“A balança comercial de Petrolina fechou com superávit de 2020 maior que em 2019” – Revista Algomais – a revista de Pernambuco
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Rafael Dantas

“A balança comercial de Petrolina fechou com superávit de 2020 maior que em 2019”

Pesquisas recentes sobre a qualidade de vida da cidade de Petrolina, destaque do Nordeste, e do potencial de atração de investimentos, sendo apontado como segundo melhor destino nacional para a agropecuária, motivaram a Revista Algomais a publicar uma matéria de capa sobre o município do Vale do São Francisco. Uma das entrevistadas foi a economista Liliane Caraciolo, que é professora da Univasf. Publicamos hoje a entrevista na íntegra. Confira abaixo.

 

Há um conhecimento amplo sobre o potencial do agronegócio no município. Qual o peso do agronegócio na economia de Petrolina atualmente? 
O Produto Interno Bruto (PIB) ou Valor adicionado Bruto a preço de mercado, conforme a metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é composto por três setores, Agropecuária, Indústria e Serviços – Exclusive administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. A participação de cada um dos setores na formação econômica de Petrolina é distribuída respectivamente na proporção de 19,59%, 16,47% e 63,94%. (IBGECidades@, 2018)
A partir do ponto de vista anterior, a maior participação na formação da riqueza do município é do setor de serviço. Vale ressaltar que serviço tem por dinamismo o resultado dos setores agropecuário e indústria. Logo, o setor com maior dinamismo na formação de riqueza do município de Petrolina é o setor agropecuário.
E o Agronegócio? Agronegócio é um conceito moderno que entre outras variáveis acrescenta o dinamismo dos serviços que são gerados pelos produtos agropecuários “Agrosserviços”. Difere do conceito de agropecuária que não visualiza a cadeia de produção em sua totalidade. Em outras palavras, não agrega o que é produzido (para) e consumido (pelo) setor agropecuário, o “antes da porteira” e o “depois da porteira”. (CEPEA/USP, 2020)
É no conceito de agronegócio que se estuda e analisa o impacto do dinamismo do setor agropecuário na formação de riqueza de uma região.


Quais as demais atividades econômicas em destaque?

Saúde, Educação e Tecnologia são os setores que mais se destacam na região tendo em vista a extensão do ciclo de desenvolvimento econômico instituído por uma política governamental de longo prazo.

Na sua avaliação, quais os principais fatores tem posicionado Petrolina em destaque nesses estudos relacionados ao potencial econômico e à melhoria da qualidade de vida? Houve alguma mudança substancial nos últimos anos?
O principal fator que posiciona destaca Petrolina é a participação do município no polo de fruticultura irrigada voltada à exportação. É o maior polo de fruticultura irrigada do Brasil. (IBGENoticias,2017).
A qualidade de vida de um município pode ser analisada pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM), “uma medida resumida de progresso de longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: saúde, educação e renda”. O IDHM é baixo quando menor que 0,500, médio entre 0,500 e 0,799; alto entre 0,800 e 0,899 e muito alto a partir de 0,900. (PNUD, 2010)
O IDHM de Petrolina é médio, 0,697. Desagregando por dimensões, o maior resultado fica com a saúde, 0,799; seguido da renda, 0,695 e da educação 0,611. É pouco maior que o IDH estadual; Pernambuco, IDH 0,673. (Banco de Dados de Estado – BDE,2010)

Como a pandemia afetou o município e a sua economia? 
Não há números confiáveis para essa resposta. É preciso tempo para que os órgãos de pesquisa e a academia levantem os dados. Tudo é novo. Há consenso em uma nova Economia.

A alta do dólar contribuiu para aumento das exportações e redução dos impactos econômicos na cidade?

A balança comercial brasileira fecha 2020 com superávit maior que 2019. O saldo comercial, diferença entre exportação e importação, ficou com valor positivo de US$ 50,9 bilhões (Gov.br Economia, 2021).
A balança comercial de Petrolina também fecha com superávit 2020 maior que 2019. Em Valor FOB US$, exportou US$ 185.176.311 e importou US$ 20.567.113, saldo comercial de US$ 164.609.198. Em 2019, o saldo comercial foi de US$ 159.491.477 (US$ 181.690.408 – US$ 22.198.931) (MDIC/COMEX,2021)
Para a teoria econômica, o aumento do dólar estimula as exportações e desestimula as importações. A realidade empírica confirma a teoria, mas a análise requer um olhar mais profundo porque rendimento é composto de duas variáveis, receita e custos de produção. Levando em conta a crise econômica, a injeção de capital externo é ponto positivo para Petrolina e a Economia Brasileira.

Como a consolidação da universidade e demais instituições de pesquisa e formação de mão-de-obra contribuíram e contribuem ainda para a robustez da economia da cidade e da geração de novos negócios?
Desenvolvimento econômico é resultado de política de longo prazo. Embrapa, CODEVASF, UNIVASF, enfim, as instituições atendem a um plano de desenvolvimento regional de um longo período. As demandas sociais surgem nesse processo e precisam ser atendidas para que o ciclo virtuoso do desenvolvimento econômico permaneça.

Quais os desafios que a Sra. apontaria para o crescimento econômico e desenvolvimento municipal de Petrolina nos próximos anos?
As variáveis conjunturais sempre desafiam a realidade a ser enfrentada. A pandemia é o maior desafio a ser enfrentado por todos. Uma nova realidade se impõe. A resposta está no desenvolvimento da ciência, nos órgãos de pesquisa e na academia.

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