Entretenimento - Página: 27 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Grandes Encontros da MPB celebra as maiores composições e parcerias da música brasileira

Se tem algo do qual todos nós podemos nos orgulhar é da Música Popular Brasileira, sucesso em todo o mundo. E não é de hoje. Essa riqueza se torna ainda mais preciosa e aplaudida quando é feita aquela mistura genuinamente made in Brazil. Sucessos como Eu Sei Que Vou Te Amar, Águas de Março, Garota de Ipanema e Frevo Mulher fazem parte do espetáculo “Grandes Encontros da MPB”, que estreou em outubro e chega ao Teatro RioMar para temporada de 8 a 10 de janeiro de 2020. Produzido pela Aventura, o musical oferece pré-venda, até 6 de janeiro, a preço popular para todos os setores: R$ 25 (serviço abaixo). “Grandes Encontros da MPB” é apresentado pelo Ministério da Cidadania e pela SulAmérica, tem patrocínio da Riachuelo e Eurofarma, apoio da Americanet, Livelo e Alelo e Localiza Hertz como locadora de carros oficial. Sergio Módena, diretor do espetáculo, destaca a importância de levar a cultura brasileira para o palco. “Esse musical é uma afirmação da nossa cultura. Precisamos elevar a autoestima do brasileiro, ouvir a nossa música! `Grandes Encontros da MPB´ é um show teatralizado”, define. Para o roteirista Pedro Brício, o musical, que apresenta um repertório da MPB a partir dos anos 1960, fala de parceria artística, mas também de amizade: “São encontros que duraram décadas, não só artisticamente, mas afetivamente. Caetano e Gil, por exemplo, não comphttp://portal.idireto.com/wp-content/uploads/2016/11/img_85201463.jpgam tantas canções, mas viveram juntos em Londres; a parceria foi além da música, foi um encontro de vida”. Essa é uma das histórias presentes no musical. Durante o período do exílio, a dupla foi visitada por Roberto Carlos. Nesse período, nasceram London London, música de Caetano Veloso que traz diversas vezes a palavra solidão, e Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos, de Roberto Carlos em homenagem ao amigo exilado. Segundo Délia Fischer, diretora musical do espetáculo, a música brasileira é o nosso maior bem. A produção homenageia e lembra grandes parcerias na música brasileira, com o elenco interpretando canções inesquecíveis, como Se Todos Fossem Iguais a Você, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Beatriz, de Chico Buarque e Edu Lobo, É Proibido Fumar, de Roberto e Erasmo Carlos, Sociedade Alternativa, de Raul Seixas e Paulo Coelho, Flutua, de Johnny Hooker e Liniker, e ainda Titãs, Barão Vermelho, Tim Maia, Paralamas, Blitz, entre tantos outros. Da Jovem Guarda ao Samba, o elenco, formado por Ariane Souza, Bruna Pazinato, Édio Nunes, Franco Kuster, Júlia Gorman e Thiago Machado, conta, a partir de depoimentos descontraídos e bem-humorados, histórias e curiosidades dessas parcerias. Será apresentado no palco um passeio pela história da música nacional, passando por diversos gêneros e enredos. Não poderiam ficar de fora a Bossa Nova, com Tom Jobim, Toquinho e Vinícius, a era dos festivais, com Caetano e Gil, o Clube da Esquina, de Milton Nascimento, a música nordestina, de Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho e Geraldo Azevedo, o samba com Clementina de Jesus, Cartola, Nelson Cavaquinho e Beth Carvalho; Cazuza e Frejat, Raul Seixas e Paulo Coelho representando o Rock. Vai ser impossível não cantar junto e não querer embarcar nessa viagem musical. O figurino do espetáculo tem assinatura de Karen Brustollin, que leva ao palco uma confecção artesanal. Sobre o figurino, Karen garante uma pegada Pop Art, com elementos circenses e bastante cor. “Misturo estilos, um pouco de Pop Art e Barroco. Quero dar uma sensação confortável para o elenco e para o público”, descreve. A cenografia, criada por Dina Salem Levy, é composta de grandes painéis que serão movimentados pelos atores, dando forma a vários ambientes. Sobre a Aventura – A Aventura, dos sócios Aniela Jordan e Luiz Calainho, está há mais de dez no mercado produzindo grandes sucessos musicais e investindo no crescimento e modernização do setor teatral brasileiro. Neste período, os espetáculos ampliaram sua estrutura, ganharam espaço no mercado e poder de atração entre espectadores e investidores. A empresa assinou grandes sucessos como “Elis, A Musical”, “Chacrinha, o Musical”, “Hair”, “A Noviça Rebelde”, “Romeu & Julieta, ao Som de Marisa Monte”, “Merlin e Arthur, um Sonho de Liberdade”, entre outros – levando mais de 2 milhões de pessoas ao teatro. Em agosto de 2016, a Aventura inaugurou o Teatro Riachuelo Rio, e em 2019, o Teatro Prudential, no antigo edifício Manchete. SERVIÇO: Grandes Encontros da MPB De 8 a 10 de janeiro de 2020, às 21h Teatro RioMar: Av. República do Líbano, 251, 4º piso – RioMar Shopping www.teatroriomarrecife.com.br Duração: 100 minutos Classificação: Livre Ingressos: Pré-venda promocional até 6 de janeiro: R$ 25 para todos os setores Plateia Baixa: R$ 90 e R$ 45 (meia) Plateia Alta: R$ 70 e R$ 35 (meia) Balcão Nobre: R$ 50 e R$ 25 (meia) + Canais de vendas oficiais: bilheteria do Teatro RioMar Recife (terça a sábado, das 12h às 21h, domingos e feriados, das 14h às 20h) e www.uhuu.com.

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25ª edição da Festa de Reis mantém viva a tradição

Em sua 25ª edição, a tradicional Festa de Reis da Casa da Rabeca do Brasil, na segunda-feira (6 de janeiro), abrirá espaço para uma especial homenagem a Mestre Aicão, do Boi Coroado de Araçoiaba e fundador do Maracatu Leão Coroado. O mestre faleceu no último dia 26 de dezembro, deixando um importante legado para a cultura popular do estado. O evento começa às 19h e marca o encerramento do ciclo natalino da Casa da Rabeca, iniciado com o Encontro de Cavalo Marinho, no dia 25.12. Promovida pela família Salustiano, a festa tem acesso gratuito e conta com apoio da Fundarpe, da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco e da Prefeitura de Olinda. Na abertura se apresentará o Mamulengo Alegre de Olinda e, na sequência, os Cavalos Marinho Boi Matuto de Olinda, criado pelo saudoso Mestre Salustiano; Boi Brasileiro e Estrela do Amanhã, ambos de Condado, Boi Ventania, de Feira Nova e o Boi Coroado de Aracoiaba, numa grande homenagem ao seu criador, Mestre Aicão. A festa de reis ou reisado chegou ao Brasil pelos colonizadores portugueses e é uma das mais tradicionais manifestações culturais brasileiras, em especial no Nordeste. As apresentações reúnem grupos de personagens ricamente vestidos – como o Mestre, Mateus e Catirina – e outros figurantes – que simulam batalhas por meio de cantos e danças em celebração ao Dia de Reis. SERVIÇO: 25ª Festa de Reis da Casa da Rabeca do Brasil Quando: segunda-feira, 06 de janeiro de 2020 Onde: Casa da Rabeca (Rua Curupira, 340, Cidade Tabajara – Olinda/PE) Horário: 19h Entrada gratuita. Mais informações: 3371-8197

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Janeiro de Grandes Espetáculos começa ao som de Capiba

O 26º Janeiro de Grandes Espetáculos abre as cortinas para o público, nesta quarta-feira (8), às 19h30, no Teatro de Santa Isabel, com uma homenagem a Capiba. O show “Noites Sem Fim”, do pernambucano Geraldo Maia, dá um recorte especial à larga obra de Lourenço da Fonseca Barbosa: o cantor escolheu privilegiar o Capiba compositor das valsas, sambas, guarânias e maracatus mais do que o Capiba dos frevos. Convidado especial para a ocasião, o ator Arilson Lopes intercala o repertório musical com a declamação de poemas de Carlos Pena Filho e Ascenso Ferreira, dois grandes parceiros de Capiba. Ingressos estão à venda por R$ 40 e R$ 20 (serviço abaixo) – o show contará com recurso de audiodescrição e tradução em Libras. Versátil, múltiplo, capaz de produzir composições em gêneros diversos, Capiba (1904-1997), natural de Surubim, escreveu mais de 200 canções que vão do bolero ao maracatu, do samba-canção a peças eruditas. "Tenho predileção especial não pelo Capiba dos belos e alegríssimos frevos, mas pelo compositor das melodias e letras dolentes, às vezes desesperançadas, tristes mesmo, e que, em alguns casos, ecoam o barroco", explica Geraldo. O repertório de "Noites Sem Fim" traz clássicos como "Recife, Cidade Lendária", "Serenata Suburbana", "Maria Bethânia", "Verde Mar de Navegar", "A Mesma Rosa Amarela" (parceria com Carlos Pena Filho), "Quando Se Vai Um Amor" e "Sem Pressa de Chegar" (parceria com Délcio de Carvalho). O quinteto que acompanha Geraldo Maia é formado por Alberto Guimarães (violão 7 cordas), Adalberto Cavalcanti (bandolim e direção musical), Bráulio Araújo (baixo acústico), Júlio César (acordeon) e Renato Bandeira (guitarra semiacústica). “Optei por uma formação quase camerística neste show. Não tem percussão, não tem bateria, não tem instrumento elétrico. Isso para reforçar o tom intimista, boêmio, lírico, poético, às vezes meio soturno das canções”, afirma o cantor. Dentro da programação do JGE, “Noites Sem Fim” será reapresentado na quinta-feira (9), às 20h, no Teatro de Santa Isabel; e também dia 16, no Manhattan Café Teatro, e dia 25, no Teatro Samuel Campelo, em Jaboatão dos Guararapes. Antes do show, a Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco), realizadora do evento, recebe no palco os cinco homenageados desta edição do JGE: o ator e diretor Zé Manoel (categoria Teatro), Joca (categoria Técnica), o maestro Edson Rodrigues (Música), a bailarina e coreógrafa Cecília Brennand (Dança) e a Família Marinho (Poesia). O JANEIRO – Há 26 anos, o mês de janeiro é sinônimo de arte, cultura e grandes espetáculos em Pernambuco. Em 2020, o maior festival de artes cênicas e música do Estado ocupa os principais teatros do Recife, de 8 de janeiro a 3 de fevereiro, com mais de 90 atrações de teatro, dança e música. A programação do Janeiro de Grandes Espetáculos está disponível no www.janeirodegrandesespetaculos.com. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente através do site Sympla e quiosques da Ticket Folia nos shoppings Recife, RioMar e Tacaruna – alguns eventos têm entrada franca ou bilhetes trocados por 1 kg de alimento. A efervescente produção artística pernambucana responde pela maioria da programação. Ultrapassando as divisas do Estado, companhias/artistas da Bahia, Paraíba, São Paulo e Rio Grande do Sul foram escalados. Da China, Eslováquia e de Portugal, virão quatro espetáculos. Oito teatros da capital vão virar palco para o JGE: Santa Isabel, Apolo, Arraial, Barreto Júnior, Boa Vista, Hermilo Borba Filho, Luiz Mendonça, Marco Camarotti. Algumas montagens serão apresentadas nos espaços alternativos Casa Maravilhas, Manhattan Café Teatro, Sesc Casa Amarela e Espaço Fiandeiros, que também recebem oficina, exibição de documentário e palestra. Além da capital, seis cidades integram o Janeiro. Em parceria com o Sesc, os municípios de Caruaru (Teatro Rui Limeira Rosal), Garanhuns (Teatro Reinaldo de Oliveira), Goiana (Igreja Matriz de Nossa Sra. do Rosário) e Jaboatão dos Guararapes (Teatro Samuel Campelo). Camaragibe (Casarão de Maria Amazonas) e Serra Talhada (Espaço Cabras de Lampião) também abrem as cortinas para o festival. Em 2020, o festival volta a premiar os melhores espetáculos pernambucanos que estiveram em cena. Após um hiato de dois anos, a premiação ganha nome e sobrenome: Prêmio Copergás de Teatro, Dança e Música de Pernambuco. SERVIÇO Abertura do Janeiro de Grandes Espetáculos com o show “Noites Sem Fim” Dia 8 de janeiro (quarta), às 19h30 Teatro de Santa Isabel: Praça da República, s/n, Santo Antônio, Recife Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda no site Sympla e quiosques da Ticket Folia (shoppings Recife, RioMar e Tacaruna). Na bilheteria dos teatro, à venda duas horas antes da sessão.

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Teatro Fernando Santa Cruz abre ocupação de pautas para 2020

A cena Teatral olindense está bem movimentada após a reabertura do Teatro Fernando Santa Cruz, no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, na entrada de Olinda. A segunda convocatória para a ocupação do espaço já está disponível no site da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (addiper.pe.gov.br) e, para o mês de fevereiro, faz um chamamento preferencialmente para temáticas voltadas para o ciclo de carnaval As inscrições acontecem entre 02 e 17 de janeiro com o preenchimento do cadastro via e-mail teatrofernarndosantacruz@addiper.pe.gov.br. Fortalecendo a política pública de ocupação do equipamento cultural, espetáculos inéditos e não inéditos de artes cênicas, circo, música, dança, ópera, entre outros poderão participar gratuitamente da concorrência para a utilização do espaço desde que possuam todas as exigências dispostas no edital. Durante a primeira temporada – que está em cartaz até o final de janeiro - o espaço recebe os espetáculos H(eu)stória, Auto de Natal,Ainda escrevo para Elas, Orquestra Malassombro, Retomada, Soledade, Meia Noite e o espetáculo de música Fábio Trummer e Espera o Outuno, Alice. A programação completa está disponível nas redes sociais do Centro Cultural. Fomentação local - Considerando a importância de manter viva a cultura local, fica destinado o percentual mínimo de 20% da ocupação das pautas para espetáculos realizados por artistas, grupos, coletivos, companhias ou trupes com residência ou sede no município de Olinda.  

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Pernambuco pioneiro na telona

Por Houldine Nascimento e Wanderley Andrade, especial para Algomais O Prêmio do Júri para Bacurau no Festival de Cannes, em maio deste ano, é consequência de um trabalho consistente de cineastas pernambucanos, resultado de toda uma tradição cinematográfica pouco conhecida do grande público. Há quase duas décadas, Pernambuco tem chamado atenção do restante do País e (por que não?) do mundo pela força e peculiaridade de diversas produções audiovisuais. O êxito da sétima arte no Estado, contudo, não é de hoje. Quando o assunto é cinema, o pioneirismo de Pernambuco é evidente já no começo do Século 20, quando as primeiras salas de exibição são instaladas no Recife: inaugurado em julho de 1909, o Pathé foi a primeira sala local. Na década de 1920, os italianos Ugo Falangona e J. Cambiere desembarcam na Veneza Brasileira com o cinematógrafo. Mais adiante, a dupla funda a produtora Pernambuco Film, que repassa toda a estrutura para a Aurora-Film, fundada por Ary Severo, Edson Chagas e Gentil Roiz. Não por acaso, o trio se sobressaiu na produção audiovisual pernambucana naquele momento. “Ary Severo tinha voltado da Europa, viu o cinema acontecendo, e isso fez com que ele se juntasse a Gentil Roiz, um ourives apaixonado por cinema, e Edson Chagas. Daí eles resolveram produzir filmes”, ressalta o pesquisador e cineasta Alexandre Figueirôa. Posteriormente, o ator e diretor sergipano Jota Soares se junta a esses três nomes. Era um período em que a capital pernambucana transbordava modernidade, conforme pontua Figueirôa: “Havia bonde elétrico, iluminação nas ruas. Era um boom desenvolvimentista e o cinema, de certa forma, é uma invenção da modernidade. Então, fazer cinema naquele momento era algo inovador, diferente. Isso foi uma das motivações.” Nesse contexto, surgiu o que se convencionou chamar Ciclo do Recife (1923-31), quando 13 longas-metragens foram produzidos no Estado. As primeiras produções do movimento sofriam forte influência do cinema estadunidense, hegemônico no mundo. Eram obras com personagens bem demarcados, numa relação maniqueísta, com temáticas que envolviam amor, dignidade e honra. O primeiro filme do ciclo é Retribuição (1924), de Gentil Roiz. Na trama, Edith Paes (Almery Steves) recebe como herança de seu pai um mapa do tesouro. Um ano depois, ajuda um desconhecido enfermo (Barreto Júnior). Uma quadrilha planeja roubar sua fortuna, mas a heroína recebe a ajuda do mocinho para que isso não aconteça. Na equipe de produção, Ary Severo foi o assistente de direção, enquanto Edson Chagas assinou a direção de fotografia e Jota Soares o auxiliou na função. A recepção do público foi positiva. A este filme, seguiram-se Um ato de humanidade (1925), produção de propaganda que promoveu a estreia de Soares como ator, e Jurando vingar (1925), dirigido por Severo. O terceiro filme do Ciclo do Recife já não foi recebido com muito entusiasmo. Pelo contrário: a ausência de cor local acabou despertando críticas de quem acompanhava com afinco a sétima arte. “Esses realizadores faziam filmes inspirados no que eles viam, produções sobre aventura e norte-americanas, sobretudo. Algumas pessoas dos jornais e que acompanhavam cinema reclamavam que os filmes não tinham elementos da cultura nordestina e pernambucana”, comenta Alexandre Figueirôa. Dessa cobrança para refletir a cultura pernambucana na tela grande, nascem, em 1925 e 1926, as duas produções do movimento com maior destaque: Aitaré da praia, de Gentil Roiz, e A filha do advogado, de Jota Soares. A primeira traz imagens de pescadores e jangadas no litoral do Estado, já a segunda evidencia o urbanismo recifense, suas pontes, casarios e o vai e vem de automóveis. A filha do advogado foi além das divisas de Pernambuco e chegou a ser exibido em cidades como Belém, Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo. A crítica acolheu bem o filme. Na extinta revista Cinearte, houve o seguinte registro: “Digam o que quiser os invejosos e despeitados, mas a estréa (sic) do Jota como director (sic) não podia ser melhor. A photographia (sic), embora não esteja isenta de falhas, é a melhor vista em films (sic) pernambucanos. Quanto ao conjunto de intérpretes agradou plenamente.” Mesmo com essa trajetória de prestígio, os custos da produção foram altos e levaram a Aurora-Film à falência. Outras produtoras surgiram: Olinda-Film, Planeta-Film, Veneza-Film e Vera Cruz-Film. Produção da Liberdade-Film, No cenário da vida (1931), com direção de Jota Soares e Luiz Maranhão, marca o desfecho do prolífico Ciclo do Recife. O advento do som no cinema foi determinante para que o movimento formado por filmes mudos chegasse ao fim, como revela o diretor e pesquisador Paulo Cunha: “Na década de 1930, há uma quebra (na realização de filmes) por causa da tecnologia do cinema sonoro, que demorou a chegar aqui. Isso fez com que os produtores brasileiros ficassem incapacitados de acompanhar esse tipo de produção.” Apesar dessa ruptura, Cunha atenta para o vanguardismo local. “Em várias outras cidades do Brasil, o cinema é muito posterior. Um exemplo muito simples disso é que o primeiro longa-metragem de ficção feito no Recife é datado de 1923 (referindo-se a Retribuição). Já o primeiro longa de Salvador, na Bahia, foi produzido no final dos anos 1950. Daí vemos como o Recife foi pioneiro no processo de adoção do cinema como forma de expressão”, analisa. NOVO CICLO A vocação para o audiovisual também passa pelo Movimento Super-8, nos anos 1970. O novo ciclo é considerado uma espécie de renascimento do cinema pernambucano. Além de Paulo Cunha, fizeram parte dessa geração nomes como Geneton Moraes Neto (Esses onze aí, codirigido com Cunha), Fernando Spencer, que se preocupou em documentar episódios importantes do cotidiano local (Trajetória do frevo e Valente é o galo são alguns exemplos) e em resgatar a história do Ciclo do Recife (Almeri & Ari, Estrelas de celuloide, História de amor em 16 quadros por segundo); e Jomard Muniz de Britto com trabalhos experimentais. Um desses trabalhos de Jomard é O palhaço degolado (1976), alegoria apoiada numa perspectiva de um palhaço que encena uma prisão existencial e evoca, através de uma narrativa exagerada, nomes da cultura nordestina como Ariano Suassuna e Gilberto Freyre. O movimento vanguardista

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Espaços alternativos exibem música autoral

Por Yuri Euzébio Em meio às dificuldades de incentivo para o setor de cultura e ao fechamento de casas de espetáculos, pipocam no Recife espaços alternativos para apresentação de diversas formas artísticas, em especial, da música independente produzida em Pernambuco. Em comum, esses locais têm um caráter intimista, com lotação limitada, preços acessíveis e a força de vontade de seguir nadando contra a maré da crise econômica. Em muitos deles, o proprietário resolveu abrir os portões do quintal da própria casa como cenário para exibição da arte local. Foi o que fez a jornalista Aline Feitosa, que transformou a área externa da sua residência no Pequeno Latifúndio, espaço onde se apresentam músicos da cena autoral. É uma espécie de jardim secreto em meio à selva de concreto do bairro do Espinheiro, onde Aline monta um palco com cadeiras para receber seus clientes e artistas. “Gosto de dizer que o Pequeno Latifúndio não é um bar, nem um espaço, é a minha casa. Quando eu recebo as pessoas aqui, trato como se fossem convidados do meu lar, fico na cozinha, preparo os drinques”, destacou a proprietária e pau pra toda obra. A ideia do espaço surgiu como um passo natural da vida da jornalista, que já havia dado uma guinada com a criação de uma assessoria e consultoria em comunicação para artistas e projetos culturais, cuja sede era também na sua casa, e da percepção do momento penoso à cultura vivido pelo País. “Transformar isso aqui em um lugar que recebesse shows partiu da minha constatação de não haver mais espaços e nem incentivo para músicos, principalmente os que fazem música autoral”, explicou Aline em meio às plantas do seu quintal. “Aqui não é uma casa de shows, é uma casa de encontros”, conceitua explicando que em geral são os próprios músicos que trazem seus equipamentos. Para não atrapalhar a vizinhança, ela pede para que produzam um som num volume baixo. Muitos nem usam amplificador, tocam acústico. “É uma experiência bacana tanto para o músico que está fazendo um formato inusitado, quanto para o público que se vê na obrigação de não fazer barulho e prestar atenção”, ressalta. O casal de jornalistas Jefte Amorim e Andrea Trigueiro também abriram as portas de sua casa para as artes. Só que na Vila Nazaré, em Cabo de Santo Agostinho, onde fundaram o Esperantivo Casa, Comida e Cultura. A ideia inicial era ter um local para descansar e acabaram alugando uma casa onde funcionava um bistrô. “Como havia a estrutura de restaurante, acabamos recebendo alguns amigos e cozinhando pra eles. Começamos a abrir ao público também com bebidas e as boas conversas”, conta Jefte. “Juntamos essa experiência com o sonho de ter um lugar para promover a obra, a memória, o trabalho e a vida do poeta Esperantivo”. Cordelista, Esperantivo é imortal da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel (PE), Academia Cabense de Letras (PE) e Academia de Cordel do Vale da Paraíba (PB). O espaço oferece ainda visita guiada e uma exposição permanente sobre a vida e a obra do poeta. “Fazemos também recepção, sob agenda, para grupos educacionais, oferecemos oficinas de cordel e cedemos nosso espaço como palco para parceiros que queiram ministrar oficinas ou elaborar conteúdos que estejam ligados à nossa missão”, explica Andrea. O maior desafio do Esperantivo, segundo o casal, é também seu maior compromisso: a formação de um público cabense que valorize e se acostume com experiências culturais na cidade. No centro do Recife, a TV Tumulto é outro ponto de resistência que aposta nos sons autorais e independentes da cidade. O projeto encabeçado pelo músico Juvenil Silva, divide o mesmo espaço com o ateliê do artista plástico Flávio Emanuel e vem com um conceito diferente. “A TV Tumulto é como se fosse um programa de TV, só que todo mundo entra e todo mês vamos fazer algum evento diferente”, explicou o artista. Todas as atividades que acontecem no local são registradas em vídeo com o objetivo de formar uma programação nas redes sociais. O espaço agrega expressões artísticas diferentes, que vão desde a música até a leitura de obras literárias. “A proposta da casa é multiartística. Até porque Flávio é um artista plástico renomado, a mulher dele Alice Gouveia é professora de cinema da UFPE e está sempre com o pessoal do audiovisual, e eu sou músico. Temos vários contatos do pessoal de teatro também, Fernando Arruda atua na produção e é ligado às artes cênicas”, reiterou. “Quando alguém nos pede para fazer um show, propomos diálogos com outras expressões artísticas”, explicou. O instrumentista Juvenil além de vez ou outra dar uma canja no palco, também é responsável por fazer a curadoria da casa. O músico pondera que mesmo com todas as dificuldades do momento atual, é muito gratificante promover a arte. “Acho que quanto mais difícil, maior tem que ser a resistência”, defendeu. Congregando bar e eventos culturais, o Terra Café já é referência pra quem gosta de curtir uma boa música na cidade. O espaço surgiu, ocasionalmente, quando a arquiteta Fernanda Batista resolveu abrir o quintal do seu escritório para a criação de um lugar de socialização e isso foi ganhando uma proporção maior. Ela conta que tudo começou quando chamou um amigo, que era cantor e compositor, pediu para se apresentar no local. Aos poucos o espaço foi se transformando num café, bar e restaurante com apresentação de shows. “Esse já é o terceiro endereço, começou num local pequenininho na Boa Vista, aí fomos pra Rua Monte Castelo que já foi um pouco maior e depois, como a demanda foi aumentando, sentimos a necessidade de ter um equipamento cultural ainda maior para dar esse suporte ao público”, esclareceu Gabriela Dias, sócia e administradora do local. Apesar das mudanças de endereço, o Terra mantém desde o princípio as mesmas características de um ambiente que funciona num quintal arborizado para que quem estiver lá se sinta em casa e da proposta de unir música e bebidas. Também funciona de segunda a sexta para almoço e

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Primeiro grupo só de mulheres estreia no 25º Encontro de Cavalo Marinho

A cultura popular também é espaço de afirmação da força e do protagonismo feminino. Essa é a mensagem que a Família Salustiano passa com a criação do primeiro grupo de Cavalo Marinho composto apenas por brincantes mulheres: o Flor de Manjerona, que estreia no próximo dia 25 de dezembro, abrindo a 25ª edição do Encontro de Cavalo Marinho, na Casa da Rabeca. O evento reúne ainda outros grupos pernambucanos do folguedo, a partir das 18h, com acesso gratuito. Fundado em julho de 2019 pelas irmãs Moca Salu (Imaculada Salustiano), Mariana Salustiano, Betânia Salustiano e Bia Salu (as Salustianas), o Flor de Manjerona reúne 17 mulheres e 6 crianças que usam a poesia, a música e o movimento para dar vida ao primeiro Cavalo Marinho de mulheres do Brasil. A ideia é empoderar as mulheres brincantes que partilham o sonho de atuar de maneira igualitária aos homens nesta manifestação que nem sempre lhes foi acessível. “No nosso universo, o protagonismo sempre foi do homem. No começo, a gente ficava só olhando e desejando, até que, na década de 1990, começamos a substituir brincantes faltosos e passamos a ocupar cada vez mais espaço”, lembra Imaculada. Para Mariana Salustiano, a estreia do grupo representa a culminância de uma trajetória de crescimento no universo da cultura popular e de busca pela representatividade feminina. “Esse momento é de realização de um grande sonho das Salustianas, sempre foi um desejo nosso”, afirma. Se dividindo entre o banco, a galantaria e as diversas figuras do folguedo considerado uma das expressões populares mais complexas do Brasil, as mulheres do Flor de Manjerona atuam em todos os papéis, da Rabeca (um dos principais instrumentos do banco), até personagens como o Mestre Ambrósio, o Capitão Marinho e o Vaqueiro. Também se apresentam no 25º Encontro de Cavalo Marinho os grupos Boi Matuto e Boi da Luz, ambos de Olinda, além do Estrela de Ouro, Estrela Brilhante e Boi Pintado, de Condado. O evento integra o calendário de festejos capitaneados pelos filhos e netos para manter o legado de Mestre Salu, um dos maiores símbolos da resistência da cultura popular do nosso Estado, falecido em 2008. Este ano a iniciativa conta com apoio da Fundarpe, da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco e da Prefeitura de Olinda. CAVALO MARINHO - Variação do Bumba-Meu-Boi, o Cavalo Marinho é típico da Zona da Mata nordestina e tem relação próxima com a religiosidade local, atingindo seu ápice na época natalina. Com performances que envolvem música, teatro, coreografias e falas improvisadas, e prestam homenagem aos Reis Magos, que na tradição cristã teriam visitado Jesus logo após o seu nascimento, trazendo presentes para a criança. CICLO NATALINO – O Encontro do dia 25 de dezembro marca o ciclo de comemorações natalinas da Casa da Rabeca, e é realizado pelo espaço desde 1995, por iniciativa do Mestre Salustiano, uma das mais emblemáticas personalidades da cultura popular do Estado. O ciclo encerra com a festa do Dia de Reis, em 6 de janeiro, também a partir das 18h, embalado pelo ritmo, as cores, os personagens do reisado. SERVIÇO 25º Encontro de Cavalo Marinho Quando: Quarta-feira, 25 de dezembro de 2019 Onde: Casa da Rabeca (Rua Curupira, 340, Cidade Tabajara – Olinda/PE) Horário: 18h Entrada e estacionamento gratuitos Mais informações: 3371-8197

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Projeto Noite dos Mestres do Apito abre prévias do Carnaval na Zona da Mata Norte

A programação cultural do Projeto Noite dos Mestres do Apito, que acontecerá neste sábado (21), vem no clima de prévia para o carnaval 2020. O ensaio, dedicado às tradições do maracatu rural, umas importantes brincadeiras popular do carnaval pernambucano, tomará conta do município de Nazaré da Mata, localizado na Zona da Mata do Estado, a partir das 21h. Entre as atrações da noite, Coco Canavial do Valmir e Mestre Biô; Maracatu Leão Africano de Nazaré da Mata, com Mestre Cabeça. Ao todo, serão oito horas de festividade ao ar livre. Apresentações acontecerão na sede provisória do Maracatu Leão Africano, rua Vicente Barbalho, nº 153, Centro. O mestre de maracatu, Lezildo José dos Santos, conhecido como mestre Bi, de 33 anos, será a grande atração do evento. No currículo cultural, o artistas, de origem rural, traz um legado importante, com passagem por vários grupos de maracatus da região. Seus primeiros passos na brincadeiras popular, teve início em meados do ano 2000. De lá para cá, saiu da condição de espectador para ocupar os palcos e ruas, onde havia concentração do maracatu rural. A primeira passagem oficial, como mestre de improviso, aconteceu em 2010, no Maracatu Estrela Brilhante de Nazaré da Mata. Dois anos depois, de muita luta, determinação e garra à frente do maracatu, conquistou o prêmio de campeão do grupo um do Concurso de Maracatus Rurais, promovido pela Prefeitura do Recife, durante o carnaval daquele ano. As coquistas não pararam por aí. Durante quatro anos consecutivos, o Mestre Bi, e toda sua nação do grupo de maracatu em que ele faz parte, ocupou grupo especial do concurso. Além de colecionar uma intimidade musical, ele também já esteve em outros projetos e eventos culturais, ao lado de artistas, como Siba Barachinha, Anderson, Santino e João limoeiro. Com eles, fez apresentações de ciranda e de maracatu. Perto de completar duas décadas envolvido no maracatu rural, Mestre Bi já esteve em vários festivais, como o Festival de Inverno de Garanhuns, Fenearte,Tipoia, Lula livre entre outros. Realização - O projeto Noite dos Mestres do Apito, coordenado pela produtora cultural, Cilda Trindade, é uma iniciativa que conta com o incentivo do Funcultura, Fundarpe e Secult - PE, com o apoio da Prefeitura de Nazaré da Mata. A iniciativa itinerante, chega à sua última edição neste sábado (21), após percorrer várias sedes de maracatus na cidade de Nazaré da Mata. Programação​ Abertura - 21h: Coco Canavial do Valmir e Mestre Biô 22h: Maracatu Leão Africano de Nazaré da Mata; 23h às 5h : Mestre Bi. Serviço: Local: sede provisória do Maracatu Leão Africano, rua Vicente Barbalho, nº 153, Centro. Horário: Das 21h às 5h Classificação: Livre

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Funcionamento do comércio para o Natal

Horários para terça-feira (24/12/2019) e quarta-feira (25/12/2019) Centro e bairros Nesta terça-feira, as lojas do Centro e bairros funcionarão normalmente, das 9h às 17h, podendo se estender um pouco mais. Já na quarta-feira, 25 de Dezembro, as lojas estarão fechadas. O funcionamento é facultativo de acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho 2019/2020. Shoppings RMR Shopping Recife Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 9h às 18h. Quarta-feira (25/12/2019): Lojas fechadas. Alimentação e lazer – Facultativo, das 12h às 21h. Shopping Tacaruna Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 9h às 18h; BIG Bompreço, das 7h às 20h. Quarta-feira (25/12/2019): Lojas e BIG Bompreço – Fechados; Alimentação e lazer – Facultativo, das 12h às 21h; Cinema, a partir das 13h. RioMar Shopping Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 9h às 18h. Quarta-feira (25/12/2019): Lojas e Quiosques – Fechados; Alimentação e lazer – Facultativo, das 12h às 20h. Plaza Shopping Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 9h às 19h. Quarta-feira(25/12/2019): Lojas fechadas; Alimentação e lazer – Facultativo, das 12h às 21h. Shopping Boa Vista Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal; das 8h às 18h. Quarta-feira (25/12/2019): Lojas fechadas; Game Station, das 11h às 19h; Alimentação – Facultativa, das 11h às 19h; Cinema, conforme programação. Patteo Olinda Shopping Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 9h às 18h. Quarta-feira(25/12/2019): Lojas e operações de serviços – Fechadas; Alimentação e lazer, das 12h às 21h. Paulista North Way Shopping Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 9h às 18h, com a praça de alimentação até às 19h. Quarta-feira (25/12/2019): Lojas fechadas; Alimentação e Parks & Games, das 12h às 21h; Cinema, conforme programação. Shopping Guararapes Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 9h às 19h.* Quarta-feira (25/12/2019): Lojas fechadas; Alimentação e lazer – Facultativa, das 12h às 21h. * *Europa Câmbio e Hope, funcionarão conforme os seus horários. Camará Shopping Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 9h às 18h. Quarta-feira (25/12/2019): Lojas e Alimentação – Fechadas; Cinema, conforme programação. Shopping Costa Dourada Terça-feira (24/12/2019): Lojas e Alimentação., das 9h às 18h; Arco-Vita, das 8h às 20h. Quarta-feira (25/12/2019): Lojas e Arco-Vita – Fechados; Alimentação, das 12h às 20h; Cinema, conforme programação. Paço Alfândega Terça-feira (24/12/2019): Funcionamento normal, das 10h às 17h. Quarta-feira (25/12/2019): Fechado.

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Turnê de François Moïse Bamba traz a contação de histórias africanas para Pernambuco

Uma atividade lúdica que tem a capacidade de encantar. A arte de contar histórias é uma das práticas mais remotas da humanidade. Contá-las é uma forma de preservar culturas, valores e conhecimentos. E é com um repertório cheio que François Moïse Bamba chega a Pernambuco. No Brasil pela quarta vez, o ator natural do Burkina Faso (país no Oeste da África) é reconhecido pelo mundo como “o ferreiro contador”. Após passar por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará, a turnê do artista espalha a arte da contação com apresentações, oficinas e intercâmbio cultural no Sertão do Pajeú e Região Metropolitana do Recife. A programação do artista no Estado iniciou ontem (18), no Centro Cultural Grupo Bongar, na Xambá, em Olinda, com apresentação de espetáculo de contos. No dia 21 de dezembro, o artista propõe um dia de vivência junto à natureza, em Aldeia (Camaragibe). O encontro é formatado com um passeio na mata embalado por contação de histórias, almoço, vivência e bate-papo. Acompanhando o contador, estará presente na turnê a artista Laura Tamiana, que além da tradução, é quem organiza a vinda e a circulação do artista no Brasil. A tradução é feita como parte da cena, ambos os artistas contando juntos. Tudo é traduzido no momento, sem preparo prévio, já que François carrega um repertório de contos tradicionais do Burkina Faso, dentro dos quais escolhe as histórias que serão contadas na hora da apresentação de acordo com sua percepção do público presente. “Não posso saber antes o que vou contar, porque para mim são momentos de troca, de conversa. Preciso ver o público, sentir o público. Nesse momento, os contos se posicionam no meu espírito, na minha boca, com uma maneira de dizê-los”, conta François. O momento de mais imersão nas terras pernambucanas será em janeiro de 2020, durante o projeto “Do Burkina Faso a terras quilombolas – um encontro pela oralidade”, no sertão do Pajeú. O intercâmbio será entre o artista e a comunidade quilombola Abelha, em Carnaíba, terra conhecida por sua forte oralidade através da poesia no sertão pernambucano. Serão oito dias de atividades de visita, encontros, bate-papos, partilhas de saberes, momentos de contos, oficina em torno da oralidade e um momento de encerramento aberto ao público com apresentações de François e dos grupos locais, além de um palco aberto a artistas da região. O projeto tem o incentivo do Funcultura. A circulação do artista no Brasil tem a produção da Terreiro Produções (PE), produtora de Laura, em parceria com a companhia Les Murmures de la Forge, de François. Em 2018, a turnê no Brasil contou com 23 apresentações e 11 oficinas e conferências. Nesta de 2019 são 26 apresentações e 15 oficinas e conferências. Durante a circulação, a dupla de artistas faz também a divulgação do Festival Internacional dos Patrimônios Imateriais, organizado por François no Burkina Faso e que tem Laura como colaboradora e cocuradora da edição 2020. Essa próxima edição acontecerá de 12 a 25 de março de 2020 e terá as culturas brasileiras como culturas internacionais convidadas. O festival propõe uma imersão de duas semanas no patrimônio imaterial do Burkina e suas etnias, com um modelo que oferece ao público internacional diferentes pacotes para cuidar de toda a estadia dos interessados em vivenciar essa imersão. François e Laura trabalham em parceria desde 2017, concebendo e desenvolvendo atividades artísticas e culturais, que têm por objetivo criar espaços de encontro e intercâmbio entre seus países e suas culturas. Encontrando-se por meio de seus fazeres artísticos, no festival FETEAG em Recife, os dois se reconheceram na importância que dão ao encontro e às trocas interculturais. “Elas nos permitem nos conhecermos melhor, a nós mesmos e aos outros, e o encontro é gerador de vida, é através dele que podemos viver bem juntos", pontua Laura. Os artistas dão ao conjunto de suas atividades realizadas em parceria o nome de Ba-kô, que na língua Bambara significa “as costas da mãe”, simbolizando a descoberta do mundo a partir de um lugar de acolhimento; “cuidado”, já́ que é nas costas que as mães africanas carregam suas crianças e “do outro lado da margem”, que simboliza ir ao encontro do outro. FRANÇOIS MOÏSE BAMBA O contador de histórias e ator do Burkina Faso foi iniciado na arte do conto por seu pai e criado em estreita relação com a tradição da cultura e da arte griot. Credita sua formação artística principalmente a Hassane Kouyaté, Habib Dembélé e Jihad Darwiche. Coletou e reescreveu contos do Burkina Faso, alguns deles dando origem a CD, DVD e livros publicados na França. Hoje é reconhecido internacionalmente por seu trabalho e viaja o mundo inteiro. Desde 2003, participou de festivais, na França, no Niger, Egito, Djibouti, Congo, Québec, Martinica e outros. Foi por diversos anos diretor artístico do festival Yeleen, no Burkina Faso, diretor artístico e cultural da Maison de la Parole (Casa da Palavra) e coordenador geral da rede internacional de contadores de histórias da África do Oeste Afrifogo. Realiza em seu país o Festival Internacional dos Patrimônios Imateriais, que a cada edição propõe um mergulho em uma das 65 etnias do Burkina Faso. LAURA TAMIANA Artista e produtora brasileira. Diplomada em Cooperação Artística Internacional pela Universidade Paris 8, na França. Suas criações e projetos propõem diálogos entre as artes visuais, a música, as artes da cena e as artes tradicionais e tem por motivação criar circunstâncias de encontro: de cada um consigo mesmo, entre as pessoas, entre diferentes contextos e culturas, com questões em torno da identidade, pertencimento afetivo e propósito de vida. Em seus mais de vinte anos de carreira, tem grande experiência como diretora de produção e gestão de projetos culturais. Como artista visual, realiza os projetos Retrato: substantivo feminino, um projeto audiovisual com mulheres ligadas a culturas tradicionais; e Céu e Terra, um diálogo entre as artes visuais e a Permacultura. SERVIÇO Vivência, oficina e bate-papo: “Na escuta da natureza” 21/12, 9h às 17h Proposta: Um passeio contado com histórias e músicas ao longo de uma pequena caminhada

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