Arquivos Urbanismo - Página 13 de 93 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Seminário debate com estudantes o Recife e as mudanças climáticas

Alunos da rede municipal do Recife terão a oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre as transformações do clima de uma maneira lúdica e descontraída no Seminário Recife Cidade Parque – Carta do Recife do futuro para o Recife do presente. Será realizado no dia 9 de novembro, no auditório do Compaz Escritor Ariano Suassuna, no Bairro do Cordeiro, das 9h às 12h. Os alunos convidados a participar do evento estudam nas Escolas Municipais em Tempo Integral Maria Sampaio de Lucena e Reitor João Alfredo. Organizado pelo Recife Cidade Parque – Plano de Qualidade da Paisagem, projeto de pesquisa, fruto de convênio entre a Universidade Federal de Pernambuco - UFPE e a Prefeitura do Recife, o seminário também faz parte do RXN 2023 - Sociedade (Fórum Internacional Recife Exchange Netherlands). Desde 2011 o fórum discute saídas para a elevação dos níveis dos oceanos em cidades holandesas e na capital pernambucana. Durante o evento, será divulgada a Carta do Recife do futuro para o Recife do presente, elaborada no último RXN, em 2021. Em tom poético e colocando o próprio Recife como narrador em primeira pessoa, o documento exalta as características “anfíbias” da cidade, banhada por rios e pelo mar, e conclama a sociedade a se mobilizar pelo seu futuro frente às ameaças ambientais. Em seguinda, estudantes vão assistir a palestras que vão abordar o tema O Recife e as mudanças climáticas. O oceanógrafo Marcus Silva, professor do Departamento de Oceanografia da UFPE, será um dos palestrantes e vai informar os alunos sobre as Mudanças climáticas e aumento do nível do mar. O arquiteto e urbanista Alexandre Campello vai discorrer sobre Cidades e soluções com base na natureza. Roberto Montezuma, professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE, fecha o ciclo de palestras ao explicar o tema Recife Cidade Parque: um projeto de reinvenção urbana. As explanações vão contar com o talento do ator e pedagogo Adriano Cabral, que fará uma dinâmica para interagir com os adolescentes. O evento destinado aos estudantes compõe a segunda etapa do Seminário Recife Cidade Parque. Em outubro foi realizada a primeira fase com a mesa-redonda O drama das mudanças climáticas e a urgência da reinvenção do Recife, destinado ao público adulto que contou com palestrantes do Brasil e do exterior e fez parte do Circuito Urbano 2023, iniciativa da ONU-Habitat. Sobre Recife Cidade Parque – Plano de Qualidade da Paisagem O Recife Cidade Parque – Plano de Qualidade da Paisagem é um projeto de pesquisa, fruto do convênio entre a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e a Prefeitura do Recife, que tem como objetivo buscar alternativas para os desafios da capital pernambucana diante das mudanças climáticas. Os estudos e ações do projeto baseiam-se na estrutura hídrica da cidade, composta pelos rios Capibaribe, Beberibe, Tejipió e pela frente marinha, para oferecer soluções que possibilitem a reinvenção do Recife. SERVIÇO: Seminário Recife Cidade Parque Carta do Recife do futuro para o Recife do presente. Data: 9 de novembro de 2023 Mesa-redonda: O Recife e as mudanças climáticas Local: Auditório do Compaz Escritor Ariano Suassuna (Av. Gen. San Martin, 1208 - Cordeiro) Horário: 9h às 12h.

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alfredo pena vega

Ainda falta uma pedagogia climática

“Não estamos em uma urgência climática, mas em uma urgência civilizatória”, constatou Alfredo Pena-Veja, professor e pesquisador chileno especializado em Socioecologia, que é filiado ao IAP (Instituto de Antropologia Política) no Centro Edgar Morin, na França. Durante o evento que teve como tema O Drama das Mudanças Climáticas e a Urgência da Reinvenção do Recife, ele destacou que o drama principal não são as mudanças climáticas, mas as atuações insuficientes dos agentes internacionais na implementação de políticas públicas efetivas diante do aquecimento global. A educação está no centro da estratégia traçada pelo pesquisador. O pesquisador avalia que a transição progressiva das metas de redução de CO2, com menor impacto da redução de combustíveis fósseis, é uma posição de “hipocrisia” diante da urgência que o planeta atravessa. “O presidente da próxima COP 28, nos Emirados Árabes Unidos, Sultan al-Jaber, dirige a companhia petrolífera nacional do país”, afirmou. “Todos nós já sabemos, o diagnóstico está feito. Faz 10 anos, pelo Relatório do IPCC, que se falava que situações extremas vão acontecer em 2030 ou 2040. Se continuarmos cada ano a adicionar mais CO2 do que temos hoje, haverá o aumento dos níveis da temperatura. Matematicamente, se continuarmos emitindo CO2, isso vai piorar. É a lógica.”, ressaltou Pena-Veja. Para o pesquisador, um dos caminhos para frear esse processo é conscientizar a população, especialmente os jovens. “Os jovens são os primeiros a serem afetados pelo impacto das futuras condições das mudanças climáticas". Nesse processo, ele defende que as novas gerações precisam compreender o fenômeno das mudanças do clima e ter em conta os desafios sociais, ecológicos, além de considerar as possibilidades de ação.

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Soluções para o Recife não afundar

Por Rafael Dantas As mudanças climáticas saíram das páginas de ciência ou de meio ambiente para o noticiário cotidiano. As chuvas estrondosas que inundaram a capital pernambucana no ano passado, as enchentes que acometeram recentemente o Rio Grande do Sul e a seca que atinge o Rio Negro, no Amazonas, são cenas de um mesmo filme. A urgência de preparar as cidades para esses cenários extremos foi discutida no Seminário Recife Cidade Parque — Carta do Recife do Futuro para o Recife do Presente que apontou as vulnerabilidades do País frente à rápida transição que o mundo enfrenta. O evento foi organizado pelo Recife Cidade Parque — Plano de Qualidade da Paisagem, projeto de pesquisa, fruto de convênio entre a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e a Prefeitura do Recife. “Nós somos um dos países mais vulneráveis do Planeta”, alertou o vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo, que também é coordenador da Rede Clima e um dos maiores conhecedores das transformações climáticas no Brasil. No contexto do País, o Recife é uma das cidades ameaçadas, sendo classificada pelo IPCC (Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas) como a 16ª cidade com maior vulnerabilidade às alterações climáticas em escala global. MUDANÇAS MAIS ACELERADAS Segundo o pesquisador, a combinação do movimento da Terra e dos ventos resulta em uma maior acumulação de água quente ao longo da costa brasileira. Isso ocorre porque esses fatores empurram o volume hídrico em direção ao nosso litoral. O aquecimento dos oceanos também desempenha um papel fundamental nesse cenário, de acordo com Moacyr. Quando os oceanos se aquecem, eles tendem a se expandir, ocupando mais espaço. Para explicar isso, ele fez uma analogia com o efeito de ferver água em uma panela, que leva à expansão do líquido, fazendo-o transbordar. Da mesma forma, o aquecimento das águas oceânicas faz com que o nível do mar aumente, contribuindo para o problema da elevação, que atinge principalmente as cidades mais baixas, como o Recife. Moacyr destacou ainda que a mudança na temperatura da Terra e seus efeitos na vida das cidades chegaram muito antes do que previam os especialistas. Algumas projeções de fenômenos estimavam que aconteceriam daqui a 50 anos ou mais, porém seus sinais já são sentidos em pleno 2023. “Estamos com uma taxa de aumento do nível do mar cerca de 2,5 vezes mais intensa do que a média de todo o século passado. O que significa isso pra gente? Significa que, de fato, está aumentando o nível do mar, mas que está aumentando a uma velocidade mais rápida do que a gente imaginava”, advertiu Moacyr Araújo. BAIXA DO NÍVEL DAS CIDADES Além do avanço do mar, Moacyr ressaltou ainda outro problema que é mais difícil de mensurar, a subsidência: afundamento gradativo da superfície da Terra. “Nós hoje não sabemos o nível de subsidência das nossas capitais. A subsidência é quando começa a afundar. E Pernambuco e o Recife, com sua região metropolitana, são locais de subsidência, claramente. Isso está já cientificamente comprovado”, assegurou. Em Maceió, por exemplo, há um problema de afundamento de pelo menos cinco bairros, provocado pela mineração de sal- -gema da empresa Braskem. No seminário, o pesquisador explicou que esse processo de subsidência pode ser também natural. Quando a elevação do nível das águas soma-se ao rebaixamento da superfície das cidades, a equação impõe desafios que demandam soluções amplas e estruturais, segundo os pesquisadores. LIÇÕES DA EUROPA E DA CHINA “É o momento de começar a projetar extremos”, conclamou a pesquisadora Mila Avellar, que realiza pesquisas no Instituto para Educação das Águas (Unesco/Governo Holandês). Ela discorreu sobre as lições do intercâmbio internacional Holanda-China-Recife para enfrentar o aumento do nível do mar. Há mais de 10 anos, os diálogos entre a capital pernambucana e Amsterdã têm gerado documentos, projetos e utopias de como o Recife pode se preparar para os efeitos das mudanças climáticas de forma menos traumática, promovendo mais qualidade de vida para os seus moradores. “O aumento do nível do mar é apenas um dos ‘n’ efeitos dessas mudanças climáticas. Então acho que isso só acende um grande alerta e um senso de urgência em todos nós de que o futuro não é amanhã, não é hoje, é ontem”, declarou Mila. A pesquisadora considera que a sociedade não discute ainda de forma ampla a necessidade de um novo design e um projeto holístico para as cidades, que se adapte às mudanças climáticas. Por outro lado, Mila avalia que a frequência mais elevada do nível dos acidentes promovidos pela transição que o Planeta atravessa tem sensibilizado contingentes maiores da população a dar mais atenção ao tema. Ao comparar imagens de grandes calamidades da China e lembrar de eventos recentes do Recife e de outras cidades, a pesquisadora reforçou no encontro a amplitude dessa agenda. “Estamos lidando com eventos e desafios compartilhados”. As experiências internacionais apontam para a necessidade de se planejar o que tem sido chamado de cidades-esponja, aquelas que têm alta capacidade de absorção das águas das chuvas. Entretanto, ela lamenta que os esforços na maioria das cidades, hoje, se concentram em outra direção, isto é, de acelerar a velocidade das águas em direção ao mar. “As cidades esponjas visam absorver nas cidades 70% da carga de chuva anual. Os chineses têm um plano ambicioso de que em 2030 todas as cidades piloto dos planos de ‘Sponge Cities’, atinjam em mais de 80% da sua área as metas de absorção máxima”, exemplificou. Outro princípio que tem norteado a preparação das cidades para os eventos extremos é o de 3PA, que é uma avaliação em três pilares. Um deles é a preparação da cidade para eventos naturais do seu cotidiano. O segundo é uma atenção para como a estrutura das cidades poderá absorver as águas no momento em que o espaço urbano começa a falhar, com alagamentos e inundações. Além desses dois, o modelo propõe uma leitura para as situações de catástrofes naturais, que são os eventos mais desafiadores, mas que estão se tornando mais recorrentes no Planeta. “Para cada um desses pontos, o nível

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Um exemplo perto de nós e viável para nosso povo

*Por Débora Almeida A minha experiência na Colômbia, conhecendo as cidades de Bogotá e Medellín, mostra a importância e o bom exemplo da gestão pública atuando na qualidade de vida das pessoas. Fica claro a existência da preocupação com a segurança, mas sem esquecer social. Um dos lemas mais falados por lá é que o “o melhor deve ser para os mais pobres” e que se não se consegue acabar com a pobreza os gestores devem focar em dar mais dignidade para as pessoas. Conhecemos uma série de iniciativas com que visam diminuir a violência e garantir uma vida melhor para as pessoas, chamou a atenção os complexos estruturados que são repletos de atividades culturais e esportivas, tudo isso integrado a um sistema de transporte público eficiente com teleféricos, BRTs, metrô e ônibus. Ficou claro, nas nossas reuniões com os gestores públicos colombianos, que a diminuição dos índices de violência é resultado dessas ações voltadas para o social, educação e segurança. Tudo isso gera uma sensação de pertencimento das pessoas e cuidam dos equipamentos instalados nas cidades. A insegurança pode ser combatida com o estímulo à convivência social, pois quanto maior o número de pessoas na rua, mais segura a cidade se torna. Por isso, uma das medidas de combate à violência adotadas na Colômbia foram, justamente, a criação de espaços de convivência e não o aumento do policiamento. Portanto, a pacificação se deu também por meio do urbanismo social, que propôs intervenções a fim de fomentar o convívio entre as pessoas e mudar a relação da população com a cidade. A partir disso, foi possível criar um ambiente seguro para todos os moradores de locais antes considerados violentos e perigosos. Graças às mudanças, Medellín é um exemplo dos resultados alcançados com o número de homicídios na cidade despencando com o passar dos anos. No início dos anos 1990, a taxa de homicídio era de 360 por 100 mil habitantes. Caindo para 160 por 100 mil habitantes em 2000 para 35,3 em 2005. Manteve-se nesse patamar nos três anos seguintes, mas em 2009 voltou a crescer, chegando a 94 mortes por 100 mil habitantes. Nos quatro anos seguintes, caiu novamente: 86 (em 2010), 69,6 (em 2011), 52 (em 2012) e 38 (em 2013). E seguiu reduzindo, com 14 mortes em 2020. Por trás das soluções implementadas nas favelas da cidade, há também importantes acordos com a população, com as empresas envolvidas e com o terceiro setor. Para definir esses pactos de convivência, de uso e de cidadania, todos esses atores são reunidos e, assim, dialogam e formalizam o comprometimento. Além disso, para lembrar os moradores desses pactos, frases relacionadas ficam expostas em diversos lugares da comunidade. Essa ação tem o intuito de provocar uma verdadeira transformação da cultura do local e, consequentemente, fomentar a transformação social. Ficou a lição que precisamos parar de olhar o mapa da cidade para aplicar políticas baseadas em áreas. É importante ver os indicadores por bairro e ouvir suas necessidades. É preciso reconhecer, valorizar e potencializar o que há em cada território. Quais são os bairros mais violentos? O que eles precisam? A transformação lá não foi só urbana, mas cultural. Qualificar o serviço público não é só uma questão estética, mas também ética. Ficamos muito felizes com que vimos e com as nossas conversas com a população. Na nossa bagagem de volta ao Brasil ficou que é possível atuar com foco nas pessoas, todos que interagiram comigo comentavam o espanto e a falta de conhecimento desta realidade. Tudo é possível se trabalharmos com força, foco e vontade. Vamos juntos mudar essa realidade. Por Debora Almeida, deputada estadual (PSDB) e duas vezes prefeita de São Bento do Una

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Yedo Leonel Secom

Governo do Estado anuncia investimento de mais de R$ 80 milhões em estradas

A governadora Raquel Lyra anunciou investimentos significativos para a recuperação de estradas nas regiões, totalizando mais de R$ 80 milhões em recursos. Um dos principais projetos inclui a restauração completa de um trecho de dez quilômetros da PE-089, que se estende desde a PE-074, no distrito de Siriji, até o município de São Vicente Férrer. Essa iniciativa receberá um investimento de R$ 17 milhões, com previsão de conclusão das obras até o final do segundo semestre de 2024. Além disso, a governadora também realizou uma visita às obras de requalificação da PE-091, que conecta o município de Macaparana ao distrito de Pirauá, localizado na divisa com o estado da Paraíba. Para essa rodovia, estão destinados recursos no valor de R$ 16 milhões. As obras estão sendo executadas pela Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), através do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). "As máquinas estão nas estradas para garantir à população o direito de ir e vir, facilitando o acesso à Zona da Mata e ao Agreste, fazendo a economia girar e contribuindo para a criação de empregos nas regiões", destacou Raquel Lyra, que realizou ainda uma vistoria na PE-075, que tem obras de requalificação orçadas em R$ 50 milhões, com prazo de conclusão para março de 2024. O trecho tem 39,5 quilômetros de extensão, e liga Goiana ao distrito de Ibiranga, na Mata Norte. A governadora também formalizou a autorização para o início das obras de restauração da APE-062, que serve como acesso ao distrito de Caueiras, situado no município de Aliança, na região da Zona da Mata. Essa via abrange uma extensão de 2,78 quilômetros e receberá um investimento de R$ 4,1 milhões. A expectativa é de que as obras sejam finalizadas em até quatro meses, trazendo benefícios para mais de 38 mil moradores da região.

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Divulgacao SEMOBI

Governo de Pernambuco entrega trecho duplicado da BR-104

O Governo do Estado de Pernambuco entregou um trecho duplicado de oito quilômetros na BR-104, entre Toritama e Pão de Açúcar (distrito de Santa Cruz do Capibaribe), nesta quarta-feira (25). A entrega é uma notícia muito aguardada pelo Agreste Setentrional. Após a abertura do trecho, outros 5,2 quilômetros receberão serviços de terraplenagem, pavimentação, drenagem, sinalização, barreiras de proteção e paisagismo. Esse próximo trecho vai do entroncamento com a PE-160, em Pão de Açúcar, até a entrada da PE-145, que leva ao distrito de Fazenda Nova. A obra cobre um trecho total de 13,2 quilômetros. O governo estadual, através do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), forneceu sinalização vertical e horizontal para garantir a segurança dos usuários da via. As obras de duplicação e restauração da BR-104 receberam um investimento total de R$ 106,3 milhões e foram retomadas em setembro. A previsão de conclusão é de 18 meses. “Essa importante obra vai melhorar bastante a fluidez da via, além de fortalecer a mobilidade urbana e a acessibilidade dos usuários. A retomada dessa obra é resultado de grande esforço do Governo de Pernambuco e vai fortalecer ainda mais a economia e o turismo dessa região, que tem o segundo maior polo de confecções do país", afirma o secretário de Mobilidade e Infraestrutura, Diogo Bezerra.

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rio tejipio 2023

Rio Tejipió: entre águas, sonhos e pesadelos

Série "3 Rios, 3 Comunidades, 3 Desafios" apresenta os problemas ambientais e sociais que se entrelaçam na Região Metropolitana do Recife. A produção é apoiada pelo Programa Acelerando a Transformação Digital, desenvolvido pelo International Center for Journalism (ICFJ) e Meta, em parceria com associações brasileiras de mídia. Na reportagem desta edição destacamos o Rio Tejipió. *Reportagem: Rafael Dantas*Fotos: Thally Santos | Instituto Solidade Apoio Poluído e com suas margens densamente povoadas, o Tejipió repete a história dos muitos rios urbanos que cortam as grandes cidades brasileiras. As populações vizinhas às suas águas têm uma vida quase anfíbia, adaptadas às enchentes que há décadas assolam durante o inverno esse território que um dia se tornou lar. Nos últimos anos, no entanto, a agressividade das cheias assustou. Intensidade e frequências maiores são sintomas de uma dura sintonia com as mudanças climáticas. Um cenário de muita tensão que terá nos próximos anos a chance de ser enfrentado com muitos investimentos que foram captados pelo poder público. Enquanto ainda não enxergam os projetos e as obras, a ansiedade permanece nas comunidades ribeirinhas e além delas. Carla Suzart, 46 anos, mora exatamente ao lado do Rio Tejipió há quase 29 anos. Ela vivia com quatro irmãos e um filho no bairro de Areias, quando sua mãe faleceu. Com os poucos recursos que conseguiu com o pai, comprou o espaço, no bairro de Coqueiral, onde vive desde então. “Quando minha mãe faleceu, eu fiquei desesperada. Disse ao meu pai que precisava de uma casa. Ele mandou uma quantia de dinheiro que não dava para comprar lá. Aqui era o canto mais barato que encontrei. Ou eu comprava ou ficava sem casa. Precisava de uma base para recomeçar a vida”. Ela já sabia que o lugar era vulnerável à subida do rio. Mas, mesmo assim, surpreendeu-se no primeiro inverno. “Foi desesperador. Sabia que enchia, mas não tinha noção na altura. Perdi tudo. Só deu tempo de enrolar meu filho e correr. Quando voltei para buscar as outras pessoas, a água já estava na metade da casa”. Com os anos de convívio com as enchentes, Carla aprendeu com a experiência. Ela conta que eram seis meses de casa arrumada e seis meses com os móveis todos suspensos em cavaletes, bancos ou no que pudesse prender nas paredes. Todos os cômodos da sua casa têm janela voltada para observar o nível das águas que, por muitos anos, invadiram sua residência. Com muita luta, ela conseguiu com aterramento subir em um metro o primeiro piso da moradia. “Pensei que iria ter sossego. Amenizou um bocado. Foi muito sacrifício. Refiz a casa umas duas vezes” Mesmo tendo uma casa muito elevada e adaptada, com sofá, cama, guarda-roupas, raque, construídos de alvenaria e cerâmica, a força das águas levou Carla e sua família a deixarem o lar às pressas mais uma vez. As intensas tempestades do ano passado foram as piores dos seus quase 30 anos em Coqueiral, a comunidade mais afetada. “Tem um nível da ponte que quando a água atinge eu já saio. Deixo todas as coisas aí e vou para casa da minha cunhada. Fica uma agonia porque ficam os animais e a vida da gente aqui. Mas a minha vida e a da minha família estão em primeiro lugar. Pra gente vale mais isso. Aqui está a história e a vida da gente”, conta a moradora. Ao atravessar a ponte e seguir a sua rota de fuga, a água estava na cintura. Para ter esse monitoramento, ela afirma que se reveza com o marido: durante a noite nos períodos chuvosos, enquanto um dorme, o outro observa a subida da altura das águas. Mesmo morando a uns 300 metros do Rio Tejipió, Fabiana Chagas, 40 anos, correu risco de vida nas cheias do ano passado. Sem estar tão acostumada com a chegada das águas com tanta força, como ocorre nas residências dos moradores ribeirinhos, ela perdeu praticamente tudo no ano passado. Fabiana mora há 40 anos no mesmo local, também em Coqueiral. A família está nessa habitação há quase um século. Ela guarda uma lembrança saudosa da sua infância, de um convívio agradável com o rio. “Minha lembrança do rio começa com 12 ou 13 anos. Lembro das lavadeiras do Rio Tejipió. Elas ganhavam dinheiro lavando roupa, era um rio muito limpo. São aí 25 anos ou 27 anos para, de repente, ele ser destruído tão rapidamente e virar uma ameaça pra gente. É um período muito curto. Não tem a ver só com a questão climática, mas com a postura humana, de jogar lixo, de invadir a margem, mas também de saneamento básico. Tem a ver com moradia”, analisa Fabiana. A primeira enchente que ela lembra no bairro faz pouco mais de 20 anos, mas não passou perto da sua casa. Porém, os problemas das cheias começaram a se aproximar cada vez mais, até se tornarem recorrentes. Ela conta que se não tivesse casa própria, já teria deixado o local pelo trauma da enchente de 2022. “Ano passado, quando a água chegou aqui, sabíamos que ao redor estava uma situação de guerra. Foi algo sobrenatural, muito rápido. Houve uma elevação de 50 centímetros em uma hora. Todo mundo se apavorou e quis somente sair de casa. Ficamos sem energia, sem 4G, o bombeiro disse que não poderia entrar nessa rua por causa das ondas formadas pelo rio que eram perigosas”, conta a moradora, que saiu de casa amarrada em cordas para não ser levada pelas águas. As águas se foram, mas o medo de novos episódios permaneceu. O filho de Fabiana, John Chagas, de 12 anos, não quer ir para a escola quando começa a chover mais forte. A mãe conta que o adolescente foi diagnosticado com Síndrome do Pânico, estresse pós-traumático e ansiedade. Ele, que chega a vomitar com o nível de estresse elevado, foi uma das crianças que quase morreu no resgate, atingido por uma manilha que rolou na força das águas. Se os danos materiais são visíveis e contáveis, os danos psicológicos não são.

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Oficina do Recentro, sobre a Ilha de Antônio Vaz, acontece hoje no Rec'n'Play

A oficina RECIFE CIDADE PARQUE / Recentro – construindo uma visão urbanística integradora da Ilha de Antônio Vaz acontece no Rec’n’Play, na Escola Técnica Porto Digital (Av. Rio Branco, 193) hoje, dia 18 (quarta-feira). Serão sete horas de atividades, realizadas das 10h às 17h, destinadas a urbanistas, arquitetos, paisagistas, engenheiros, geógrafos, historiadores, entre outros. Organizada pelo Recentro e pelo Recife Cidade Parque - Plano de Qualidade da Paisagem (projeto de pesquisa desenvolvido por meio de um convênio entre a UFPE e a Prefeitura do Recife), a oficina tem o objetivo de promover uma visão urbanística integrada dos bairros que compõem a Ilha de Antônio Vaz: São José, Santo Antônio, Cabanga e ilha Joana Bezerra no Centro Histórico. A oficina terá como curador Francisco Cunha (consultor da TGI e presidente do Conselho de Administração da Agência Recife para Inovação e Estratégia – Aries) e terá como coordenadores os professores da UFPE Roberto Montezuma, Luiz Vieira e Fabiano Diniz e os pesquisadores Evandro José (UFPE), Milla Avellar Montezuma (Instituto para Educação das Águas - Unesco/Governo Holandês), Alexandre Campello (UFPE), Marta Roca (UFPE), Patrícia Menezes (UFPE) e outros convidados. A participação é aberta ao público interessado. E a capacidade é para 20 participantes - as vagas serão preenchidas por ordem chegada. A Ilha de Antônio Vaz pode ser interpretada como uma “Ilha de todos os tempos” da arquitetura e do urbanismo do Recife – desde o século XVI até o século XXI. Para entender a proposta da oficina é preciso conhecer um pouco da história do Recife. A Ilha de Antônio Vaz faz parte da antiga Cidade Maurícia, erguida durante a dominação holandesa. A área foi arrasada pela Guerra de Restauração. Ao ser reerguida transformou-se com as construções sacras, destacando-se as características Barroca e Rococó. Uma estética que se manteve até metade do século XX, quando os bairros centrais foram impactados com a construção das avenidas Guararapes e Dantas Barreto. “Os bairros de Santo Antônio e São José foram objeto de uma espécie de esquartejamento. O resultado dessas intervenções esquartejadoras foi um território desconectado que não consegue ser ‘lido’ pelo transeunte, inclusive com a perda de articulação do extraordinário patrimônio Barroco/Rococó”, explica Francisco Cunha. Em 2019 o Workshop Internacional Recife Exchange Holland (RXN), realizado por pesquisadores pernambucanos e holandeses, lançou uma visão urbanística contemporânea para a Ilha de Antônio Vaz. Essa visão deve se integrar ao atual convênio de pesquisa e inovação entre a PCR e a UFPE, o RECIFE CIDADE PARQUE – Plano de Qualidade da Paisagem. Projeto que tem como objetivo a reinvenção do Recife a partir da estrutura hídrica da cidade, composta pelas bacias dos rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió e pela frente marinha. O resultado da oficina servirá de importante insumo para os estudos prospectivos que estão sendo elaborados para construção do plano estratégico Recentro na Rota do Futuro, desenvolvido sob a coordenação do Recentro. Serviço: A oficina RECIFE CIDADE PARQUE / Recentro – construindo uma visão urbanística integradora da Ilha de Antônio Vaz Onde: Rec’n’Play, na Escola Técnica Porto Digital (Av. Rio Branco, 193) Quando: 18 de outubro (quarta-feira), das 10h às 17h Gratuita *A capacidade é para 20 participantes - as vagas serão preenchidas por ordem chegada.

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Farjardo Recife 2023

"Fundamental é repovoar o Centro do Recife com moradores"

Washington Fajardo, ex-secretário municipal de Planejamento Urbano do Rio de Janeiro, aborda os desafios de atrair moradias para a região central da capital pernambucana, elogia as iniciativas do Recentro e defende ações como a instalação de instituições de ensino na área para cativar a juventude. Estimular a moradia no Centro do Recife tem sido uma estratégia defendida por estudiosos e até pela prefeitura para revitalizar a região. O arquiteto e urbanista Washington Fajardo é um desses especialistas que acreditam que nenhum processo de reabilitação urbana tem sustentabilidade se não tiver pessoas morando no espaço a ser revitalizado. Fajardo é ex-secretário municipal de Planejamento Urbano do Rio de Janeiro, responsável pelo projeto Reviver Centro elaborado para atrair moradores para a região central da Cidade Maravilhosa. O sucesso do programa o levou a ser convidado a ser consultor do planejamento estratégico do Centro do Recife - Recentro na Rota do Futuro. O urbanista ressalta, no entanto, que seduzir a população a morar no Centro é uma tarefa complexa. Nesta entrevista a Rafael Dantas, ele fala dessas dificuldades como, por exemplo, a percepção de segurança que as pessoas têm do Centro, a oferta de moradias no local e o fato de a região não ser mais vista como uma centralidade, onde os moradores resolviam coisas, estudavam, faziam compras e atividades culturais. Mas ressalva que a proposta de se ter uma governança local, a partir do Recentro, é um passo importante para a recuperação da região, assim como a decisão do gabinete de ouvir a população sobre o Centro, a partir de uma consulta pública. Quais as diretrizes para que o Recife possa promover uma recuperação do Centro da cidade? O ponto fundamental é repovoar o Centro do Recife com moradores. Ou seja, nenhum processo de reabilitação urbana tem sustentabilidade se não tiver pessoas morando. Esse é o princípio. É muito sintético e objetivo, mas implementar isso é muito complexo. Porque, assim como outras cidades brasileiras, o Recife cresceu horizontalmente nas últimas décadas, numa velocidade muito intensa. A gente está falando de um Centro Histórico de toda uma região metropolitana, que é onde as pessoas estão morando. Esse modelo de crescimento da cidade acabou criando uma economia imobiliária que sabe pegar terrenos e fazer prédios. Mas hoje temos essa tendência de investir em retrofits também. Esse é um fenômeno recente brasileiro. No Brasil desaprendemos a reocupar, reformar. A palavra hoje é o retrofit. É importante entender que essa área central está em direta competição com essas outras áreas, onde encontramos uma cultura técnica que passa pela economia, mas vai até a arquitetura e a engenharia. Os próprios órgãos públicos dos municípios aprenderam a criar uma normativa urbanística que favorece essa expansão da ocupação. O resultado disso é que as áreas centrais ganharam uma ociosidade do ponto de vista de moradia, mas conseguiram manter uma função comercial ou de centralidade dos empregos. Aí veio segundo um fenômeno, um pouco de nossa época, que tem a ver com digitalização da economia. Então, além do problema histórico de ocupação, a economia digital já está afetando os centros urbanos também? Tanto o emprego, quantos hábitos de consumo estão muito organizados em função das facilidades que a internet nos proporciona. Esses novos hábitos, que têm a ver com a digitalização da vida da cidade, também têm impactado diretamente a relevância do varejo. Por exemplo: comprar algo não significa mais a necessidade de ter que ir à rua. E isso tem tido um crescimento exponencial, especialmente a partir da pandemia da Covid-19. É um fenômeno que ganhou uma proporção planetária, quando fomos obrigados a aprender novos hábitos. Passamos a fazer reuniões online, pedir comida em casa, fazer compras pela internet. Algo que era incipiente ainda, ganhou relevância e está presente em diferentes gerações. Antes era mais concentrado na juventude, mas com pandemia mesmo as gerações mais maduras ganharam novos hábitos. Ou seja, os centros urbanos têm situação histórica, de longo prazo, muito brasileira. E tem também o contexto novo, um pouco mais global, que tem a ver com digitalização. Isso aumentou mais ainda os esvaziamentos das áreas centrais. Estão correndo certo risco de ficarem irrelevantes. Nesse contexto, como o senhor avalia a experiência do Recife? O Recife é um caso interessante. Teve uma posição de vanguarda, quando algumas décadas atrás tomou decisão de implantar o Porto Digital em sua área central. Observe que o Recife tomou uma decisão muito avançada para época, em dois sentidos: priorizar o Centro da cidade e priorizar a nova economia. Uma reflexão que trago é que apesar desse vanguardismo, não se constituiu, de fato, uma nova camada social morando no Centro. Apesar do sucesso do Porto Digital, a população continua a não morar na região. Isso mostra como essa produção habitacional nas áreas centrais é muito complexa. A prioridade é trazer pessoas para morar, mas não é simples. Como modificar esse cenário para incentivar a moradia no Centro do Recife? Temos que ter visão de mercado. Ou seja, a produção habitacional tem que acontecer com as próprias pernas. Ao mesmo tempo, é necessário ter estímulo público. Que tipo de estímulo? Incentivos fiscais e subsídios, com regulação urbanística própria. É fundamental também que as pessoas passem a desejar mais o Centro. Isso significa que as famílias que hoje estão tomando decisão de moradia deveriam considerar área central como opção. Para isso é fundamental que existam alternativas no Centro para incentivar a decisão de comprar ou alugar uma moradia. Será que a população pensa em morar no Centro? E se pensar, será que conseguirá encontrar algo? Essas questões precisam ser resolvidas. Opções para quem queira e ter o desejo de povoar os bairros centrais. É um desafio que está tanto na demanda como na oferta. Para ter desejo, a população precisa se sentir bem no Centro. Ser um lugar seguro, organizado. Um bom parâmetro é pensar a cidade tomando as crianças como referência. Você viveria com seus filhos no Centro do Recife? A população percebe na área central da cidade um lugar para educar seus filhos

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Ana Moura e Ana Higino

Ana Moura e Ana Higino Iluminam a Casacor PE 2023 com o Espaço NO.ABRAÇO

As arquitetas Ana Moura e Ana Higino estão trazendo à CASACOR PE 2023 o ambiente "NO.ABRAÇO". Este espaço serve como um convite à interação e à celebração da magia da arquitetura e do design, alinhando-se com o tema geral da mostra de decoração de 2023: "Corpo e Morada". Neste contexto, a casa é vista como uma extensão do corpo, e o ambiente NO.ABRAÇO oferece um refúgio da agitação da vida diária, proporcionando momentos de jogos, leitura e relaxamento. "Entrar no espaço NO.ABRAÇO é como ser envolvido por um abraço caloroso e convidativo, onde os conceitos de conforto, aconchego, paz e tranquilidade ganham vida", afirmam as arquitetas. Elas projetaram este ambiente como uma sala de jogos versátil, destinada a transmitir o verdadeiro significado da interação humana, com conforto e funcionalidade. Este espaço multifuncional foi concebido para permitir que as pessoas vivam experiências memoráveis longe das distrações das telas e se desconectem da correria do cotidiano. O ambiente apresenta um painel que se estende do teto ao chão, capturando a atenção dos visitantes e convidando-os a explorar. A versatilidade é uma característica marcante do projeto, criado para incentivar a imaginação e oferecer um ambiente acolhedor que ajuda a reforçar a importância da interação pessoal. Além do design, o mobiliário também contribui para a sensação de conforto, com peças cuidadosamente escolhidas. A paleta de cores do ambiente, centrada no branco, é um traço característico dos projetos de Ana Moura e Ana Higino, mas desta vez, o teto de tom chocolate foi adicionado para criar uma atmosfera relaxante. O projeto inclui várias áreas de estar, proporcionando um ambiente convidativo para várias atividades simultâneas. Além disso, o espaço conta com elementos colecionáveis, obras de arte intrigantes e inusitadas, como um quadro de José Patrício e uma tela de Marcelo Solá, que trazem ainda mais profundidade e alma ao ambiente. Esta é a terceira participação de Ana Moura e Ana Higino na CasaCor PE, que se soma a outras mostras de decoração que já assinaram no estado. A CasaCor PE segue até 5 de novembro. O evento acontece no Edifício Chanteclair, com acesso pela Rua Vigário Tenório, no Bairro do Recife.

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