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Governo de Pernambuco assina empréstimo de R$1,7 bilhão da Caixa para obras

O Governo de Pernambuco garantiu nesta quarta-feira (11) um montante de R$1,7 bilhão para obras, contratado por meio do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) da Caixa Econômica Federal. O contrato foi assinado pela governadora Raquel Lyra e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, na presença da bancada federal de Pernambuco. A governadora Raquel Lyra expressou sua satisfação com a assinatura do contrato: "Assinamos hoje o contrato de financiamento com a Caixa para garantir o investimento em obras de infraestrutura e saneamento em Pernambuco. Esse empréstimo, da ordem de R$ 1,7 bilhão, mais os R$ 900 milhões que já assinamos com o Banco do Brasil, representam mais de R$ 2 bilhões garantidos. Agradeço ao presidente Lula o apoio no trabalho para alavancar novos investimentos que permitam a Pernambuco se reposicionar no cenário do Nordeste e de todo o Brasil. Por muito tempo nosso Estado investiu pouco, e para enfrentar as desigualdades, seu principal problema, precisamos gerar oportunidades e garantir novos investimentos a partir de obras que estão sendo colocadas de pé", assegurou a governadora." Após anos sem aportes federais robustos, em seis meses, as operações de crédito contratadas com o Banco do Brasil (R$900 milhões) e a Caixa Econômica Federal (R$1,7 bilhão) somaram R$ 2,6 bilhões, o maior volume de captação de recursos para investimentos desde 2013. No ato, o presidente Lula reforçou a disposição de diálogo e cooperação com os governos locais. "Qualquer coisa que as cidades e os estados precisarem, nós estamos a postos, porque nosso papel é esse. Ainda esse mês nós vamos fazer um grande lançamento, que os governadores do Nordeste devem estar presentes, que é um ato do Crediamigo, na cidade de Fortaleza, para que a gente mostre para a sociedade brasileira que vai ter crédito, sim”, afirmou o presidente.

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Inflação negativa aumenta pressão por queda de juros

(Da Agência Brasil) A queda no índice oficial de inflação em junho, anunciada nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é vista como um elemento de pressão para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciar um ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic, a partir de agosto. A opinião é de economistas ouvidos pela Agência Brasil. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em -0,08% no mês passado. Foi o menor índice para um mês de junho desde 2017. Os grupos alimentação e bebidas e transportes foram os que mais ajudaram a puxar os preços para baixo no mês passado. “A inflação está em uma trajetória decrescente desde fevereiro, e o acumulado em 12 meses está em 3,16%, bem no centro da meta de inflação. Como a taxa Selic é para se atingir esta meta, a cobrança pela redução deve ganhar força”, diz o professor Jorge Claudio Cavalcante, do Departamento de Análise Econômica da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), considera o resultado do IPCA uma “grata surpresa”. “Esperava até uma estabilidade, uma ligeira queda, e veio um recuo um pouco mais forte que o esperado”, avalia. Para André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), há três fatores principais que fazem pressão sobre a autoridade monetária. Um deles é o índice de difusão, que mede o percentual de produtos e serviços que registraram aumento de preços. Esse índice tem apresentado queda. “Em junho caiu para 50%. Esse número dois ou três meses atrás estava em torno de 60%, então, isso mostra que menos produtos e serviços subiram de preço, isso é um bom indicativo”, destaca. Outro fator, segundo Braz, é o chamado núcleo da inflação. “O núcleo tem a tarefa de medir a verdadeira tendência da inflação e, apesar de estar muito distante da meta, está mostrando desacelerações, isso também antecipa que a inflação está realmente em um processo de redução”, analisa. O economista destaca ainda o comportamento dos preços dos alimentos. “Isso é bom porque mostra que, onde a população mais carente sente mais a inflação, o IPCA também está perdendo fôlego. Esse processo de desinflação que começa nos alimentos favorece a condição da própria política monetária [controle dos juros]. Eu diria que a gente tem os elementos para um primeiro corte na taxa básica de juros na reunião [do Copom] de agosto”, aponta Braz. O economista e professor do Ibmec Gilberto Braga acredita em um consenso por redução dos juros, mas aponta um sinal de alerta que pode diminuir o tamanho do corte. “Houve um aumento no preço dos serviços, que é um setor extremamente relevante dentro da composição da inflação. É o único ponto negativo que se pode verificar nesse IPCA de junho. Isso afasta a possibilidade, no meu ver, de uma redução maior que 0,25 ponto percentual”, avalia. Bolso do consumidorApesar de o grupo alimentação e bebidas ter sido o de maior impacto no recuo dos preços em junho, o professor Jorge Claudio Cavalcante, da Uerj, explica que não necessariamente a população possa já ter sentido esse alívio no bolso. “Devemos esperar uma queda mais pronunciada até que as pessoas comecem a sentir um alívio”, prevê. Destacando que o IPCA de junho apontou uma queda de 8,96% no preço do óleo de soja, o economista Ricardo Caldas, professor da Universidade de Brasília (UnB), aponta que o consumidor ganha poder de compra. “É uma queda bastante substancial e, certamente, vai refletir no poder de compra porque o consumidor que economiza com óleo de soja vai gastar esse dinheiro que sobra em outras coisas.” "A percepção geral, quando você compara numa perspectiva de mais longo prazo, é de que os alimentos ainda estão caros, o que, de fato, se comprova porque eles foram os vilões da inflação desde a pandemia. Quem faz compra de maneira frequente percebe que alguns itens ficaram mais baratos. Mas aquelas pessoas que não vão com habitualidade aos mercados e que têm memória de preços ainda têm uma noção de que está tudo muito caro", aponta Gilberto Braga. CopomO professor Marco Antônio Rocha, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas), relativiza a pressão que a inflação negativa de junho pode fazer no Copom. "A deflação está muito concentrada em itens do IPCA que respondem pouco à política monetária [taxa de juros]. Alimentos têm preço formado em mercado, e transportes são preços administrados, então, no fundo, a política monetária teve pouca relação com essa deflação”, avalia. O Copom faz reuniões a cada 45 dias, em que decide a taxa básica de juros. Atualmente, a Selic está em 13,75%, sob a justificativa de que é preciso combater a inflação. Ao fim da reunião mais recente, 21 de junho, o Copom emitiu um comunicado para explicar a decisão: “O comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, ressalta a nota. O juro alto é uma forma de controlar a inflação, pois desestimula o consumo e deixa o crédito mais caro. Porém, é mais recessivo, afetando o crescimento da economia e a geração de empregos. Por isso, governo, empresários e centrais sindicais têm pressionado pela queda da Selic. A próxima reunião do Copom será nos dias 1º e 2 de agosto. Ricardo Caldas, da UnB, lembra que, além do cenário de deflação recente, uma mudança na formação do comitê aumenta a pressão pela queda da Selic. O Senado aprovou, no começo do mês, os nomes de dois novos diretores indicados pelo governo do presidente Luiz Inácio

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Roberto Tavares de Melo: "Temos um diferencial que é a entrega rápida"

Roberto Tavares de Melo, Sócio-gestor da Do Mestre, conta a trajetória da empresa pernambucana que atua na fabricação de produtos para a construção civil e concorre com gigantes internacionais do setor. O empresário afirma que entre as estratégias utilizadas estão a conexão com as tendências do mercado e ter frota própria. Ser uma empresa regional e concorrer, com êxito, com gigantes internacionais do setor em que atua é uma proeza no mundo dos negócios. Uma façanha que tem marcado a atuação da Do Mestre, fabricante de produtos para a construção civil, localizada na cidade de Nazaré da Mata. Na concorrência com os grandes players, o sócio-gestor Roberto Tavares de Melo, lança mão de estratégias como ter uma relação mais próxima com o cliente e dar a ele facilidades logísticas, já que os outros fabricantes não oferecem o frete. “No nosso caso, 80% das nossas entregas são feitas por frota própria. Nós sempre dizemos: nosso compromisso é de em 48 horas a mercadoria estar na sua obra”, ressalta. Outro segredo do sucesso da Do Mestre é estar conectada com as tendências do setor de construção civil, por isso, tem investido em lançamentos de produtos impermeabilizantes. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Roberto Tavares de Melo conta a trajetória da empresa, as mudanças e os desafios provocados pela pandemia – que trouxe uma nova clientela e levou à criação de uma horta, diante do temor de haver um desabastecimento de alimentos e afetar os funcionários. Ele também comenta outras ações na área de ESG e a sua relação com os filhos no dia a dia da empresa. Como começou a trajetória da Do Mestre? Nós atuávamos no ramo da construção civil com uma produção de artefatos cerâmicos na cor vermelha, a popular cerâmica ou olaria, como alguns chamam. Fabricávamos tijolos, lajotas, vários itens em cerâmica vermelha, não era cerâmica fina, nem porcelanato. Adquirimos essa empresa, ela não foi montada por nós. Meus três irmãos eram meus sócios e eu era o sócio-gestor da operação. Eles eram investidores, não estavam na operação. Isso foi em 1985, eu ainda era estudante de engenharia e durante esses 15 anos seguimos com uma única atividade. Mas chegamos à conclusão de que tínhamos baixa fidelização dos clientes, sobretudo na indústria da construção civil. Atuávamos com o varejo, mas éramos uma empresa com o perfil de atendimento à indústria, no segmento de médio e alto padrão. Mas nós ficávamos de fora no início da obra dos clientes, que era a parte de fundação, estaqueamento e estrutura. Entrávamos na parte de alvenaria mas, depois, ficávamos fora do acabamento. Ou seja, se uma construção tinha o tempo total de 36 meses, tínhamos uma relação com a obra durante 18 a 20 meses. E aí veio a ideia de que deveríamos fidelizar mais, porque o ativo de uma empresa não são só máquina e capital humano, tem a clientela, é preciso ter o seu parceiro comercial de todas as horas. Isso é muito claro no varejo, que a atuação começa em 2 de janeiro e termina no penúltimo dia de dezembro. Então é uma relação, realmente, duradoura. E aí, nos anos 2000, decidimos montar uma fábrica de argamassa ao lado da outra que já existia. Qual a vantagem da fábrica de argamassa? Porque assim participaríamos tanto da fase de alvenaria – já que fazemos um tipo de argamassa que faz a colagem dos tijolos – depois passamos a fabricar até o reboco para revestir o tijolo, e que vai ser preparado para colocar um novo revestimento seja nas áreas molhadas (como banheiro e cozinha) seja na fachada. E aí nasceu a concepção da empresa Do Mestre no ano 2000. Em 2003 houve a saída dos três sócios investidores, continuei sozinho e em 2019 a empresa de tijolos e cerâmicas vermelhas foi desativada. É um setor que foi me desencantando por várias razões, como baixo valor agregado, além de um somatório de eventos que nos levou a focar naquilo que faz sentido que é a Do Mestre. Hoje é uma empresa que, graças a Deus, obtivemos nos últimos cinco anos uma taxa de crescimento bem interessante. Crescemos mais de 25% o faturamento nesse período. O interessante é que vocês têm concorrentes de peso, marcas de abrangência nacional e até mundial… É uma tarefa hercúlea porque eles são players que têm produção local em Pernambuco e são líderes mundiais. Os dois maiores do mundo no setor estão aqui em Pernambuco e é uma briga grande. Não temos os números, mas o feeling é que a gente vem em terceiro, como o primeiro dos independentes. Qual é a estratégia que vocês utilizam para brigar com esses gigantes? Costumo dizer que um grande player, uma multinacional, tem inúmeras vantagens, eles têm caixa, tecnologia etc., mas têm outras desvantagens como a demora na tomada de decisão, o excesso de níveis hierárquicos, a frieza no relacionamento com o cliente, a dificuldade de aderência ao consumidor. Eu não falo o consumidor final, mas do B2B, o varejista que vai comprar o produto dele. Ninguém sabe quem é o dono ou o gerente dessas grandes empresas. O nordestino sente essa falta de calor humano. E há a questão da entrega logística, que é muito importante nessa família de produtos. Isto porque tanto os varejistas como a indústria da construção não têm frota própria. Os varejistas fazem retirada nas fábricas e dependem de terceiros. As fábricas, por sua vez, não ajudam, normalmente, os clientes, embora haja exceções. Mas é como se elas dissessem: “eu produzo, o produto está aqui pronto para você retirar, mas como você vai retirar é uma questão sua”. O problema é repassado e isso às vezes gera dificuldade, atrasa o processo do cliente. No nosso caso, 80% das nossas entregas são feitas por frota própria. Temos caminhões e uma transportadora também que é coligada a nossa empresa, mas é um outro CNPJ porque é um outro escopo de trabalho. Como trabalhamos com frota própria, temos um diferencial que é a entrega rápida. Estamos sediados em Nazaré

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Duas novas unidades do Embrapii em Pernambuco

 Os recursos são destinados às Unidades Embrapii Cesar, ISI-TICs/PE e BioCetene, e podem gerar R$ 134 milhões em investimento no setor industrial A Embrapii e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciaram investimentos de R$ 58 milhões para impulsionar a inovação em Pernambuco. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e o presidente da Embrapii, Chico Saboya, assinaram ontem (10) o termo de cooperação que autoriza o funcionamento de duas novas Unidades Embrapii, no Recife: BioCetene e Instituto Senai de Inovação para Tecnologias da Informação e Comunicação (ISI-TICs). Além disso, a Unidade Cesar também terá recursos ampliados. Esses investimentos totalizam R$ 134 milhões e fortalecem o ecossistema de inovação na região Nordeste. “O Brasil possui uma base de produção de conhecimento muito rica. Mas esse conhecimento está concentrado nas instituições públicas. Queremos conectar a produção do conhecimento científico com as demandas da sociedade. Vamos acelerar a transferência de tecnologia para as empresas e ampliar a nossa capacidade de inovar, de criar produtos e serviços e apresentar soluções para os desafios do país” afirmou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos. A Unidade Embrapii BioCetene foi credenciada para desenvolver projetos na área de Biotecnologia aplicada à Micropropagação de Culturas Vegetais. A Unidade Embrapii ISI-TICs vai desenvolver projetos para aplicações satelitais. As duas juntas vão receber R$ 16,6 milhões em investimentos. “Hoje, boa parte dos produtos industriais são importados e precisamos superar a desindustrialização e voltar a produzir no Brasil. Sem dúvida, esse credenciamento é um passo muito importante para o Nordeste. Agradeço a todos a confiança e, em breve, voltaremos a ter uma indústria pujante na região”, destacou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) e do Conselho Regional do SENAI/PE, Ricardo Essinger. A Unidade Embrapii Cesar recebeu um aporte adicional de R$ 35,5 milhões para impulsionar projetos na área de produtos conectados. Esse investimento é resultado da parceria entre Embrapii, BNDES, Programa Prioritário Rota 2030 e o contrato de gestão com o MCTI. Com uma contrapartida de R$ 6,5 milhões da própria Unidade, o investimento totaliza R$ 42 milhões. O termo aditivo de contrato, assinado nesta segunda-feira (10), garante recursos para o desenvolvimento de novos projetos até 2026. A expectativa é contratar 49 projetos para atender às demandas da indústria em todo o país. “O Cesar se candidatou como sendo a primeira unidade de internet das coisas. Agora, vamos assinar um novo aditivo, de R$ 35 milhões que serão destinados para 49 projetos, além de atrair cerca de R$ 60 milhões da iniciativa privada. Essa é uma excelente oportunidade para trazer a indústria de hardware, um pleito sempre presente. Com o apoio da Embrapii, vamos fazendo com que software e hardware alavanquem a indústria da região”, destacou o CEO do Cesar, Eduardo Peixoto.

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Câmara aprova PEC da reforma tributária

(Da Agência Brasil) Após mais de dez horas de sessão, a Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, o texto-base da reforma tributária por 382 votos a 118, com três abstenções. A proposta de emenda à Constituição (PEC) reformula a tributação sobre o consumo. A aprovação em segundo turno ocorreu já na madrugada, aproximadamente a 1h40 da manhã. Apesar do avançado da hora, o quórum estava firme: foram 375 votos a favor e 113 contrários à PEC. A sessão começou às 11h, com debates em torno do texto. Por volta das 18h, começou a votação. Um requerimento do PL para adiar a votação foi derrotado por 357 votos a 133 e os debates seguiram enquanto os deputados votavam. A PEC em primeiro turno foi aprovada quando o relógio se aproximava das dez da noite. O número de votos a favor, além da própria aprovação, provocaram efusivas comemorações entre a base governista. O presidente Arthur Lira (PP-AL) também foi celebrado. Antes de proferido o resultado, Lira chegou a se licenciar da presidência da sessão para discursar no púlpito, onde fez uma defesa firme da reforma. Para ampliar a base de apoio, o relator da proposta na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), fez mudanças de última hora. O texto traz algumas mudanças em relação à proposta apresentada há duas semanas, como maiores reduções de alíquotas, isenção para alguns produtos da cesta básica e mudanças no Conselho Federativo, órgão que decidirá as políticas fiscal e tributária. Alterações Após quase duas horas de discussões e de ameaças de adiamento da votação da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro apresentou a última versão do parecer. Em relação à cesta básica, o novo parecer zera a alíquota do futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) para itens a serem incluídos em lei complementar, além de frutas, produtos hortícolas e ovos. Essa lei criará a “cesta básica nacional de alimentos”. A mudança diminui resistências de alguns estados em abrir mão de arrecadação porque não estimularia uma nova guerra fiscal em torno de produtos alimentícios, já que a lista valerá para todo o território nacional. O relator também aumentou, de 50% para 60%, o redutor de alíquotas do IVA que incidirão sobre alguns produtos e setores com tratamento diferenciado. Transporte público, saúde, educação, cultura e produtos agropecuários fora da cesta básica nacional pagarão 60% a menos de IVA, imposto que unirá a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), arrecadada pela União, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de responsabilidade dos estados e dos municípios. Além dos produtos da cesta básica nacional, a CBS não será cobrada sobre medicamentos para doenças graves e sobre serviços de educação superior (Prouni). Os demais produtos pagarão a alíquota cheia de IVA, que será definida após a reforma tributária. Regimes especiais O relator manteve regimes específicos de arrecadação para combustíveis, operações com bens imóveis, planos de assistência à saúde, serviços financeiros e apostas. No entanto, incluiu os seguintes setores: serviços de hotelaria, parques de diversão e parques temáticos, restaurantes e aviação regional. Esses regimes preveem tratamento diferenciado nas regras de creditamento (aproveitamento de créditos tributários) e na base de cálculo; e tributação com base na receita ou no faturamento (em vez do valor adicionado na cadeia). Conselho Federativo Como adiantado nessa quarta-feira (5) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Conselho Federativo, encarregado de gerir o IBS, terá o modelo de votação alterado. O conselho será formado por 27 representantes, um de cada unidade da Federação, mais 27 representantes dos municípios. Dos representantes municipais, 14 serão eleitos por maioria de votos igualitários entre os entes e 13 com base no tamanho da população. As decisões do conselho só serão aprovadas caso obtenham, ao mesmo tempo, votos da maioria numérica dos estados e dos representantes que correspondam a mais de 60% da população do país. Os votos dos municípios serão apurados com base na maioria absoluta. Imposto seletivo A versão final do relatório modificou o Imposto Seletivo, que será cobrado sobre bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e bebidas e alimentos com excesso de açúcar. Esse imposto não poderá ser cobrado sobre itens que paguem IVA reduzido. A medida evita que o Imposto Seletivo incida sobre itens da agropecuária que seriam prejudiciais ao meio ambiente, como agrotóxicos e defensivos agrícolas. A mudança havia sido pedida pela Frente Parlamentar do Agronegócio como condição para aprovar a reforma tributária. O PSOL apresentou destaque para derrubar a mudança, mas o governo argumentou que discutirá, em uma lei complementar, o detalhamento dos insumos agrícolas. Isso permitiria, em tese, a cobrança do Imposto Seletivo sobre agrotóxicos e defensivos. Fundo regional Criado para estimular o desenvolvimento de estados que não poderão mais recorrer à guerra fiscal (reduções de impostos locais) para atraírem investimentos, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional foi mantido em R$ 40 bilhões. Diversos estados pediam aportes maiores, de R$ 75 bilhões. A nova versão do relatório, no entanto, não trouxe os critérios para a divisão dos recursos do fundo entre os estados. O tema será definido após a reforma tributária. Para conseguir o apoio da bancada do Amazonas à reforma tributária, o relator ajustou os artigos relativos à Zona Franca de Manaus e às Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) para tornar mais claro o tratamento diferenciado e a vantagem das empresas instaladas nessas áreas. Cashback e heranças O parecer final informou que o cashback (devolução parcial de impostos) terá como base a redução de desigualdade de renda, em vez da diminuição da desigualdade de raça e de gênero. A mudança atende a reinvindicações de parlamentares conservadores, que ameaçaram não votar a favor da reforma tributária caso a expressão não fosse retirada. O cashback institui a possibilidade de devolução ampla de parte do IBS e da CBS a pessoas físicas. A ideia inicial do grupo de trabalho da Câmara que discutiu a reforma tributária era incluir na proposta de emenda à Constituição um mecanismo de devolução a famílias de baixa renda, semelhante ao existente em alguns estados. As condições de ressarcimento serão

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Previsão do crescimento do PIB sobe de 2,5% para 3%

A previsão oficial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será revisada para cima, passando de 2,5% para 3% em 2023, conforme anunciado pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello. A divulgação da nova projeção ocorrerá no final deste mês, juntamente com as novas estimativas para o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas. Guilherme Mello lembrou que a previsão inicial do Governo Federal era de 2%, enquanto o mercado esperava um número ainda mais tímido, inferior a 1%. A aprovação do Arcabouço Fiscal e o controle da inflação no primeiro semestre são alguns dos fatores que somaram para esse otimismo, apesar das taxas de juros permanecerem as mais altas do mundo. Apenas no primeiro trimestre do ano, o País registrou um crescimento de 1,9%, ancorado principalmente no desempenho do agronegócio. O País segue com o desafio de dinamizar os setores da indústria e de comércio e serviços. Além das negociações com o congresso para aprovação de reformas e da adoção de medidas para incentivar o consumo, o Governo Federal tem travado uma batalha difícil com o Banco Central pela adoção de uma taxa mais razoável de juros.

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Líderes da Câmara se reúnem à noite para definir pauta econômica

(Da Agência Brasil) O colégio de líderes da Câmara dos Deputados se reúne na noite deste domingo (2) para definir a pauta de votação da primeira semana de julho, após a reunião, que costuma acontecer às terças, ter sido antecipada pelo presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL). Lira anunciou a antecipação pelas redes sociais na sexta (30), depois de reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Desde meados de junho que o presidente da Câmara anuncia para a semana um esforço concentrado de votação de pautas econômicas amplas, como a reforma tributária, o arcabouço fiscal e mudanças no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Outro tema que pode ser votado pelos deputados é a recriação do Programa de Aquisição de Alimentos (PPA). “Tem uma agenda pesada na semana que vem. Muita coisa para decidir, mas a intenção é votar tudo”, disse Haddad após o encontro com Lira. Uma sessão extraordinária de deliberação já foi convocada para as 16h de segunda-feira (3). O primeiro tema a ser votado deverá ser a proposta pelo retorno do voto de qualidade no Carf, tema para o qual foi dada urgência pelo governo e que no momento trava a pauta do plenário. A medida é tida como prioridade pela equipe econômica, por abrir caminho para desempates favoráveis aos cofres públicos em disputas fiscais. Na sexta (30), Haddad disse acreditar que a Câmara vai respeitar um acordo feito entre o governo e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o assunto. Pelo entendimento, as empresas derrotadas pelo voto de desempate do governo ficariam isentas da multa, pagando apenas a dívida principal e os juros. Caso a empresa pague o débito em até 90 dias, os juros também serão cancelados. Arcabouço fiscal Uma vez liberada a pauta, a previsão feita por Lira e pelo governo é que seja novamente votado o texto-base do arcabouço fiscal. A proposta já havia sido aprovada em maio pelos deputados, mas precisará ser votada de novo porque o governo conseguiu fazer alterações no Senado, incluindo novas isenções ao limite de gastos. Entre as mudanças, está a exclusão de gastos com o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), a complementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e as despesas com ciência, tecnologia e inovação. Uma tramitação rápida do arcabouço é considerada crucial pelo governo, por dar previsibilidade e maior confiança ao mercado sobre a evolução dos gastos públicos. A expectativa da equipe econômica é que a medida ajude a acelerar uma eventual redução de juros pelo Banco Central e colocar o país numa rota de aquecimento econômico. Reforma tributária Há a expectativa de que o plenário da Câmara possa começar a votar uma primeira etapa da reforma tributária, cujo parecer foi apresentado no final de junho pelo relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), após mais de quatro meses de discussão. A principal mudança prevista no relatório será a extinção de cinco tributos: três federais; o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), administrado pelos estados; e o Imposto sobre Serviços (ISS), arrecadado pelos municípios. Em troca, será criado um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, dividido em duas partes. O Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) unificará o ICMS e o ISS. A Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) será arrecadada pela União. Contudo, há resistência de secretários de Fazenda estaduais, alguns dos quais se reuniram com Ribeiro na última quinta-feira (29). Uma das reivindicações é o aumento de R$ 40 bilhões para R$ 75 bilhões o Fundo de Desenvolvimento Regional, que deve ser criado para compensar o fim da guerra fiscal entre as unidades da Federação. 

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Recife sediará um hub de inovação para as periferias

O ecossistema de inovação percebeu que precisa de uma diversidade maior de inovadores e startups, pessoas e instituições que conhecem os problemas sociais sob outros ângulos. Dentro dessa perspectiva, incubadoras e centros de inovação passaram a olhar com mais atenção as vozes vindas do subúrbio das grandes cidades. Para fomentar esse cenário nasce no Recife o Hub.Periférico. Dirigido por Daniel Paixão, o HUB.Periférico terá sua sede no coração do Porto Digital, no bairro do Recife. O espaço foi concedido pela Santa Casa de Misericórdia e deve ser inaugurado com um evento durante o Rec'n'Play 2023. O empreendedor, de apenas 22 anos, lidera um empreendimento social em Maranguape I, em Paulista, o Fruto de Favela. O objetivo do novo espaço é ser um hub de alta performance periférica, promovendo educação, tecnologia, empreendedorismo e soluções sustentáveis para transformar as vulnerabilidades em oportunidades dignas. “O Recife Antigo era ocupado com prostituição, usuário de drogas e, no passado, com escravização. Quando unimos pessoas negras e de periferia para construir o HUB.Periférico, entendemos que estamos construindo um processo de reparação histórica, política e de ocupação de um espaço aonde a gente também está para desenvolver as nossas próprias resoluções a partir do que a gente acredita”, declarou Daniel Paixão. O HUB.Periférico irá desenvolver programas de educação laboratorial, inovação periférica, hackathons e apoiar projetos pilotos originados nas periferias de Pernambuco e do Brasil. "Nosso objetivo é desenvolver programas de inovação aberta, hackathons e projetos socioambientais com impacto sustentável. Pretendemos abordar questões relacionadas ao clima e à tecnologia, e estamos focados em desenvolver projetos alinhados a esses temas para gerar transformações significativas nesse território das periferias Queremos ser a principal aceleradora dos ODS 2030 nas favelas e periferias de Pernambuco, escalando o impacto para o Norte e Nordeste do Brasil", declarou Daniel Paixão. O hub terá como eixos de atuação: a) Tecnologia, empreendedorismo e inclusão digital; b) Clima, economia verde e transição sustentável; c) Educação, aprendizagem criativa e empoderamento; d) Política, justiça e urbanismo social. O prédio onde será instalado terá uma sala de reunião coletiva, três salas de reuniões individuais, 6 espaços de trabalho, 4 divisões modulares para laboratórios de arte, tecnologia, clima e cultura maker, além de um café e um coworking social. O jovem empreendedor ressalta o potencial das periferias, mas destaca a necessidade de amadurecimento do estado e dos ecossistemas para valorizá-las. O HUB.Periférico busca conectar o setor público, privado e as universidades às comunidades, visando dar protagonismo à inovação periférica. Segundo Paixão, é fundamental o fomento dos processos de transformação que surgem nas periferias e reconhecer sua importância para o desenvolvimento de Pernambuco. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)

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Inovação promete beneficiar produção de queijo coalho no Estado

Nascida entre as pesquisas acadêmicas e a escuta das dores do setor de produção de laticínios de Pernambuco, a startup Lactoquito desenvolveu um produto que promete beneficiar a produção de queijo coalho em Pernambuco. A inovação aumentará a competitividade dos produtores do setor, ampliando em mais de três vezes o tempo de vida útil dos queijos nas prateleiras. A Lactoquito desenvolveu uma tecnologia inovadora que utiliza um conservante natural na produção de queijos, oferecendo uma solução técnica para os desafios relacionados à matéria-prima. A startup utiliza subprodutos provenientes do processamento industrial do camarão para obter esse conservante natural, que possui funcionalidades, como a conservação de queijos e outros derivados lácteos, atividade antimicrobiana, redução do tempo de coagulação do leite e propriedades antioxidantes. Além de prolongar a vida útil dos produtos lácteos, a tecnologia garante uma maior durabilidade e qualidade durante o armazenamento. Além disso, a startup vem gerando novos produtos, como o queijo com cor e sabor camarão, agregando valor a este produto que possui alta procura pelo consumidor da região. De acordo com o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), o estado atualmente produz cerca de dois milhões de litros de leite por dia. Dessa quantidade, aproximadamente 60% são utilizados pelas queijarias artesanais, enquanto 300 mil litros são direcionados aos grandes laticínios locais. Os estabelecimentos de médio e pequeno porte recebem outros 350 mil litros de leite diariamente. LEIA TAMBÉM A startup é conduzida pela Dra. Elizabel Oliveira Silva de Melo, pesquisadora na área de prospecção de biomoléculas e aproveitamento de resíduos agroindustriais no Labez (Laboratório de Enzimologia) da UFPE. A empresa já faz parte do sistema de incubação do Lócus Pescado 4.0, é parceira do ITCBio e está pré-incubada no Polotec - Polo Tecnológico da UFPE. “A produção de queijos no Agreste é grande mas os produtores não conseguiam manter a qualidade deste produto. Um desafio desse setor é manter o produto com qualidade no mercado por mais tempo. Mesmo seguindo todas as boas práticas de produção, hoje o tempo de prateleira desse queijo de leite cru é de 12 a 15 dias. Minha solução é trazer para o mercado um produto com vida de prateleira mais elevada. Dentro da minha pesquisa consegui 50 dias com qualidade, com o padrão de sabor e visual e todos os aspectos que podem ser liberados pelas agências que fiscalizam isso”, afirma a pesquisadora e coordenadora da Lactoquito Elizabel Melo. Com sua biofábrica em desenvolvimento na cidade de Garanhuns, o berço dessa inovação, a empresa tem como objetivo inicialmente atender 50 produtores, produzindo mensalmente 100 quilos do componente. A Dra. Elizabel tem expectativas de ampliar o alcance do produto, atendendo até 100 produtores até o final do ano. Através da biofábrica, a empresa será capaz de receber as cascas e carapaças de camarão, realizar a extração, processá-la e fornecer diretamente aos produtores o conservante natural. Além de vender esse produto, a Lactoquito pretende colaborar com essas fábricas, oferecendo orientação até que obtenham o registro do produto. Com o registro, muitas dessas empresas, que atualmente operam na informalidade ou possuem acesso apenas a um mercado local limitado, poderão expandir sua clientela, inclusive para outros estados. Embora o queijo seja o primeiro produto testado pela Lactoquito, essa inovação tem potencial para atender outros segmentos da indústria de laticínios.

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Ecossistema de inovação precisa dos olhares da periferia e do interior

*Por Rafael Dantas Inovação virou palavra de ordem nos últimos anos, um motor para o crescimento econômico e para transformações sociais. É a semente dos novos negócios para resolver problemas do mundo real. Porém, para conhecer as dores de um grupo mais amplo de pessoas e enxergar soluções a partir de outras lentes, nasce nos ecossistemas que fomentam as startups uma atenção maior aos inovadores que vêm das periferias ou de fora dos grandes centros urbanos. O caminho nessa cena da inovação para quem nasceu nos subúrbios ou no interior ainda não é fácil. De acordo com pesquisa realizada pela FGV, os negócios sociais estabelecidos fora da periferia apresentam um capital inicial médio 37 vezes maior do que os empreendimentos iniciados dentro dela. “Isso é um dado muito alarmante no sentido de gerar oportunidades ou mesmo de sobrevivência dos negócios. Porém, por outro lado, temos na periferia uma coisa que é fundamental, principalmente em inovação, que é ter conhecimento e vivência dentro do problema que você tenta resolver”, destaca Philippe Magno, diretor da FOZ, o Centro de Inovação em Saúde e Educação da FPS e do Imip. Apesar desse cenário nacional, estão surgindo em Pernambuco iniciativas importantes com essa proposta de valorizar as outras vozes que estão se propondo a protagonizar mudanças na sociedade. Dentro desse perfil, a recém-inaugurada no Recife Startupbootcamp, terceira maior aceleradora do mundo, iniciou sua operação com uma promessa bem clara: “Vamos priorizar negócios com pessoas pretas, periféricas e do interior”, declarou o head da empresa no Brasil, Edgar Andrade, em entrevista à Algomais. Também de Pernambuco, o ITCBIO (Instituto Tecnológico das Cadeias Biossustentáveis) tem trabalhado com vários negócios inovadores dos diversos territórios pelo Agreste, Sertão e Zona da Mata, como o Lactoquito. A própria FOZ, também apoia iniciativas que vêm das periferias da cidade, a exemplo do Prol Educa. Philippe Magno considera que as periferias do Brasil tem muito a ensinar aos negócios tradicionais sobre as verdadeiras faces do Brasil. “Cada cantinho do Brasil, cada interior, cada periferia têm realidades distintas. Neles temos um laboratório cheio de oportunidades. Onde tem problema, tem oportunidade de inovação. Essas pessoas são um capital humano muito rico, repleto de inteligência para inovar. A vivência delas é um laboratório constante de criatividade e de soluções. Como em uma startup de saúde, a presença de um profissional do setor é fundamental, entendo que para resolvermos problemas sociais a vivência de quem sofre esse problema é fundamental. Quem sofre com as dores tende a conhecer muito mais sobre as formas de solucionar esses problemas”, declarou Philippe. ABRINDO PORTAS NA EDUCAÇÃO Dentro da FOZ está um dos negócios com esse perfil, construído por gente que sofreu a dor da dificuldade de acesso à educação, o Prol Educa. Em sete anos de atividades, a startup já beneficiou mais de 20 mil famílias, conectando estudantes de baixa renda a escolas privadas com vagas ociosas. As crianças e adolescentes cadastrados, dentro do perfil alvo do projeto, recebem bolsas de estudo ou têm acesso a preços menores das mensalidades. “Sou morador da Mustardinha, fui aluno de escola pública e ganhei bolsa de estudo na melhor escola do meu bairro. Depois estudei logística, mas minha grande formação foi o empreendedorismo social. A Prol Educa é um trabalho de inclusão social, empoderamento, enfrentamento da desigualdade e acesso à educação para famílias de classe C e D que não poderiam pagar mensalidades integrais. Trazer a tecnologia junto à educação que transforma a vida nos motiva a cada dia. A favela é potência, não é carência”, afirma Pettrus Nascimento, COO (diretor de operações) da Prol Educa. Estão também à frente da startup Petrus Vieira e Manuella Nascimento, que são do Conjunto Muribeca, onde o projeto deu os primeiros passos. Já são mais de mil instituições parceiras da Prol Educa, que foi criado por esses jovens que tiveram a oportunidade também de serem beneficiados com bolsas no seu período escolar. A maioria das parcerias é com escolas (80%), mas a startup também oferta vagas em cursos técnicos (10%), de idiomas (5%) e graduações (5%). Com as mensalidades e matrículas dos alunos envolvidos no projeto, mais de R$ 8 milhões entraram no caixa dessas escolas. Além de ser incubada na FOZ, a Prol Educa recebeu investimentos do Anjos do Brasil, da GVAngels, do Investe Favela e da Google Black Founders Fund. Após um período difícil de travessia na pandemia, com os sistemas educacionais em grave crise, a startup está avançando na região Nordeste em 2023 e mira um voo nacional nos próximos anos. UM HUB PARA INOVAÇÕES DA PERIFERIA O ecossistema de inovação do Porto Digital passa a contar com o HUB.Periférico. Instalado em um prédio cedido pela Santa Casa de Misericórdia, no Porto Digital, o espaço se propõe a ser uma aceleradora dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nas favelas e periferias. Liderado por Daniel Paixão, 22 anos, que iniciou sua trajetória de empreendedorismo social em Maranguape I, em Paulista, o empreendimento tem como principal foco ser um hub de alta performance periférica, atuando com educação, tecnologia, empreendedorismo e desenvolvimento de soluções sustentáveis, para transformar as vulnerabilidades desses territórios em oportunidades dignas. “O Recife Antigo era ocupado com prostituição, usuário de drogas e, no passado, com escravização. Quando unimos pessoas negras e de periferia para construir o HUB.Periférico, entendemos que estamos construindo um processo de reparação histórica, política e de ocupação de um espaço aonde a gente também está para desenvolver as nossas próprias resoluções a partir do que a gente acredita”, declarou Daniel Paixão, que é universitário de jornalismo. O insight dessa iniciativa foi ainda em Paulista, antes da pandemia. Mas sem adesão e apoio, Daniel e outros jovens envolvidos no projeto apostaram no Recife. Na prática, o HUB.Periférico vai desenvolver no Porto Digital programas de educação laboratorial, programas de inovação periférica, hackathons e apoiar outros projetos pilotos com raízes nas periferias urbanas de Pernambuco e do Brasil. O jovem empreendedor acredita nos valores que nascem nas periferias, mas avalia que ainda há um processo em amadurecimento do Estado e dos

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