Complexo de Suape prevê dobrar movimentação de cargas nos próximos anos
Maré favorável: Investimentos, como o novo terminal de Contêineres e a ampliação da refinaria, entre outros, vão proporcional ao complexo alcançar 50 milhões de toneladas de cargas movimentadas por ano. A regulação da BR do Mar e a possibilidade de escoar grãos do Matopiba também trazem boas perspectivas *Por Rafael Dantas O Complexo de Suape pretende dobrar o volume de cargas movimentadas nos próximos cinco anos. Após registrar quase 25 milhões toneladas em 2024, a meta é alcançar 50 milhões toneladas até 2030. O otimismo se justifica pelos investimentos em curso. O porto pernambucano está recebendo aportes significativos, como os destinados ao Terminal de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) e ao Terminal de Uso Privado. Além disso, articula sua entrada no transporte de grãos, ampliando sua atuação. Outro fator que impulsiona essa expansão é a chegada de investimentos bilionários. O embarque da European Energy, para a produção de e-metanol, e a ampliação da Refinaria Abreu e Lima fortalecem a competitividade do complexo. No horizonte de curto prazo está ainda a concessão do Terminal de Veículos e a criação de uma Zona de Processamento e Exportação. Apostas em muitas rotas que resultarão em um mar aberto de oportunidades para o desenvolvimento do polo industrial e portuário mais importante do Estado. Esse conjunto de investimentos estruturadores está sendo acompanhado também por melhorias da infraestrutura do Porto de Suape. A restauração do molhe de proteção (R$ 123 milhões) e as dragagens do canal externo (R$ 140 milhões, já concluída) e do canal interno (R$ 199,7 milhões) reforçam a segurança e aumentam a competitividade do terminal portuário. Com as melhorias, desde o ano passado Suape passou a receber navios da classe New Panamax, que é a maior dimensão permitida na América Latina. São as maiores embarcações que atravessam o Canal do Panamá. A rota direta para Singapura é um diferencial das operações possíveis, graças aos investimentos no porto. “Um dos destaques de 2024 foi a inauguração de uma nova rota com destino a Singapura, fortalecendo a conectividade do porto com mercados asiáticos e ampliando as oportunidades de negócios”, destacou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti. “Sob a orientação da governadora Raquel Lyra, importantes obras de infraestrutura foram realizadas para modernizar, otimizar a navegabilidade e a eficiência das operações portuárias”. Além de ampliar o acesso a novos mercados, as obras voltadas ao molhe de proteção são essenciais para preparar o porto diante dos possíveis impactos da crise do clima. “Essa infraestrutura é fundamental para garantir a segurança das operações de granéis líquidos, que representam mais de 65% da nossa operação. É uma intervenção importante na preparação para a resiliência climática. Olhando para frente, esperamos ter mais variações do clima. É uma obra indispensável para manter o porto preservado”, justificou Márcio Guiot, presidente do Porto de Suape. MAIS BERÇOS DE ATRACAÇÃO E ACESSO A NOVO MERCADO Outra obra estratégica para o futuro de Suape é a construção de dois novos berços de atracação nos Cais 6 e 7. Com investimentos de R$ 204,5 milhões em dragagem e uma estimativa de R$ 600 milhões para a construção dos cais, a ampliação permitirá a movimentação de novas cargas. Uma dessas estruturas deve viabilizar o transporte de grãos, um segmento ainda não explorado pelo porto pernambucano. A competitividade dessa rota aumentaria significativamente com a integração ferroviária entre Suape e as principais regiões produtoras de grãos do País. A conexão com o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e o Centro-Oeste poderia atrair grandes volumes de carga para Pernambuco. No entanto, mesmo sem uma ferrovia, o intenso congestionamento logístico do Porto de Santos poderia tornar Suape uma alternativa viável para o escoamento da produção nacional. Essa é a aposta local enquanto a Transnordestina ainda é um sonho distante. Márcio Guiot explica que atualmente os grãos do gigante do agronegócio brasileiro são escoados no Sudeste, que enfrenta uma saturação. A conta é de que mesmo passando mais dias nos caminhões até chegar a Suape, essas cargas não aguardariam até 15 dias nos portos para sair, como tem acontecido em Santos. “A gente já busca colher os frutos desse setor mesmo antes da materialização da ferrovia, o que seria inserir Suape na rota do agro. Hoje, Suape não movimenta nenhum grão de soja e nem um grão de milho. Para o nosso mix de carga, vai ser muito saudável conseguir viabilizar as demandas desse setor”, declarou Guiot. A direção do Complexo de Suape já tem feito reuniões com representantes do agronegócio para abrir o caminho dos grãos para o Estado. Também já foi realizado um estudo de viabilidade para a construção de um terminal de grãos no complexo, realizado pela Infra SA. A construção dos Cais 6 e 7 está conectada, portanto, com esse potencial de trazer a produção do promissor setor do agro para Pernambuco. SUAPE E OS INVESTIMENTOS DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA Enquanto o mundo vive um momento de mobilização de investimentos em transição energética, o Complexo de Suape comemorou a vinda da indústria de e-metanol da European Energy (EE). O empreendimento está em fase de licenciamento ambiental e prevê um investimento de R$ 2 bilhões. O e-metanol vem ganhando destaque como uma solução sustentável para a transição energética. “O e-metanol pode ser utilizado tanto como combustível como em processos industriais. Os principais setores que demandam o produto como parte de sua estratégia de descarbonização são a indústria marítima e de plásticos”, explica Alexandre Groszmann, project manager Latin America (diretor de projetos para a América Latina) da European Energy. Essa molécula sintética é produzida a partir da combinação de hidrogênio verde, obtido pela eletrólise da água, e dióxido de carbono biogênico, capturado por meio de processos que envolvem biomassa, como a fermentação do etanol. O projeto atual de produção de e-metanol da empresa tem como foco principal a exportação para mercados que estão dispostos a pagar o chamado “prêmio verde” pelo produto. No entanto, iniciativas futuras poderão considerar o mercado interno. São estimados 250 empregos na fase de obras, além de 40 diretos na operação. O
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