiz minha formação em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) e pela Mackenzie. Estudo atualmente a especialização em RMI, que é Revitalização e multiplicação de Igrejas. Que fontes bebeu para formar sua arte? Sempre li e pesquisei bastante sobre artes. Sempre que viajo vou aos museus e galerias de arte. Mas não tenho uma pessoa com quem eu bebi. Acho que bebi de todas as fontes que se possa beber. As pessoas acham meu trabalho parecido com o de Romero Britto. Acredito que tem semelhanças devido as cores, mas os meus traços e minha caligrafia são totalmente diferentes. A maioria dos quadros são com animais? Estou numa fase de pintar pássaros. As pessoas gostam muito. Eu também. Nessa fase dos pássaros entram as corujas. Mas gosto de pintar rostos de pessoas também. Da minha maneira, do meu modo. Já passei por natureza, natureza morta, e as coisas do cotidiano da vida. Nessa fase atual, quanto mais pinto, mas tenho inspiração para pintar. Sua família sempre foi evangélica? Minha família não é de origem evangélica. Minha conversão foi aos 16 anos. Meus pais eram católicos. Sua formação cristã tem alguma influência na sua arte? Tem, sim. A arte é a representação do belo. A definição é essa. Pintar a natureza é pintar tudo o que Deus fez. Ele é o artista supremo. Minha visão cristã me faz ver a vida de uma forma mais diferente, reconhecendo na natureza a glória de Deus. Pintar uma tela é dar glória a Deus por tudo o que ele fez. A minha pintura é para a glória de Deus. Com a arte eu também evangelizo. Encontrei uma maneira de evangelizar personalidades, políticos, artistas. A arte abre portas para que eu entre em lugares em que poucas pessoas entram. Tive acesso a Roberto Carlos e Ivete Sangalo, por exemplo. São dois artistas de grande evidência. Consegui chegar até os dois e conversar com eles.  Com Roberto, inclusive, ficou uma ligação. Isso é algo que a arte pode me proporcionar. Já conheci através da arte também Miguel Falabela, Zeca Camargo, Elba Ramalho, Cristane Torlone, entre outros. Como é a sua rotina de produção? Geralmente eu pinto a noite. A inspiração vem e fica gravada na minha mente, como realmente está na tela. O silêncio da noite me dá inspiração e concentração. Quanto tempo o Sr. demora para fazer um quadro? Entre dois a três meses. Pinto com muito cuidado, com muita segurança. Meus traços procuro a perfeição. Não pinto por produção, mas por perfeição. Para fazer o melhor. Que artistas o Sr. admira? Frida Kahlo, que tem uma história de sofrimento, mas de superação. Já estive em uma exposição de suas obras. Admiro também Caravaggio. E entre os brasileiros gosto muito de Cândido Portinari. Ele chegou a pintar cinco telas com temas bíblicos. Essa série Bíblica foi feita entre 1942 e 1944 para a sede da Rádio Tupi de São Paulo a pedido de Assis Chateaubriand. Quais os projetos para o futuro nesse segmento artístico? Projeto ter uma escola de arte para jovens, crianças e adolescentes carentes. E levar para minha cidade também oportunidade para jovens e adolescentes terem contato com a pintura. Tenho esse sonho. No ministério, qual a área ministerial que o Sr. mais se identifica? Sou pastor na Igreja Presbiteriana dos Prazeres e já pastoreei na Igreja Presbiteriana Memorial, em Piedade. Minha veia mais forte na área ministerial é a área de missões. Sou formado e fiz pós-graduação em missiologia urbana. Também temos um trabalho forte na área de ação social, atendendo pessoas mais carentes com sopão tanto na comunidade vizinha como no Recife Antigo. Para conhecer o trabalho do pastor Paulo Roberto, acesse o site: http://artespaulo.blogspot.com.br/  

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Os últimos batuques de Naná

"Mesmo se eu morrer, não quero ninguém chorando, quero muito batuque, muito barulho, porque, se vocês fizerem silêncio, vou pensar que vocês estão dormindo e vou fazer como em casa, com minha esposa. Quando ela está dormindo, faço barulho para ela acordar. É a cigarra". Essa frase foi atribuída a Naná Vasconcelos pelo mestre Chacon Viana, da Nação do Maracatus Porto Rico, do bairro do Pina, Recife, que ouviu a brincadeira em uma reunião preparativa para o carnaval deste ano - o último de Naná. E assim foi atendido o desejo do artista: o tambor tocou e a saia rodou em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde o corpo está sendo velado desde o início da tarde. O músico foi um dos homenageados que recebeu em 2009 o prêmio Quem faz Algomais por Pernambuco, na categoria cultura. Naná recebeu as suas últimas homenagens no centro do plenário da Assembleia, ladeado, todo o tempo, pela esposa e produtora Patrícia Vasconcelos e a filha Luz Morena, de 16 anos. Sobre o caixão, uma bandeira de Pernambuco – o músico nasceu no Recife – e uma do Santa Cruz, time de futebol pernambucano. Mais de uma dezena de coroas de flores coloriam o espaço, e um estandarte do bloco de rua Galo da Madrugada guarda, do segundo andar, o velório do percussionista. A família e os amigos usaram écharpes para homenagear Naná, uma peça que sempre fez parte de seu figurino. O próprio Naná vestia uma azul que trouxera de Israel. Patrícia Vasconcelos e a filha permaneceram serenas, apesar da tristeza. “A gente foi muito feliz e vai ser muito difícil, mas a gente sabe que muita gente vai dividir essa dor. O mundo está triste pela partida material, mas a música vai ficar”, se consola a esposa Patrícia. (Da Agência Brasil, com informações da redação)

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Ressurreição estreia no dia 17 de março

No mês em que a igreja cristã celebra a páscoa, chega aos cinemas do Brasil o filme Ressurreição com estreia marcada para o dia 17 de março. O longa distribuído pela Sony Pictures é um lembrete aos cristãos do verdadeiro significado desse momento, o encontro do homem com Cristo. De forma inédita, um incrédulo, Clavius, interpretado por Joseph Fiennes, ilustra o conflito do homem ao se deparar com algo inexplicável, a Ressurreição de Jesus. Segundo Mickey Liddell, “a abordagem de Kevin dá a oportunidade de você se colocar no lugar de Clavius, esse cético soldado romano que estava muito confuso sobre todas essas coisas loucas que aconteciam na Judéia. Ele não está procurando o corpo de Cristo para seguir sua agenda política ou religiosa. Ele está só seguindo ordens”. O ator britânico Joseph Fiennes compartilha o mesmo sentimento e comenta “o roteiro me fazia avançar as páginas sem saber ao certo como iria acabar, porque quando você vê isso através de um novo olhar, a Ressurreição de Jesus é sem dúvida a mãe de todos os mistérios de assassinato”. Assim como o significado compartilhado pela data comemorativa de maior relevância da igreja cristã, a páscoa, o filme apresenta exatamente o processo de conversão do homem por meio de Clavius, como afirma Fiennes “no início do filme, ele é um militar rigoroso e ambicioso, que passou vinte e cinco anos servindo ao Exército romano, então ele está realmente enraizado em uma forma de pensar. E, através dessa série de aventuras, Clavius chega a uma dilema, onde percebe que deve haver uma vida além de tudo que ele conhecia antes, algo além de sua condição anterior. Tendo acabado com o suposto Messias, Clavius se vê novamente diante de Jesus no final do filme, quando ele ressuscita, e essa é uma grande virada”.

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