Arquivos Cultura e história - Página 43 de 360 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Cultura e história

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Agenda para o final de semana em Pernambuco

Gravatá amplia programação da temporada natalina na reta final As festividades natalinas em Gravatá atingem seu ápice com uma programação repleta de encantos. A cidade, pioneira nos investimentos natalinos desde 2011, continua a surpreender com diversas atrações que prometem marcar o período até o dia 25 de dezembro. Uma das novidades deste ano é a expansão do desfile natalino, que agora conta com uma sessão adicional aos domingos, iniciando às 19h30. O retorno do desfile, organizado em colaboração com 13 escolas de dança locais, é um destaque do Natal, apresentando mais de 350 participantes. A cidade prepara o público para assistir os espetáculos aéreos agendados para começar em 21 de dezembro. O tradicional Desfile Natalino "Em Busca da Estrela de Natal" acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de dezembro, encantando o público com sua atmosfera festiva. O Espetáculo de Ballet Aéreo "Sob a Luz da Lua" promete envolver os espectadores com apresentações diárias a partir de 20 até 25 de dezembro. Além disso, a Vila Natalina, que estará aberta nos dias 15, 16, 21, 22, 23, 24 e 25 de dezembro, proporcionará uma experiência mágica com atividades diversas para toda a família. A Vila Natalina da Assistência Social e Juventude complementa a programação nos dias 15, 16 e 17 de dezembro, oferecendo desde apresentações musicais até concursos de pinheiros decorados e degustação de preparações da Cozinha Comunitária. Chef Rapha Vasconcellos realiza festival com chef convidada, shows e open bar premium, no Moendo na Laje Neste sábado, dia 16 de dezembro, o Moendo na Laje, no Bairro do Recife, recebe o renomado Chef Rapha Vasconcellos para um festival gastronômico das 16h às 22h. Com serviço all-inclusive de bebidas e alimentação, o evento promete uma experiência culinária única, apresentando diversas opções preparadas pelo chef, como frutos do mar, carnes na brasa, sanduíches de porchetta e camarão, além das famosas paella de frutos do mar e panelada. A chef convidada Claudia Luna, do restaurante Seu Luna, preparará ao vivo um arroz de chambaril. O entretenimento será garantido com performances de Big Big e Tylenol, Bailinho Maravilha e a batida eletrizante do DJ Paulinho BH. Os ingressos, no valor de R$ 250, estão à venda no site Ingresso Prime e no local do evento. Uma oportunidade única para os amantes da gastronomia desfrutarem de uma combinação perfeita de sabores e entretenimento de qualidade. RioMar Recife oferece programação especial de Natal O RioMar Recife oferece um final de semana repleto de opções de lazer e entretenimento, estendendo seu horário de funcionamento para proporcionar experiências únicas aos visitantes. O projeto Candlelight, no Teatro RioMar, encanta o público com clássicos do rock iluminados por velas, em apresentações no domingo (17). Além disso, as atrações gratuitas de Natal, como o encontro com personagens natalinos e o Natal Musical, garantem momentos especiais em diversos espaços do shopping. Ainda há a oportunidade de participar do Meet & Greet com os personagens Nina e a Rena, proporcionando interações memoráveis. O RioMar Recife se transforma em um cenário encantador, repleto de opções para toda a família desfrutar do espírito natalino. ncontro com o Papai Noel, Espetáculo Musical e Diversão em Família O final de semana na Ferreira Costa promete uma experiência encantadora de natal. No sábado (16), das 10h às 13h, o Home Center Ferreira Costa, na Av. Mal. Mascarenhas de Morais, 2967 - Imbiribeira, Recife – PE, oferecerá um Encontro Mágico com o Papai Noel e seus ajudantes, acompanhado de um espetáculo musical natalino, show com banda infantil, e delícias como pipoca quentinha e algodão-doce. Já no domingo (17), a diversão continua na Ferreira Costa da R. Cônego Barata, 275 - Tamarineira, Recife – PE, das 14h às 16h, com teatro, recreação e a animada Banda RodKids. Um final de semana repleto de atividades para toda a família, proporcionando momentos especiais e alegres para entrar no clima festivo.

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Aria Social e Instituto Ricardo Brennand promovem cantata neste final de semana

Aria Social e Instituto Ricardo Brennand se unem novamente para apresentar o Concerto de Natal pelo segundo ano consecutivo. O evento terá duas apresentações, marcadas para o dia 17 de dezembro, às 16h e 18h30, na Galeria de Arte do InstitutoRB, situado no bairro da Várzea, zona oeste do Recife. O espetáculo promete encantar o público com uma fusão de dança e música, contando com a participação de 130 artistas, incluindo cantores, bailarinos e uma orquestra especialmente montada para a ocasião. A maestrina e multi-instrumentista Rosemary Oliveira, vice-presidente do Aria Social, selecionou músicos convidados para integrar a orquestra. O repertório, apresentado pelo Coro do Aria Social e um coro convidado do Aria, é uma combinação de clássicos natalinos, como "Alegria de Natal", com peças como "O canto dos sinos" e "A caminho de Belém". O balé do Aria Social complementará o espetáculo. A presidente do Aria Social, Cecília Brennand, assume a direção geral do concerto, enquanto Rosemary Oliveira lidera a direção musical e regência. A direção artística é de Ana Emília Freire, a coreografia de balé clássico é assinada por Inês Lima, os figurinos por Beth Gaudêncio, e a cenografia por Roberta Borsoi e Fabiana Wanderley. Os ingressos para o evento estão à venda por R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia), incluindo a visitação ao Museu do IRB. Serviço: Concerto de Natal do Instituto Ricardo Brennand em parceria com o Aria Social Quando: Domingo, 17 de dezembro, com apresentações às 16h e às 18h30 Local: Galeria de Arte do InstitutoRB, Alameda Antônio Brennand, s/n - Várzea Ingressos: Disponíveis online aqui e na bilheteria do InstitutoRB (R$ 100,00 inteira / R$ 50,00 meia) - Comprovação de documentação de meia entrada obrigatória no local Informações: (81) 21210365/ 0334/ 0365/ 0355 ou eventos@institutoricardobrennand.org.br

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Leci Brandão faz temporada no Recife

Conhecida pela carreira que sempre aliou música e política, Leci Brandão fez jus à fama de voz das causas sociais no show de estreia na CAIXA Cultural Recife. Na noite desta quarta-feira (13), trouxe um repertório com sucessos icônicos, como Zé do Caroço, Revolta Olodum e Identidade (de Jorge Aragão), e até canções menos conhecidas do grande público, a exemplo de Pátria Mata, dos amazonenses Tony Medeiros e Inaldo Medeiros. Leci também cantou Anjos da Guarda, de sua autoria, em que homenageia os professores, e de maneira sempre contundente e harmônica, deu declarações contra o Marco Temporal das Terras Indígenas, casos de feminicídio e ataques à população LGBTQIA + e aos povos quilombolas. Sempre dentro de contextos musicais, a cantora ainda lembrou de desejar boa sorte a estudantes prestes a fazer vestibular e a quem está procurando emprego. E foi bastante ovacionada pelo público em todas as manifestações. A mini temporada no Recife segue até este sábado (16).

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DANCA CAIXA

Espetáculo de Dança "Manifesto Elekô" na Caixa Cultural Recife

A CAIXA Cultural Recife traz, de 18 a 20 de dezembro, às 20h, o espetáculo de dança "Manifesto Elekô", que entrelaça saberes e movimentos ancestrais às dinâmicas contemporâneas. Inspirado no mito da orixá Obá, o trabalho explora a força do feminino e estabelece diálogos com as experiências das mulheres negras na atualidade. Os ingressos gratuitos estão disponíveis no Sympla, com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal. A Cia de Dança Clanm concebeu esse espetáculo, unindo a dança tradicional dos orixás ao contexto contemporâneo. Obá, considerada a Deusa do Ébano, líder de Elekô, uma sociedade de mulheres guerreiras, destemidas e feiticeiras, é o ponto de partida para a reflexão sobre a preservação das tradições e da terra. Durante 1 hora, o Manifesto Elekô proporciona um encontro afro-diaspórico, destacando as bailarinas Ana Gregório, Ana Pérola, Eloáh Vicente, Enya Moreira, Laíza Bastos, Sabrina Sant’Ana e Thayssa Souza, acompanhadas por seis músicos. A performance é embalada por cantigas yorubás e bantus, ao som de instrumentos como percussão, teclado, violino e violoncelo.

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Orquestra Sinfônica do Recife apresenta a Sinfonia n.º 9 de Beethoven

A parceria entre a Orquestra Sinfônica do Recife, o Conservatório Pernambucano de Música e o Consulado Geral da Alemanha no Recife, com o apoio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE) e da Biblioteca Pública do Estado, culmina no penúltimo evento do ano: a apresentação da Sinfonia n.º 9 em ré menor, Op. 125, do renomado compositor Ludwig Van Beethoven. Sob a regência do Maestro Lanfranco Marcelletti Jr., a Orquestra Sinfônica do Recife se une a quatro solistas - Lina Mendes, Lara Cavalcanti, Enrique Bravo e Sávio Sperandio - e ao Grande Coro do Conservatório Pernambucano de Música. Juntos, eles trarão à vida os quatro movimentos desta sinfonia magistral do compositor alemão. Os apreciadores da música clássica têm a oportunidade de testemunhar essa experiência única nos dias 13 e 14 de dezembro, às 20h, no Teatro de Santa Isabel, no Recife, e no dia 15 de dezembro, às 19h, na Praça do Arsenal da Marinha, também na capital pernambucana. Uma ocasião para celebrar a grandiosidade da obra de Beethoven. A entrada é gratuita, proporcionando a todos a chance de mergulhar na beleza e emoção dessa sinfonia atemporal.

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Orquestra Jovem Criança Cidadã apresenta concerto de natal neste sábado (16)

A Orquestra Jovem Criança Cidadã encerra o calendário de 2023 com um emocionante concerto natalino, agendado para este sábado (16) às 16h30, na Caixa Cultural Recife, localizada no Recife Antigo. Sob a regência do maestro José Renato Accioly, o repertório será composto por clássicos natalinos, marcando uma celebração festiva e a despedida do ano de 2023. Este momento especial contará também com a participação do coral da Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Ipojuca, um núcleo da OCC sediado no distrito de Camela, no Ipojuca. O maestro Jadson Dias, regente do coral do núcleo ipojucano, destaca a experiência enriquecedora de se apresentar para o público em Recife, unindo os dois núcleos para emocionar a audiência e celebrar um ano repleto de conquistas. Após esse concerto, a Orquestra Criança Cidadã planeja retomar seu calendário de apresentações em fevereiro e março de 2024 com os Concertos para a Comunidade. Estas apresentações estão previstas para ocorrer em diversos locais, incluindo o Barro, Boa Viagem, Zumbi do Pacheco em Jaboatão, e mais um local a ser definido. O calendário completo pode ser acessado online no site do projeto social: https://orquestracriancacidada.org.br/concertos. Situada nas instalações do 7° Depósito de Suprimento do Exército Brasileiro, a Orquestra Criança Cidadã é um projeto que conta com incentivo do Ministério da Cultura através da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), patrocínio master da Caixa Econômica Federal, patrocínio sênior dos Correios, e realização da Funarte e do Governo Federal.

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Fabio Marra e Angela DUO

Duo Italiano realiza show em homenagem ao centenário de Maria Callas no Recife

A turnê internacional em celebração aos 100 anos de nascimento de Maria Callas, considerada a maior intérprete operística do século XX, chega ao Recife no próximo sábado, dia 16, às 20h, em uma única apresentação no Teatro do Parque. O "Recital Operístico: Angela Papale e Fabio Marra - Homenagem aos 100 anos de Maria Callas" é protagonizado pelo duo italiano e apresenta um repertório composto por obras de renomados compositores como Giuseppe Verdi, Giacomo Puccini, Pietro Mascagni e Paolo Tosti, entre outros. A entrada é gratuita, e os ingressos podem ser adquiridos pelo site da Sympla: [https://bit.ly/RecitalOperistico_Recife]. A soprano Angela Papale, com uma intensa carreira como concertista em diversos países, e o pianoforte Fabio Marra, reconhecido por suas habilidades em piano, composição e direção de orquestra, unem seus talentos para uma homenagem musical à diva da música lírica. A turnê, promovida pelos institutos italianos de Cultura de São Paulo e do Rio de Janeiro, conta com o apoio da Embaixada da Itália em Brasília e a colaboração dos consulados italianos do Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. Maria Callas, nascida em Nova Iorque em 1923, tornou-se uma referência na ópera, apresentando-se em palcos mundialmente renomados, inclusive no Brasil. Faleceu em 1977, deixando um legado que é agora honrado por Angela Papale e Fabio Marra nesta turnê especial. Serviço:

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coral no ponto

Cantata natalina se apresenta hoje no Pátio do Livramento

Hoje, às 15h, no Centro do Recife, o coral Canto no Ponto proporcionará uma cantata natalina para criar uma atmosfera festiva e atrair o público. O evento acontecerá em um estande no Pátio do Livramento, no Bairro de São José. Sob a regência do Maestro Jadson Oliveira, o conjunto vocal promete encantar os presentes. A apresentação, aberta ao público, é parte da iniciativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Recife) e seus parceiros, como parte da campanha Natal Premiado, lançada na semana passada. A campanha tem como objetivo impulsionar as vendas no varejo durante o período festivo e premiar consumidores e vendedores.

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gilberto freyre neto casa grande

Casa-Grande & Senzala: “Vai ser sempre um livro bastante quente no sentido do debate”

*Por Rafael Dantas O sociólogo, que dá nome ao Aeroporto Internacional do Recife e recebeu condecorações em várias partes do mundo, era um avô amoroso e que gostava de passear com os netos no jardim ao redor de sua casa. Gilberto Freyre Neto, o filho mais velho de Fernando Freyre (segundo filho do escritor), só veio a perceber todo o mito em torno das obras do avô anos depois de sua partida. “Quando Gilberto faleceu, eu iria completar 14 anos de idade, então, era muito jovem. Eu nunca conheci o escritor Gilberto Freyre em vida, a minha relação era a de avô e neto. Conheci bastante o avô Gilberto Freyre, muito carinhoso, atencioso, muito divertido, sempre tinha tempo para a gente, apesar de estar sempre escrevendo, sempre produzindo, sempre trabalhando, mas quando os netos chegavam na casa grande, isso se transformava num ambiente recreativo para ele e pra gente”, conta Gilberto Freyre Neto. O convívio mais próximo, das memórias dos passeios pelo sítio onde está a Casa-Museu foi até aproximadamente aos 12 anos. Depois, a saúde do sociólogo, já coms 85 anos, não permitia tantos momentos juntos. Gilberto Freyre Neto conta que o avô pintava com as gerações mais jovens da família. De forma lúdica, aqueles desenhos refletiam trechos marcantes da sua obra. “Imagine que pintar com o neto era uma grande aventura. Ele ia explicando, isso não era apenas um ato isolado. Quando o Gilberto ia pintar alguma coisa, brincava, dizia antes o que ia pintar. A gente rabiscava até ficar do jeito que ele gostava. Ele contava histórias, fazia pintura e passeava com a gente no sítio, que tem uma mata verde que protege aquela casa grande”. Toda a vegetação no entorno da casa é ao mesmo tempo uma proteção e um grande laboratório de Gilberto sobre a miscigenação no campo cultural. Ele monta aquele jardim com árvores que vêm de mudas de diferentes partes do mundo. O conhecimento do legado deixado pelo avô ao pensamento sociológico brasileiro veio anos depois. “Eu só vou descobrir Gilberto Freyre escritor um pouco mais velho. Eu já tinha acesso à Casa-Grande & Senzala em Quadrinhos. Mas era uma leitura gratificante e divertida como era a Turma da Mônica ou Mickey Mouse para uma criança de 8, 10 anos. Mas com o passar do tempo, obviamente, pela convivência com meu pai e com a já existência da Fundação Gilberto Freyre, com a universidade abrindo os horizontes para o novo aluno, a gente vai ter acesso a uma quantidade enorme de informações, de pesquisas e vai mergulhando nos temas e vai visualizando Casa-Grande & Senzala e tantos outros livros.” Além do clássico mais conhecido, estão na lista dos prediletos de Gilberto Freyre Neto as obras Assombrações do Recife Velho, Açúcar, os Guias Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife e da cidade de Olinda, além do seu favorito Sobrados e Mucambos. “Foi em cima da obra de Gilberto que eu naveguei pelo acesso e até pela responsabilidade que tive quando me tornei superintendente-geral da Fundação Gilberto Freyre durante muito tempo. Fazia parte do desafio conhecer mais a obra, até para apoiar a sua preservação. Sem dúvida, um dos maiores legados que o brasileiro pode deixar ao seu País, é uma análise, uma referência para as próximas gerações. O olhar de Gilberto sobre o Brasil sempre foi muito positivo e agora a gente precisa pagar o preço dessa análise e transformar no futuro aquilo que Gilberto pensou no passado”. Sobre Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freyre Neto considera ser uma obra que não foi construída dentro de uma biblioteca, mas de todas as lições e fontes que o escritor bebeu em suas andanças pelo mundo. Apesar de ter escrito o livro aos 33 anos, o neto lembra que o avô já era um autor com vasta experiência pelos artigos que escrevia para o Diario de Pernambuco desde os 15 anos de idade. É dessa habilidade e do olhar apurado que ele construiu a obra que provoca debates 90 anos depois. “Vai ser sempre um livro bastante quente no sentido do debate, porque ele tem esses componentes de trazer a riqueza que é a sociedade brasileira, que começa dentro dessa tríade do branco, do preto, do índio — ou do europeu ibérico, do africano da Costa Ocidental Subsaariana e do ameríndio brasileiro. Um mix que justifica uma série de comportamentos dessa sociedade que temos hoje. Eu acho que esse é o desafio de Casa-Grande & Senzala: fazer com que as pessoas reflitam sobre o que elas são hoje a partir de um olhar que foi congelado no tempo há 90 anos. As críticas evoluíram e evoluem cotidianamente e são hoje críticas novas, na sua maioria que explicam, que justificam e que demonstram que a obra não é um livro importante apenas para o Brasil, mas justifica o comportamento do homem em muitas partes do mundo”, avalia Gilberto Freyre Neto. *Rafael Dantas é jornalista e repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com) LEIA TAMBÉM 90 anos de Casa-Grande & Senzala: uma obra ainda atual

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capa 247 casa grande

90 anos do clássico Casa-Grande & Senzala: uma obra ainda atual

Ao completar 90 anos, Casa-Grande e Senzala permanece essencial para compreender o Brasil *Por Rafael Dantas A obra prima de Gilberto Freyre, Casa-Grande & Senzala, completou 90 anos. Inovador na escrita, na metodologia e no conteúdo, o autor e seu primeiro livro seguem alvos de debates dos mais acalorados no País. Criticado e elogiado, o clássico analisou a formação da sociedade brasileira, destacando a influência da miscigenação cultural num período em que se fortalecia o racismo no mundo. O lançamento de Casa-Grande & Senzala coincide com o ano de chegada ao poder do nazismo. “É o momento em que Hitler ascende ao governo na Alemanha com a proposta de criar uma raça especial, branca, ariana. Aqui no Brasil surge Gilberto Freyre com Casa-Grande & Senzala ressaltando a importância da presença dos afrodescendentes no Brasil, indicando que aquela visão que se tinha do que poderia ser um país com um futuro nefasto ou imprevisto, seria exatamente o contrário. Essa seria a riqueza que o Brasil poderia trazer no contexto da humanidade. Na contramão do pensamento ariano, que passava a predominar na Europa”, analisou o pesquisador Túlio Velho Barreto, na abertura do 1º Seminário do Pensamento Social Brasileiro, promovido pela Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco). O evento mobilizou pesquisadores de todo o País para discutir Por que (ainda) ler Casa-Grande & Senzala 90 anos depois? Como um clássico, o livro que dissertou sobre as interações entre senhores e escravizados, explorando as complexidades do sistema escravocrata e sua influência na identidade nacional, ajudou a explicar o Brasil do início do século passado e hoje contribui para entender os legados deixados por essa formação baseada nas relações familiares patriarcais e na economia da monocultura agrícola. “A história de contato das raças chamadas superiores com as consideradas inferiores é sempre a mesma. Extermínio ou degradação”, escreveu Freyre, há 90 anos. Embora o autor tenha denunciado a violência da colonização, ele é apontado pelos críticos como alguém que também suavizou a percepção das tensões do sistema escravista que imperou no País por séculos e deixou suas marcas até os dias de hoje na sociedade brasileira. O sociólogo Jessé Souza, conferencista do seminário promovido pela Fundaj, explicou que o racismo era explícito e predominante mesmo entre os intelectuais no início do século passado. Quando Freyre nasceu, por sinal, havia passado apenas 12 anos da assinatura Lei Áurea, que marcou oficialmente o fim da escravidão no Brasil. O pensador considera que o mestre de Apipucos é um ponto de ruptura desse pensamento no País. “Quem foi que possibilitou transformar esse racismo explícito? Todos os intelectuais, até os anos 1930, eram racistas. Sem exceção. Aí chega Gilberto Freyre, em 1933, e mostra essa relação, em que a cultura negra passa a ser vista como um dos suportes fundamentais da sociedade brasileira”. INEDITISMOS DE GILBERTO FREYRE “Freyre é mais progressista do que todos os intérpretes, fora o Florestan Fernandes, que vão existir depois dele”, analisa Jessé Souza, que nomeou Gilberto Freyre como o “pai espiritual do Brasil” pela sua contribuição à compreensão fundadora do País. “Freyre criou a imagem que cada um de nós tem na cabeça, inconscientemente, pré-reflexivamente, quando se fala sobre o Brasil. O que me chamou atenção foi a centralidade do tema da escravidão. Ele é o único que põe a escravidão explanando o fundamento da sociedade brasileira”. Para celebrar o marco dos 90 anos da obra, que segue revelando o Brasil, o professor de sociologia Cauby Dantas, da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), coordenou os trabalhos do Núcleo de Estudos Freyreanos para discutir a importância do livro. “O primeiro elemento de contribuição de Casa-Grande & Senzala é a própria operacionalização do conceito de cultura, que ele aprendeu estudando com Franz Boas (antropólogo alemão, considerado o pai da antropologia americana).Além disso, a obra traz muitas outras inovações, como a própria narrativa, com uma linguagem solta, antiacadêmica, em tom ensaístico, e isso é novo”, explica. Assim como Jessé Souza, Cauby ressalta o ineditismo de Freyre ao fazer um movimento inverso ao pensamento majoritário da época sobre a relação entre as raças. “O elogio e a valorização que ele faz da miscigenação também são inéditos", completou. A percepção de Freyre sobre as contribuições dos negros na formação do Brasil, segundo Jessé Souza, provoca uma inibição da visão racista explícita no País, que usará de outros caminhos para se perpetuar nas décadas seguintes. “Quando se proíbe ou se interdita o racismo no espaço público, esse racismo continua. Vai ser usado sob outras mil máscaras”. A continuidade da escravidão e do seu legado é um dos aspectos do Brasil atual que merece ser observado nessa incursão na obra de Freyre. “De que modo a escravidão continua até hoje?”, questiona Jessé Souza. Apesar de não existir pelourinho em praça pública, nem os trabalhadores andarem algemados, ele observa a continuidade dessa relação em vários aspectos do trabalho no País. “As pessoas imaginam que escravidão é aquilo que houve nas fazendas do Rio Grande do Sul. Mas isso é uma cegueira enorme. A escravidão está aí, em todo lugar. Precisamos vê-la. Quando se cria uma classe de pessoas condenadas ao trabalho muscular, você está criando escravos. Como é que o fundamento escravocrata continua até hoje sem mudança? Uma sociedade, assim como um indivíduo, só muda com autocrítica. Se você não se autocriticar, vai continuar com outras máscaras”, completou o sociólogo. Jessé Souza explica que Casa-Grande & Senzala é a obra que explica a gênese da sociedade brasileira, ao relevar não apenas a escravidão, mas ao trazer um aspecto de gênero também. Ele conta que Freyre ressalta a quantidade de mulheres que vêm ao País escravizadas. “Ele vai dizer depois, em Sobrados e Mucambos, que o grande problema do Brasil, mais que o racial, é o de gênero”, destaca. Um passado violento contra as mulheres que continua em vários aspectos disseminado na sociedade brasileira. A variedade de fontes e de temáticas tratados por Freyre, como a vida privada, o cotidiano e o sexo são outros paradigmas quebrados pelo sociólogo. O pesquisador da UFPB conta que

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