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Roberto Tavares de Melo: "Temos um diferencial que é a entrega rápida"

Roberto Tavares de Melo, Sócio-gestor da Do Mestre, conta a trajetória da empresa pernambucana que atua na fabricação de produtos para a construção civil e concorre com gigantes internacionais do setor. O empresário afirma que entre as estratégias utilizadas estão a conexão com as tendências do mercado e ter frota própria. Ser uma empresa regional e concorrer, com êxito, com gigantes internacionais do setor em que atua é uma proeza no mundo dos negócios. Uma façanha que tem marcado a atuação da Do Mestre, fabricante de produtos para a construção civil, localizada na cidade de Nazaré da Mata. Na concorrência com os grandes players, o sócio-gestor Roberto Tavares de Melo, lança mão de estratégias como ter uma relação mais próxima com o cliente e dar a ele facilidades logísticas, já que os outros fabricantes não oferecem o frete. “No nosso caso, 80% das nossas entregas são feitas por frota própria. Nós sempre dizemos: nosso compromisso é de em 48 horas a mercadoria estar na sua obra”, ressalta. Outro segredo do sucesso da Do Mestre é estar conectada com as tendências do setor de construção civil, por isso, tem investido em lançamentos de produtos impermeabilizantes. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Roberto Tavares de Melo conta a trajetória da empresa, as mudanças e os desafios provocados pela pandemia – que trouxe uma nova clientela e levou à criação de uma horta, diante do temor de haver um desabastecimento de alimentos e afetar os funcionários. Ele também comenta outras ações na área de ESG e a sua relação com os filhos no dia a dia da empresa. Como começou a trajetória da Do Mestre? Nós atuávamos no ramo da construção civil com uma produção de artefatos cerâmicos na cor vermelha, a popular cerâmica ou olaria, como alguns chamam. Fabricávamos tijolos, lajotas, vários itens em cerâmica vermelha, não era cerâmica fina, nem porcelanato. Adquirimos essa empresa, ela não foi montada por nós. Meus três irmãos eram meus sócios e eu era o sócio-gestor da operação. Eles eram investidores, não estavam na operação. Isso foi em 1985, eu ainda era estudante de engenharia e durante esses 15 anos seguimos com uma única atividade. Mas chegamos à conclusão de que tínhamos baixa fidelização dos clientes, sobretudo na indústria da construção civil. Atuávamos com o varejo, mas éramos uma empresa com o perfil de atendimento à indústria, no segmento de médio e alto padrão. Mas nós ficávamos de fora no início da obra dos clientes, que era a parte de fundação, estaqueamento e estrutura. Entrávamos na parte de alvenaria mas, depois, ficávamos fora do acabamento. Ou seja, se uma construção tinha o tempo total de 36 meses, tínhamos uma relação com a obra durante 18 a 20 meses. E aí veio a ideia de que deveríamos fidelizar mais, porque o ativo de uma empresa não são só máquina e capital humano, tem a clientela, é preciso ter o seu parceiro comercial de todas as horas. Isso é muito claro no varejo, que a atuação começa em 2 de janeiro e termina no penúltimo dia de dezembro. Então é uma relação, realmente, duradoura. E aí, nos anos 2000, decidimos montar uma fábrica de argamassa ao lado da outra que já existia. Qual a vantagem da fábrica de argamassa? Porque assim participaríamos tanto da fase de alvenaria – já que fazemos um tipo de argamassa que faz a colagem dos tijolos – depois passamos a fabricar até o reboco para revestir o tijolo, e que vai ser preparado para colocar um novo revestimento seja nas áreas molhadas (como banheiro e cozinha) seja na fachada. E aí nasceu a concepção da empresa Do Mestre no ano 2000. Em 2003 houve a saída dos três sócios investidores, continuei sozinho e em 2019 a empresa de tijolos e cerâmicas vermelhas foi desativada. É um setor que foi me desencantando por várias razões, como baixo valor agregado, além de um somatório de eventos que nos levou a focar naquilo que faz sentido que é a Do Mestre. Hoje é uma empresa que, graças a Deus, obtivemos nos últimos cinco anos uma taxa de crescimento bem interessante. Crescemos mais de 25% o faturamento nesse período. O interessante é que vocês têm concorrentes de peso, marcas de abrangência nacional e até mundial… É uma tarefa hercúlea porque eles são players que têm produção local em Pernambuco e são líderes mundiais. Os dois maiores do mundo no setor estão aqui em Pernambuco e é uma briga grande. Não temos os números, mas o feeling é que a gente vem em terceiro, como o primeiro dos independentes. Qual é a estratégia que vocês utilizam para brigar com esses gigantes? Costumo dizer que um grande player, uma multinacional, tem inúmeras vantagens, eles têm caixa, tecnologia etc., mas têm outras desvantagens como a demora na tomada de decisão, o excesso de níveis hierárquicos, a frieza no relacionamento com o cliente, a dificuldade de aderência ao consumidor. Eu não falo o consumidor final, mas do B2B, o varejista que vai comprar o produto dele. Ninguém sabe quem é o dono ou o gerente dessas grandes empresas. O nordestino sente essa falta de calor humano. E há a questão da entrega logística, que é muito importante nessa família de produtos. Isto porque tanto os varejistas como a indústria da construção não têm frota própria. Os varejistas fazem retirada nas fábricas e dependem de terceiros. As fábricas, por sua vez, não ajudam, normalmente, os clientes, embora haja exceções. Mas é como se elas dissessem: “eu produzo, o produto está aqui pronto para você retirar, mas como você vai retirar é uma questão sua”. O problema é repassado e isso às vezes gera dificuldade, atrasa o processo do cliente. No nosso caso, 80% das nossas entregas são feitas por frota própria. Temos caminhões e uma transportadora também que é coligada a nossa empresa, mas é um outro CNPJ porque é um outro escopo de trabalho. Como trabalhamos com frota própria, temos um diferencial que é a entrega rápida. Estamos sediados em Nazaré

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"A sanfona de oito baixos está desaparecendo em Pernambuco"

Documentarista e pesquisador critica a falta de espaço para o forró tradicional nas festas juninas do interior de Pernambuco, aponta os novos talentos do baião e defende a implantação de uma política que leve o legado de Luiz Gonzaga às escolas para que essa cultura não se acabe. Apaixonado pelo Sertão, o documentarista e pesquisador Anselmo Alves, há anos tem travado uma batalha em prol das tradições da cultura sertaneja, em especial da preservação da sanfona de oito baixos. Ao longo do tempo, os músicos que tocam o instrumento têm diminuído em Pernambuco, o que pode ser uma sentença de morte para o ritmo que Luiz Gonzaga popularizou. “A sanfona de oito baixos é importante porque é matriz musical do forró, é de onde surgiu o baião”, justifica Anselmo. Nesta entrevista a Cláudia Santos, o documentarista critica a programação do período junino nas cidades do interior pernambucano, onde o forró tradicional não merece destaque. Aponta quem são os novos talentos que bebem na fonte de Gonzaga e defende uma política voltada para difundir o baião entre a garotada de Pernambuco. “Mestre Salustiano falava um negócio fantástico: ‘se o folguedo não chegar na criança, ele morre’. A sanfona de oito baixos não está chegando na criança”. O que você acha da presença do forró no São João de Pernambuco atualmente? No Recife, graças a Peixe (João Roberto, ex-secretário de Cultura do Recife), já há 20 anos, não se permite que o forró de plástico e a dupla sertaneja entrem nas festas juninas, embora já tenha entrado no Carnaval, mas no São João foi a única capital que resistiu em botar o forró autêntico. Nas outras cidades o que se ouve é dupla sertaneja, funk, passinho. Eu não sou contra nenhum desses ritmos, agora o São João é uma festa de tradição, que vem de Portugal, e quem joga o lado profano e belo é Luiz Gonzaga. Essa história começa a ser destruída a partir dos anos 1970, 1980 até os anos 1990, com a antena parabólica. Naqueles anos, os meninos de Serra Talhada – onde eu nasci – não torciam para o Náutico, nem para o Sport, nem para o Santa Cruz. Torciam para os times do Sul do País que viam na televisão e, ao mesmo tempo, assistiam às duplas sertanejas. Para deixar mais distante da juventude o xote, o xaxado, o baião e o arrasta-pé veio a segunda leva com Carla Perez, a sexualização do palco e a dança da garrafa que, há 20 anos, vendia três milhões de discos. Não sou conservador, nem contra a sensualidade do palco. Sou contra a sensualidade chula, ou seja, uma música que descontrói a mulher e enaltece o homem como a letra de uma canção do Saia Rodada que diz “dinheiro na mão, calcinha no chão”. Isso é um estímulo à prostituição. Essa música que se diz forró, não é xote, nem xaxado, nem é baião, só usaram o nome forró. Roubaram, é um estelionato poético. Eu nasci em Serra Talhada, numa vila de 18 ruas, meu tio era músico e passou a adolescência com Moacir Santos (arranjador, compositor, maestro e multi-instrumentista falecido em 2006), que quando estava no interior ia para a casa do meu tio. Conheci muito Moacir Santos. Então eu vivi num ambiente musical e eu ficava encantado quando vovô me levava para a feira, onde eu via um cego tocando uma sanfona de oito baixos. Era uma coisa mágica! Mas imagine se eu tivesse 11 anos hoje, cheio de hormônios, eu ia ver um velho cego, pobre, tocando sanfona de oito baixos, ou uma mulher bonita no palco? Claro que falam mais alto os hormônios do que as harmonias. Então eu acho que existe uma desconstrução muito grande. Pergunta se na festa do peão boiadeiro, lá do Centro-Oeste, o pessoal vai deixar a gente tocar Zé Marcolino, Zé Dantas, Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira? Não vai. Pergunta se no Rio Grande do Sul, que mantém a tradição (e isso se deve muito a Borghettinho (o instrumentista gaiteiro Renato Borghetti), e ao CTG, Centro de Tradições Gaúchas, que foi fundado há 60 anos e hoje tem centros espalhados não só no Brasil, mas no Uruguai, no Paraguai, que preservou a cultura. O axé da Bahia é maravilhoso. Acho Ivete Sangalo maravilhosa, midiática, é uma artista completa, canta aqui, canta em Las Vegas, é aplaudida em todo lugar. Agora o que é que Ivete Sangalo tem para abrir o São João de Caruaru? Toda essa história do baião, do xaxado, dessa festa profana de Gonzaga nasceu com a sanfona de oito baixos. Faço parte de um movimento chamado Respeitem os Oito Baixos. Somos eu, Leda Dias (cantora) e Diviol Lira (acordeonista). O instrumento em Pernambuco é terminal. Há 15 anos que eu luto para que essa matriz musical não desapareça. A sanfona de oito baixos é importante porque é matriz musical do forró, é de onde surgiu o baião. Ela foi trazida pelos portugueses no começo do século passado e chega no Nordeste brasileiro, no Sertão mais precisamente, na época do velho pai de Luiz Gonzaga, na década de 20. Nessa época muda-se a afinação do instrumento que era europeia e fazem uma adaptação para poder tocar o forró. É a chamada afinação transportada. Esse código musical da sanfona de oito baixos é único no mundo. Aqui, em Pernambuco, existem apenas cinco crianças que tocam o instrumento. Há também a Or - questra da Sanfona de Oito Baixos que eu ajudei a construir, são uns 20 instrumentistas experientes que nunca foram à escola de música, grande parte é analfabeta. E a gen - te perdendo tudo isso, porque não houve uma política pública que garantisse uma escola permanen - te da sanfona de oito baixos, como Borghettinho fez no Rio Grande do Sul, a Fábrica de Gaiteiros. Então você acha importante incentivar as crianças? Foi o que Luiz Gonzaga fez aos distribuir sanfonas para a garotada. Cento e quarenta para ser mais preciso. Gonzaga viu Dominguinhos, com 14 anos, tocando

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Lirinha: "Construir emoções e histórias por meio dos sons"

O artista fala do seu mais recente disco solo, uma criação experimental, dentro de uma estética onírica, que teve influência do slam, a competição de poesia falada da cultura hip hop. Também comenta como o trabalho com o Cordel do Fogo Encantado contribui para popularizar a poesia. (Foto: Thaís Taverna) A partir de um desejo de experimentação, de imaginar e inventar coisas novas, José Paes de Lira, o Lirinha, produziu MÊIKE RÁS FÂN, um disco em que esse experimentalismo é elaborado de forma intimista, numa atmosfera onírica que também nos remete ao cosmos. Não por acaso ele menciona Glauber Rocha, nesta entrevista concedida a Cláudia Santos por videoconferência, em São Paulo, onde reside. O cineasta baiano recorreu a uma “estética do sonho” para encontrar saídas para o surrealismo da realidade brasileira. Lirinha fez o mesmo para abrir as possibilidades da criação. Nessa empreitada, o músico, escritor, cantor e compositor de Arcoverde se encantou pela voz e pelos sons. Um encantamento que o levou à ideia de conceber o novo trabalho a partir de uma fictícia rádio cósmica que recebe o já reportado nome de MÊIKE RÁS FÂN. Talvez nem tão fictícia assim já que, no segundo semestre, Lirinha planeja lançar um podcast. Nesta entrevista, ele fala das concepções desse novo disco, da experiência de usar uma ferramenta de inteligência artificial numa das faixas e de como seu trabalho com o Cordel do Fogo Encantado tem descartado a concepção de que brasileiro não gosta de literatura. Isto porque em seus shows uma multidão costuma declamar com ele poemas de Zé da Luz ou João Cabral de Melo Neto. Quando a gente ouve seu novo disco, a impressão que temos é de uma atmosfera cósmica, um tanto onírica. De onde vem essa inspiração? Esse disco nasce de um desejo de experimentação com essa atmosfera da invenção, desde o próprio título do disco que são palavras que não existem: MÊIKE RÁS FÂN, um nome inventado para uma também fictícia rádio cósmica, interplanetária. A ideia da rádio é para construir emoções e histórias por meio dos sons, do áudio. E esse é um poder que a rádio tem. Então o disco segue dessa forma, quase todas as canções indicam essa ligação com a imaginação, com o sonho, talvez com a influência da estética do sonho que é algo que eu conheci por meio de Glauber Rocha. Mas o próprio Glauber Rocha já cita outras influências para esse conceito da estética dos sonhos. Há uma música do disco que diz que “tem palavras pra inventar” que é a música Oyê e é isso que conduz, vamos assim dizer, a narrativa do disco: o sonho, a imaginação, o entendimento dessa metáfora do universo como uma realidade aberta que ainda está sendo criada, desenvolvida. Outra coisa que chama atenção no disco é que assim como outros trabalhos que você fez, você declama muita poesia. Só que antes você recitava e depois cantava. Desta vez a fala permeia a música, você quase não canta. O material de divulgação do disco, afirma que você está investigando o som, a voz. Isso está relacionado com esse processo? Tem a ver com esse processo, tem a ver com isso da primeira pergunta que eu te disse sobre a rádio. A ideia da rádio é exatamente essa experimentação que eu trago de um determinado estudo desses últimos anos da rádio arte, que é muito ligado à voz, ao grão da voz, ao corpo da voz. Também tive inspiração nos movimentos de declamação, de récita, aqui na periferia de São Paulo, através do slam, do gênero que hoje está muito forte dentro do universo do hip hop. As experiências do rap com as vozes é algo que também me interessa porque eu comecei como declamador, a minha primeira função artística, meu primeiro envolvimento com a música foi com a poesia falada dita em voz alta. Como dizia João Cabral de Melo Neto: “poesia para a voz alta”, dita, declamada. Comecei a desenvolver o meu trabalho com música, mas a canção era uma coisa, a poesia era outra, entendia como movimentos separados. Esse disco é o momento que eu tento fazer com que essas duas coisas se fundam e que a minha interpretação passe a ser entre essas duas expressões: música e poesia. Considero que é o meu trabalho em que eu mais consegui unir esses dois elementos. São construções harmônicas, em alguns casos complexos, com muitos instrumentistas, mas a interpretação é mais ligada à fala. A gente pode definir como um canto falado — que é um exercício de outros artistas também — e que eu acho que, de alguma forma, com esse disco, contribuo com essa discografia do canto falado. Você usou um recurso de inteligência artificial numa das faixas. Como foi essa experiência? Foi na música Antes de Você Dormir. Ela fala desse momento que precede o sono, o mergulho no adormecer. Eu já tinha pensado algumas coisas sobre isso, que nesse momento nós experimentamos algumas coisas sobre-humanas, vamos dizer assim, temos a capacidade de teletransporte, temos o poder de modificar nossa massa física, tudo através do sonho. Essa ferramenta é bem comum hoje, é um programa que transforma texto em fala, a gente escreve um texto e uma voz traduz esse texto, fala. Mas o que há de interessante para mim é que esse corpo não existe, essa voz ganha uma materialidade, mas ela é feita por inteligência artificial. Porém, ela ganha expressividade também, faz uma entonação de declamação. Eu deixei a voz um pouco confusa propositalmente, pois meu interesse não era que entendessem, mas era a sua textura mesmo. É uma voz em inglês falando sobre um momento de lançamento de um foguete, que está prestes a alçar voo. Achei muito curioso que existia essa ferramenta e trouxe para o disco mais uma textura de voz. Existem várias texturas no disco, várias participações e de várias formas. Tem uma música chamada Bebe, que Nash Laila, que é uma atriz, gravou num rádio intercomunicador mesmo, não é um plugin

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"A preocupação com a diminuição das desigualdades poderá ser uma marca da minha gestão"

Durante a posse de Márcia Angela Aguiar na Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco) estiveram presentes, além dos servidores da instituição e de políticos, muitos representantes de movimentos sociais. Esse detalhe já fornece uma pista de como será a gestão dessa professora, nascida em Garanhuns, que atuou em instituições públicas de educação durante boa parte de sua trajetória profissional. Logo no início dessa entrevista a Cláudia Santos na Fundaj, ela destacou que, nos seus planos à frente da Fundação, pretende contribuir para a redução das desigualdades sociais. Para alcançar o objetivo, Márcia quer aproximar a Fundaj das escolas públicas e atuar de forma conjunta nas áreas de educação e cultura. “Quando você coloca as gerações em contato com a cultura, abre-se um mundo. Vejo o encantamento dos grupos de garotos e garotas de escola que chegam aqui e olham o acervo do museu. ” Porém, para colocar em prática seus projetos e ainda preservar o acervo da Fundaj, ela terá que enfrentar a falta de pessoal, já que boa parte dos servidores da Fundação estão na fase de se aposentar. A presidente da Fundaj fala desses desafios, dos seus planos e da sua carreira, que tem passagens inusitadas. Como o período em que dava aula em Caetés (Agreste) e os alunos a ajudavam a pegar carona de caminhão para voltar para casa. Confira a entrevista a seguir. Quais são seus planos de gestão à frente da Fundaj? Meu primeiro movimento é o de conhecer o que existe. Organizei uma comissão de transição para identificar os problemas das diversas diretorias para poder traçar um plano estratégico e, ao mesmo tempo, tomei a iniciativa de nomear para cada diretoria pessoas que já são servidoras da casa. Coloquei a pesquisadora Ana Abranches na Diretoria de Memória; na Diretoria de Cultura e Artes está Túlio Velho Barreto, e a Diretoria de Pesquisas Sociais ficou com Wilson Fusco. Tenho um compromisso com a questão social. Estamos numa sociedade desigual e todos os esforços devem ser feitos, mediante as políticas públicas. Sou defensora de que o estado precisa intervir em todas essas áreas para que possamos reduzir a desigualdade estrutural. Entendo que a educação aparece como uma aliada muito forte para todos aqueles que têm essa percepção do social. A preocupação da diminuição das desigualdades socioeducacionais do Brasil poderá ser uma marca da minha gestão. Uma outra preocupação é que o último concurso público que ocorreu na Fundação foi em 2006, hoje, praticamente, metade dos servidores estão com abono de permanência (benefício concedido ao funcionário público que opte por permanecer em atividade após ter cumprido todos os requisitos para aposentadoria voluntária). Qualquer um que se importe com a conservação da memória e cultura nacionais, regionais e pernambucana não pode deixar de ficar preocupado com essa situação. Temos poucos servidores públicos e muita gente terceirizada. O terceirizado é aquele que está de passagem e existem certas especificidades na Fundação que não são adquiridas na formação somente com leituras, é preciso uma vivência junto de quem tem uma expertise em determinados campos. É o caso da restauração, uma área que temos grandes necessidades, esses profissionais estão com abono permanência e, a qualquer momento, podem sair. E quem é que fica para poder levar adiante esse trabalho tão meticuloso, que é fruto de uma experiência muito grande? O concurso público é uma demanda urgentíssima. E quantas pessoas seriam necessárias? Temos um quadro que está em torno de 80 servidores que são permanentes. Precisaríamos de quase o dobro para dar conta de toda a demanda da instituição. Ao todo temos 18 prédios, o que significa que temos a necessidade de pessoas para cuidarem disso tudo, desde especialistas até profissionais da área de apoio. A senhora fez algum pleito ao MEC sobre essa questão? Sim. Fiz um pleito junto ao ministro da Educação Camilo Santana para que dê prioridade para essa questão. Ele argumentou que essa é uma necessidade não só daqui da Fundaj, mas também de todo o ministério. Ele ficou surpreso com a situação e disse que tem o compromisso de abrir concurso público. Inclusive, ele esteve na minha posse e externou publicamente esse compromisso. Também fizemos contato com políticos para darem apoio porque sabemos que eles têm aproximação com o Executivo, especialmente a senadora Teresa Leitão que, por ser da educação, tem muita sensibilidade com essas demandas. Bem, voltando à minha administração, outra defesa que faço é da gestão democrática. É necessário instaurar processos colegiados que permitam que as decisões tomadas sejam discutidas no âmbito da instituição. É outro compromisso que assumi e está sendo demonstrado na prática ao constituirmos uma equipe de transição com servidores para fazer um diagnóstico da situação de cada diretoria. Eles têm a possibilidade de participar e de opinar para fazer o planejamento estratégico da instituição. Estamos construindo um processo compartilhado de gestão na perspectiva de olhar os objetivos com a visão também do futuro. Prezamos o legado desse passado tão precioso da Fundação, deixado por Gilberto Freyre e Joaquim Nabuco, as ideias libertárias de ambos e o combate às discriminações da época em que viveram. Temos a perspectiva de preservar a expressão do nosso povo. A Fundaj representa isso porque aqui não está documentada só a cultura de Pernambuco, mas a do Nordeste. Ela foi criada com o intuito de fazer esse trabalho também no Norte do Brasil. Hoje praticamente não existe essa atuação. Pensamos que poderíamos restabelecer algum laço nessa área da cultura e da memória do Norte do País. E a cultura nordestina é a cultura brasileira. Em Pernambuco houve o entrelaçamento de indígenas, holandeses, franceses, portugueses e africanos. Então é um lastro imenso. E tudo isso está representado nos nossos museus e galerias. É preciso dar mais visibilidade à Fundaj. Muitos acham que a Fundação é só o cinema e o museu, e há tanta coisa aqui e que está à disposição do público. Para você ter ideia, fiz uma visita ao Laboratório de Pesquisa Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte. Encontrei o servidor que é responsável

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ChatGPT: "IA pode ter impactos na democracia e na sociedade tanto positivos quanto negativos".

É possível que sistemas de inteligência artificial (IA) possam contribuir para a disseminação de notícias falsas (fake news) e prejudicar a democracia”. A afirmação não é de nenhum crítico do avanço tecnológico, mas do ChatGPT, ferramenta criada com a tecnologia da IA treinada para produzir textos em formato de conversa. Nesta entrevista feita por Cláudia Santos, o robô reconhece alguns riscos que ele pode oferecer à humanidade, mas faz ressalvas, ao alertar sobre a necessidade de regulamentação do uso da IA e ao ressaltar os benefícios que ela também pode proporcionar. Suas respostas, por vezes, são evasivas – como quando perguntado sobre a economia de Pernambuco – e algumas contêm erros de informação, como ao afirmar que a revista Algomais foi fundada em 2001 (na verdade foi em 2006), ou ao dizer que o Brasil ainda é presidido por Jair Bolsonaro. Mas ao ser confrontado com a informação verídica, o ChatGPT, educadamente, pede desculpas e admite que errou. O eloquente robô mostrou-se conhecedor do linguajar pernambucano, ao acertar significado de arretado. A entrevista a seguir reflete a capacidade da inteligência artificial em fornecer informações, a naturalidade com que responde às perguntas, como se fosse uma conversa, mas também mostra que é preciso um cuidado no tocante à veracidade de suas informações. Olá, sou editora da Algomais. O que você sabe sobre a revista? Olá! Como um modelo de linguagem treinado em uma ampla variedade de dados, eu tenho informações sobre muitos tópicos, incluindo a revista Algomais. Algomais é uma revista mensal de Pernambuco, fundada em 2006, que cobre notícias e informações sobre a região Nordeste do Brasil, além de cultura, arte, entretenimento, negócios, política e muito mais. A revista é conhecida por suas reportagens aprofundadas e de alta qualidade, bem como por sua cobertura exclusiva de eventos locais e nacionais. Algomais também tem uma forte presença online, oferecendo conteúdo digital atualizado diariamente. Espero que isso ajude! Aqui em Pernambuco, costumamos usar a expressão "arretado". Você sabe o que significa? Sim, como modelo de linguagem, eu estou familiarizado com a expressão "arretado", que é uma gíria muito comum no Nordeste brasileiro, incluindo Pernambuco. "Arretado" é uma palavra utilizada para descrever algo que é legal, impressionante, excepcional ou de alta qualidade. É uma expressão usada para elogiar alguém ou alguma coisa, expressando admiração, satisfação ou surpresa. Por exemplo, se você experimentar uma comida muito saborosa, você pode dizer: "Essa comida é arretada!" Ou se você ficar impressionado com uma apresentação musical, você pode dizer: "Esse músico é arretado!". Em resumo, "arretado" é uma expressão popular no Nordeste brasileiro que significa algo muito bom, legal ou impressionante. Um dos temas abordados na revista Algomais é a economia do nosso Estado. O que você acha da atual conjuntura econômica de Pernambuco? Como um modelo de linguagem, não posso ter opiniões, mas posso fornecer informações sobre a conjuntura econômica de Pernambuco. Pernambuco é um Estado que tem apresentado um desempenho econômico significativo nos últimos anos. O Estado tem uma economia diversificada, com setores como serviços, indústria, comércio e agricultura desempenhando papéis importantes na economia local. No entanto, assim como outros Estados brasileiros, Pernambuco tem enfrentado desafios econômicos recentemente, incluindo a recessão econômica nacional e a pandemia de Covid-19. Esses fatores impactaram negativamente a economia do Estado, afetando setores como turismo, comércio e serviços. Apesar desses desafios, o Governo de Pernambuco tem implementado políticas para estimular a economia e atrair investimentos, como a redução de impostos e incentivos fiscais para empresas que se instalam no Estado. Além disso, o Estado tem investido em infraestrutura, como a construção de novas rodovias e portos, que podem impulsionar o crescimento econômico a longo prazo. Em resumo, a economia de Pernambuco tem apresentado altos e baixos, mas o Estado tem tomado medidas para estimular a atividade econômica e superar os desafios atuais. Vamos agora, abordar a conjuntura brasileira. Como está a realidade política atual do Brasil? A conjuntura política atual do Brasil é bastante complexa e polarizada. O País tem enfrentado uma série de desafios políticos nos últimos anos, incluindo a polarização política, a corrupção, a instabilidade política e a crise econômica. Desde as eleições presidenciais de 2018, o País tem sido liderado pelo presidente Jair Bolsonaro, que tem uma base de apoio fiel, mas também tem sido alvo de críticas por sua gestão da pandemia de Covid-19, sua postura em relação ao meio ambiente e os direitos humanos, entre outras questões. Além disso, o País tem passado por um momento de instabilidade política, com o Congresso Nacional frequentemente bloqueando a agenda do governo e o Supremo Tribunal Federal sendo alvo de críticas por parte de alguns políticos e apoiadores do presidente. A corrupção também continua a ser um problema importante no País, com muitos políticos sendo investigados e condenados por crimes relacionados à corrupção. Por fim, o País enfrenta uma crise econômica, agravada pela pandemia de Covid-19, com altos níveis de desemprego e uma economia em recessão. Em resumo, a conjuntura política atual do Brasil é marcada pela polarização, instabilidade e desafios em várias frentes, incluindo saúde, economia e corrupção. Quem é o atual presidente do Brasil? O atual presidente do Brasil é Jair Messias Bolsonaro. Ele foi eleito nas eleições presidenciais de 2018 e assumiu o cargo em janeiro de 2019. Bolsonaro é um político de direita e ex-membro do Congresso Nacional, onde representou o estado do Rio de Janeiro por quase três décadas antes de se candidatar à presidência. Como presidente, ele tem implementado políticas econômicas liberais, promovido reformas na área de segurança pública e defendido valores conservadores em questões sociais e culturais. Sua administração tem sido alvo de críticas e controvérsias em vários aspectos, incluindo sua resposta à pandemia de Covid-19, sua postura em relação ao meio ambiente e os direitos humanos, entre outras questões. Sinto informá-lo, mas a resposta está errada. Desde janeiro de 2023, o presidente do Brasil é Luiz Inácio Lula da Silva. Peço desculpas pelo meu erro anterior. Você está absolutamente correta. Desde janeiro de 2023, o atual presidente do Brasil

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Saulo Suassuna Filho: "Eu e meu pai nos completamos na empresa"

Aos 2 anos de idade, Saulo Suassuna Filho frequentava os canteiros de obras, levado por seu pai, Saulo Suassuna, sócio de um grande construtora. O garoto tomou gosto pelo ambiente e munido de lápis e papel já projetava edifícios nos seus traços infantis. O tempo passou e essa parceria entre ambos se consolidou quando o pai se desligou da empresa para fundar com o filho a Suassuna Fernandes Engenheira. A construtora que conta com 300 funcionários, foi a primeira a erguer um empresarial em Casa Forte, bairro do Recife. Os “Saulos” perceberam a demanda do morador local em ter um escritório próximo da residência. Hoje eles atuam no sofisticado mercado de imóveis de alto padrão na região que abrange, além de Casa Forte, Jaqueira e Parnamirim. Também desenvolvem empreendimentos planejados em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Ceará, em parceria com outras empresas. Nesta entrevista a Cláudia Santos, concedida no seu escritório também em Casa Forte, Saulo Filho, hoje com 43 anos, fala da trajetória da Suassuna Fernandes, da relação com o pai e sócio, da Molegolar – a tecnologia que criou para adaptar os empreendimentos à demanda do mercado – e das mudanças que a pandemia trouxe para o setor. Ciente da bem-sucedida vivência que teve com o pai, Saulo Filho, mantem, no seu escritório, uma mesa com quatro cadeiras infantis onde suas três filhas brincam de projetar prédios. É a terceira geração da empresa que está a caminho. Como surgiu a Suassuna Fernandes? Meu pai era sócio de uma grande incorporadora junto com meu tio e mais dois outros sócios. Eles tinham um acordo no qual a segunda geração não poderia trabalhar na empresa com a primeira geração. Exatamente para que a gestão não ficasse muito diversa, não tivesse um conflito de gerações. Meu pai resolveu, então, montar a Suassuna para que tivéssemos um caminho próprio. Ele se desligou da outra empresa, recebeu a participação dele e a gente começou a Suassuna. Isso aconteceu em 2002. Eu estava me formando em engenharia civil. Como começou a empresa? Meu pai teve um escritório na Praça de Casa Forte, e o nosso primeiro empreendimento foi também na praça. Adquirimos um terreno para fazer o primeiro prédio comercial da região. Na época muitos escritórios funcionavam na Ilha do Leite e no Derby, onde havia muitos empresariais. Nossa ideia era evitar que as pessoas que moravam aqui tivessem que se locomover para essas outras regiões que dispunham de prédios comerciais, para trabalhar. Pensamos nos moradores que não queriam perder tanto tempo no trânsito. Naquela época já começaram os engarrafamentos, as pessoas já não conseguiam almoçar em casa. Nós, hoje, atuamos na região de Casa Forte, Jaqueira e Parnamirim, que tem a renda per capita mais alta do Nordeste, segundo o IBGE. Nossos clientes são profissionais liberais, que é o perfil das pessoas que moram no entorno. Mas há empresas também, cujos gestores não querem se instalar em outros locais porque moram nas proximidades. Pensando nesse público, construímos cinco empreendimentos na Praça de Casa Forte que chamamos empresarial boutique, que, assim como os hotéis boutiques, são menores (até porque os terrenos aqui são pequenos), mais exclusivos, mais charmosos. Depois desses, começamos a fazer os residenciais. Como foi a receptividade do público-alvo? Foi um sucesso de vendas. Retivemos 50% das unidades para locação para incorporar à parte patrimonial da empresa e vendemos a outra parte. Desde o primeiro empreendimento, nossa proposta foi a de fazer um acabamento diferenciado. Isso fez com que tivéssemos uma percepção do valor do metro quadrado mais alta no mercado. E, na entrega, comprovamos aquilo que tínhamos prometido: um imóvel acima da média do mercado. Os outros lançamentos seguiram essa mesma lógica. Também nesta região? Sim: Casa Forte, Jaqueira, Parnamirim. Temos vontade de ir para Boa Viagem, muitos amigos e clientes pedem isso. Mas somos muito criteriosos para a escolha do terreno e é muito difícil encontrar uma área com as características que buscamos na Zona Sul, em termos de nobreza da localização. Quando você chega na primeira e na segunda paralelas à orla, é muito difícil encontrar um terreno em que o visual não esteja comprometido, nem se consegue ver o mar de tanto prédio que há na frente. Se conseguirmos encontrar um terreno que tenha uma qualidade de vista condizente com o nosso produto, aí podemos pensar. Os terrenos que trabalhamos têm uma vista muito livre. Como é a sua relação com um pai que ao mesmo tempo é um sócio? É uma mistura de ídolo, de professor, de sócio, de pai mesmo, de amigo. Temos uma relação muito boa. Desde criança ele me colocou nesse meio de obra, nunca pensei em fazer outra coisa. Desde os 2 anos de idade ele me leva para as obras para brincar, para desenhar plantas de apartamentos. Ele me incentivou muito, sempre queria ouvir minha opinião. Às vezes, ele estava discutindo alguma coisa com as pessoas na obra e eu, pequeno, ouvindo e prestando atenção na conversa sem entender muita coisa. E ele perguntava: “o que você acha?” Ele queria que eu tivesse uma opinião desde cedo e isso foi muito importante para minha formação profissional e pessoal. Até porque você vai ganhando confiança naquilo e vai aprendendo, se interessando. Temos perfis bem complementares. *Leia a entrevista completa na edição 212 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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"O endividamento atinge em torno de 70% do setor de bares e restaurantes"

Presidente da Abrasel-PE, Tony Souza, analisa os impactos da pandemia, como o aumento de dívidas das empresas, diz que plataformas digitais, como o Google e o TripAdvisor, são o novo “boca a boca” para divulgar as casas e falou sobre as ações para combater a violência contra as mulheres. A pandemia mudou muitos hábitos dos brasileiros, incluindo os pernambucanos, que passaram a utilizar com mais frequência o delivery ou os pedidos “para viagem”. O consumidor também vivencia a rotina do trabalho remoto ou híbrido (o que reduziu o almoço fora de casa e o happy hour) e o uso de pagamentos digitais, como cartões e, principalmente, o pix. Todas essas mudanças provocaram profundas transformações no setor de bares e restaurantes. Porém, o que causou o impacto mais negativo foram os lockdowns e a elevação das taxas de juros e da inflação provocaram o endividamento de 70% dos estabelecimentos. “Não que esse percentual esteja inadimplente. Eles estão endividados e estão pagando mas, para conseguir pagar, operam, muitas vezes, no vermelho”, explica Tony Sousa, presidente da Abrasel-PE (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Seccional Pernambuco). Uma situação que levou cerca de 30% das casas a encerrarem as atividades. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Tony Sousa avalia as consequências da pandemia para o setor e comenta a lei que estabelece um protocolo para enfrentar a violência contra a mulher nesses estabelecimentos e também fala do encontro nacional da associação que acontece hoje, dia 29. Pesquisa da Abrasel Nacional revelou que o setor tem enfrentado dificuldade de retomar o desempenho de antes da pandemia. Esse quadro também é verificado em Pernambuco? Sim. O setor em todo o País está com dificuldade de alcançar o desempenho com lucratividade. Vamos entender: os restaurantes têm uma capacidade de reestruturação fenomenal mas, apesar de recuperarem o faturamento de antes da pandemia, não conseguiram ter lucratividade que ficou comprometida por duas verticais. A primeira é a inflação. Muitos produtos subiram mais de 100%, alguns como camarão, salmão, picanha tiveram um aumento absurdo. O segundo pilar é o nível de endividamento dos restaurantes. Em 2020 os estabelecimentos estiveram em lockdown e precisaram ir aos bancos, muitos recorreram a créditos tradicionais, outros a créditos subsidiados pelo governo. Porém, a Selic estava abaixo de 4%, hoje, está em 14%. Então, houve um aumento de quase 40% nas parcelas e as casas não estão conseguindo gerar lucro para atualizar a sua operação. Lamentavelmente, no ano passado, várias empresas operaram no vermelho, isso minimizou um pouco no segundo semestre porque teve a black friday, foi ano de eleição e Copa do Mundo, depois as festas de final de ano que, por gravidade, melhoram o movimento. Mas, em janeiro, voltamos à realidade de um mês normal e ainda por cima trata-se de um mês de férias. O endividamento atinge em torno de 70% do setor. Não que esse percentual esteja inadimplente, eles estão endividados e estão pagando mas, para conseguir pagar, operam, muitas vezes, no vermelho. O endividamento representa uma média de 10% do faturamento, para um segmento que apresenta um resultado líquido na ordem de 12% ou 13%. Basicamente o lucro que se faz é para pagar boa parte desse endividamento. Muitos estabelecimentos precisaram refinanciar suas dívidas. Muitos fizeram um financiamento em 2020 e em 2021 estávamos novamente em lockdown que foi a segunda onda da pandemia. Os estabelecimentos tiveram que contrair novas dívidas para pagar a anterior e conseguir ter um novo prazo de carência, que se encerrou em 2022, quando ainda não estávamos livres da pandemia, tanto que a gente não teve o Carnaval. As casas começaram a ter que honrar seus compromissos porque venceu a carência sem que estivéssemos com o movimento recuperado. Para muitos isso virou uma bola de neve que os levou à insolvência. Em torno de 30% dos estabelecimentos encerraram suas atividades. O momento é muito delicado, precisamos de políticas públicas para recuperar um setor que tanto emprega. Temos expectativas que linhas de créditos possam ser abertas, que os prazos sejam ampliados, para que os estabelecimentos possam inserir essa quitação do endividamento no seu fluxo de caixa sem sacrificar o que ele precisa fazer de investimento para atualização do seu negócio e o que ele precisa retirar como dividendo, como lucro, para sua sobrevivência. Vocês têm levado essas demandas para o Governo Federal que, inclusive, está nesta peleja com o Banco Central por causa da Selic? Participamos de algumas frentes, como a Frente de Comércio e Serviços com outras associações, mostrando a fragilidade do setor, desde a equipe de transição. Nosso presidente executivo nacional, Paulo Solmucci, vem buscando essa aproximação. Tivemos no Recife, no lançamento do Carnaval, a presença da ministra Daniela [Carneiro, do Turismo], do seu Secretário Executivo Bento Nunes. Disseram que será lançado o Fungetur 2 (Fundo Geral de Turismo) que é um programa que deve vir ampliado com novos indexadores e maiores prazos. Há uma sensibilidade do novo governo quanto a essa realidade, mas tudo leva um tempo para operacionalizar. E, como você colocou, o Banco Central tem hoje sua independência e essa questão de juros precisa ser ajustada para que haja um entendimento para que a redução não leve a um incentivo da inflação, porque a gente ganharia de um lado e perderia de outro. Esperamos que isso consiga ser operacionalizado antes que mais algumas empresas morram por inanição. Quantas pessoas o setor emprega em Pernambuco? Cerca de 480 mil pessoas em empregos diretos e formais, além da camada de informalidade e empregos indiretos, como os motoqueiros de aplicativos que fazem as entregas. A geração de emprego e renda é a nossa principal vocação aliada ao fato de sermos uma escola, ao oferecer a oportunidade do primeiro emprego para muita gente. O home office e o trabalho híbrido afetaram o setor? Com a pandemia as empresas viram que a produtividade de alguns colaboradores de alguns segmentos aumentou porque a pessoa não perde tempo em trânsito e produz de maneira mais rápida em casa. O home office e o trabalho híbrido são uma

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Entrevista com o peladeiro e médico Oscar Coutinho sobre saúde, vacinas e Fake News

Considerados um dos mais renomados clínicos de Pernambuco, Oscar Coutinho cultiva uma outra atividade que talvez poucos pacientes seus conheçam: é um assíduo jogador de futebol. É tão assíduo que este ano ele e seu grupo de amigos com quem pratica o esporte bretão vão comemorar 60 anos de pelada em maio, um marco que ele já tentou até figurar no Guiness. Criada pela iniciativa de dois ícones da medicina pernambucana, Ciro de Andrade Lima e Rostand Paraíso, que convidaram alguns alunos seus para bater uma bola – entre eles Coutinho – a pelada hoje conta com novos integrantes, mas nunca foi interrompida nestas seis décadas. E talvez seja esse o motivo da boa forma de Oscar Coutinho em plenos 82 anos. Nesta conversa com Cláudia Santos, o clínico conta detalhes dessa longeva pelada, fala da sua vivência como médico durante a fase mais crítica da Covid-19, elogia as vacinas, analisa o aumento dos casos de depressão e insônia e afirma que as fake news talvez sejam pior que o próprio coronavírus e que a teleconsulta veio para ficar. Confira a entrevista a seguir. Como foi sua experiência como clínico ao atender casos de Covid-19? A Covid foi um aprendizado desde o início porque foi uma doença nova. Já tínhamos convivido com o coronavírus, mas o que causa a Covid-19 foi diferente. Não foi só a ignorância do médico em lidar com ele, nem apenas pelos falsos remédios, como a cloroquina e similares, mas nunca a categoria médica do mundo imaginou a violência e a gravidade das primeiras variantes, a Alfa, a Beta, a Delta, que matavam mais e causavam mais complicações. Mas, o vírus vai perdendo a agressividade, porque ele é inteligente: para sobreviver, precisa do hospedeiro que somos nós, humanos, e que estejamos vivos. Então, à medida que ele faz mutações, ele pode continuar a ser contagioso, mas menos mortal. Veja o que aconteceu: no ano passado, pensávamos que estava tudo ótimo, até setembro quando chegou a mutação chamada Ômicron que, em novembro, provocou uma elevação assustadora do número de casos. Porém, era pouco agressiva. Até o fim de dezembro atendi uns 280 doentes afetados pela variante, mas só dois foram hospitalizados, nenhum foi pra UTI ou morreu. Este ano, com o Carnaval, quando eu esperava um repique maior, parece que está tudo calmo, porque há muitas pessoas vacinadas. Além disso, muita gente teve a Covid e não foi relatada, não entrou nas estatísticas. Esse pessoal ficou com alguma imunidade também. O Brasil hoje é considerado um dos melhores perfis do mundo para imunidade da Covid porque vacinou mais de 50% da população. Sou totalmente a favor das vacinas. Quais as características da vacina bivalente? A grande vantagem da bivalente é o fato de ser uma vacina mais moderna, o desenho dela nos protege melhor da Ômicron. E 99% do vírus da Covid-19 que está circulando corresponde a essa variante. Assim como as outras vacinas, a bivalente não evita a doença, mas se tivermos a Covid, estando vacinados, será de uma forma branda. As vacinas contra a Covid-19 podem provocar alguns sintomas, uma dorzinha no local da picada, que demora 24 horas. Eu mesmo tive febre leve, duas vezes em que fui vacinado e um pouquinho de moleza. Agora, num universo de bilhões de pessoas no mundo, a vacina pode provocar, excepcionalmente, alguma complicação, como a síndrome de Guillian-Barré, uma doença neurológica grave, mas que acomete uma em 100 mil pessoas. Se você for comparar o custo benefício em termos de proteção, é seguramente melhor tomar a vacina. Mas, quando acontece um desses raros casos, espalha-se pelas redes sociais aquele terrorismo como se a vacina fosse o mal, quando o mal é a ignorância. Como o senhor enfrentou as fake news? As fake news têm sido talvez um problema maior do que o próprio vírus. Circulam em rede social tratamentos falsos, como a cloroquina e a ivermectina, que são absolutamente ineficazes, além da vitamina D, como se ela aumentasse a imunidade. Vitamina D é bom para o osso, não tem nada a ver com a imunidade. Ao mesmo tempo, surgiram notícias falsas afirmando que as vacinas matavam e aleijavam. As fake news são um tremendo mal que infelizmente veio com essa modernidade dos meios de comunicação. Com a chegada da bivalente agora, voltaram a circular mentiras contra a vacina dizendo que provocaria AVC, trombose. Tive que informar, por WhatsApp, a uma grande quantidade de pacientes e familiares que essas informações eram falsas. Meu exemplo era esse: a vacina é boa, estou me vacinando e toda minha família também. O senhor recorreu à teleconsulta? O Conselho Federal de Medicina, muito antes da pandemia, chegou a liberar a telemedicina, mas a liberação não durou muitos meses, principalmente porque os sindicatos nos diversos Estados acharam que era uma forma prejudicial de fazer medicina, que iria prejudicar os mais pobres que não tinham acesso aos meios de comunicação. Então, o Conselho revogou a legalização. Com a pandemia, novamente ela foi legalizada e eu imediatamente aderi. Fiz muita teleconsulta, a maioria eram casos de Covid. Ainda hoje não há uma semana que eu não tenha, ao menos, uma meia dúzia de teleconsultas que nada tem a ver com a Covid. Agora, a teleconsulta é limitada porque falta o exame físico, mas há muitas situações em que ela é válida. No meu caso, faço clínica médica. Muitas vezes a pessoa é um cliente antigo meu, que eu já conheço e que quer fazer um checkup. Então é basicamente ouvir as queixas básicas, pedir os exames que o paciente manda via WhatsApp. Nesse período, houve um aumento do número de casos de depressão e ansiedade. Esse quadro ainda persiste? O início da pandemia foi o pior momento para o transtorno psicológico porque o mundo estava cheio de incertezas e as fake news contribuíram para o sentimento de insegurança. A própria categoria médica favoreceu muito essa situação, muitos médicos, sem a formação adequada, faziam comentários sinistros sobre a doença, sobre os tratamentos, que geraram insegurança

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"Vinhos estrangeiros são contrabandeados numa quantidade 4 vezes maior do que a produção de vinhos finos brasileiros"

O contrabando e a falsificação de vinhos estrangeiros têm sido uma dor de cabeça para os produtores da bebida no Brasil. Afinal, o produto contrabandeado não paga imposto, enquanto que mais de 50% do preço dos vinhos legalmente vendidos no País corresponde ao valor dos tributos, segundo o presidente do Vinhovast (Instituto do Vinho do Vale do São Francisco) José Gualberto de Almeida. Apesar do problema, os produtores pernambucanos também têm motivos para comemorar: depois de 20 anos de intensos trabalhos, eles conquistaram a Indicação Geográfica Vale do São Francisco, concedida pelo Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual). O registro de Indicação Geográfica (IG), segundo o Ministério da Agricultura, é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria. São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer (know how). José Gualberto – que também é presidente da Valexport (Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco) – conversou com Cláudia Santos sobre os benefícios que a IG trará para a vitinicultura da região (que produz 5 milhões de litros de vinho fino por ano), os problemas que o setor enfrenta, como o contrabando, e as perspectivas do enoturismo. Qual a importância da conquista da indicação geográfica para o setor vinícola do Vale do São Francisco? Com a conquista da indicação geográfica, o mundo da produção e dos negócios do vinho põe as suas vistas para a nossa região. Os grandes produtores de vinho do mundo procuram se instalar em regiões produtoras. A Miolo, da Serra Gaúcha, e a Global Wines, que produz os vinhos Rio Sol, já estão aqui e temos a certeza de que outros produtores internacionais virão. Temos um produto típico, único, feito com aquelas condições da região do São Francisco. Uma das características dos produtores e consumidores de vinhos é que eles gostam de tipicidades. Já se diz, inclusive, que a fidelidade não é uma característica dos tomadores de vinhos, porque eles se deslocam do consumo de vinho de uma região, vão para outra, comparam, trocam experiências. É isso que vai acontecer com o Vale do São Francisco. A responsabilidade é muito grande dos produtores, dos institutos e pesquisadores para que essa produção se consolide na qualidade e que essa “régua” vá sendo levantada cada vez mais para que tenhamos a possibilidade de nos firmarmos no grande teatro dos produtores de vinhos. Isso não significa que todos os vinhos e produtores vão alcançar em todos os instantes a indicação geográfica. O selo é concedido não ao produtor, mas aos produtos, e eventualmente, um produto que não se enquadre naqueles parâmetros não terá o selo. Isso não significa que não será um vinho a ser consumido. Teremos também outras vinícolas que irão se preparar para submeter seus vinhos a esse comitê permanente, dinâmico e variável que irá apreciar os vinhos e conceder essa indicação. Trata-se da primeira indicação geográfica de vinhos tropicais do mundo. É por isso que o selo demorou 20 anos para ser concedido? Exatamente. Porque não havia elementos de comparação. Existem vinhos tropicais em outros locais, mas nenhum conseguiu indicação geográfica. Uma grande questão, que será discutida ao longo dos próximos anos, é que o Vale do São Francisco produz uvas o ano todo. As pessoas dizem: “são duas safras”. Não são. São 52 safras porque podemos colher a uva na semana 1, na semana 2 até a semana 52. E serão produtos diferentes, porque no mundo clássico do vinho existe a figura da safra, que ocorre num determinado período do ano. Essa característica do Vale do São Francisco oferece uma amplitude enorme de produtos a serem conseguidos. Provavelmente, encontraremos empresas que se especializarão em vinhos de certos períodos do ano. Esses vinhos serão caracterizados, tipificados e o consumidor poderá fazer uma degustação horizontal, desde degustar, por exemplo, um Cabernet Sauvignon do primeiro trimestre e comparar com o do segundo, do terceiro, do quarto, do mesmo produtor. Ou uma degustação vertical, ao comparar vinhos produzidos no ano A, com o do ano B e com o do ano C, nos mesmos trimestres. Uma questão patente é que os vinhos produzidos na região são jovens, aromáticos, frutados e leves em razão dessa característica de poder elaborá-los o ano todo. Por isso, o produtor não está preocupado em fazer vinhos de guarda, como as regiões clássicas, que são estocados em barris de carvalho ou em aço inox por muito tempo. Além disso, os espumantes do Vale são altamente apreciados e procurados. Mas precisamos ter volume. Temos uma quantidade pequena de vinícolas (em torno de oito) mas, como eu disse, acreditamos que outras virão e atrairemos players da cadeia produtiva, como fabricantes de garrafas, rótulos etc. Isso leva a ganho de mercado, ganho de escala e ao barateamento e divulgação do produto. Haverá geração de postos de trabalho, de pesquisas, investimentos. O senhor acredita que o adensamento da cadeia produtiva do vinho vai demorar para acontecer? Acredito que vai se acelerar agora porque, além do vinho, temos a uva in natura que é um produto muito nobre, nossa região produz praticamente 100% da uva exportada pelo Brasil. Precisamos aumentar a cadeia de transporte, a logística etc. porque estamos numa região longe dos portos, o que aumenta nossos custos. Também precisamos muito de pesquisas. Para você ter ideia, para produzir uva de mesa importamos muitas variedades vindas dos EUA. A Embrapa conseguiu produzir algumas, mas o grande volume ainda é daquelas produzidas na Califórnia. Isso é um custo financeiro grande, pois pagamos royalties muito representativos, além do custo social, porque é um espaço de trabalho para pesquisa que não ocupamos. Se tivéssemos apoio massivo da pesquisa, poderíamos passar a ser exportadores de variedades ao invés de importadores. Leia a entrevista completa na edição 201.5: assine.algomais.com

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"Repensar a cultura da empresa dentro da perspectiva da ODS agrega valor ao empresário"

Neste mês foi instalado em Pernambuco o HUB ODS do Pacto Global da Organização das Nações Unidas. A chegada dessa iniciativa acontece no momento em que há um debate em vários setores da sociedade sobre as mudanças climáticas, as questões de gênero e raciais e também sobre a ESG, as melhores práticas ambientais, sociais e de governança dentro das organizações. O HUB chega com a missão de envolver o empresariado com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estabelecidos na Agenda 2030 da ONU. Cláudia Santos conversou com a coordenadora do HUB Eduarda Chaves a respeito de como pretende atuar para conquistar a adesão dos empresários pernambucanos. “Vamos conversar com o poder público e o setor privado para entender e definir junto com eles as métricas que possam estabelecer quais são os principais ODS críticos no nosso Estado”, planeja. Formada em administração, com 32 anos e experiência no terceiro setor, nos movimentos sociais e na iniciativa privada (na área de tecnologia e inovação), Eduarda acredita que um dos maiores desafios que vai enfrentar serão as resistências para modificar a mentalidade dos empresários mais conservadores. Porém, acredita que poderá mostrar aos gestores que eles têm muito a ganhar ao fazer mudanças na sua cultura organizacional. “Um grande exemplo é Luíza Helena Trajano, que implementou políticas para mulheres negras dentro da própria organização e, por isso, o valor do capital humano dela cresceu drasticamente”. Confira a seguir a entrevista. O que é o HUB ODS Pernambuco? O HUB é parte da iniciativa do Pacto Global, criado por Kofi Annan, então Secretário Geral da Organização das Nações Unidas, no início dos anos 2000. O intuito era convocar as empresas a alinharem suas estratégias e operações aos Dez Princípios Universais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. O Pacto Global entende que os países signatários devem convocar a iniciativa privada a aderir a esses conceitos universais que na Conferência da ONU de 2015 (COP 21) passa- ram a ser os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O Pacto Global atua nos países por meio de redes e a Rede Brasil do Pacto Global é a segunda maior do mundo. O Programa HUB ODS da Rede Brasil do Pacto Global tem como objetivo acelerar, por meio de parcerias regionais, o envolvimento do setor empresarial com a Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU até 2030 e os 17 ODS. O Brasil é um país de dimensões continentais e cada região apresenta culturas e realidades econômicas e sociais diferentes. Por isso, a Rede Brasil do Pacto Global percebeu que seria mais efetivo criar iniciativas em cada Estado, a partir dos HUBs, que pudessem entender e abranger o contexto de cada local, com suas nuances, dificuldades e potencialidades. Além disso, trabalhar com o empresariado daquele estado com o intuito de promover o incentivo para que as práticas empresariais sejam norteadas pelos ODS. O HUB foi criado pela Rede Brasil mas pode ser que outros países venham a incorporar essa ideia também. As empresas que fazem parte desse HUB não são necessariamente signatárias do Pacto Global. Mas o intuito é que todas, em algum momento, venham fazer parte do Pacto por ser uma iniciativa que colabora com a transformação social. Quais são as primeiras ações do HUB aqui em Pernambuco? Ainda estou montando o plano de ação. Assinamos a parceria com o IATI (Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação), que será a empresa receptora do Pacto e que vai alocar o HUB dentro dela. Mas a gente começou gigante, como foi dito por Carlo Pereira, o CEO da Rede Brasil do Pacto Global, durante o lançamento do HUB ODS Pernambuco. Fomos o primeiro HUB que já começou, no primeiro dia, com mais de 30 adesões, entre organizações, secretarias e iniciativa privada. Então houve, de fato, um sucesso nesse lançamento. Os próximos passos são: conversar com o poder público e o setor privado para entender e definir junto com eles as métricas que possam estabelecer quais são os principais ODS críticos no nosso Estado. Com certeza, a erradicação da fome é um deles. Em seguida, vamos entender dentro de cada perspectiva empresarial, dentro de cada setor da economia e até das organizações, das universidades, do terceiro setor também, quais são as ODS que eles precisam praticar mais, onde está o ponto crítico deles. Acredito que esses sejam os primeiros passos para definirmos as ações a se- rem realizadas e as temáticas que serão mais estimuladas. Durante o lançamento, a vice-prefeita Isabella de Roldão trouxe a temática da questão de gênero para o nosso Estado. Trata-se de tema forte, que pode ser mensurado pelos índices de violência contra a mulher que são muito altos em Pernambuco. Já a questão da saúde mental foi trazida na ocasião do lançamento pelo CEO da Rede Brasil do Pacto da ONU, Carlo Pereira, principalmente as psicopatologias do trabalho. É um problema muito discutido e antigo, existe desde quando começaram as primeiras indústrias, o filme Tempos Modernos já abordava isso. A síndrome de burnout já está enquadrada na CID (Classificação Internacional de Doenças) de número 11. Então essa temática da saúde mental acho que deve entrar também em pauta. Essas 30 empresas que já fazem parte do HUB pertencem a quais setores? É bem variado. Existem organizações do terceiro setor, secretarias do Governo do Estado e do município que aderiram ao Pacto, como a Secretaria de Meio Ambiente estadual, a Secretaria Municipal de Tecnologia e Inovação, além da Prefeitura de Vitória de Santo Antão, que já entrou em contato comigo e solicitou uma reunião. A iniciativa é voltada, de fato, para criar um link intersetorial, do primeiro, segundo e terceiro setor, mas ela foi criada, a princípio, nos anos 2000, para a iniciativa privada, para que esses líderes enxerguem e tragam os ODS para fazerem parte da cultura organizacional da sua empresa. Com relação ao setor privado, temos a adesão da Baterias Moura, empresas da construção civil, do setor de óleo e gás, do setor de energia elétrica que é a Neoenergia, do setor

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