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Governo do Estado disponibiliza vacina contra Sarampo para Taquaritinga do Norte

Após se reunir com o prefeito de Taquaritinga do Norte, Ivanildo Mestre Bezerra, o governador Paulo Câmara autorizou, nesta terça-feira (03/09), o encaminhamento de mais 28,5 mil doses extras da vacina tríplice viral, que protege contra o Sarampo, para o município. Desde que foram notificados os primeiros casos da doença em moradores da cidade, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) vem, em parceria com a Prefeitura, realizando as ações de investigação e bloqueio vacinal desses casos e de seus contactantes, além da vacinação da população, com foco, principalmente, na imunização de crianças a partir dos 6 meses. As investigações iniciais das equipes de campo relacionam os casos ao contato com indivíduos de outros estados, onde há a circulação da doença, e esta vinculação está sendo averiguada. O secretário de Saúde, André Longo, que também esteve presente ao encontro, explicou como está acontecendo essa atuação e anunciou uma grande iniciativa para os próximos dias. “Nós nos reunimos hoje com a Secretaria de Saúde do município de Taquaritinga do Norte e previmos uma série de ações. Nós estamos disponibilizando insumos, no caso, a vacina tríplice viral, e seringas, para que a gente possa fazer uma vacinação em massa. Além dos bloqueios que a Secretaria de Saúde estava corretamente fazendo, vamos fazer algumas ações mais intensas, como a varredura casa a casa, a vacinação em creches e vamos preparar junto com a Prefeitura Municipal o Dia D de Vacinação, ampliando a cobertura vacinal na cidade, no próximo sábado, dia 07 de setembro”, assegurou o secretário. Desse total, 10 mil doses já foram encaminhadas nesta terça (03). Após a confirmação, na última segunda-feira (02/09), do óbito de uma criança de 7 meses pela doença na cidade do Agreste, essas ações têm sido intensificadas. A Secretaria Estadual de Saúde reforça que o Estado está abastecido da vacina tríplice viral, que, além do Sarampo, protege contra Rubéola e Caxumba e é uma das maneiras mais eficazes de evitar o adoecimento. Desde janeiro, já foram distribuídas mais de 574 mil doses do imunizante para os municípios. A SES informa, ainda, que, desde a segunda quinzena de agosto, ficou instituída, em todo o país, a vacinação de crianças entre 6 meses e 11 meses. Todos os meninos e meninas dessa faixa etária, que totalizam 68 mil em Pernambuco, devem tomar uma dose da tríplice viral. Importante lembrar, ainda, que essa será considerada a “dose zero”, sendo necessário seguir com o esquema básico de vacinação normalmente a partir dos 12 meses, com mais uma dose e um reforço aos 15 meses. IMUNIZAÇÃO: A vacina tríplice viral protege contra sarampo, rubéola e caxumba e está disponível de rotina nas salas de vacina dos municípios. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) ressalta a importância de finalizar o esquema vacinal para evitar casos da doença. A imunização com a tríplice deve seguir o seguinte esquema: - Crianças entre 6 meses e 11 meses devem tomar uma dose da tríplice viral. Importante ressaltar que essas crianças precisarão seguir o esquema normal de imunização a partir dos 12 meses. - Indivíduos de 1 ano a 29 anos de idade: 2 doses de tríplice viral; - Indivíduos de 30 a 49 anos de idade não vacinados: 1 dose de tríplice viral; - Profissionais de saúde não vacinados: 2 doses com a vacina tríplice viral independente da idade, com intervalo mínimo de 30 dias entre elas.

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É só uma simples golfada?

Bebês golfarem após as mamadas sempre foi algo corriqueiro. Porém, ultimamente, os pais se preocupam se a regurgitação seria um sintoma de refluxo gastroesofágico, que poderia comprometer a saúde dos pequenos. Na verdade, segundo a gastroenterologista pediátrica Carolina Toscano, do Real Hospital Português, o refluxo atinge 60% dos recém-nascidos e tem início nas primeiras oito semanas de vida, mas na grande maioria dos casos, não traz grandes consequências para as crianças e desaparece com o tempo. Para compreender como ele acontece, é preciso entender que existe um músculo entre o estômago e o esôfago chamado esfíncter, que funciona como uma válvula. Ela deve ser aberta apenas quando engolimos para a passagem da comida. Mas, se abre fora de hora, pode deixar passar o conteúdo do estômago de volta para o esôfago. É quando há o refluxo que pode ou não ser acompanhado de regurgitação ou vômito. Isso acontece com várias pessoas sem causar qualquer tipo de prejuízo. Por isso é chamado de refluxo fisiológico. “É considerado normal e pode atingir indivíduos saudáveis, independentemente da idade, incluindo as crianças durante toda a infância, mas é muito mais comum em recém-nascidos, no período em que chamamos de lactente, devido à imaturidade do esfíncter”, explica Carolina. Normalmente o refluxo acontece após a amamentação, o que por diversas vezes pode ocasionar a regurgitação. “O alimento ingerido pelo bebê pode ser exteriorizado diversas vezes ao dia e pode acontecer por vários motivos. Um dos mais comuns, é o fato de ter mamado demais, está cheio e não cabe todo aquele conteúdo em seu estômago, então ele exterioriza”. Casos como este são chamados de “regurgitador feliz”. Há também fatores como a dieta que é consistente em líquido. QUANDO É DOENÇA Já a doença do refluxo gastroesofágico é um problema que vai além das regurgitações, provocando algumas manifestações clínicas de gravidade variável, como vômitos propulsivos, recusa da alimentação, irritabilidade, ganho ou perda de peso, expressão de dor, arqueamento do tronco e alterações no sono. “Normalmente, o diagnóstico em recém-nascido é difícil, pois é um paciente que não fala”, adverte a pediatra. “Por isso devemos ficar atentos aos sintomas. O mais marcante é o ganho ou a perda inadequada de peso e a constante irritação do lactente”. Em resumo, é uma criança que está incomodada o tempo todo – até mesmo durante ou após a amamentação. Neste caso, é necessário consultar um médico. A primeira hipótese de diagnóstico é a alergia à proteína ao leite de vaca (APLV). Caso haja a suspeita, é necessário que a mãe faça uma dieta 100% restrita desse alimento e de seus derivados para que não haja a contaminação do leite materno. “É durante esse período que avaliamos se o lactente é ou não alérgico”, apontou Carolina, indicando que existem testes para o diagnóstico. “A phmetria é um exame bem invasivo, mas é o mais indicado”. Durante 24 horas completas, o recém-nascido faz o uso de uma sonda que vai do nariz até a boca do estômago. “A ferramenta monitora todos os picos de acidez que entrar em contato com a sonda. A partir daí fazemos uma correlação com os sintomas, se a criança chorou, ou ficou irritada, por exemplo”, revelou a especialista. A administradora Katiury Moura, 33 anos, é mãe de Maria Luiza, que tem 4 meses e há três foi diagnosticada com a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). A dificuldade da filha em se alimentar chamou a atenção da mãe, que estranhou a quantidade de ocasiões em que a pequena regurgitava diariamente. “O número de vezes era tão alto que eu não consigo mensurar. Na verdade, não era golfo, era vômito mesmo. Ela ficava irritada e chorava muito após a amamentação”, lembrou Katiury. O problema apenas começou a ser regulado quando ela procurou o apoio de um especialista, que logo realizou o procedimento padrão para descartar a hipótese de alergia à APLV. “Durante um mês não pude comer nenhum derivado do leite de vaca. Foi uma dieta bem restrita, mas, mesmo assim, não houve melhora. Logo foi concluído que Maria Luiza não era alérgica. O problema era mesmo o refluxo”, afirmou. TRAVESSEIRO A criança foi medicada. “Geralmente, o tratamento consiste em medicamentos que diminuem a acidez no estômago do bebê. Existe também recomendações que habitualmente os pais aderem, como o uso de travesseiro antirrefluxo”, explicou. Com uma posição levemente inclinada entre 15 e 20 graus, o travesseiro é uma forma de prevenção. “O mais importante de tudo é que haja o acompanhamento médico. É fundamental que os pais enxerguem a importância das consultas de rotina”, alertou Carolina. Katiury adotou todas essas recomendações no tratamento de Maria Luiz e a cercou de muito cuidado. “Se um bebê já dá trabalho normalmente, com refluxo ele dá trabalho ao triplo. Tem que ter uma atenção redobrada para que a criança não se engasgue. Várias vezes a minha filha já se engasgou e precisamos socorrê-la”, afirma Katiury, que também permanecia com a filha no colo, por cerca de 30 minutos para que ela arrotasse. Ao completar três meses, Maria Luiza parou com os medicamentos, pois a partir do segundo mês de tratamento a tendência é de melhora. “O sistema digestivo do bebê amadurece, os episódios de refluxo e regurgitação tendem a se tornar mais raros”, esclarece a gastroenterologista pediátrica. *Por Marcelo Bandeira

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Doença autoimune

Muitas são as dificuldades para tratar as doenças autoimunes e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Essas patologias estão presentes em cerca de 5% a 7% da população em geral, sendo a terceira principal causa de morbidade e mortalidade, depois do câncer e doenças cardíacas. Existem mais de 80 diferentes tipos de doenças autoimunes e, dentre elas, as doenças reumatológicas são o maior grupo. A artrite reumatoide acomete cerca de 1% da população mundial e a artrite psoriásica manifesta-se em até 40% dos portadores de psoríase cutânea. A dor e a deformidade física são comuns nessas doenças. Os medicamentos imunobiológicos (biofármacos) vêm sendo uma importante opção terapêutica na vida dessas pessoas. São produzidos a partir da manipulação genética de organismos vivos de origem vegetal ou animal, ao contrário dos fármacos tradicionais que são fabricados com a manipulação química de substâncias em laboratório. Vários estudos científicos – realizados em centros médicos de diversos países, com dezenas de milhares de pessoas, por tempo prologado – têm comprovado a eficácia terapêutica desse grupo de medicamentos. As doenças autoimunes caracterizam-se pelo aumento da quantidade de produção de uma substância chamada de fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), que faz com que o sistema imunológico do corpo ataque o tecido saudável, causando inflamação. É como se o sistema de defesa, que combate agentes como vírus e bactérias, passasse a combater também as células e tecidos que não estão “doentes” do organismo. Por isso, o bloqueio do TNF-alfa com o biofármaco pode reduzir a inflamação. Os medicamentos biológicos são desenvolvidos para atingir as moléculas específicas do sistema imunológico que são responsáveis pelo surgimento da doença. São proteínas recombinantes, criadas por engenharia genética, que podem ser: anticorpos monoclonais, proteínas de fusão ou citocinas humanas recombinantes. Caracterizam-se por serem moléculas de natureza proteica, de tamanho relativamente grande, semelhantes a proteínas animais ou humanas. Como são susceptíveis à digestão, são administradas por via parenteral (subcutânea, intramuscular ou intravenosa) e não oral. Os efeitos adversos mais frequentes dos medicamentos imunobiológicos podem estar relacionados a uma reativação de tuberculose, infecções oportunistas e câncer de pele, não melanoma. Daí a importância de uma avaliação clínica-imunológica prévia ao tratamento. Grande parte dos medicamentos imunobiológicos já é disponibilizada por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), estando previstos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) do Ministério da Saúde. Portanto, existem novas oportunidades terapêuticas para os portadores de doenças autoimunes terem uma saúde melhor e com mais qualidade de vida. Sim, é a ciência cada vez mais avançando. *Por Sylvia Lemos Hinrichsen. Ela é médica infectologista e professora universitária.

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Asma e exercício físico

A prática regular de atividades físicas melhora o condicionamento e, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas com problemas respiratórios como a asma, uma doença crônica que acomete as vias aéreas. A enfermidade consiste basicamente na dificuldade em aerar os pulmões devido à redução do calibre das vias aéreas. Pode ser desencadeada por diversos fatores, como poluição, pólen, poeira, fumaça, perfume, condições ambientais e até pelo exercício físico. Pessoas com asma tendem a não praticar exercícios físicos devido às crises que podem surgir durante a atividade, chamada de ‘asma induzida pelo exercício’. No entanto, essas crises ocorrem geralmente nos casos em que a doença não está controlada. Em geral recomenda-se a prática de exercícios aeróbicos, como caminhadas, ciclismo e natação, por exemplo, três vezes por semana. Eles fortalecem os músculos do tórax responsáveis pela respiração, promovendo a expansão dos pulmões e melhorando a ventilação, além de promoverem a melhora na circulação sanguínea e pressão arterial. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia recomenda algumas medidas para prevenir a asma induzida por exercícios, tais como: - Identificar os fatores desencadeantes da sua asma buscando soluções. Em dias frios pode-se utilizar um lenço sobre o nariz e a boca; na primavera, é recomendável realizar os exercícios em ambientes internos para evitar o pólen. E, ainda, deve-se escolher o horário do dia com menor poluição - como pela manhã, por exemplo. - Ter disponíveis os medicamentos ou equipamentos orientados pelo seu médico para uso antes do esforço ou atividade física, como broncodilatadores ou anti-inflamatórios, por exemplo. É importante fazer o tratamento contínuo e não utilizar as bombinhas somente durante a crise. - Fazer aquecimento antes do exercício, de 5 a 10 minutos. Uma caminhada leve é uma boa opção. - Finalizar a atividade com um exercício de relaxamento: realizar em média cinco minutos para alongamento e relaxamento. Essa prática deve fazer com que a respiração fique mais tranquila. O acompanhamento de um profissional de educação física é fundamental para a prática de exercícios físicos eficientes e com resultados de qualidade. Importante destacar que portadores de doenças respiratórias crônicas devem realizar exercícios físicos somente com o aval de seus médicos, mantendo sempre a enfermidade controlada. E lembre-se: o baixo condicionamento físico pode fazer qualquer pessoa sentir falta de ar e ser confundida como portadora de asma induzida por exercício, tornando mais difícil a prática de exercícios físicos regulares. É preciso iniciar aos poucos, ser paciente durante o período de adaptação dos exercícios e ter força de vontade para prosseguir! Profª Esp. Evelyne Correia é professora dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Recife vai receber os maiores especialistas mundiais em hanseníase

A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) realiza, de 15 a 18 de outubro, o 10° Simpósio Brasileiro de Hansenologia, na capital pernambucana, Recife. O evento reunirá os maiores especialistas mundiais para falar sobre as últimas pesquisas, tratamentos, políticas de combate à doença, mapeamento da hanseníase no país e direitos humanos. O Brasil ainda ocupa o segundo lugar no ranking mundial da hanseníase, e concentra 90% dos casos notificados nas Américas. São cerca de 30 mil novos casos por ano da doença – número próximo aos casos novos de HIV e AIDS. A Índia é o país com mais casos, mas os dados de diversos países, apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), têm sido questionados pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH). Este cenário é resultado de uma série de problemas que vão desde a necessidade de capacitação de profissionais de saúde para o diagnóstico, até o desenvolvimento e implantação de estratégias de enfrentamento que consigam conscientizar a população – de pacientes até autoridades – e diagnosticar precocemente a doença para evitar sequelas e quebrar a cadeia de transmissão do bacilo causador da hanseníase. “A heterogeneidade dos casos no país, o número preocupante de crianças com até 15 anos com a doença, o número baixo de diagnósticos nos estágios iniciais contrastando com o número alto de diagnósticos em pacientes com sequelas e em estágio avançado da doença apontam para uma endemia oculta no Brasil. A doença não está sendo percebida”, alerta Salgado. Por este motivo, o tema do simpósio deste ano em Recife está focado na hanseníase como uma doença primariamente neural e que, portanto, deve ser diagnosticada precocemente, logo no surgimento dos primeiros sintomas, como dormências e outras alterações de sensibilidade na pele, mesmo antes do surgimento de manchas na pele. 10° Simpósio Brasileiro de Hansenologia Data: 15 a 18/10/2019 Realização: Sociedade Brasileira de Hansenologia Local: Mar Hotel Conventions Recife Endereço: Rua Barão de Souza Leao 451 Informações e inscrições: www.sbhansenologia.org.br

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Setembro Amarelo: 5 pontos importantes ao falar sobre suicídio

A campanha de conscientização e prevenção ao suicídio, Setembro Amarelo, começou em 2015 e continua marcando presença nas discussões sobre o tema. No entanto é imprescindível que, ao tratar de um assunto delicado, as pessoas saibam a melhor forma de disseminar informações de maneira sensível e responsável. Segundo Celso Lopes de Souza, psiquiatra, educador e fundador do Programa Semente – programa estruturado de aprendizagem socioemocional –, o primeiro erro com relação ao tema do suicídio é não falar sobre ele. O psiquiatra aponta alguns pontos que precisam ser reforçados quando se aborda o assunto. Confira cinco deles: 1. Suicídio é coisa séria A Organização Mundial da Saúde aponta que o suicídio é a terceira causa de morte que mais atinge os jovens de 15 a 29 anos. Além disso, só no Brasil, uma pessoa comete suicídio a cada 45 minutos. “Pesquisas mostram que 9 a cada 10 pessoas que cometem suicídio tinham algum transtorno psiquiátrico”, afirma Celso. Segundo ele, o suicídio é uma realidade que não deve ser negada, e sim tratada como um problema de saúde pública. 2. Não é preciso medo para falar sobre suicídio “Já está mais do que comprovado que falar sobre o assunto não agrava a situação, muito pelo contrário, pode ajudar a tratar as pessoas que tenham essa intenção”, diz. De acordo com o especialista, existem alguns pontos que devem ser levados em consideração ao falar sobre o assunto. Para exemplificar, ele cita a série 13 Reasons Why, da Netflix. “A série tem o lado bom que é a promoção da discussão sobre o assunto, mas há cuidados que precisam ser tomados na discussão sobre o tema que ela aborda. Por exemplo, ela mostra a continuidade da personagem após a morte por meio de um material que ela deixou. Isso gera a ilusão de que a personagem continua interagindo com as pessoas que eram próximas, mas suicídio é morte. Isso não invalida a arte, pelo contrário, discutir isso ajuda a falar do tema por meio da reformulação das distorções que a série apresenta. ” (A série já está em sua terceira temporada, disponível na plataforma de stream.) 3. Pensamentos de morte é uma coisa, ideação suicida é outra. Celso Lopes de Souza diferencia o pensamento de morte com a ideação de suicídio para que as pessoas possam entender melhor a questão: “o pensamento de morte é mais comum, a pessoa pensa ‘eu poderia morrer’, ou ‘eu queria morrer’. Já a ideação do suicídio é mais grave, em que a pessoa pensa ‘eu quero me matar’”. Ele ainda explica que as pessoas que tem ideação suicida vivem os 3 “is”: “sentem que a dor é impossível, insuportável e interminável, o que leva ao desejo de querer tirar a própria vida. Elas claramente não conseguem perceber sozinhas que esses "3i's" são distorções de percepção da realidade, por isso precisam de ajuda”. 4. É possível prevenir o suicídio De acordo com o especialista, falar sobre os sintomas que podem surgir antes e durante uma intenção de suicídio é fundamental para que a pessoa busque ajuda. “Sinais como isolamento, corte de planejamentos futuros, uso de substâncias psicoativas e mensagens de despedida são alguns pontos que devem ter atenção especializada”, diz. E também há como prevenir os distúrbios psiquiátricos por meio da aprendizagem socioemocional, em que crianças e adolescentes aprendem na escola sobre empatia, resiliência, autoconhecimento e autocontrole, por exemplo. “Há farta evidência científica de que a aprendizagem socioemocional é um fator de proteção para o surgimento de transtornos psiquiátricos. No Programa Semente, nós oferecemos uma formação socioemocional do Ensino Infantil ao Ensino Médio, e quanto mais isso for exercitado, maiores as chances da diminuição de doenças como ansiedade e depressão”, explica Celso. 5. As campanhas de prevenção são fundamentais O Setembro Amarelo é uma oportunidade de conscientizar as pessoas e promover a discussão sobre o tema do suicídio. Para Celso Lopes de Souza, as campanhas “são muito importantes porque mostram que o suicídio e o pensamento suicida é algo humano. E nelas deve haver as mensagens de que, primeiro, sempre há uma saída e, segundo, tudo passa. ” Sobre o Programa Semente (www.programasemente.com.br) – Com uma abordagem moderna e inovadora, o Programa Semente é uma solução completa de formação socioemocional de alunos e educadores em diversas escolas brasileiras. A partir de um material escrito por educadores, médicos e psicólogos, sua metodologia possibilita que sejam trabalhadas questões como sociabilidade, autoconhecimento, autocontrole, empatia e decisões responsáveis, entre outras habilidades, cada vez mais presentes no mundo do trabalho e nas principais avaliações internacionais de educação. Desta forma, o Programa Semente contribui para a alfabetização emocional.

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Sintomas da chikungunya podem persistir muito tempo

Três anos e meio após o auge da epidemia de chikungunya em Pernambuco, os pacientes infectados pela doença seguem frequentando os consultórios médicos. Se as dores agudas eram o motivo que levava os pernambucanos aos serviços de saúde, hoje são seus sintomas crônicos que preocupam. Os especialistas destacam que a ciência avançou no conhecimento de informações sobre esse vírus, mas ainda há a necessidade de encontrar uma vacina para sua prevenção e que suas consequências ainda têm desdobramentos sendo descobertos pela academia. “As sequelas articulares a longo prazo continuam sendo atendidas nos ambulatórios e consultórios reumatológicos”, destaca a reumatologista do Imip e do Hospital da Mulher Renata Menezes. Ela explica que alguns fatores contribuem para que a doença se torne crônica. As ocorrências são mais frequentes em pessoas com idade mais avançada e mais comuns nas mulheres do que nos homens. Os pacientes que já eram portadores de doenças crônicas como diabetes, artrite reumatoide e osteoartrite também estão nesse grupo de maior risco de apresentar a cronicidade da chikungunya. . . A cozinheira Vilma Soares, 64 anos, já tinha artrose e artrite antes de ser acometida da chikungunya. Após três anos da fase aguda do vírus, as dores pioraram. “Levantar todos os dias é um sacrifício. Tenho inchaços, fortes dores nos joelhos, formigamentos nos braços. Tem dias que tomo remédios para dormir”, relata. Ela já passou por várias tratamentos medicamentosos, mas disse que há uma melhora inicial, mas os sintomas voltam a piorar em seguida. O quadro de Vilma, que oferece já comprometimentos na sua atividade laboral, não é algo incomum nessa fase da doença. “Esse quadro de dor crônica apresenta restrições de movimentos de muitas articulações. Algumas pessoas não voltam a lavar pratos, varrer a casa ou fazer trabalhos manuais. O fato de não voltar ao trabalho devido a esse incômodo traz uma repercussão social muito ruim”, informa Raphael dos Anjos, infectologista do Hospital Jayme da Fonte. “Isso gera uma relação com a dor emocional e alguns pacientes começam a apresentar também transtornos de comportamento e até quadros depressivos. São pessoas que estão reaprendendo a viver após a doença”. O infectologista informa ainda que outro fator de risco que aumenta as chances de tornar a doença crônica é a demora em iniciar o tratamento em sua fase aguda. “Isso é percebido em especial quando atendemos a população mais carente, pois a intervenção mais precoce medicamentosa poderia evitar casos crônicos. Diante da vulnerabilidade social da população de baixa renda, há uma maior incidência nos casos”. . . Como não há um remédio específico para a chikungunya, quando as dores se prolongam, o tratamento deve ser individualizado e depende do grau de inflamação da doença. “No comprometimento muscular mecânico sem artrite ou inflamação (como dores articulares, tendinite, rigidez e fasciíte, inflamação das fáscia, um tecido fibroso que recobre músculos e ossos), deve-se usar analgésico, fisioterapia e atividade física para amenizar a dor e a rigidez nas articulações”, explica Renata Menezes. Já para os casos que envolvem um quadro de reumatismo inflamatório crônico, ela orienta que devem ser acrescentados medicações imunossupressoras ou imunomoduladoras (substâncias que atuam no sistema imunológico para diminuir a resposta orgânica contra o vírus) como corticoide ou eventualmente imunobiológicos. Sempre com prescrição médica. "Além dos analgésicos, atividade física e fisioterapia são importantes na melhora da dor, rigidez e mobilidade das articulações. O retorno precoce às atividades físicas contribui para uma melhor evolução do paciente. Superar o desânimo acarretado pelas dores pode ser difícil, mas os exercícios evitam o agravamento da condição e ajudam na recuperação da massa muscular, evitando o círculo vicioso de inatividade, instabilidade articular e outras lesões que piorem a dor, além da melhora na auto-estima do paciente. Quanto maior o período de inatividade, maior a perda do condicionamento físico e muscular anterior", afirmou a reumatologista Renata Menezes. PESQUISAS Recente estudo científico realizado no Hospital da Restauração indicou que os vírus da chikungunya, dengue e da zika podem ser o gatilho para o acidente vascular cerebral. Entre 160 pacientes acometidos com a doença provocada pelas arboviroses, a pesquisa mapeou 20 casos que apresentaram AVC. A médica Maria Lúcia Brito, que é chefe do Serviço de Neurologia do HR apontou ainda que podem estar relacionadas à infecção por arboviroses a esclerose lateral amiotrófica (ELA), a esclerose múltipla e as crises convulsivas. A Fiocruz, que é uma das referências nos estudos sobre a chikungunya, relaciona a doença com alterações no sistema nervoso central. Em paralelo ao crescimento da chikungunya no Brasil, por exemplo, foi identificado um aumento em paralelo de casos de meningite e encefalite. Outro estudo coordenado pela pesquisadora Soniza Alves-Leon, que é professora de neurologia da UFRJ e da Unirio, apontou que mesmo quando não apresenta sintomas, as arboviroses podem desencadear doenças neurológicas. A boa notícia é que a Fiocruz comprovou neste ano a eficácia do medicamento sofosbuvir, para o combate a chikungunya. A pesquisa realizou testes em camundongos infectados com o vírus. A meta era confirmar se o tratamento seria eficaz em seres vivos. Segundo o pesquisador Thiago Moreno, esse é o primeiro estudo a comprovar, em células vivas, que o sofosbuvir inibe a replicação do vírus. “A pesquisa é importante para que o medicamento seja, num futuro próximo, opção terapêutica para tratar a doença”, afirmou. *Por Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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CAM 60 dias dá a largada

Sessenta dias. 2 meses. 8 semanas. Esse é o período de tempo proposto pelo desafio CAM 60 Dias para uma mudança na qualidade de vida de quatro participantes. Lançado na última quarta (28), num café da manhã saudável realizado no Tulasi Mercado Orgânico, patrocinador do evento, o processo parte de quatro pilares fundamentais: alimentação, exercício físico, equilíbrio emocional e a autoestima e estética. Thiago Araujo, Rivaldo Neto, Ana Cristina Xavier e Mariana Barros vão entrar num programa de atividades físicas, nutrição e de apoio psicológico para reduzirem o peso em dois meses. O CAM 60 Dias faz parte do projeto CAM Bem-Estar, realizado pela Algomais em conjunto com a CBN Recife, com o apoio do Carrefour, laboratório Boris Berenstein, dos Hotéis Pernambuco, da Lucky Viagens e do Shopping RioMar. Em 28 de outubro será realizado o CAM Bem-Estar no Teatro do RioMar, que vai trazer palestras e os resultados do CAM 60 Dias. Thiago Araújo, coordenador de RH, tem 28 anos e aceitou participar do Desafio CAM 60 Dias com o intuito principal de organizar seus hábitos alimentares. “Hoje em dia, eu ainda sou muito desorganizado, como muita besteira, e esse é o meu grande objetivo, melhorar meus hábitos. Já a outra participante, a consultora de beleza e imagem Ana Cristina, 36 anos, pretende, ao longo do projeto, trabalhar melhor seu aspecto emocional. “Por causa da ansiedade, eu fico com vontade de comer, mesmo sem fome, e isso atrapalha muito os meus hábitos alimentares, porque eu tendo a procurar consolo nas ‘porcarias’. Então o meu objetivo maior é aprender a reeducação alimentar e manter, a longo prazo, esse estilo de vida” declarou entusiasmada. A busca por uma mudança de vida é a meta de Mariana Barros, 29 anos. “Eu estou em busca de hábitos mais saudáveis, tanto na alimentação quanto no exercício físico, então peguei esse desafio como um start pra começar com uma transformação para o resto da vida”, planejou a jornalista. Na mesma linha, Rivaldo Neto, designer gráfico de 47 anos, afirma que para ele o maior desafio do projeto é criar, dentro de seu atribulado cotidiano, uma rotina alimentar mais regrada e organizada. “Mas, tenho o interesse em manter, para depois do fim desse projeto, o que será conquistado aqui, e com isso melhorar meu sono, minha saúde e, consequentemente, conquistar a longevidade”, programa-se Rivaldo. Para acompanhar os participantes durante o tempo de desafio, foi selecionada uma equipe de profissionais especialistas, reunindo peritos da área de medicina, psicologia e nutrição, para contemplar cada uma dessas áreas basilares do projeto.  Raíssa Lyra é endocrinologista e espera possibilitar uma mudança de vida concreta aos participantes. “A minha expectativa é fazer um projeto que traga, não só em curto prazo, mas à longo prazo mesmo, uma perspectiva de vida saudável e, lógico, unindo a estética à saúde quando possível” destacou a profissional. Já a psicóloga Tássia Queiroz aponta a busca do bem-estar mental e emocional como um dos diferenciais do desafio. “Meu objetivo maior é promover um conforto psíquico a essas pessoas, que elas possam identificar pensamentos que estão causando ansiedade e aprender a responder a esses pensamentos de uma forma mais funcional e que aumente a qualidade de vida deles” pontuou a especialista. A dermatologista Karina Passos atesta que o cuidado com a estética influencia até na autoestima dos participantes. “Interfere muito. Na questão do sobrepeso e da obesidade, que é o que vamos tratar mais aqui, existem muitas doenças de pele que o responsável é o sobrepeso”, explicou a profissional. A nutricionista Débora Wagner realça a importância dos participantes entenderem o desafio como uma mudança de vida para o pleno sucesso da iniciativa. “O maior desafio, na verdade, é encarar esse processo não só como um período de dieta ou de manutenção curta desse peso, mas conceber esse processo como uma mudança no estilo de vida, como uma educação para o autocuidado em que esses hábitos sejam mantidos ao longo da vida. É a construção da saúde como estilo de vida”, defendeu a profissional. O CAM Bem-Estar  faz parte do projeto CAM – Cidades Algomais, que tem como objetivo discutir soluções inovadoras para o bem-estar de quem vive nos grandes centros urbanos. Focada na temática da saúde e bem-estar, o evento traz grandes especialistas para compartilhar e discutir cases sobre a vida saudável e tratar temáticas como nutrição sustentável, atividade física, habilidades socioemocionais e autoestima. Os ingressos estão à venda no site: cidadesalgomais.com 

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Sarampo: como descobrir e tratar a doença?

São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná são apenas alguns dos estados brasileiros que já apresentaram casos de sarampo em 2019. A doença infecciosa, transmitida por vírus, teve um surto registrado por especialistas, contabilizando mais de 10 mil casos no país só no ano de 2018. Os dados preocupam as autoridades de saúde uma vez que eles representam a diminuição dos níveis de cobertura vacinal entre os brasileiros. O sarampo é uma doença considerada de contágio fácil, similar ao da gripe, com a transmissão feita por meio de tosse, fala ou contato íntimo. Outro fator que agrava as chances de epidemia é que um paciente contaminado pode transmitir o vírus para, em média, 18 pessoas. Entre os principais sintomas do sarampo estão manchas vermelhas na pele, tosse persistente, manchas brancas na parte interna da bochecha e irritação nos olhos. “As vacinas são consideradas um dos grandes avanços da medicina e salvam vidas todos os dias há mais de 200 anos. Doenças como o sarampo, já vencidas, retornam em surtos por conceitos equivocados de ‘movimentos antivacinas’, gerando um retrocesso na saúde”, explica o Dr. Aier Adriano Costa, clínico geral e coordenador médico da Docway. A doença pode ocasionar febre, convulsões, infecções, conjuntivite, perda de apetite, diarreia e, em casos mais graves, até lesão cerebral e infecções no encéfalo. A enfermidade é considerada de maior risco para crianças menores de 5 anos, podendo causar meningite, encefalite e pneumonia. “Em casos mais graves, o sarampo pode ocasionar até a morte do paciente. Em locais onde a vacinação ainda não está implantada nos sistemas de saúde, a doença está entre as principais causas de morte de crianças de até 5 anos de idade”, afirma o médico. Sem um tratamento específico, a única prevenção garantida é a vacinação. “A doença pode ser prevenida por meio da vacina tríplice viral contra sarampo, caxumba e rubéola. Uma dose gera imunidade em aproximadamente 93% dos vacinados. O emprego de duas doses possui eficácia de proteção em torno de 97%”, explica Deivis Junior Paludo do grupo Diagnósticos do Brasil. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização e o Ministério da Saúde, a primeira dose deve ser aplicada aos 12 meses de vida e a segunda aos 15 meses, que pode ser substituída pela vacina tetravalente. “A vacina contra o sarampo é altamente efetiva e com certeza a melhor forma de prevenir a doença”, confirma o Dr. Aier. Apesar de, na maioria dos casos, o diagnóstico do sarampo ser feito por meio de avaliação clínica, o especialista do Diagnósticos do Brasil ressalta que está disponível no mercado nacional o exame que identifica a doença. “Ele é realizado por meio da sorologia, que detecta a presença de anticorpos IgM e IgG específicos, com resultados em até 10 dias úteis”, explica Deivis. Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de erradicação do sarampo, emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde, mas o título foi retirado em fevereiro deste ano após a verificação do surto ocorrido em 2018. O motivo da epidemia da doença é extremamente preocupante, pois se resume à redução da cobertura vacinal, proporcionando um ambiente populacional menos protegido ao vírus. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a cobertura vacinal chegou a ser em torno de 100%, em 2014, mas caiu para 90% no ano passado. “A vacina contra o sarampo integra o calendário nacional de vacinação, e é de extrema importância que a população retome seus cuidados em segui-lo à risca. Afinal, esta é a única maneira comprovada de se prevenir contra essa e muitas outras doenças que podem ter consequências graves”, reforça Deivis. O Ministério da Saúde indica que crianças de seis meses a um ano de idade, que vão se deslocar para municípios que apresentem surto ativo de sarampo, devem ser vacinadas contra a doença pelo menos 15 dias antes da data da viagem. Adultos que ainda não foram imunizados contra o sarampo, também devem seguir as indicações das autoridades: pessoas de até 29 anos devem receber duas doses para a imunização. “Para a população entre 30 e 49 anos, o indicado é que recebam uma dose da vacina tríplice viral. A exceção fica para pessoas imunodeprimidas, acima 50 anos ou mulheres grávidas, que não devem tomá-la”, completa o Dr. Aier.

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É possível recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa do país até 2030, indica relatório

Elton Alisson – O Brasil perdeu 71 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 30 anos – área maior que a ocupada pela Amazônia – em decorrência de desmatamento e queimadas, entre outros fatores, apontam dados do MapBiomas. Como esse desmatamento ocorreu sem planejamento ambiental e agrícola, boa parte dessas áreas tornaram-se abandonadas, mal utilizadas ou entraram em processo de erosão, ficando impróprias para produção de alimentos ou qualquer outra atividade econômica. A restauração florestal pode diminuir parte desse prejuízo ao possibilitar a recuperação estratégica  de 12 milhões de hectares de vegetação nativa em todo o país até 2030, conforme estabelecido no Plano Nacional de Restauração Ecológica. Dessa forma, seria possível sequestrar 1,39 megatonelada (Mt) de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, interligar fragmentos naturais na paisagem e ainda aumentar em 200% a conservação da biodiversidade. As estimativas constam no sumário para tomadores de decisão do relatório temático “Restauração de Paisagens e Ecossistemas”, lançado na sexta-feira (23/08), no Museu do Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. O documento é resultado de uma parceria entre a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na sigla em inglês), apoiada pelo programa BIOTA-FAPESP, e o Instituto Internacional de Sustentabilidade (ISS), e foi elaborado por um grupo de 45 pesquisadores, de 25 instituições do país. “O sumário mostra que as questões ambientais [conservação e restauração ecológica] e a produção agrícola são interdependentes e podem caminhar juntas, sem prejuízo para nenhum dos lados. Pelo contrário, ela só traz benefícios diretos, como a diponibilização de polinizadores para as culturas agrícolas, a conservação da água e do solo e, principalmente, a possibilidade de certificação ambiental da produção, permitindo agregar valor”, disse à Agência FAPESP Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e um dos autores do documento. O sumário destaca que o Brasil tem grandes oportunidades para impulsionar a restauração e a recuperação da vegetação e, com isso, aumentar a geração de benefícios socioeconômicos e ambientais, minimizar a competição de florestas com áreas agrícolas e contribuir para combater as mudanças climáticas. No entanto, para que as oportuni¬dades se tornem realidade, o país não pode retroceder em suas políticas ambientais de redução do desmatamento, conservação da biodiversidade e impulsionamento da recuperação e da restauração da vegetação nativa em larga escala, ponderam os autores. O fim da obrigatoriedade da Reserva Legal, as reduções das alternativas de conversão de multas e a extinção dos fóruns de colaboração e coordenação entre atores governamentais e da sociedade seriam perdas irreparáveis para uma política de adequação ambiental, afirmam. Os autores também ponderam que Brasil tem assumido o papel de líder em negociações ambientais internacionais e qualquer ruptura desse caminho, além de afastar oportunidades, vai afugentar mercados internacionais consumidores de produtos agrícolas. Isso porque, cada vez mais, esses agentes se pautam pela produção e pelo consumo sustentáveis, incluindo políticas de não consumo de produtos provenientes de áreas desmatadas. “O Brasil não deveria ter nenhuma dificuldade de colocar seus produtos agrícolas no mercado internacional, pois o diferencial poderia ser uma agricultura sustentável praticada em ambientes de elevada diversidade natural. Isso é um ativo que nenhum outro país tem”, avaliou Rodrigues. Aumento de produtividade De acordo com o documento, a intensificação sustentável da pecuária brasileira é um processo-chave para aumentar a produtividade do setor e liberar as áreas agrícolas de menor produtividade para o cumprimento de leis e metas ambientais. O aumento da produtividade média da pecuária brasileira de 4,4 para 9 arrobas por hectare por ano permitiria não só a atingir a meta brasileira de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030, como também zerar o desmatamento ilegal e liberar 30 milhões de hectares para a agricultura. “Três quartos da área agrícola brasileira são ocupados hoje pela pecuária, com baixíssima produtividade média. Se tivéssemos uma boa política agrícola, voltada à tecnificação da pecuária, seria possível aumentar a produtividade da atividade e, assim, liberar pelo menos 32 milhões de hectares de pastagem para outras culturas, mantendo a mesma quantidade de cabeças de gado atual”, disse Rodrigues. O aumento da produtividade das pastagens nos próximos 30 anos seria suficiente, considerando o Brasil como um todo, para garantir o cumprimento de leis e metas ambientais, como pode ser confirmado nos resultados regionais, afirmam os pesquisadores. Na Amazônia, por exemplo, para atender a todas as metas de produção agrícola e florestal, de desmatamento ilegal zero e de recuperação da vegetação nativa – visando legalizar ambientalmente as propriedades rurais e ainda potencializar os serviços ecossistêmicos –, seria preciso ampliar a produtividade das pastagens do nível atual de 46% para 63-75% do seu potencial sustentável, em 15 anos. Na Mata Atlântica, esse mesmo processo necessita de um aumento dos atuais 24% para 30-34% do seu potencial, sendo que tal incremento é possível apenas aplicando o conhecimento básico de manejo de pastagens. No Cerrado, bastaria sair dos 35% vigentes para 65% do seu potencial sustentável até 2050 para harmonizar expansão agrícola sustentável, restauração em áreas prioritárias e desmatamento ilegal zero “Não há nenhuma justificativa para o desmatamento que está acontecendo na Amazônia e no Cerrado agora, porque estamos gerando ainda mais pecuária de baixa produtividade”, afirmou Rodrigues. Segundo o documento, o aumento da produtividade nas áreas já agrícolas e a adoção de modelos econômicos alternativos nas áreas com menor potencial agrícola – como aquelas com restrições à produção mecanizada, as ocupadas por vegetação nativa, florestas nativas com aproveitamento econômico sustentável e sistemas agroflorestais biodiversos – também são essenciais para alavancar os benefícios financeiros diretos e indiretos em curto prazo. Somando a exploração econômica das áreas marginais restauradas com fins comerciais, como sistemas agroflorestais biodiversos, e o ganho proporcionado pelo uso destas áreas para compensação de Reserva Legal de propriedades rurais com débito ambiental, torna-se financeiramente viável a reconversão de áreas agrícolas marginais para vegetação nativa. Em Paragominas, no Pará, em apenas quatro anos, propriedades de pecuária irregulares ambientalmente e de baixa produtividade regularizaram suas exigências ambientais legais e aumentaram

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