Economia – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Economia

A interiorização da educação superior e o impacto sobre a economia sertaneja

*Por Geraldo Eugênio A expansão do ensino médio e superior para o interior do País aconteceu em 2004 no primeiro mandato do presidente Lula e é um movimento digno de admiração. Em todo o País foram abertas 14 universidades federais, mais de 120 campi, e centenas de campi dos institutos federais que passaram a oferecer ensino de nível médio e superior. Raros são os países que em pouco mais de uma década ampliaram a oferta de vagas à sua juventude, como o Brasil. A interiorização da educação superior, porém, foi questionada por alguns. Vamos então analisar cada uma das críticas: 1 – Estudantes do interior não seriam tecnicamente preparados para ingressarem em uma universidade. Com o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), ocorreu uma mudança no acesso à universidade. Apesar dos alunos que ingressavam estarem mais qualificados, por terem obtido melhores notas, o diferencial é a motivação. Para a maioria dos jovens do interior entrar numa universidade pública era o sonho que os pais e toda a família alcançaram através dele. Na metade do curso os estudantes do interior das áreas agrárias, em particular, estão tão bem ou mais bem qualificados do que os jovens da capital. Há também exemplos edificantes do desempenho de jovens médicos quando expostos à seleção para residentes em escolas e hospitais exigentes. 2 – Haveria uma superoferta de profissionais formados não passíveis de absorção pelo mercado. O fato é que com a economia dos municípios do interior, mesmo os mais longínquos, estando aquecida, a demanda por pessoas qualificadas aumentou e o aproveitamento dos egressos em áreas como comércio, administração, economia, contabilidade, sistemas de informação tem permitido dizer que a procura seja superior à oferta. As escolas têm feito a sua parte em incentivar a aproximação entre a academia e os empresários e, de forma especial, a inserção do jovem na empresa como estagiário, trainee ou bolsista. 3 – Faltaria qualificação técnica às novas escolas, uma vez que a região não contava com professores pós-graduados e os formados em grandes centros não estariam dispostos a ocupar as vagas abertas. Os investimentos em treinamento de jovens pesquisadores e professores foi intenso nas últimas décadas, permitindo o preenchimento das vagas em qualquer modalidade por profissionais qualificados. Apesar da taxa de fixação ainda ser menor do que se espera, centenas de jovens professores têm o semiárido como sua opção de vida afetiva, profissional e familiar. 4 – A infraestrutura das cidades não comportaria uma expansão acelerada com o número de colaboradores e alunos que demandariam por habitações, escolas, hospitais, comércio, comunicação, logística. A primeira vez que estive em Serra Talhada foi em 1977. A rodoviária do Recife era no Cais de Santa Rita. A empresa que opera a linha desde então era a Progresso, com seus ônibus Mercedes Benz, com o motor na traseira, emitindo calor e ruído. Ao chegar em Serra, onde não existia terminal rodoviário, o ponto de parada era um bar. A cidade tinha poucas opções de restaurante, de comércio e o telefone era algo tão escasso que aqueles que trabalhavam aqui, mas eram de outras cidades usavam o posto telefônico, que contava com o bom atendimento de duas irmãs sempre amáveis e educadas. O lazer semanal era a missa na igreja matriz seguindo-se dos desfiles das jovens a mostrar a beleza e o que tinham de melhor em termos de moda. Aos jovens ainda não comprometidos cabia sentar-se em uma mesa do Morumbi ou de uma barraca em frente à atual agência do Banco do Brasil e esperar um sinal que lhe autorizasse estabelecer um contato e, em sendo bem-sucedido, iniciar um namoro. Hoje, há um consenso entre o povo de Serra Talhada que a instalação da UFRPE-UAST atraiu novos investimentos em educação, dinamizou o mercado imobiliário, demandou novos serviços, um comércio dinâmico, restaurantes, bares, clínicas, hospitais e, em menos de 20 anos, o que e vê é uma cidade que oferece um padrão de vida que não deixa nada a desejar das grandes cidades ou da capital. Com a expansão das escolas, universidades e institutos praticamente consolidada, surge um problema positivo que é a inserção dos egressos no mercado de trabalho. O desafio é cultivar a esperança de jovens que chegaram à universidade, que agora necessitam do suporte de agentes bancários, instituições de fomento, associações de classe e da própria escola para torná-los jovens empresários e empreendedores capazes de acelerar o desenvolvimento regional. O fato é que a educação faz e fará de modo ainda mais intenso a diferença entre o que significa uma região estagnada e outra próspera. *Geraldo Eugenio é professor titular da UFRPE-UAST (Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Serra Talhada).

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Serviços no Brasil avançam, mas Pernambuco registra queda em setembro

Volume de serviços no estado aponta retração, enquanto índice nacional segue em alta Em setembro de 2024, o volume de serviços no Brasil apresentou crescimento de 1% em comparação ao mês anterior, mantendo o avanço observado em períodos anteriores. Em comparação a maio, o aumento foi de 1,7%, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE. Esse resultado sinaliza uma retomada no setor, que vinha de uma ligeira queda de 0,4% em agosto. No entanto, o setor em Pernambuco enfrentou um cenário oposto, registrando um declínio de 1% em relação a agosto, impactando o crescimento acumulado anual. O turismo, componente significativo para o setor de serviços, também teve resultados mistos em setembro. O índice de atividades turísticas no Brasil cresceu 0,5%, com o Rio de Janeiro se destacando devido a grandes eventos, como um festival musical. No entanto, em Pernambuco, o turismo mostrou retração de 2% em relação ao mês anterior, embora acumule alta de 3,1% no ano. Esse desempenho reforça o desafio para o setor turístico estadual de sustentar o crescimento em meio a variações mensais. Óticas Diniz amplia presença em Pernambuco com nova unidade em Olinda A Óticas Diniz, maior rede de óticas com capital 100% nacional e mais de mil unidades no Brasil, inaugurou uma nova loja no Mix Matheus Peixinhos, localizado na avenida Presidente Kennedy, nº 3092, no bairro de Peixinhos, Pernambuco. Esta abertura fortalece a presença da marca na região e marca o início da gestão de Thiago Falcão à frente da unidade, profissional com duas décadas de experiência no setor óptico. O mercado de saúde, beleza e bem-estar, que inclui o segmento óptico, apresentou um crescimento expressivo em 2024, alcançando mais de R$ 14 bilhões em faturamento no primeiro trimestre, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Este avanço representa um aumento de 24,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, destacando a força e o potencial do setor no país. Sodiê Doces inaugura primeira loja em Caruaru e expande presença no Nordeste A Sodiê Doces, maior rede de bolos artesanais do Brasil, inaugurou sua primeira loja em Pernambuco, na cidade de Caruaru, no dia 8 de novembro. Localizada na Avenida Professor José Leão. Com essa abertura, a franquia fortalece sua atuação no Nordeste, onde já conta com 14 lojas em estados como Alagoas, Bahia e Ceará. Com um ambiente acolhedor e design moderno, a nova loja oferece um cardápio com mais de 80 sabores de bolos, além de doces, salgados e bebidas exclusivas. “Estamos felizes em fazer parte da Sodiê Doces, trazendo produtos de alta qualidade para a cidade”, comenta o proprietário Humberto Moura. A loja funcionará de segunda a sábado, das 10h às 19h, e aos domingos e feriados, das 10h às 15h. iFood e Sebrae/PE promovem evento para fortalecer pequenos negócios no Recife O evento “iFood Empreenda Recife”, promovido pelo iFood em parceria com o Sebrae/PE, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Recife e a Abrasel/PE, reuniu pequenos e médios empreendedores do setor de alimentação na segunda-feira (11/11). Realizado na sede do Sebrae, na Ilha do Retiro, o encontro contou com palestras de especialistas e autoridades, incluindo Guilherme Paiva, head de Políticas Públicas do iFood, e a secretária Joana Portela Florencio, abordando temas como a regulamentação do trabalho por plataformas digitais e estratégias para otimizar os negócios. Guilherme Paiva destacou o impacto do iFood em Pernambuco, onde há 11 mil estabelecimentos parceiros, sendo 7 mil MEIs. Leonardo Carolino, gerente do Sebrae para a Região Metropolitana do Recife, afirmou que o evento foi fundamental para debater políticas públicas que promovam um ambiente favorável ao desenvolvimento dos pequenos negócios, essenciais para a economia local. Aeroporto de Petrolina espera alta de passageiros no feriado da Proclamação da República Para o feriado prolongado da Proclamação da República, entre 15 e 18 de novembro, o Aeroporto de Petrolina, administrado pela CCR Aeroportos, estima receber mais de 4.600 passageiros. Com a expectativa de 36 pousos e decolagens, a movimentação será intensa, e o terminal está preparado após reformas que ampliaram o conforto e a oferta de serviços, segundo Jamerson Vasconcelos, gerente do aeroporto.  “O Aeroporto de Petrolina está preparado para receber todos que passarem pelos nossos portões. A reforma entregue esse ano trouxe um terminal mais moderno e confortável, ampliou o leque de pontos comerciais e tornou a estadia ainda mais confortável para os viajantes. Seguimos trabalhando intensamente para que os passageiros embarquem e desembarquem com tranquilidade no sertão pernambucano”, afirma o gerente.

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SUMMIT Petrolina: evento impulsiona energias renováveis com oportunidades de negócios e networking

Encontro reúne investidores, especialistas e empresários para fortalecer o setor no Vale do São Francisco No dia 21 de novembro, Petrolina será palco do SUMMIT 2024, evento promovido pela Associação Pernambucana de Energias Renováveis (APERENOVÁVEIS). Com o Brasil em destaque global na transição energética, o evento acontecerá no Hotel Nobile Suítes Del Rio, das 14h às 21h, e contará com palestras, rodadas comerciais e momentos de networking, consolidando o Vale do São Francisco como referência no setor de energias renováveis. A programação trará palestrantes renomados, incluindo o engenheiro Vinicius Ayrão, especialista em sistemas fotovoltaicos e membro de várias comissões técnicas nacionais. Outro destaque será o advogado Lucas Pimentel, especialista em Direito de Energia e Regulatório, e Thiago Chinen, engenheiro da Canadian Solar e referência em soluções de armazenamento energético. A agenda reforça a importância de práticas inovadoras para a ampliação e eficiência da energia renovável no Brasil, que se comprometeu a aumentar significativamente sua capacidade até 2030. De acordo com Rudinei Miranda, presidente da APERENOVÁVEIS, o evento é “uma oportunidade de acesso às estratégias e conexões que vão transformar o futuro da energia”. Miranda destaca o compromisso assumido pelo Brasil durante a COP 28 de triplicar a capacidade de energias renováveis até 2030, uma meta crucial frente às mudanças climáticas. ServiçoEvento: SUMMIT PetrolinaData: 21 de novembro de 2024Horário: 14h às 21hLocal: Hotel Nobile Suítes Del Rio, Petrolina, PEInscrições: https://aperenovaveis.com.br/summit-2024/ (lote promocional até 17/11)Valor: R$ 100 a R$ 200

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Cenário atual de Pernambuco na internacionalização

*Por João Canto O Estado de Pernambuco tem uma importância histórica tanto em nível regional quanto nacional que não pode ser negada. Desde os primeiros períodos da economia brasileira, Pernambuco se destacou como um dos principais centros econômicos do país, o que o confere características de um estado cuja economia é dinâmica e diversificada em suas atividades. Ao longo de várias décadas, a econômica de Pernambuco apresentava resultados estatísticos que refletiam sua característica importadora. Ou seja, recorrentemente, as importações eram superiores às exportações, o que ilustrava que a economia local estava mais propensa a consumir materiais e produtos importados. Esta característica foi invertida a partir de 2014, conforme apresenta o gráfico abaixo. É possível verificar que o volume financeiro de exportações ultrapassou o volume de importações, se mantendo desde então. Atualmente, podemos considerar que Pernambuco se tornou um estado exportador, uma vez que as estatísticas apontam este perfil na ultima década. Figura – Formatação pelo Autor. Dados: Comexstat No histórico de Pernambuco, um dos grandes motivadores desta inversão da dinâmica de internacionalização é o inicio do polo automotivo em Goiana. O inicio da produção e exportação de veículos aumentou muito o volume financeiro das exportações em função do valor agregado dos carros, contribuindo fortemente na mudança radical da pauta exportadora. As empresas da cadeia automotiva já existente – e as que se instalaram ao longo da década – também contribuem fortemente no resultado. Outros setores produtivos também contribuem de forma importante na pauta exportadora, como produtos derivados de petróleo, químicos, vidros, baterias automotivas, cerâmicas, alimentos, frutas, entre outros além do açúcar – que já consta historicamente na pauta. Figura – Comexstat – https://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis/5/26 Um outro aspecto estatístico importante é a diminuição da participação no comercio exterior, iniciada em 2023. Segundo os dados do Comexstat / Quantum das Exportações, Pernambuco vem apresentando diminuição das exportações. No gráfico abaixo, fica clara a curva em movimento de baixa. Figura – Comexstat, Quantum das Exportações – https://balanca.economia.gov.br/balanca/IPQ/uf_mes.html Vários aspectos que incentivam as empresas a exportarem podem incluir o acesso a novos mercados, permitindo que as empresas ampliem sua base de clientes e potencializem suas vendas. Isso é especialmente relevante para negócios que podem saturar rapidamente o mercado interno, pois a exportação oferece oportunidades de crescimento em regiões e países diferentes. Outro fator importante é a diversificação de riscos; ao operar em mercados internacionais, as empresas podem reduzir sua dependência da economia local, minimizando o impacto de crises econômicas regionais. Além disso, a competição em mercados externos estimula as empresas a melhorar constantemente seus produtos e processos, aumentando a competitividade geral e promovendo inovação. Essa pressão pode levar a investimentos em pesquisa e desenvolvimento, resultando em produtos mais qualificados, não somente internamente na empresa exportadora como também na cadeia de fornecedores, melhorando todo um universo econômico ligado ao produto final. Outro aspecto relevante é a possibilidade de economias de escala, que permitem a redução de custos unitários com o aumento da produção. Isso não apenas melhora a margem de lucro, mas também possibilita que as empresas ofereçam preços mais competitivos no mercado internacional. Por fim, a exportação contribui significativamente para a valorização da marca, elevando sua reputação no cenário global e promovendo a fidelização de clientes, o que pode resultar em parcerias de longo prazo e um fluxo contínuo de receita. Nos últimos anos, o tema de exportação tem permeado várias das pautas governamentais e associativas, fomentando que as empresas busquem se internacionalizar. Os incentivos governamentais, como subsídios e programas de apoio ao comércio exterior, também são fundamentais, pois oferecem recursos e informações que facilitam o acesso a mercados internacionais. Esses fatores, combinados ou não, fazem da exportação uma estratégia atraente e essencial para o crescimento sustentável das empresas. PERNAMBUCO: MEIs e MPE Exportadoras: Segundo dados do levantamento da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX/MDIC (https://balanca.economia.gov.br/balanca/outras/porte/relatorio_porte.html), atualizado em 2024, apontam que a participação de MEI, micro e pequenas empresas nas exportações brasileiras representou um total de 41% do totais de empresas, contabilizando um total de 11.456 dos 28.524 de CNPJs exportadores. Em Pernambuco, no mesmo ano, a participação foi de 31%. Importante comentar que, em relação aos estados da Bahia, Ceará, e Paraíba, Pernambuco possui a menor participação de MEIs e MPEs nas exportações. O gráfico abaixo ilustra a diferença entre os estados, inclusive em relação à média nacional. Figura – Formatação pelo Autor. Dados: https://balanca.economia.gov.br/balanca/outras/porte/relatorio_porte.html Figura – Formatação pelo Autor. Dados: https://balanca.economia.gov.br/balanca/outras/porte/relatorio_porte.html Nota-se uma curva ascendente a partir de 2019, refletindo um movimento de crescimento na quantidade de empresas deste porte no quantitativo de exportadores em cada um dos estados apresentados. Em 2023, Pernambuco apresentou uma redução de 2% na participação de MEI e MPEs exportadores em relação ao ano anterior. *João Canto é vice-presidente do Iperid

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Administrar conflitos: uma realidade da liderança

Um dos principais papéis da liderança é, sem sombra de dúvida, administrar os diversos conflitos que surgem no dia a dia das empresas, já que quando não administrados adequadamente podem impactar diretamente no desempenho dos profissionais, no clima de trabalho e nos resultados empresariais. Com frequência, os líderes relatam dificuldade de lidar com essas situações e demandam, muitas vezes, soluções mágicas para eliminá-las. É preciso compreender que o conflito é inerente à vida, inclusive, das empresas e é um grande indutor de transformações e mudanças, portanto, não é possível eliminá-lo mas, sim, administrá-lo como matéria-prima da ação de qualquer liderança. Apesar de ser vital para o crescimento da empresa, lidar com conflitos gera muito desconforto e, em algumas situações, até sofrimento. Isso porque temos a fantasia de um ideal de harmonia impossível de ser alcançado e o entendimento equivocado de que conflitos significam brigas, por isso frequentemente as pessoas reagem com preconceito, negando ou tentando evitar. Esses comportamentos funcionam como uma espécie de mecanismos defensivos para se proteger. Porém, não tratar ou evitar situações de discordância, confronto de ideias e divergências não favorece o trabalho do líder, pelo contrário, tende à criação de sintomas (que são reações deslocadas dos conflitos) que surgem como atitudes de acomodação, desmotivação, falta de cuidado com a atividade desenvolvida, irritação, entre tantos outros, que podem gerar um descrédito em relação ao líder e maiores demandas de retrabalho, além de tensão no ambiente de trabalho. Mas, afinal, como o líder pode administrar essas situações? Primeiro, entender que qualquer coisa pode ser objeto de conflito (espaços físicos, atribuições confusas, estilos e competências diferentes, recursos etc.) e é a forma como cada um vivencia subjetivamente as situações que fará o conflito ser mais intenso ou não. Depois, admitir que há o conflito sem dramas ou omissões e criar um espaço seguro para que os envolvidos possam falar de suas percepções sem receio de serem punidos. Nesses momentos, o líder precisa ter disponibilidade para escutar, abertura para o diálogo e reforçar com todos a importância de tratar a situação de modo facilitador (sem acusações, afrontas ou desrespeito). É papel da liderança compreender adequadamente a natureza do conflito, o que está em jogo e procurar ser imparcial para facilitar a condução da situação na busca por soluções possíveis para a realidade da empresa, alinhadas às definições institucionais e que, de preferência, sejam construídas em conjunto. Quando o líder tornar uma prática tratar os conflitos e administrá-los bem junto à sua equipe, o resultado é sempre positivo, como uma maior maturidade do grupo, criação de vínculos de confiança, ampliação da autonomia dos envolvidos, além de um clima de trabalho mais saudável. *Carolina Holanda é sócia da TGI Consultoria

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“A eficiência na gestão municipal e capacitação na captação de recursos são fundamentais”

Presidente da Amupe e prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, fala dos desafios dos gestores municipais diante das consequências da Reforma Tributária e da reoneração da alíquota da Previdência Social. Também informa as iniciativas da associação para auxiliá-los nessas questões e nas ações que visam contribuir com a qualidade da gestão e com a obtenção de investimentos. Os municípios pernambucanos e brasileiros enfrentam uma série de desafios de gestão e de orçamento, conforme ex plicou Marcello Gouveia, presidente da Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco) e prefeito de Paudalho. Entre as preocupações que estão no radar das prefeituras, ele destacou a discussão da reforma tributária e as reonerações previdenciá rias, que impactam diretamente as finanças municipais e de mandam ajustes nas estratégias de arrecadação e gestão. Para enfrentar esses obstáculos, ele considera que é fundamental fortalecer o movimento municipalista brasileiro, bem como a própria capacitação dos gestores e de suas equipes, preparando-os para lidar com as complexidades fiscais e legais que afetam o trabalho das prefeituras. Além de discutir esses desafios, em entrevista ao repórter Rafael Dantas, o prefeito apresentou iniciativas da Amupe voltadas para o fortalecimento das administrações locais. A entidade também está implantando um setor de captação de recursos e planeja um núcleo de engenharia, que deve funcionar já no começo de 2025, para auxiliar municípios menores em obras de infraestrutura. Com essas iniciativas, a entidade busca não só otimizar a gestão pública, mas também ampliar o acesso a novas fontes de financiamento para atender às demandas da população. Nesta semana, em Gravatá, Gouveia espera receber aproximadamente 150 prefeitos, recém-eleitos ou reeleitos no Seminário Novos Gestores, nos dias 11 e 12. Diante dos 185 municípios pernambucanos, a adesão esperada ao evento, focado em capacitação, supera os 80% de representatividade dos gestores que estarão à frente das prefeituras do Estado a partir de janeiro de 2025. Hoje, o que o senhor apontaria como o maior desafio para a gestão dos municípios? O maior desafio ainda é a Reforma Tributária. Ela vai nortear os rumos do Brasil nos próximos 20 anos. Neste momento, a CNM (Confederação Nacional dos Municípios) e a Amupe estão de olho principalmente nos movimentos da aprovação das leis complementares da reforma. Outra preocupação central é a questão previdenciária. Ela permanece como um dos grandes de desafios, pois foi aprovado entre o ano passado e este ano a desoneração, mas também terá reoneração. É preciso aumentar a arrecadação dos municípios para conseguir pagar o acréscimo das reonerações nas previdências do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Outro desafio é para a capacitação e formação dos novos quadros e de gestores municipais para dar continuidade ao trabalho das prefeituras que estão encerrando seus ciclos. Como o senhor mencionou, algumas das bandeiras dos prefeitos são as dívidas previdenciárias e a desoneração da folha de pagamento dos municípios. Houve avanços e retrocessos nesse debate acerca das alíquotas pedidas pelos prefeitos. Como estão essas questões atualmente? A alíquota do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para os municípios caiu de 20% para 8%. Mas ela será reonerada a partir de 2025 de forma gradual. No ano que vem será 12%. Depois, em 2026, ela vai subir para 16%. A partir de 2027, essa alíquota vai retornar aos 20%. Então, será uma reoneração da contribuição previdenciária distribuída nos próximos anos. Isso é um grande desafio para os municípios. Neste ano tivemos uma melhor condição nas arrecadações relativas ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e um aumento do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) que nos deu condição de gerirmos as prefeituras de uma maneira mais equilibrada. Mas, os municípios precisam encontrar formas de aumentar as suas arrecadações para dar continuidade ao trabalho dos prefeitos atuais, atendendo às demandas da população que afetam diretamente na qualidade de vida dos municípios. O Seminário Novos Gestores, da Amupe, que acontecerá nesta semana, tem como um dos objetivos capacitar o prefeito e a sua equipe. Quais são as demandas que eles enfrentam na gestão e que requerem capacitação? A capacitação é necessária em todos aspectos. Um exemplo: muitos prefeitos têm origem na iniciativa privada, como é o meu caso. Eu vim do ramo da construção civil. Quando chegamos na prefeitura, temos boa vontade, sabemos o que queremos fazer na gestão, mas temos que enfrentar amarras legais sobre o que pode ser feito e como precisa ser feito. Então, é importante desenvolver essas capacitações em diversas áreas, de forma até transversal. O gestor precisa estar preparado para gerir a saúde, a educação, compreender a Lei de Responsabilidade Fiscal, são muitos temas. Então é importante ter uma visão geral da gestão municipal. Além de contribuir para a capacitação, que resultados vocês esperam obter com a realização desse congresso com os prefeitos? Há estimativa de quantas pessoas estarão presentes? O nosso principal foco nesse evento é formação e capacitação, bem como o fortalecimento do movimento municipalista. Este ano, é um momento de apresentar a Amupe aos novos gestores que foram recém-eleitos. Nossa expectativa é receber 150 prefeitos. A Amupe é uma instituição que se aproxima de cinco décadas de atuação no Estado. Quais os serviços ou apoios que ela oferece aos municípios? O principal serviço da Amupe é representar os municípios em causas que eles não conseguem enfrentar sozinhos. Pautas em que é preciso uma ação coletiva. Por isso, a Amupe, em Pernambuco, e a CNM, no País, trabalham em causas junto ao Congresso Nacional, ao Governo do Estado, ou mesmo aos órgãos de controle. É uma atuação representativa dos gestores municipais. Embora representem todos os municípios, é uma atuação que tem um foco maior nas pequenas cidades? Atendemos aos pequenos e médios municípios mas as conquistas que buscamos atendem a todos, como foi o exemplo da redistribuição do ICMS em Pernambuco, que atendeu os maiores e menores. A conta que foi proposta é feita pela arrecadação per capita. Isso foi um pleito que partiu da Amupe. Nenhum município sozinho lutando obteria êxito. Essa representatividade é nesse sentido. É nesse sentido que estamos também no Congresso Nacional,

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Pequenos negócios, porém exportadores: mercado internacional no horizonte

Apesar das barreiras para levar seus produtos e serviços para o exterior, na última década mais empresas pernambucanas de pequeno porte começaram a atuar no mercado internacional *Por Rafael Dantas Já imaginou circular em Buenos Aires em um veículo fabricado em Goiana, comprar uma frutinha num supermercado norte- -americano que foi colhida em Petrolina ou mesmo encontrar uma toalha de mesa confeccionada em Salgadinho em uma loja portuguesa? Mesmo com uma economia ainda um tanto fechada, Pernambuco, desde 2014, exporta mais do que importa. Embora o maior volume e faturamento envolvido nesses números seja das grandes empresas, há um movimento para estimular os pequenos negócios a também acessarem o mercado global. Direto da pequena cidade de Salgadinho, no Agreste Pernambucano, que tem menos de 6 mil habitantes, Letícia Martins comemora a primeira exportação da CoopMulheres (Cooperativa de Costura Bordado e Confecção de Salgadinho). Com a marca Fios de Ouro, lençóis, guardanapos, toalhas e fronhas atravessaram o Oceano Atlântico para entrar na vitrine de uma loja portuguesa. As peças bordadas chegaram a ser expostas também em Paris. “Fizemos a primeira exportação neste ano. Nossa expectativa é de fazer mais. Conseguimos enviar nossos produtos a partir de uma consultoria e da parceria com outra empresa. Não tem como comparar o mercado. Além do faturamento, é uma venda importante para que essas mulheres sintam a importância do bordado delas saindo do interior do Estado”, afirmou Letícia, que é presidente da cooperativa que reúne 20 cooperadas e gera serviço para aproximadamente 30 bordadeiras. A entrada das peças bordadas no mercado português permite a venda dos produtos por uma margem bem maior que a praticada em Pernambuco, além de representar um portfólio importante para a CoopMulheres. “Tivemos uma pequena mostra em Paris, em um desfile, dos nossos produtos. Nossa ideia agora é de expansão, ganhar o mercado de hoteis de luxo com os produtos de cama, mesa e banho, além de acessar lojas de artesanato que valorizam a cultura brasileira”, conta Letícia. De acordo com dados da Secex/MDIC (Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), os MEIs, micro e pequenas empresas pernambucanas representam em 2024 quase um terço (31%) do total de corporações que fazem exportações no Estado. Apesar de percentualmente ser um número relevante, a verdade é que a minoria dos negócios locais conseguem ultrapassar as fronteiras, especialmente quando comparados a outros estados da região e à média nacional. “Neste mesmo ano, 2024, a participação de MEI, micro e pequenas empresas nas exportações brasileiras representou 41% do total de empresas, contabilizando 11.456 dos 28.524 CNPJs exportadores. Importante comentar que, em relação aos Estados da Bahia, Ceará, e Paraíba, Pernambuco possui a menor participação de MEIs e MPEs nas exportações”, compara João Canto, vice-presidente do Iperid (Instituto de Pesquisas Estratégicas em Relações Internacionais e Diplomacia). Os números são também da Secex/MDIC. Apesar disso, a tendência dos últimos anos foi de avanço. Em 2023, último ano fechado, 91 empresas desse porte (MEIs, micro e pequenas) do Estado faziam exportações. Em 2019, antes da pandemia, apenas 50 dessas empresas tiveram a experiência de levar seus produtos made in Pernambuco para fora do País. Entre 2018 e 2023, a tendência, portanto, foi de aumento da participação dos pequenos negócios. “Nota-se uma curva ascendente a partir de 2019, refletindo um movimento de crescimento na quantidade MEI, micro e pequenas empresas no quantitativo de exportadores”, afirmou João Canto. A única exceção nesse período foi justamente entre os anos de 2022 e 2023, quando a presença de empresas desse porte nas exportações teve uma oscilação negativa de 2%. A falta de cultura exportadora e as dimensões do mercado nacional são alguns dos fatores que justificam que as empresas locais tenham menos ambição de chegar ao consumidor internacional. “O que se percebe é que os pequenos negócios não têm uma cultura exportadora. Eles entendem que as exportações são mais para grandes empresas, não veem o mercado externo como uma oportunidade, mas é uma excelente oportunidade para vários segmentos”, avalia Jussara Siqueira, analista do Sebrae-PE. O que também acaba desestimulando investir no mercado internacional é o fato de o próprio Brasil oferecer enormes possibilidades de consumo interno. “Normalmente, esses pequenos produtores quando querem estar além de Pernambuco acabam comercializando para outros Estados do Nordeste ou mesmo outras regiões dentro do País. Isso contribui para que a cultura exportadora não seja tão buscada”. Para quem já atravessou as fronteiras, vencer as barreiras burocráticas de acesso aos principais mercados do mundo é um dos fatores relevantes. “As pequenas empresas locais enfrentam várias barreiras para exportar, incluindo o conhecimento limitado sobre os processos de exportação e os requisitos legais, o que torna difícil a adaptação às normas internacionais”, afirma a coordenadora do CIN (Centro Internacional de Negócios) da FIEPE (Federação das Indústrias de Pernambuco) Sthefany Miyeko. Além disso, a própria exigência de padrões de produção e certificações entra no pacote de desafios a serem superados para quem deseja ver seus produtos saindo do Brasil. “Essas empresas têm acesso restrito a financiamentos e apoio financeiro, o que compromete os investimentos necessários para adequar seus produtos aos padrões exigidos por mercados externos. Essa adequação a normas e certificações internacionais exige investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Por fim, os altos custos logísticos impactam diretamente a competitividade dos produtos no exterior, tornando mais difícil competir em mercados distantes”, reforça Sthefany Miyeko. O diretor de gestão estratégica do NTCPE (Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco), Wamberto Barbosa, afirma que o Brasil tem uma grande participação na importação no seu setor, mas a exportação ainda é muito pequena. “Essas empresas historicamente encontram obstáculos em acessar o mercado exportador por questões de dificuldade de logística, gestão, infraestrutura e capital para investimento”. Ele destacou ainda que as legislações do setor têm elevado as exigências para acessar o mercado internacional. “Isso, sem dúvida, é mais um desafio para o mercado brasileiro”. BENEFÍCIOS INTERNOS E POTENCIALIDADES O primeiro benefício mais óbvio para quem consegue exportar é aumentar o faturamento, especialmente conquistando maiores margens de lucro se

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Pernambuco consolida balança comercial positiva, mas registra queda nas exportações

Setor automotivo e produtos derivados ainda lideram exportações, enquanto Argentina se torna principal destino *Por Rafael Dantas Pernambuco está prestes a completar uma década com uma balança comercial positiva. As operações da Stellantis e dos sistemistas do pólo automotivo são fundamentais nesse cenário.  “No histórico de Pernambuco, um dos grandes motivadores desta inversão da dinâmica de internacionalização é o inicio do polo automotivo em Goiana. O início da produção e exportação de veículos aumentou muito o volume financeiro das exportações em função do valor agregado dos carros, contribuindo fortemente na mudança radical da pauta exportadora”, destacou João Canto. Além da exportação de automóveis, outros protagonistas dessa pauta exportadora são os produtos derivados de petróleo, químicos, vidros, baterias automotivas, cerâmicas, alimentos, frutas, entre outros, além do tradicional açúcar. No entanto, as exportações no Estado após atingirem o pico em 2022 estão em queda desde então. Apesar disso, o saldo comercial segue positivo, devido a uma queda também nas importações. “As importações vêm caindo desde 2022, de fato. Entre 2023 e 2022, a queda foi de 11%. Em 2024, o dado projetado em relação a 2023 é de uma nova baixa de 8,7%”, afirmou João Canto, vice-presidente do Iperid. Entre 2016 e 2023, houve um aumento também do número de players entre as  médias e grandes empresas no Estado. “Houve um leve crescimento, de 181 empresas em 2016 para 203 em 2023. Embora o crescimento seja menos expressivo que nas pequenas empresas, ele reflete uma possível expansão industrial”, afirma a coordenadora do Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEPE, Sthefany Miyeko. Mesmo com um número total de exportadores no Estado de aproximadamente 300 empresas, Urbano Nóbrega, da Agência Condepe-Fidem destaca que o volume de negócios está concentrado em pouquíssimos setores. “Os principais itens da nossa pauta são os óleos combustíveis, os veículos passageiros, açúcar e melaços, além das frutas. Nesses quatro grupos de produtos estão mais de 70% das nossas exportações”. Outra mudança recente no cenário de exportações de Pernambuco é no destino. Até o ano passado, Singapura era o País que mais recebia os produtos do Estado. Porém, em 2024 a liderança volta ser da Argentina. Uma curiosidade da experiência pernambucana nas exportações é sobre a China. O gigante asiático, que é o principal destino da maioria dos produtos brasileiros e líder de muitos estados, aparece em 2024 apenas como o 15° destino dos produtos made in Pernambuco. *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais e assina as colunas Pernambuco Antigamente e Gente & Negócios (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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Negócios Gasosos: A Era da Economia Volátil e Espalhada

*Por Rafael Figueiredo e Rafael Toscano O mundo dos negócios sempre foi um território que valorizou o sólido, enraizado em estruturas firmes, como os grandes edifícios que compõem os centros financeiros. Durante muito tempo, essa base funcionou bem, refletindo uma cultura corporativa que prezava por hierarquias definidas, planos de cinco anos e contratos assinados em papel. No entanto, as coisas começaram a mudar quando a internet veio para “derreter” as barreiras do mercado. Tal como o sociólogo Zygmunt Bauman descreveu as relações modernas como “amores líquidos”, os negócios também começaram a se tornar líquidos, mais dinâmicos e flexíveis. Mas, com o boom da inteligência artificial (IA), entramos em uma nova fase: a era dos “negócios gasosos”. De Sólido a Líquido: A Transformação das Bases dos Negócios Para entender essa história, precisamos voltar ao momento em que a internet abriu as portas para a fluidez dos negócios. Antes, era preciso toda uma estrutura para abrir uma empresa – um espaço físico, um estoque, uma equipe. Com o tempo, o e-commerce e o trabalho remoto tornaram a rigidez dos escritórios desnecessária. Surgiram startups e pequenas empresas que, como líquido, preenchiam espaços e se adaptavam a novos formatos, facilitando o nascimento de negócios escaláveis e inovadores. É o que podemos chamar de fase “líquida” dos negócios, onde a tecnologia permitia que a empresa fluísse sem uma base física sólida, aproveitando-se de um mundo cada vez mais conectado. Os negócios se tornaram fluidos: era possível se comunicar com qualquer um, de qualquer lugar. Aplicativos, plataformas digitais e o e-commerce viraram a “nova onda”. Era o começo de uma era em que os negócios deixaram de ser “caixas” para se tornarem “redes” flexíveis. O Estado Gasoso: A Inteligência Artificial e a Economia Volátil Com o surgimento e a expansão da IA, passamos a viver numa nova camada, onde os negócios parecem mais espalhados, voláteis e imateriais do que nunca. Hoje, estamos na era dos “negócios gasosos”, onde as interações, transações e até as infraestruturas são quase invisíveis, permeando todos os aspectos de nossa vida de forma sutil. Pense em como a IA já está integrada em tudo ao nosso redor: seja nas recomendações de filmes, nos aplicativos de mensagens, na personalização de anúncios ou nas tecnologias que permitem, literalmente, “conversar” com o próprio software para fechar um negócio. A IA não só automatizou e agilizou processos; ela mudou a lógica das empresas e o comportamento dos consumidores. Agora, os negócios não têm mais um ponto de referência ou um formato fixo. A IA permitiu a criação de experiências personalizadas em uma velocidade exponencial, pulverizando a oferta de produtos e serviços ao ponto de ela estar presente em diferentes formatos para diferentes pessoas – tudo ao mesmo tempo. Os negócios gasosos são aqueles que conseguem se moldar, se dividir e se multiplicar em resposta às necessidades, preferências e peculiaridades de cada usuário. E aí? O Que Muda na Dinâmica do Jogo? Se antes as empresas precisavam planejar uma campanha para alcançar determinado público, agora a IA já desenha automaticamente a experiência que cada pessoa vai vivenciar. As redes sociais, as lojas virtuais e os aplicativos usam algoritmos para prever o que o consumidor quer e já apresentar essa possibilidade na forma de produtos ou serviços ajustados individualmente. Os negócios gasosos não precisam mais de escritórios, de um estoque fixo ou de sistemas físicos para funcionar. A computação em nuvem, os servidores distribuídos e a própria IA criam uma estrutura que existe apenas no espaço digital. É como uma névoa tecnológica: você não vê, mas sabe que está lá, sustentando o funcionamento de tudo. É essa “atmosfera” de sistemas conectados que permite a existência de negócios em plataformas como o Google, a Amazon e o próprio ChatGPT. Em um negócio gasoso, as ações não são pensadas com base em um plano rígido, mas em dados instantâneos. A IA coleta e analisa informações em tempo real, dando a cada empresa a capacidade de se adaptar ao que o consumidor espera. Um restaurante pode mudar o menu com base no clima do dia, uma loja pode ajustar o preço de um item ao vivo, dependendo da demanda. A volatilidade dos negócios não é um “problema”, mas uma vantagem que permite mudanças em minutos, ajustando-se ao mercado quase como o vento que muda de direção. Claro que essa nova fase traz desafios. Assim como é difícil tocar o ar, é difícil também controlar um negócio que está sempre mudando, se moldando e respondendo a estímulos. Empresas que não conseguem se adaptar a essa volatilidade acabam ficando para trás. Outro desafio é a segurança: quanto mais “gasosos” os negócios se tornam, mais vulneráveis eles ficam a vazamentos e invasões, como se uma simples “rajada” pudesse trazer consequências graves. Como Navegar nas Ondas de Gás? Ser gasoso é, em parte, se desfazer de certezas e aprender a viver em um ambiente onde as mudanças são frequentes. Ao contrário dos negócios sólidos, os negócios gasosos precisam de líderes e equipes que saibam operar com rapidez, adaptando-se a novas informações e mercados. É preciso abraçar a incerteza. O mercado está menos previsível do que nunca, mas ao invés de ver a volatilidade como uma fraqueza, empresas de sucesso aprendem a usá-la como vantagem, experimentando e inovando de forma contínua. Em última análise, a economia gasosa depende de dados e da capacidade de entender o cliente em tempo real. Assim, é necessário o investimento em sistemas que ajudem sua empresa a captar e interpretar essas informações e transforme a IA em sua aliada. Dizer que os negócios se tornaram gasosos não significa que não há espaço para crescer e prosperar, muito pelo contrário. As empresas que entendem e aceitam a natureza volátil do mercado atual têm a chance de evoluir e oferecer experiências únicas a cada cliente. Em vez de controlar todos os aspectos, como numa estrutura sólida, as empresas gasosas têm uma proposta quase orgânica, de se espalhar e permear a vida dos consumidores. Na era dos negócios gasosos, o que vale é

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Porto Digital contribui para a internacionalização do setor

Programa em Aveiro abre portas para startups de Pernambuco no mercado europeu e amplia parcerias internacionais *Por Rafael Dantas O setor de tecnologia da informação é um dos que têm maior facilidade de entrar no mercado internacional. Várias startups que nasceram no Bairro do Recife fizeram sua história pelo mundo, como a Tempest. A empresa, que foi vendida para a Embraer em 2023, tem uma forte atuação no Reino Unido e já chegou a prestar serviços de segurança para os Jogos Olímpicos de Tóquio. No setor de TI, a experiência mais comum é de internacionalização do que de exportação. Enquanto exportar significa vender produtos ou serviços ao exterior sem modificar necessariamente operações locais, a internacionalização envolve a criação de estruturas, como filiais e parcerias no exterior, permitindo adaptar produtos e serviços às necessidades locais. O Porto Digital tem incentivado as empresas pernambucanas a desenvolverem sua jornada de internacionalização a partir de Portugal, onde foi estruturado um escritório na cidade de Aveiro. A escolha do local foi devido a várias características semelhantes ao Recife, além de ser uma porta de entrada no cobiçado mercado europeu. “Muitas das empresas que estão aqui no Porto Digital já acessam esses mercados internacionais. Isso não é algo novo para a gente, o nosso desafio é contribuir para que elas montem unidades também fora. Esse movimento de ir para Portugal foi para facilitar a vida dessas empresas, com a presença desse distrito de inovação em Aveiro”, conta Mariana Pincovsky, a vice-presidente do Porto Digital Europa. O escritório tem atuado para acessar alguns fundos internacionais, que não seriam permitidos sem a operação em solo português. “A gente já conseguiu o primeiro investimento da Comunidade Europeia, um projeto de € 250 mil voltado para capacitação de capital humano. A gente sabe que há crédito, muito financiamento a fundo perdido para essa área de tecnologia de inovação”, destaca Mariana. O Porto Digital Europa rodou um programa piloto em parceria com o Sebrae, que proporcionou mentorias durante quatro meses de preparação remota, sendo seguido por seis meses de presença física em Aveiro. A experiência acelerou a adaptação no mercado português, que tem como característica também ser bastante burocrático. Nesse programa foram embarcadas as empresas Capyba, Di2Win, HapGesso, Itecnov, Loc, Loomi, MAPI, Mindware, Moonite Games e VM Code. Fora do programa, estão ainda no Porto Digital Europa o CESAR, a Uaify, a Evollux, a Kymo e a Mesa. Recentemente, uma outra parceria foi assinada, desta vez com o Governo do Estado. A governadora Raquel Lyra lançou um edital para apoiar as empresas no programa de aceleração do Porto Digital, que segue o modelo do projeto piloto, mas com um foco em empresas pernambucanas. O programa representa um investimento em inovação e expansão de negócios no exterior. A iniciativa receberá investimentos de R$ 2,5 milhões. “Com essa parceria, a inovação que desenvolvemos em Pernambuco pode gerar impacto global, e isso representa um marco importante para o ecossistema local”, afirma Mariana Pincovsky. A Di2Win, empresa pernambucana de tecnologia, faz sua imersão para o mercado internacional por meio do apoio do Porto Digital Europa. Fundada com uma visão global, a Di2Win aposta na internacionalização como um passo estratégico para atender à demanda por soluções de automação de processos em países de língua portuguesa. A iniciativa busca explorar sinergias culturais e econômicas, especialmente na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), facilitando a entrada em mercados como Angola, Cabo Verde e Açores, além de Portugal. Nesse processo de expansão, a Di2Win já firmou parcerias estratégicas e se prepara para atender clientes no setor imobiliário e industrial, focando na digitalização e automação de processos. Para Paulo Tadeu, CEO da Di2Win, a escolha de Portugal como base na Europa foi uma decisão estratégica, já que o país oferece incentivos para transformação digital e possui uma demanda crescente por inovação tecnológica, apoiada pelo programa Portugal 2030. “Portugal enxerga o valor da tecnologia como alavanca de desenvolvimento, principalmente na automação e transformação digital. Nossa primeira experiência tem sido positiva e percebemos que essa ponte com o mercado europeu pode ampliar nossa capacidade de atuar em mercados de língua portuguesa,” vislumbra Paulo Tadeu. Ele ressaltou ainda que a Di2Win busca contribuir para a digitalização em setores que ainda são dependentes de processos manuais e que a escolha por Portugal também representa um passo importante para conectar o Brasil e a Europa em uma mesma visão de transformação tecnológica. *Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais e assina as colunas Pernambuco Antigamente e Gente & Negócios (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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