Cais do Imperador, novo ponto de encontro da cidade - Revista Algomais - a revista de Pernambuco
Arruando pelo Recife

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Leonardo Dantas Silva

Cais do Imperador, novo ponto de encontro da cidade

Uma novidade surgiu recentemente no centro do Recife e vem atraindo um público romântico, ávido por um ponto de encontro para congraçamento de amigos e curtição da brisa, contemplando o entardecer refletido nas águas da bacia do Capibaribe. Assim surgiu, o Cais do Imperador, situado em frente à Praça Dezessete onde, em 22 de novembro de 1859, desembarcou o imperador D. Pedro II, acompanhado da imperatriz Tereza Cristina, em sua visita oficial a Pernambuco.
O local, no passado denominado Cais do Colégio, foi hoje transformado em ponto de convívio, com a construção de uma esplanada, na qual se abriga um café com suas mesas, que, se devidamente explorada, poderá se transformar numa grande atração turística da cidade do Recife:
Bastaria tão somente um barquinho, com um saxofonista da categoria de um Edson Rodrigues, para em um recital de meia hora, nos pôr em contato com as mais belas páginas musicais de exaltação de nossa cidade, compostas por Capiba, Nelson Ferreira, Luiz Bandeira, dentre outros autores, congregando assim os românticos frequentadores dos finais de semana.
Neste local, quando de sua chegada ao Recife, teria Dom Pedro II exclamado: “Pernambuco é um céu aberto”. Ao que o redator do Diario de Pernambuco acresceu “na realidade, a Veneza Americana seduzia e encantava, pois, como mágica sereia estava deslumbrante de esplendores”. (DP 23.11.1859).
No mesmo Cais do Imperador gozaremos da visão do entardecer do Bairro do Recife, destacando-se o Cais da Alfândega, as pontes Giratória e Maurício de Nassau, como se encantar nas águas do Capibaribe no seu caminhar em busca do oceano. Na mesma avenida, voltado para o nascente, ergue-se o grande monumento em mármore construído em honra aos aviadores portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que, saídos de Lisboa a bordo do aeroplano Lusitânia, em 3 de março, aqui amerissaram nas águas Capibaribe, em 5 de junho de 1922, realizando assim a primeira travessia do Atlântico Sul em hidroavião. O monumento, esculpido por Santos & Simões – estatuários, foi ofertado pelos portugueses residentes em Pernambuco no ano de 1927.
No outro extremo da Praça Dezessete (1817), iremos conhecer a igreja do Divino Espírito Santo próxima de uma fonte com uma estátua de uma índia, esculpida em mármore, representa a nação brasileira. Trata-se de uma oferta feita pela Companhia do Beberibe em 1846, em cujo pedestal foram posteriormente fixadas quatro datas ligadas à história de Pernambuco: 1654, Restauração Pernambucana; 1817, Revolução Republicana; 1824, Confederação do Equador; e 1889, Proclamação da República.
No edifício da atual Igreja do Divino Espírito Santo funcionou, durante a dominação holandesa, o templo dos calvinistas franceses – o único templo religioso levantado pelos holandeses no Recife –, construído obedecendo ao traço do arquiteto Pieter Post e concluído em 1642.
Em suas imediações ficava a Porta Sul da cidade Maurícia, chamada de Porta de Santo Antônio, por onde entraram as tropas luso-brasileiras quando da Restauração Pernambucana, ao meio-dia de 28 de janeiro de 1654. A primitiva igreja dos calvinistas franceses, construída em forma de cruz latina nos moldes da igreja reformada de Haarlem (Holanda), foi, após a rendição dos holandeses, entregue aos padres da Companhia de Jesus.
Entre 1686 e 1689, o templo sofreu reformas, confiadas ao mestre-pedreiro Antônio Fernandes de Matos, que acresceu no seu lado direito o edifício do colégio (demolido para dar lugar ao último trecho da Rua do Imperador). Sob a direção dos padres jesuítas, o templo recebeu a invocação de Nossa Senhora do Ó.
Em seu lado esquerdo, foi construída a Capela das Congregações Marianas, fundadas em 1687, que ostenta em sua fachada a data de 1708 e em seu altar-mor a imagem de São João Batista, trasladada em 1839 da igreja olindense daquela invocação, pertencente à irmandade dos militares de Olinda, e nunca mais devolvida.
O Colégio dos Padres Jesuítas do Recife, demolido quando do prolongamento da atual Rua do Imperador, esteve em atividades até 1760, ano da extinção da ordem pelo Marquês do Pombal.
Após à expulsão dos Jesuítas de Pernambuco, o edifício do antigo colégio teve várias destinações, inclusive como Palácio do Governo da Capitania e Tribunal da Relação, este último instalado em 13 de agosto de 1822.
A sua igreja voltou ao culto católico em 1855, sob a invocação do Divino Espírito Santo e hoje permanece, escondida entre as árvores da praça, compondo a nova paisagem do Cais do Imperador, ponto de encontro dos finais de semana da cidade do Recife.

*Por Leonardo Dantas

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