Arquivos Cultura e história - Página 5 de 358 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Cultura e história

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Frei Caneca: um herói esquecido pelo Brasil

Aos 200 anos de sua morte, o mártir permanece pouco lembrado no País e mesmo em Pernambuco, apesar da sua importância para a independência do Brasil *Por Rafael Dantas Há 200 anos, o Frei Caneca vivia seus últimos dias. Preso na capital pernambucana, o religioso e líder revolucionário, que participou dos dois maiores movimentos políticos da história de Pernambuco, seria executado pelos seus feitos e por suas ideias no dia 13 de janeiro de 1825. O grande pensador da Confederação do Equador e sobrevivente da Revolução Pernambucana de 1817 foi fuzilado, mas sua mensagem permaneceria viva. Ainda que até hoje não tenha o reconhecimento merecido, nem em Pernambuco, nem no Brasil. Mais que uma liderança política local, Frei Caneca é um dos grandes revolucionários do País. As repetidas amputações do território Pernambucano, que perdeu muito da sua extensão para a Bahia e para Alagoas, foram represálias aos movimentos da então província que balançaram o Reinado de Dom João VI em 1817 e o Império de Dom Pedro I em 1824. As rupturas com o poder central e a conclamação de outras províncias para a construção de um País com um sistema de governo mais sofisticado indicam a força desses movimentos. Mesmo com poucos meses de resistência, ambas as revoluções vividas por Frei Caneca foram marcadas por batalhas, com muitos mortos, articulações políticas intensas e mensagens em prol de uma ordem política muito avançada para a época. É por esses e outros motivos que muitos historiadores comparam a dimensão dada no País a Frei Caneca e a Tiradentes. Ambos terminaram mortos com as revoluções com as quais se envolveram. Mas enquanto o mineiro Joaquim José da Silva Xavier virou um mito nacional, com uma praça monumental em sua homenagem em Ouro Preto e registros fartos nos livros didáticos, as reverências ao pernambucano Joaquim da Silva Rabelo são muito mais tímidas, mesmo no Estado de Pernambuco. UM LÍDER POLÍTICO INTELECTUAL Frei Caneca não foi o presidente da Confederação do Equador, mas de longe é o mais reconhecido. Vindo de uma família humilde, que morava num local considerado periférico do Recife na época, ele era um intelectual. Com os ideais que aprendeu nos livros que teve acesso em seus estudos, com especial atenção ao período do Seminário de Olinda, o religioso contestou Dom Pedro I. “Mesmo jamais tendo saído da sua província natal, exceto pela temporada na Bahia, ele se tornou um dos homens mais cultos e um dos maiores pensadores políticos do País, além de notável poeta. Juntando-se a isso muita coragem, energia, carisma e capacidade de comunicação, afora um grande amor pelo povo brasileiro, reuniram-se nele os ingredientes para formar um líder político como jamais se vira antes por aqui”, escreveu sobre Frei Caneca em seu livro Pernambuco - Histórias e Personagens do jornalista Paulo Santos de Oliveira. Os principais embates que levaram a Confederação do Equador em 1824 eram relacionados ao autoritarismo de Pedro I. A centralização do poder nacional, ainda hoje questionada, estava no foco do problema naquele ano. Dom Pedro I havia indicado para governar Pernambuco Francisco Paes Barreto. Porém, os pernambucanos escolheram Manoel de Carvalho. Um ano antes, o monarca havia ainda dissolvido a Assembleia Constituinte e criado ele mesmo um projeto de constituição, também rejeitado por suas ideias centralistas e autoritárias. “A gente pode considerar o Caneca como um ideólogo. Parte das questões relacionadas com a ideologia do movimento de 1824 era sobre os enfrentamentos de entendimento do que seria pátria, cidadão e república. Ele fala muito sobre a federação. Ação política em direção à concentração de poderes na mão do Executivo – no caso, o imperador – fez com que o Frei Caneca rechaçasse todo esse modelo que considerava já ultrapassado diante dos novos momentos que se viviam, já depois da Revolução Francesa e de muitas revoluções liberais”, afirmou o historiador e professor da Unicap Flávio Cabral. ENFRENTAMENTO AO AUTORITARISMO Havia um conjunto de pensamentos defendidos por Frei Caneca que representava um verdadeiro terremoto no sistema escravista, centralizador e com forte influência lusitana do Brasil da época. E diante de um líder autoritário, como Dom Pedro I, ter um habilidoso intelectual em Pernambuco era um problema. Embora seja lembrado principalmente por 1824, Caneca já estava presente em 1817. O professor Flávio Cabral rejeita a ideia de que ele era apenas um mero estagiário nesse primeiro movimento, mas destaca uma atuação forte do jovem no primeiro levante contra a Coroa Portuguesa. “Eu encontrei uma documentação que afirmava que Frei Caneca distribuiu panfletos na hora da bênção da bandeira de Pernambuco, onde hoje é a Praça da República. Ele saiu pelo meio do povo entregando panfletos, falando sobre a nação, glorificando a pátria naquele momento histórico. Por sua atuação, ele foi preso após a revolução na Bahia e só foi sair em 1821 da cadeia”, afirmou o pesquisador, que lembrou ainda que o líder escreveu um Plano de Educação para Pernambuco durante o Governo de Gervásio Pires. “Era fabuloso! Na época, a educação no País não existia, mas ele chega a apresentar à Junta de Governo um plano interessantíssimo”. O próprio fato de ser um religioso enfrentando a maior autoridade do País por si já era um fato político revolucionário para o pesquisador Carlos André Silva de Moura, que é historiador e professor da Universidade de Pernambuco. “Todos os ideais do Frei Caneca foram revolucionários. Desde ser um padre que questionou o status quo daquele período à possibilidade de rompimento com o governo central. Imagine um padre, que tem toda uma tradição, uma necessidade de uma hierarquia, questionar o governo central! Isso no Século 19 era algo muito difícil”, salientou. Unir carisma, força política e intelectualidade não é uma tarefa fácil sequer no Século 21. Mas Frei Caneca conseguiu unir essas habilidades em pleno Século 19 – sendo religioso e político – com outra característica muito valorizada atualmente: a capacidade de comunicação. UM COMUNICADOR ACIMA DA MÉDIA Como religioso, Frei Caneca era um orador, que mesmo muito jovem foi professor de uma disciplina de retórica. Ele

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Restauro dos paineis da Sala dos Academicos da APL

Restauração de Pinturas Murais do Século 19 na Academia Pernambucana de Letras

Obra de Eugène Lassailly é restaurada para preservar o patrimônio histórico do Recife A Academia Pernambucana de Letras (APL), localizada no bairro das Graças, no Recife, está realizando um minucioso processo de restauração de suas pinturas murais do século 19. As obras, de autoria do pintor francês Eugène Lassailly, decoravam a antiga sala de jantar do casarão e retratam cenas de paisagens, naturezas mortas e atividades cotidianas da época, como caça e pesca. Encomendadas pelo comerciante português João José Rodrigues Mendes, as pinturas datam da década de 1860 e fazem parte da história cultural da cidade. As intervenções no local ao longo dos anos, incluindo uma na década de 1970, resultaram em danos significativos nas obras. Entre os problemas estavam infiltrações, rachaduras, abrasão e descolamento da camada pictórica. "Houve uma intervenção na década de 1970, mas infiltrações provocaram a degradação das pinturas. As paredes que não sofreram tanto com infiltrações nos deram a referência para restaurar todas as pinturas da sala, como elas eram originalmente", explica a restauradora Suzana Omena, fiscal do projeto. O trabalho de restauração, coordenado pela produtora Arkhé Cultural com o apoio do Funcultura, exige uma atenção detalhada na remoção das camadas de tinta que cobriam as pinturas originais. "É um trabalho minucioso, praticamente um processo cirúrgico. Você tem que remover camada por camada das tintas colocadas por cima das pinturas, mas preservar o que está por trás, que nem sempre a gente sabe como está", conta Walas Fidélis, coordenador da equipe de restauro. O projeto visa não apenas a preservação das obras, mas também o resgate da história do casarão e sua importância cultural para o Recife. A primeira fase da restauração está prevista para ser concluída até o fim de janeiro, quando a Sala dos Acadêmicos será reaberta ao público, permitindo que todos possam apreciar a riqueza histórica e artística do imóvel.

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Mãos dadas com a natureza

*Por Paulo Caldas É tempo de vivenciar os encantos da Mata Atlântica. Para estas férias, que tal abraçar um manifesto lírico de amor à natureza protagonizado por Lelê? A guardiã encantada surgida da verve de Carmem do Prado e Sandra Moraes ganha status de literatura infanto-juvenil com as ilustrações concebidas pelos traços, cores e formas de Vico Soares. Neste "Guardiões da Mata" nascido entre mistérios e maravilhas da Mata Atlântica, a magia da natureza se impõe soberana diante do vento que rege as folhas em um cenário regado por riachos e corredeiras, ao sussurro dos bambus se amando onde habitam milhares de vidas: espécies animais, vegetais, fungos... E seres fantásticos, prontos para defender a harmonia e o equilíbrio da natureza: o Saci Pererê brincalhão, o Curupira dos pés virados para trás, a Comadre Florzinha, bonita e cheirosa com um bicho- preguiça grudado às costas. Da publicação constam fotos do acervo de Carmem do Prado, Kim Parra, Carol Mayer, Getty Images. O livro tem elogiável projeto visual, impresso em papel couchê e policromia. Os exemplares podem ser adquiridos na Livraria Impresso, localizada na biblioteca da EIA Unidade Kids, km 07 ou através do fone/Whatsapp 98289-3131, ou @eiaescolainternacionaldeal5894 *Paulo Caldas é Escritor

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Recife meu amor

Megamurais no Recife: Galeria de arte a céu aberto

Além de embelezar o centro, o edital Megamurais favorece a revitalização da região e também contribui para a valorizar e dar oportunidades aos artistas urbanos *Por Rafael Dantas Que o Recife é um berço da arte, não é novidade para ninguém. O que surgiu como uma inovação em meio aos edifícios dos seus bairros centrais são os megamurais em homenagem às manifestações musicais locais, que começam a embelezar a cidade e a impulsionar a visibilidade do grafite recifense. A partir de um edital público, foram selecionados 24 projetos para dar mais cores ao cinza urbano da Boa Vista. A capital pernambucana foi escolhida há três anos pela Unesco como um dos destinos globais da música, unindo-se à Rede de Cidades Criativas. A iniciativa já ganhou as fachadas de nove prédios e até o final do ano outras construções receberão a criatividade e a assinatura dos artistas urbanos. O projeto dos megamurais no Recife, idealizado em 2021, tem como objetivo transformar a paisagem urbana da cidade por meio da arte. A iniciativa, coordenada pelo Gabinete de Inovação Urbana da Prefeitura do Recife, em parceira com o Recentro, busca revitalizar espaços públicos e criar uma verdadeira galeria de arte a céu aberto. A previsão é que, até o final do ano, o circuito tenha até três novas obras de grande escala. Além de embelezar o Centro da cidade, a secretária-executiva, Flaviana Gomes, ressalta o impacto positivo do projeto. “A arte tem esse poder de transformação, de atrair o turista e impactar a economia criativa, a cultura e o conhecimento.” Ela ressalta que a iniciativa também promove a inclusão social, pois muitos artistas envolvidos vêm de periferias e trazem suas histórias e forças para as criações que vão marcando a paisagem urbana dos recifenses. O esforço do Recife de investir nesses megamurais faz parte de uma tendência crescente de utilizar murais gigantes como uma forma de revitalização urbana em cidades ao redor do mundo, segundo o professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Thiago Soares. Essa prática visa a transformar áreas urbanas cinzentas e sem vida, marcadas pela predominância de concreto, em espaços vibrantes e visualmente atraentes. “A elaboração dos murais na cidade coloca o Recife dentro de um circuito um pouco mais global, que eu acho que no Brasil teve início em 2016, na ocasião dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quando o grande muralista Eduardo Kobra pintou uma série de murais numa área que era muito árida no Rio de Janeiro.” O pesquisador avalia que a presença dessa arte em grande escala nas fachadas de prédios e em espaços públicos promove uma conexão mais profunda entre os cidadãos e a cidade. RECONHECIMENTO PARA A ARTE URBANA As telas gigantes estão mudando a concepção da cidade acerca do trabalho desses artistas urbanos. Essa é a percepção que eles relatam após executar os painéis. Uma maior compreensão da manifestação artística do grafite e, mesmo, mais oportunidades de trabalho são mencionados por todos. “Cada megamural entregue repercute na cena artística como um todo, não só dos coletivos artísticos. Reverbera para a classe”, ressalta Flaviana. Essa abordagem valoriza a arte urbana e fortalece os vínculos entre a cultura local e a população. Um dos nomes que teve a oportunidade de assinar um megamural na cidade foi Marquinhos ATG, nome artístico de José Marcos Santos. O projeto Recife Meu Amor, no Edifício Santa Apolônia, proporcionou um reconhecimento maior do seu trabalho no cenário artístico, abrindo portas para novas oportunidades. Ele consolidou parcerias importantes com empresas, como a Iquine, e ampliou seu portfólio com projetos de grande escala. “Meu maior projeto é levar minha arte para cada vez mais lugares, para mais longe”, diz Marquinhos, expondo o desejo de ampliar o alcance da sua arte. O trabalho de Marquinhos ATG, marcado por temas como o ser feminino e a religiosidade, já tem atravessado fronteiras. Seu talento e dedicação o levaram a realizar murais em diversas cidades do Brasil, como Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza. A participação no projeto dos Megamurais trouxe ainda mais legitimidade para a trajetória de Micaela Almeida. Ela tem observado um aumento no respeito pela arte urbana no Recife, que antes enfrentava preconceito. Ela é a autora do painel Naná Vasconcelos, Sinfonia e Batuques. A obra de Micaela Almeida preenche nada menos que 200 metros quadrados do Edifício Guiomar, que fica em frente ao Parque 13 de Maio e bem próximo da Faculdade de Direito do Recife. “Profissionalmente falando, é um trabalho que fica mais exposto, isso traz um reconhecimento da mídia e da população, legitimando minha trajetória. Além dessa legitimação profissional, vemos pessoas respeitando mais a arte em si, vendo a importância do impacto da arte na cidade.” A seleção para participar de um festival internacional com mulheres no Peru é uma das novidades na sua carreira após expor sua obra a um público tão amplo na capital pernambucana. Ela foi uma das poucas grafiteiras do Brasil selecionadas e a única do Nordeste. BOLHAS “FURADAS” E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL A participação de Nathê Ferreira no projeto dos Megamurais representou uma nova fase em sua carreira, trazendo uma maior dimensão ao seu trabalho. O painel Nossa Rainha já se Coroou, assinado por ela e por Fany Lima no Edifício Almirante Barroso, não apenas expandiu seu alcance artístico, mas também quebra barreiras, atingindo novos públicos. "O megamural furou bolhas, alcançando pessoas que nem sequer pensavam em grafite. Ele consegue atingir muito mais gente". Ela lembra que já teve prédios pintados em São Paulo, mas esse foi seu primeiro no Recife. Ela avalia que a experiência também contribuiu para o desenvolvimento de um mercado local para esse tipo de arte e de produção, um fenômeno que ainda estava em formação. O projeto está estimulando uma cadeia de prestadores de serviços para esse segmento, segundo Nathê. Além de seu impacto artístico, a grafiteira vê essa arte como uma ferramenta de transformação social e econômica. Ela, que nasceu e foi criada no subúrbio de Jaboatão

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5 fotos da Rua do Sol antigamente

Rua do Sol. O nome é pelo fato de ser iluminada na maior parte do dia. Hoje ela é apenas uma via com pouca vida, mais um lugar de passagem. Mas no passado não era assim. Passeios públicos privilegiados e aa proximidade do Teatro Santa Isabel, do Palácio do Campo das Princesas e da Antiga Casa de Detenção faziam dela uma rua bastante movimentada. Os jardins e o vasto espaço para os pedestres representam um Recife mais bucólico e, aparentemente, mais agradável e humano. Na primeira foto temos ainda o registro de veículos de tração animal na cidade. Mas é nesta rua que em 1867 é construído um ponto de embarque para a Maxambomba - um serviço de transporte da companhia Brazilian Street Railway Companny Limited. Todas as fotos foram retiradas do acervo da Villa Digital, da Fundação Joaquim Nabuco. (Clique nas imagens para aumentar) 1900 (foto do Acervo Benício Dias) 1900 (Foto Studio Recife, no Acervo Josebias Bandeira) 1915 (foto de Eugenio Nascimento, do Acervo Josebias Bandeira) 1920 (Acervo Benício Dias) Rua do Sol (sem data - Acervo Josebias Bandeira) Se você tem imagens antigas do Recife, nos envie pelo e-mail: rafael@algomais.com

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100 anos de Abelardo da Hora: o artista da beleza e da denúncia social

Com obras espalhadas pelas ruas e praças do Recife, Abelardo da Hora é lembrado no seu centenário por suas criações, que revelam flagelos como a fome, mas também a beleza feminina. No seu legado, está ainda a generosidade em formar novos talentos e levar a arte para o povo. *Por Rafael Dantas Esculturas, gravuras, cerâmicas, tapeçarias e até brinquedos são algumas das tipologias da arte por onde as mãos do artista Abelardo da Hora deixou sua marca. A obra imensa está distribuída por muitas praças, ruas e galerias – não apenas da capital pernambucana. Peças que, neste ano do centenário do seu criador, merecem um novo olhar dos recifenses e de quem visita a cidade. A criatividade e a habilidade desenvolvida como autodidata – embora tenha estudado na Escola de Belas Artes do Recife – estiveram a serviço de muitas missões, mas as principais foram a denúncia contra a desigualdade social e as suas paixões pelas mulheres e pela cultura local. Um dos grandes diferenciais das obras de Abelardo da Hora é o fato de muitas delas estarem nas ruas. Os Monumentos ao Frevo, na Rua da Aurora, o Maracatu, ao lado do Forte das Cinco Pontas, e os Retirantes, no Parque Dona Lindu, são apenas algumas das tantas que embelezam a cidade. Além das esculturas, o artista deixou muitos painéis em cerâmica espalhados pelo Estado. Eles estão, por exemplo, nas fachadas dos centros de saúde construídos durante o Governo de Eduardo Campos, como nos hospitais Miguel Arraes, Dom Helder Câmara e Pelópidas da Silveira. Mesmo aos estudiosos e apreciadores da sua arte, não é fácil escolher as principais obras, muitas delas doadas para a cidade. Todas elas com mensagens que respondiam às questões da humanidade nunca resolvidas ou às necessidades do seu tempo. Pouco conhecidos por sua assinatura, por exemplo, são os brinquedos do Parque Treze de Maio. Em uma época que os escorregos eram de madeira e que se registrou a colocação de giletes para machucar as crianças, Abelardo desenhou brinquedos de concretos para garantir a segurança dos pequeninos. “Ele foi um dos precursores do Modernismo no Brasil com sua escultura. Foi responsável por movimentos culturais de maior destaque do nosso Estado e participante dos mais relevantes do nosso País, como a Sociedade de Arte Moderna, o Ateliê Coletivo e o Movimento de Cultura Popular. Há quem diga que também é um precursor do Manguebeat, com sua Coleção Meninos do Recife, que ilustrou a edição Europeia de Geografia da Fome, de Josué de Castro”, destacou Lenora da Hora, filha do artista e presidente do Instituto Abelardo da Hora. A inovação, uma das marcas de sua vasta trajetória, foi mencionada em uma declaração que Abelardo fez ao Diario de Pernambuco em março de 1948, pouco antes da sua primeira exposição. “Sou o primeiro escultor pernambucano a fazer, ultimamente, uma exposição no Recife. Além dessa nota inédita, creio revestir-se a exposição de um cunho renovador para a escultura no Brasil. (…) É bastante atual. Os temas das minhas esculturas são na sua maioria o retrato deste após-Guerra.” Uma das obras icônicas dessa exposição inaugural é A Fome e o Brado. INFLUÊNCIA NA CIDADE E NA CLASSE ARTÍSTICA Uma das grandes contribuições do artista para a cultura pernambucana foi nas políticas públicas. Além de ter ocupado cargos do alto escalão da gestão municipal em diferentes momentos, Abelardo foi idealizador da lei municipal que estabelece a obrigatoriedade das obras de arte nas edificações. O marco legal previa que as construções na capital pernambucana, a partir de mil metros quadrados, deveriam destinar 1% do valor bruto da construção para instalação de uma obra de arte. A peça deveria estar em sua fachada. Nos últimos anos de sua vida, Abelardo reclamou que a lei não funcionava a contento pois muitos arquitetos estavam a simplesmente reproduzir formas geométricas e chamar de escultura. Ele defendeu em entrevista ao Diario de Pernambuco, em 2013, que deveriam ser criados critérios para aprovar as obras. Independentemente das críticas à aplicação mais recente dessa legislação, a sua instituição, há mais de 80 anos, tornou o Recife uma galeria de esculturas a céu aberto. Essa obrigatoriedade abriu mercado para muitos artistas na cidade. “Tinha um sentimento de democratizar a cultura e a arte, como o fez ao criar nos anos 1960 as Praças de Cultura. Seu interesse era levá-las para a rua, para que não ficassem elitizadas, apenas, nos recintos fechados das galerias e dos museus, para que todos tivessem acesso. A lei serviu de inspiração para outras cidades brasileiras e até para fora do Brasil”, disse Lenora. Sua preocupação de levar a arte para a cidade – e também de garantir trabalho para a classe artística local – está apontada desde o início da sua carreira. Em 1948, ele apresentou na sua exposição inicial, além das esculturas, maquetes para túmulos e mausoléus. Na ocasião recomendou aos pernambucanos que procurassem artistas locais para fazer essas obras fúnebres. “Gostaria que todos os pernambucanos que mandam fazer túmulos e mausoléus no Rio e em São Paulo soubessem que essas obras são executadas quase sempre por nortistas que residem no sul. E toda essa gente bem que podia mandar fazer estas obras por artistas de sua província. Assim ajudariam os pobres escultores a viver na sua terra, trabalhando e estudando. E garanto que ninguém seria explorado ou roubado.” No campo educacional, alguns dos mais destacados nomes das artes plásticas de Pernambuco foram alunos de Abelardo da Hora. Gilvan Samico, Aluísio Magalhães, José Cláudio e Francisco Brenannd foram alguns dos integrantes desse time. “Ele foi mestre de uma geração de artistas pernambucanos que se destacou em todo o Brasil. Tinha interesse em fundar uma faculdade de arte, para ensinar muitos jovens, nos mesmos moldes da que já tinha sido criada anteriormente e desmontada pela ditadura”, contou Lenora da Hora. Além dos nomes mais conhecidos que passaram por seus ensinamentos, o artista foi um promotor de muitas oportunidades de formação artística na cidade, como docente, em vários lugares até como voluntário. Apesar de ter vivido

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ARIANO RIOMAR

Final do ano com agenda cultural cheia em Pernambuco

Dezembro celebra Ariano Suassuna com filme e exposição imersiva O legado de Ariano Suassuna ganha destaque neste dezembro no Recife com a estreia de "O Auto da Compadecida 2" e a exposição imersiva “O Auto de Ariano, o Realista Esperançoso” no RioMar Shopping. A mostra, maior do gênero no Brasil, ocupa 1.200 m² e explora a vida, obra e amores do autor por meio de cenografia detalhada, manuscritos, fotos raras e peças pessoais, proporcionando um mergulho único na cultura popular nordestina. O cineasta Guel Arraes, diretor do longa, visitou a exposição e destacou: "Faz você reviver e entrar no universo de Ariano. É surpreendente e imperdível para qualquer pessoa." Com 13 salas, a mostra ainda exibe objetos inéditos, como a cadeira e os trajes favoritos do escritor. Realizada pelo Luzzco em parceria com a família Suassuna e apoio do RioMar Recife, a exposição permanece aberta até 30 de janeiro, com ingressos a partir de R$ 35, disponíveis na plataforma Fever e no App do RioMar. Uma celebração imperdível da genialidade de Ariano. Festival Panela do Jazz retorna a Triunfo com programação cultural diversificada O Festival Panela do Jazz está de volta a Triunfo, no Sertão pernambucano, para uma edição repleta de atividades culturais gratuitas entre os dias 20 e 22 de dezembro. Realizado no Cine Theatro Guarany e em outros locais históricos da cidade, o evento apresenta uma programação que combina shows de música instrumental, masterclasses e a estreia da Feira Literária Germinar – Triunfo das Letras, ampliando o acesso à cultura local e nacional. Com curadoria de Antonio Pinhêiro e Lígia Fernandes, o festival contará com apresentações de artistas renomados como Paula Bujes, Luciano Magno Trio e Marco Cézar & Quinteto Chorado. Além disso, as masterclasses abordam temas como “Rabeca” e “Do Frevo ao Choro”, promovendo aprendizado sobre a música pernambucana. A feira literária, por sua vez, reúne estandes de livros, artesanato, oficinas e apresentações culturais, reforçando o compromisso do evento com a inclusão e a valorização da economia criativa. 29º Encontro de Cavalo Marinho celebra a cultura nordestina em Olinda O tradicional Encontro Nacional de Cavalo Marinho, idealizado por Mestre Salustiano, será realizado no dia 25 de dezembro, às 18h, na Casa da Rabeca, em Olinda, com entrada gratuita. A programação inclui apresentações de grupos como o estreante Cavalo Marinho Boi Estrela do Recife e outras atrações renomadas da região. Mantendo viva a tradição nordestina, o evento destaca terreiradas com músicas, improvisos e danças típicas do Cavalo Marinho, manifestação cultural vinculada às celebrações natalinas. O encerramento da programação acontece no Dia de Reis, em 6 de janeiro, também às 18h, com apresentações gratuitas. Cantata de Natal com crianças da Mata Norte na Livraria Jaqueira A Livraria Jaqueira, no Recife Antigo, recebe nesta quarta-feira (20), às 16h30, uma emocionante Cantata de Natal com 40 crianças do Projeto Minha Primeira Opção. A iniciativa, que promove o contato de crianças e adolescentes da Mata Norte com arte, cultura e direitos humanos, busca auxiliar no desenvolvimento pessoal e superação de dificuldades escolares em ambientes de jornada ampliada. O evento é gratuito e aberto ao público. Ferreira Costa celebra o Natal com workshop, música e chegada do Papai Noel O Home Center Ferreira Costa oferece uma programação especial gratuita para celebrar o Natal. Na loja da Tamarineira, haverá um Workshop de Receitas Natalinas nesta sexta (20), às 15h, em parceria com o Restaurante Fogão do Céu, ensinando pratos como filé de tilápia com batatas rústicas, além de uma Cantata Natalina do Movimento Pró-Criança no sábado (21), às 11h. Já na unidade da Imbiribeira, a magia do Natal será marcada pela chegada do Papai Noel, distribuição de brownies e a Parada Encantada, também no sábado, a partir das 10h. Espetáculo natalino e atrações especiais no Paulista North Way Shopping Neste sábado (21), às 17h30, o Paulista North Way Shopping apresenta a última sessão do espetáculo gratuito "Natal Cintilante", na Área Externa de Eventos, próxima ao Casarão. A peça traz a emocionante jornada de dois floquinhos de neve que se perdem e encontram personagens encantadores, destacando o espírito natalino de união e celebração. O shopping ainda oferece decoração temática, visitas ao Papai Noel na Praça de Eventos até 24 de dezembro e horário especial de funcionamento para garantir a melhor experiência aos visitantes. Shopping Costa Dourada recebe encontro Pokémon GO neste fim de semana O Dia Comunitário de Pokémon GO será realizado neste sábado e domingo (21 e 22), das 14h às 17h, no estacionamento do Shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho. Aberto a todas as idades, o evento inclui captura de Pokémons raros, interação entre jogadores e sorteios. Não é necessário inscrição prévia. Orquestra Capa Bode leva frevo e tradição pernambucana ao sertão paraibano Neste sábado, 21 de dezembro, às 19h30, a Orquestra Capa Bode se apresenta no Centro Cultural Banco do Nordeste de Sousa (CCBNB), na Paraíba. Em comemoração aos seus 135 anos, o espetáculo "O Sopro da Mata" trará frevo, maracatu e ciranda em uma celebração gratuita. Sob a regência do maestro João Paulo Ferreira da Hora, o evento destaca a conexão histórica e cultural entre Pernambuco e Paraíba. Considerada Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2010, a orquestra é reconhecida por seu papel na formação de músicos e preservação de gêneros tradicionais. O maestro João Paulo ressalta a importância do evento: "É raro uma orquestra de sopro circular pelo interior do Nordeste. Estamos honrados em levar nossa música a Sousa e interagir com a cena cultural local." Além de celebrar a longevidade da Capa Bode, o evento reforça os laços culturais entre os dois estados, homenageando nomes como Jackson do Pandeiro e Severino Araújo, que personificam essa rica troca cultural.

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cultura judaica

Festival de Cultura Judaica destaca a paz em sua 32ª edição

A 32ª edição do Festival de Cultura Judaica, promovida pela Federação Israelita de Pernambuco (Fipe), acontecerá no próximo domingo (22), às 16h. Com o tema "Shalom al Israel, veal kol ioshvê tevê!" – que significa "Paz sobre Israel e sobre toda a humanidade!" –, o evento será transmitido pelo canal do YouTube da Federação e contará com inserções gravadas na Sinagoga Kahal Zur Israel, na Rua do Bom Jesus, Recife. A programação celebra a paz por meio de apresentações musicais, leituras, poemas, encenações e depoimentos. Estão confirmados os cantores Joca Perpignan e Ori Harpaz, além de nomes como Fortuna, Santanna - o Cantador, Geni Katz, Ale Edelstein e outros artistas. O evento também contará com a participação de rabinos e líderes judaicos, como Ruben Sternschein, Kelita Cohen, Michel Schlesinger e Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib). Coordenado pelo professor de história judaica Jáder Tachlitsky, o festival promove a arte e a cultura judaica, reforçando valores como cooperação, respeito e justiça. Segundo Boris Berenstein, presidente da Fipe, o evento é um convite à reflexão sobre a paz, tema essencial na tradição judaica e relevante para toda a humanidade. Serviço

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Baile do Menino Deus. Arilson Lopes e Sostenes Vidal interpretam os Mateus. Credito Hans Manteuffel

O maior espetáculo natalino do Brasil chega ao Marco Zero em edição histórica

“Baile do Menino Deus” celebra 21 anos com Lia de Itamaracá, Maestro Spok e reflexões contemporâneas. Foto: Hans Manteuffel A magia do “Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal” retorna ao Marco Zero, no Recife, com uma edição especial que promete emocionar o público. O espetáculo, que será realizado nos dias 23, 24 e 25 de dezembro, às 20h, é o maior evento natalino do país inspirado na cultura brasileira. Transmitido ao vivo pelo YouTube, o auto de Natal une talentos como Lia de Itamaracá, os maestros Spok e Forró, além de uma grande equipe artística que apresenta uma releitura abrasileirada e inovadora do nascimento do Menino Jesus. Celebrando 21 anos de história no Marco Zero e reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife, o “Baile” rompe com os tradicionais elementos importados e valoriza manifestações culturais brasileiras. Pastoris, maracatu, cavalo-marinho e cirandas ganham protagonismo no espetáculo, que já atrai mais de 70 mil espectadores anualmente. “Montar um espetáculo todos os anos em grande escala, ao ar livre, tudo executado ao vivo para milhares de pessoas nos enche de alegria. A 21ª edição será ainda mais surpreendente, trazendo cenas inusitadas que exaltam a força do teatro, da música e da dança com grande elenco”, destaca a diretora de produção, Carla Valença. Entre as novidades, o personagem José, interpretado pelo sanfoneiro paraibano Lucas Dan, terá fala pela primeira vez em 41 anos, declamando um poema de Manuel Bandeira. Lia de Itamaracá, chamada de “deusa e rainha da ciranda”, cantará a música da burrinha Zabilin, enquanto os maestros Spok e Forró fazem sua estreia no palco. “Estou muito feliz por participar do Baile, tão importante para a nossa cidade, o estado, o país”, elogia Spok. Serviço Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal📅 De 23 a 25 de dezembro, às 20h📍 Praça do Marco Zero, Recife🎥 Transmissão ao vivo no dia 25 pelo canal no YouTube: Baile do Menino Deus🎟 Acesso gratuito | Classificação livre⏳ Duração: 80 minutos♿ Acessibilidade: Espaço para cadeirantes, audiodescrição e intérprete em Libras

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EQUIPE SHOW

Forró dos Caetés lança seu novo single com Nailson Vieira

Música é fruto da 3ª edição do “Fábrica de Frevo”, projeto do Paço do Frevo, que seleciona produções inovadoras Renovando o gênero e experenciando novos acordes no frevo, a banda Forró dos Caetés e o cantor Nailson Vieira se unem no projeto Nailson nos Caetés e lançam o single “Não entrego” nesta quarta-feira às 18 horas no Paço do Frevo, bairro do Recife, e em todas as plataformas digitais. A música é uma das obras selecionadas na 3ª edição do “Fábrica de Frevo”, projeto do Paço do Frevo, que seleciona produções inovadoras de dança e música relacionados ao ritmo patrimônio imaterial que chegam para sua renovação, difusão e salvaguarda. “Não entrego” trata da folia de momo e versa sobre a expectativa de um novo carnaval que surge assim que a festa acaba. A música foi composta por Lucas Furtunato e gravada no estúdio Oráculo. A banda é formada por Lucas Furtunato, Rannier Venâncio, Joana Xeba, Guga Amorim, Bruno Nascimento, Leandro Gervázio e Wesley Neves. “Pro Forró dos Caetés é uma alegria imensa poder lançar mais um single nesse 2024, encerrando o ano e já festejando o início do Carnaval. Há pouco lançamos um EP, com músicas novas, e agora trazemos as referências culturais e musicais que compõem nossos caminhos na cultura popular pra celebrar a festa do Carnaval. E fazer tudo isso com Nailson é diferente! Nailson é um parceiro de longa data, que traz sua voz, seu trombone e sua história no Maracatu e no Bloco Rural pra festejarmos juntes essa música.”, disse Lucas Furtunato, compositor da música. O single surge após o lançamento do primeiro EP do Forró dos Caetés, que se notabilizou por desenvolver todas as linguagens do forró de maneira autoral. A canção representa o amadurecimento de um trabalho artístico que une referências musicais e estéticas, com a força da cultura popular da Zona da Mata Norte representada pela participação de Nailson Vieira. Forró dos Caetés nasceu em 2022 e desde então vem fazendo shows na cidade com releituras e canções próprias. Nailson Vieira é cantor, compositor e brincante da cultura popular pernambucana. Busca inspiração nas tradições do Estado e em outras referências. Sua música mescla ritmos como maracatu rural, ciranda, coco de roda, cumbia, brega e pop. Carrega a vivência como brincante do maracatu de baque solto, sendo produtor cultural, trombonista e presidente de agremiação. SERVIÇO:Lançamento "Não Entrego" de Nailson nos CaetésDia 18/12 às 18 horasPaço do Frevo (R. da Guia, sem número - Recife, PE)

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