Publicação mostra os 50 anos da trajetória de Clementina Duarte
Há 50 anos, a arquiteta e designer pernambucana Clementina Duarte produz joias que conquistaram o status de arte pela beleza e criatividade do seu design. Suas criações caracterizam-se por uma originalidade inspirada na exuberância tropical brasileira, na arquitetura barroca e nas sinuosas formas modernistas de Niemayer. Para marcar essas cinco décadas de intensa produção, foi lançado o livro Clementina Duarte, 50 anos de arte e design, editado pela Cepe. Em edição bilíngue (português e inglês), a publicação faz jus à fecunda produção da designer nas suas 350 páginas, com muitas fotos dos colares, brincos e anéis criados por Clementina. Análises sobre a obra da designer feitas por personalidades também fazem parte do livro, como os depoimentos de Oscar Niemeyer, Gilberto Freyre, do jurista, educador e integrante da Academia Brasileira de Letras Joaquim Falcão e de Charlotte Perriand, famosa arquiteta e designer, que trabalhava com Le Corbusier. São textos deliciosos de ler, como a prosa sedutora de Freyre. “O que você cria, sai de suas mãos magistrais em expressões sempre, ao mesmo tempo que sensualmente curvas, magicamente curvas. São criações que vão juntar-se a corpos de mulher como se você animasse cada uma delas, de vida própria. Aqui a mágica: como se cada uma se enroscasse no pescoço ou no braço ou se agarasse a uma orelha de mulher com a graça, a fluidez, a flexibilidade de uma ágil serpentezinha de metal”, escreveu o sociólogo num artigo para o Diario de Pernambuco, em 1982 e reproduzido no livro. Joaquim Falcão ressaltou o caráter pernambucano e ao mesmo tempo universal das criações. “De pés no chão, mas espiando o mundo, as joias de Clementina recriam o Brasil a todo momento”, escreveu o imortal. O leitor vai conhecer também a incrível trajetória dessa arquiteta, formada no Recife, que ao frequentar um curso em Paris, em 1966, foi aconselhada pelo professor Jean Prouvé, a desistir da arquitetura e se dedicar à joalheria artística. “Ao me ver com um colar que eu havia feito, ele disse que não podia desperdiçar meu talento fazendo outra coisa”, recorda-se a designer. No mesmo ano, Clementina fez sua primeira exposição de joias na Galerie Steph-Simon, na capital francesa, com curadoria de Charlotte Perriand. Em 1967 suas joias participaram de um desfile de Pierre Cardin, que chegou a costurá-las nas roupas. “Foi a primeira exposição de Cardin com joias modernas”, salienta Clementina. A sofisticação e o forte componente de brasilidade de suas peças fizeram com que se tornassem presentes oficiais de governadores e presidentes brasileiros a autoridades estrangeiras. Em 1974, por exemplo, o embaixador Sérgio Correia da Costa presenteou a Rainha Elizabeth II com uma joia de Clementina. Em 1977 a agraciada foi a primeira-dama dos Estados Unidos Rosalyn Carter pelo governo pernambucano e em 1985, a primeira dama francesa Danielle Miterrand . O livro traz fotos de algumas das joias presenteadas e da trajetória da designer – uma delas mostra seu encontro com Pierre Cardin – além de algumas variações da sua produção, como o troféu Quem faz Algomais por Pernambuco, concedido pela revista. Serviço: Livro Clementina Duarte, 50 anos de arte e design, 350 páginas, Editora Cepe. Preço: R$ 200.
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