Terra das redes: Têxtil, inovador e com raízes no Sertão
*Por Rafael Dantas Inovação é a palavra de ordem para que os milhares de produtores de um pequeno município do Sertão pernambucano consigam agregar valor ao trabalho dentro da cadeia produtiva têxtil. Com apenas 26 mil habitantes, Tacaratu, no Sertão de Itaparica, já registra um lucro anual de R$ 5 milhões, de acordo com dados da prefeitura local. A atividade mobiliza 12 mil pessoas, principalmente na produção de redes. A “Terra das Redes” nos últimos anos foi ampliando a sua produção para se tornar produtora de mantas, xales, tapetes, jogos de tapetes e utensílios domésticos e de decoração. A diversificação de produtos e acessórios foi o primeiro passo de inovação. O acesso a feiras no Estado e fora de Pernambuco e o investimento em design são alguns dos passos certeiros que contribuíram para o desenvolvimento do segmento. Rossana Webster, gerente da Unidade Regional do Sebrae em Serra Talhada, explica que o primeiro passo foi apoiar a organização coletiva desses artesãos. Um exemplo desse esforço é a Coopertêxtil, formada por 23 cooperados, que envolve direta e indiretamente cerca de 150 pessoas. “Essa organização coletiva permitiu avançar na gestão e no planejamento estratégico desses produtores, além de desenvolver novos produtos, mapear feiras relevantes para participar e melhorar a logística para o escoamento dessa produção”, afirmou Rossana Webster. Os cooperados levam atualmente seus produtos para eventos como Fenearte, Fenacce, Agrinordeste, Mãos de Minas e Feiras da Paixão. Sem os atravessadores, que faziam a ponte com o consumidor final, a margem para essa produção também aumenta. Após dois anos de parceria com o Sebrae/PE para fortalecer a gestão, a cooperativa está investindo em inovação, para criar ou redesenhar novos produtos. Uma conquista dessa colaboração é o lançamento da Coleção Varanda da Paz – Galo da Madrugada 2024, que acaba de chegar ao mercado. As peças de decoração de rede dessa coleção apresentam traços e cores inspiradas na cultura indígena do povo Pankararu, que é residente no distrito de Caraibeiras e representa cerca de 30% da população local. Esses produtos foram desenvolvidos pelas mulheres da Coopertêxtil, em colaboração com o artista plástico Leopoldo Nóbrega, responsável pela escultura do Galo da Madrugada nos últimos cinco anos. Para sair do papel, o projeto contou com investimento de R$ 70 mil, provenientes de um acordo de parceria com a Prefeitura de Tacaratu. O futuro da atividade é promissor. Rossana destaca que estão em andamento parcerias com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), para fazer com que essa produção artesanal chegue ao exterior, e com os Correios, para qualificar a rede de distribuição dentro do País, fortalecendo as vendas online, por exemplo. No campo do design, a associação prevê a nova coleção, com produtos inspirados na cultura do povo Pankararu. “Além do material de alta qualidade, há um valor agregado cultural nessa parceria. Há um incentivo também para o aprendizado do bordado nessas comunidades indígenas e um esforço para fortalecer a pegada mais sustentável nos fornecedores da matéria-prima, que é o algodão”, conta Webster.
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