Cenário foi justificado pelo comportamento mais favorável das commodities e do câmbio (Do Ipea) O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou as projeções atualizadas para a inflação brasileira em 2023. O comportamento mais favorável das commodities e do câmbio propiciaram uma revisão para baixo das variações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), cujas projeções foram revistas de 5,6% e 5,5% (em março) para 5,1% e 4,9% (em junho), respectivamente, conforme as tabelas abaixo: De acordo com os pesquisadores, a curva de inflação em 12 meses apresentará uma reversão de trajetória no segundo semestre deste ano, tendo em vista que, as fortes deflações apresentadas no terceiro trimestre do ano passado, não devem ocorrer no ano corrente. Entretanto, apesar da aceleração esperada da inflação, a expectativa é de que ela ocorra de modo bem menos intenso que o projetado anteriormente. O fato é que os dados mostram uma melhora na trajetória dos principais índices de preços no país, acentuando o processo de desinflação da economia brasileira no último trimestre. Após iniciar o ano com uma alta acumulada em 12 meses de 5,8%, a inflação medida pelo IPCA, intensificou sua trajetória de desaceleração, e em maio deste ano, esta taxa já era de 3,9%. Em junho, a expectativa é de que a taxa recue ainda mais, tendo em vista que os dados do IPCA-15 mostram que a alta de 0,04% apontada neste mês foi inferior à observada neste mesmo período do ano anterior (0,69%). O principal foco de descompressão inflacionária nos últimos meses está nos preços livres, especialmente alimentos e bens industriais, apesar de parte dessa desaceleração ainda estar ligada à forte queda dos preços administrados, conforme o ocorrido no terceiro trimestre do ano passado. Para os preços administrados houve recuo de 8,2% para 7,9% na inflação para 2023, reflexo da expectativa de reajustes menos acentuados para os combustíveis e energia elétrica. Já em relação aos preços livres, as previsões indicam um comportamento mais benevolente de todos os segmentos que compõem este conjunto de bens e serviços. Para os alimentos no domicílio, além da alta de apenas 1,2%, acumulada nos primeiros cinco meses do ano, a perspectiva de uma safra maior de grãos este ano, aliada à baixa probabilidade da ocorrência de eventos climáticos, deve proporcionar uma variação de preços menos intensa, fazendo com que a inflação esperada para este grupo caia de 4,5% para 3,7%. No caso dos bens industriais, diante de uma demanda menos aquecida e de uma pressão menor sobre os custos de produção, associados à queda das commodities metálicas, à normalização das cadeias produtivas e à recente apreciação cambial, a estimativa para a alta deste segmento retroagiu de 3,0% para 2,4% neste ano. Na projeção da inflação dos serviços livres foi observada a queda de 6,0% para 5,6%, em 2023, fruto de uma trajetória mais bem-comportada nos primeiros meses que a previsão anterior, especialmente em relação aos segmentos ligados ao transporte, além de uma acomodação da demanda ao longo do segundo semestre. A projeção que o Ipea fez para o INPC também foi revista para baixo: de 5,5% para 4,9%. Sendo que a inflação projetada para os preços administrados e para os alimentos no domicílio deve ser menos intensa, passando de 8,0% e 4,4% para 7,6% e 3,5%, respectivamente. No caso dos bens industriais e dos demais serviços livres, há expectativa de desaceleração mais forte este ano, tendo em vista que as taxas de 3,2% e 6,0%, projetadas anteriormente, foram revistas para 2,7% e 5,7%, respectivamente. Ao longo do ano, não estão descartados o surgimento de focos de pressão inflacionária, embora com baixa probabilidade, mas isso pode atenuar a desaceleração mais intensa dos índices de preço em 2023. Cabe ressaltar que os riscos estão associados às mudanças na trajetória das commodities no mercado internacional, a reversão no comportamento da taxa de câmbio e da pressão de demanda mais forte no setor de serviços.