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Entrevista com Cláudia Lima: "A saída é a bioeconomia"

No ano passado, em entrevista a Algomais, Cláudia Lima, diretora do ITCBio (Instituto Tecnológico das Cadeias Biossustentáveis) defendeu ser possível aplacar a fome do País e ainda ganhar muito dinheiro com a biodiversidade do Brasil. E o melhor: deixando a floresta em pé. Em meio à atual crise econômica, que tem arrastado um grande contingente de brasileiros para a pobreza, Cláudia vive hoje a expectativa de o instituto começar a caminhar em direção a que ela idealiza e acredita. A organização foi selecionada em três editais para capacitar pequenas comunidades no sertão, na mata atlântica e no litoral do Nordeste para atuar na cadeia produtiva de bioinsumos. Está prevista a instalação de três biofábricas. As marisqueiras do litoral norte pernambucano também serão beneficiadas. Um dos projetos visa a implantar a qualidade no processo da pesca e lançar um novo produto no mercado para aumentar o valor agregado e a biossegurança. Exultante com as novas perspectivas, Cláudia, que também é professora da UFPE, crê na abertura de grandes oportunidades, já que a indústria brasileira importa boa parte dos bioinsumos produzidos em clima tropical. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ela detalha os projetos e as possibilidades desse mercado. Quais ações deste ano do ICTbio? A indústria brasileira importa insumos originários de climas tropicais, mas nós também podemos produzi-los. Nós desconhecemos a riqueza que temos com a biodiversidade do Brasil, que é a maior do planeta. A nossa população nordestina, tão trabalhadora, está passando fome. Mais da metade da população brasileira está abaixo do limite de pobreza, uma boa parte morando na região do semiárido nordestino. É algo muito triste e a gente pode e deve fazer alguma coisa para reverter essa situação. A saída, que a gente vem defendendo há seis anos, é a bioeconomia. Numa outra entrevista, eu disse a você que com a bioeconomia dá para aplacar a fome e ganhar dinheiro. Essa é uma frase que não são espumas ao vento, é algo concreto. Demos um primeiro passo nesse sentido com a aprovação do nosso projeto num edital da Facepe (Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco) para instalação de fábricas de bioinsumos, ou seja, insumos biológicos, originados da natureza, para fornecermos para o setor industrial, nas áreas de alimentos, cosméticos e farmacêutica. A produção será realizada por pequenas comunidades que serão capacitadas por nós para profissionalizar os seus processos, que estão em nível artesanal, e estabelecer uma cadeia produtiva. A capacitação também abrangerá a gestão desses bionegócios. Estamos comprando os equipamentos, organizando toda a infraestrutura, para capacitarmos as comunidades. No final de 2019, concorremos com um projeto em um edital de pesquisa e desenvolvimento do Banco do Nordeste, com foco na cadeira de valor de mariscos e ostras. O objetivo é apoiar pescadoras artesanais (a maioria são mulheres) no litoral norte de Pernambuco, implantar a qualidade no processo e lançar um novo produto no mercado para aumentar o valor agregado e a biossegurança. Esse projeto também foi aprovado. E acabamos de aprovar um grande projeto na Sudene para implantação de fábricas de bioinsumos em três Estados do Nordeste. Foi um edital muito concorrido, com alto nível de exigência e tenho muita satisfação de dizer que fomos os únicos aprovados. Vamos capacitar, mas a palavra seria empoderar as comunidades, propor cooperativas, realizar um diagnóstico social para mostrar as potencialidades de cada região. Ao mesmo tempo, entramos em contato com indústrias que utilizam esses insumos. Perguntamos: se você tivesse um insumo produzido no Brasil, qualificado pelo ITCbio, que fará toda a parte de controle de qualidade, você tem interesse em comprar? Claro que eles têm interesse, porque vão deixar de importar esses ativos. Onde serão localizadas essas biofábricas? Uma delas será sediada na cidade de Crateús (na foto abaixo), no sertão do Ceará, que um tem um polo de desenvolvimento tecnológico e um trabalho muito interessante na produção do mel. As outras biofábricas serão na região de Caicó, no Rio Grande do Norte, e em Carpina, em Pernambuco. Vamos contar com o apoio da Universidade Federal do Ceará, do Instituto Federal do Ceará, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que foi a nossa primeira parceira. Inclusive a biofábrica daqui do Estado vai ser instalada numa estação experimental UFRPE, em Carpina. Quais os bioinsumos que serão produzidos? Levantamos quais os insumos que a indústria está precisando. Inicialmente não vamos colocar produtos novos, mas aqueles que o setor industrial brasileiro já importa. O objetivo é fortalecer a base dessa cadeia produtiva para essas comunidades terem o retorno financeiro e, a partir daí, poderemos ampliar. Faremos um manejo racional de produtos que já são utilizados, em especial na indústria alimentícia e cosmética, e que estão sendo importados. Selecionamos três insumos da caatinga, três da mata atlântica e dois do litoral do Nordeste. Um fator importante é que o ITCbio vai fornecer um selo de origem biotecnológica. Não se trata de indicação geográfica, mas um selo desenvolvido pelo ITCBio que irá atestar a qualidade e a origem dos insumos e dos produtos acabados. Quais os insumos que serão produzidos no sertão? Um dos insumos que selecionamos é o mel produzido na caatinga. O que ele tem de tão interessante? Essa é uma região muito árida, muito agressiva para as pessoas e para as plantas. Fazendo um comparativo, podemos imaginar que ao estar num ambiente hostil, a pessoa fica preparada para se defender a qualquer momento. Na caatinga, que tem alto estresse solar, baixa quantidade de água e competitividade por nutrientes no solo, as plantas também precisam se defender. E elas se defendem produzindo compostos para que possam se manter vivas por mais tempo, para ter uma reserva nutritiva necessária para crescer. Esses compostos apresentam maior índice de oxigenação nos seus componentes. Isso significa que eles têm um potencial antioxidante fantástico contra radicais livres. O Nordeste tem esse potencial em relação às outras regiões do Brasil. Por exemplo há um estudo mostrando que a pitanga nossa

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Capa da semana: Quem foi Gervásio Pires, governador de Pernambuco em 1821-1822?

*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais À s vésperas do início oficial das eleições de 2022, que prometem ser históricas no Brasil, o debate do cenário nacional perpassa pelo local e vice-versa. Há 200 anos, o País estava em um outro tenso momento político, sem urnas ou santinhos, mas que seria definidor dos rumos da nação: o processo da independência, com impactos importantes no Estado. Em Pernambuco, que já vivia há quase um ano de forma autônoma da Coroa Portuguesa, cabia a Gervásio Pires a gestão do governo em meio à disputa nacional entre os monarquistas e os defensores do Brasil Imperial. Muitos pernambucanos que passam diariamente pela Rua Gervásio Pires, na Boa Vista, não conhecem a trajetória desse comerciante que se tornou o primeiro governador eleito em Pernambuco no ano de 1821. Ele morou em uma casa vizinha à Igreja Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista, que fica quase na esquina com a rua que leva o seu nome. Nesse templo estão os restos mortais do comerciante. Antes de chegar ao posto de presidente da Junta Governativa de Pernambuco, que seria equivalente ao cargo de governador atualmente, o recifense Gervásio havia constituído negócios em Portugal, quando foi surpreendido pela chegada das tropas napoleônicas ao País. Depois, voltou ao Recife, onde se estabeleceu como comerciante até eclodir a Revolução de 1817, na qual foi participante e posteriormente preso na Bahia por quase quatro anos. É no retorno ao Estado, que ele vive o momento mais importante da sua participação política na nossa história. Em 1821, um grupo de revolucionários formam a Junta de Goiana, cercam o Recife e forçam a derrubada do último governador português no Estado, Luís do Rêgo, com a assinatura da Convenção de Beberibe. Após a queda do regime, acontece uma eleição na Igreja da Sé, em Olinda, que escolhe sete nomes para uma Junta Governativa. Mesmo sem ser o mais votado, entre os membros eleitos, ele é escolhido para conduzir o governo que se formava. “Gervásio entrou na Revolução de 1821 como um negociador, indicado pelo governador português, o que era uma demonstração da sua capacidade de transitar entre os dois polos de poder. Tanto compreendia entre os interesses locais, como da comunidade portuguesa, já que era filho de português. Era uma posição privilegiada que o colocou como grande personagem da Convenção de Beberibe, sendo depois escolhido para presidente da Junta Governativa. Ele passa apenas 11 meses no poder, sendo um período muito convulsionado, de desassossego e de tensão política permanente. Mas ele se coloca como alguém que tem como maior prioridade garantir a Pernambuco uma autonomia política e sobretudo fiscal”, afirma o doutor em história e professor da UFPE George Cabral. Leia a reportagem na íntegra na edição 196.2 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Pieter Post, o criador da cidade Maurícia

Quando de sua chegada ao Recife, em 1637, um dos principais problemas enfrentados pelo Conde João Maurício de Nassau foi a falta de moradia. A carência de habitações fazia com que os aluguéis se tornassem seis vezes mais caros do que em Amsterdã; segundo aponta documento da época ao narrar que “as casas da Companhia são verdadeiras pocilgas […]; em um só quarto, ou melhor, na dita pocilga, caixeiros, assistentes e escriturários são alojados, em número de três, cinco, sete e oito como se fosse numa enfermaria…”. Para sanar tal problema, o Conde de Nassau deu celeridade à construção, na ilha de Antônio Vaz (hoje, Santo Antônio), do que veio a ser a Cidade Maurícia (Mauritzstaden). Iniciou a urbanização dessas área segundo um plano do arquiteto Pieter Post, que contemplava ruas, praças, mercados, canais, jardins, saneamento, pontes, devidamente demarcadas conforme se vislumbra em mapa da época publicado na obra de Gaspar van Baerle, ou Gaspar Barlaeus (Amsterdã, 1647). A nova urbe, segundo o traçado de Pieter Post (1608 – 1669), um dos principais representantes, ao lado de Jacob van Campen, do classicismo arquitetônico nos Países Baixos, trouxe um surto de progresso para a capital do Brasil Holandês. Coube ao Conde de Nassau realizar no Recife uma verdadeira revolução no âmbito da paisagem urbana; com o surgimento de uma nova cidade. Na ocasião foram construídos o Palácio de Friburgo (Vrijburg), também conhecido como Palácio das Torres, e a Casa da Boa Vista (1643). Foi João Maurício o responsável pela instalação do primeiro observatório astronômico das Américas, no qual Georg Marcgrav fez, dentre muitas outras, anotações acerca do eclipse solar de 13 de novembro de 1640 (Barlaeus). Ainda por essa época foi erguido o templo dos calvinistas franceses (1642), obedecendo ao traço do mesmo Pieter Post. A nova cidade se estendia até as imediações do atual Forte das Cinco Pontas, ocupando todo bairro de São José. Nela, tratou-se também do calçamento de algumas ruas e do saneamento urbano, além da construção de três pontes; as pioneiras em grandes dimensões no Brasil. A primeira delas ligando o Recife à Cidade Maurícia (a nova cidade erguida na ilha de Antônio Vaz), inaugurada em 28 de fevereiro de 1644, uma segunda, ligando essa ilha ao continente, na altura da Casa da Boa Vista (imediações do Convento do Carmo) e uma terceira sobre o rio dos Afogados. Sobre a construção dessas pontes, comenta o padre Antônio Vieira, no seu Sermão de São Gonçalo, a propósito da administração portuguesa no Brasil, assinalando ser “cousa digna de grande admiração e que mal se poderá crer no mundo, que havendo 190 anos que dominamos e povoamos esta terra e havendo nela tantos rios e passos de dificultosa passagem, nunca houvesse indústria para fazer uma ponte”. Ao contrário do que afirmam alguns autores, o arquiteto Pieter Post, irmão mais velho do pintor Frans Post, também esteve no Recife, em 1639, observando de perto o projeto da nova cidade. A informação vem a ser confirmada por José Antônio Gonsalves de Mello que, quando de suas pesquisas em arquivos dos Países Baixos (1957-1958), encontrou no Arquivo Geral do Reino (Algemeen Rijksarchief), em Haia, no Cartório da Companhia das Índias Ocidentais (Companhia Velha), maço n. 54, uma lista de compradores em um leilão de escravos realizado no Recife, datado de 5 de maio de 1639, na qual o “Senhor Pieter Janssen Post [adquire] dois escravos para seu serviço” (Heer Pieter Janssen Post tot sijn dienst).

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Mas afinal, o que é Inteligência Artificial?

*Por Rafael Toscano Essa é uma pergunta recorrente quando somos apresentados a esse vasto mundo dentro do universo da tecnologia, entenda em 3 passos. Como podemos definir a IA? Para respondermos essa pergunta, é necessário dar um passo para trás, voltando nossa atenção para a definição de inteligência. Será que alguém duvidaria que um simpático cachorrinho seria dotado de grande inteligência? (e de fofura). Provavelmente não! Os cachorros, assim como diversas espécies do reino animal, têm grande capacidade de aprender, adaptando-se às diversas situações em que são expostos, tanto na natureza selvagem, quanto na sala da sua casa, ao aprender um novo truque. De forma bastante resumida, podemos estabelecer o conceito de que Inteligência Artificial é a capacidade de um computador aprender e se adaptar para realizar tarefas comumente associadas aos seres inteligentes. De forma mais aprofundada, se você perguntar sobre inteligência artificial a um pesquisador(a) de IA, ele(a) dirá que é um conjunto de algoritmos que podem produzir resultados sem precisar ser explicitamente instruído para isso. É a simulação da inteligência natural em máquinas que são programadas para aprender e imitar as ações dos humanos. Qual é o objetivo da Inteligência Artificial? Do ponto de vista técnico, o objetivo da Inteligência Artificial é auxiliar as capacidades humanas, sobretudo, nos ajudar a tomar decisões complexas com impactos de longo prazo. Já numa visão mais filosófica, a Inteligência Artificial tem o potencial de ajudar os humanos a viver vidas mais significativas, mitigando o trabalho árduo e maçante, em benefício de uma nova fase de nossa humanidade. Atualmente, o propósito da Inteligência Artificial é compartilhado e aplicado por diferentes ferramentas e técnicas que inventamos no último milênio, como um meio que melhoraria tais ferramentas e técnicas existentes. Entretanto, a Inteligência Artificial também apresenta um viés de produto final, uma criação que de forma autônoma inventaria as ferramentas e serviços inovadores que teriam o poder de mudar a forma como conduzimos nossas vidas. Esperançosamente, contribuindo na eliminação de conflitos, desigualdades e o sofrimento humano. Entretanto, ainda estamos muito longe desses tipos de resultados. De forma aplicada, a Inteligência Artificial está sendo usada principalmente pelas corporações para melhorar a eficiência de seus processos, automatizar tarefas que exigem muitos recursos, bem como nas tarefas de previsões de negócios com base em dados concretos. Quais são as vantagens do uso da Inteligência Artificial? Não há dúvida de que a IA representa um avanço tecnológico que tornou e ainda tem potencial para tornar a nossa vida melhor. Desde recomendações de música, marketing social, geolocalização em mapas de tempo real, mobile banking até prevenção de fraudes, a IA e outras tecnologias já assumiram o controle. Vamos então destacar de forma geral e sumária quais seriam as principais vantagens do uso de IA: Redução significativa do erro humano;Disponibilidade de 24×7;Ajuda no trabalho árduo e repetitivo;Assistência digital personalizada para cada tipo de atividade;Decisões tomadas em frações de segundo;Processo decisório totalmente segregado dos aspectos emocionais;Grande capacidade como meio de melhoria de ferramentas já existentes. Desse vasto mundo desconhecido da IA, restam algumas certezas. Entre elas, a de que o espaço conhecido por nós é bem menor do que o que ainda temos a conhecer. E aí, a IA já bateu na sua porta hoje? Rafael Toscano é gestor financeiro, Engenheiro da Computação e Especialista em Direito Tributário, Gestão de Negócios. Gestor de Projetos Certificado, é Mestre em Engenharia da Computação e Doutorando em Engenharia com foco em Inteligência Artificial aplicada.

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196.1

Capa da semana: Cansados das Redes Sociais

*Por Rafael Dantas As redes sociais revolucionaram a comunicação e trouxeram grandes mudanças na sociedade, mas o seu uso em excesso está deixando um legado de cansaço na população. Instagram, WhatsApp, TikTok, Facebook, Linkedin e tantas outras plataformas ocupam em média aproximadamente quatro horas no dia dos brasileiros, segundo um estudo da agência de marketing digital Sortlist. Quando somados os outros usos de navegação na internet, o tempo conectado supera as 10 horas por dia. Seja por trabalho ou por lazer, a vida virtual excessiva e todo o contexto atrelado a ela (como fake news, cyberbullying, cancelamentos, positividade tóxica, entre outros fenômenos) têm ampliado os problemas de saúde mental e exigido uma mudança na forma como lidamos com o mundo digital. Leia a reportagem completa na edição 196.1 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Claudia Lima

Entrevista com Cláudia Lima: "A saída é a bioeconomia"

No ano passado, em entrevista a Algomais, Cláudia Lima, diretora do ITCBio (Instituto Tecnológico das Cadeias Biossustentáveis) defendeu ser possível aplacar a fome do País e ainda ganhar muito dinheiro com a biodiversidade do Brasil. E o melhor: deixando a floresta em pé. Em meio à atual crise econômica, que tem arrastado um grande contingente de brasileiros para a pobreza, Cláudia vive hoje a expectativa de o instituto começar a caminhar em direção a que ela idealiza e acredita. A organização foi selecionada em três editais para capacitar pequenas comunidades no sertão, na mata atlântica e no litoral do Nordeste para atuar na cadeia produtiva de bioinsumos. Está prevista a instalação de três biofábricas. As marisqueiras do litoral norte pernambucano também serão beneficiadas. Um dos projetos visa a implantar a qualidade no processo da pesca e lançar um novo produto no mercado para aumentar o valor agregado e a biossegurança. Exultante com as novas perspectivas, Cláudia, que também é professora da UFPE, crê na abertura de grandes oportunidades, já que a indústria brasileira importa boa parte dos bioinsumos produzidos em clima tropical. Nesta entrevista a Cláudia Santos, ela detalha os projetos e as possibilidades desse mercado. Quais ações deste ano do ICTbio? A indústria brasileira importa insumos originários de climas tropicais, mas nós também podemos produzi-los. Nós desconhecemos a riqueza que temos com a biodiversidade do Brasil, que é a maior do planeta. A nossa população nordestina, tão trabalhadora, está passando fome. Mais da metade da população brasileira está abaixo do limite de pobreza, uma boa parte morando na região do semiárido nordestino. É algo muito triste e a gente pode e deve fazer alguma coisa para reverter essa situação. A saída, que a gente vem defendendo há seis anos, é a bioeconomia. Numa outra entrevista, eu disse a você que com a bioeconomia dá para aplacar a fome e ganhar dinheiro. Essa é uma frase que não são espumas ao vento, é algo concreto. Demos um primeiro passo nesse sentido com a aprovação do nosso projeto num edital da Facepe (Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco) para instalação de fábricas de bioinsumos, ou seja, insumos biológicos, originados da natureza, para fornecermos para o setor industrial, nas áreas de alimentos, cosméticos e farmacêutica. A produção será realizada por pequenas comunidades que serão capacitadas por nós para profissionalizar os seus processos, que estão em nível artesanal, e estabelecer uma cadeia produtiva. A capacitação também abrangerá a gestão desses bionegócios. Estamos comprando os equipamentos, organizando toda a infraestrutura, para capacitarmos as comunidades. No final de 2019, concorremos com um projeto em um edital de pesquisa e desenvolvimento do Banco do Nordeste, com foco na cadeira de valor de mariscos e ostras. O objetivo é apoiar pescadoras artesanais (a maioria são mulheres) no litoral norte de Pernambuco, implantar a qualidade no processo e lançar um novo produto no mercado para aumentar o valor agregado e a biossegurança. Esse projeto também foi aprovado. E acabamos de aprovar um grande projeto na Sudene para implantação de fábricas de bioinsumos em três Estados do Nordeste. Foi um edital muito concorrido, com alto nível de exigência e tenho muita satisfação de dizer que fomos os únicos aprovados. Vamos capacitar, mas a palavra seria empoderar as comunidades, propor cooperativas, realizar um diagnóstico social para mostrar as potencialidades de cada região. Ao mesmo tempo, entramos em contato com indústrias que utilizam esses insumos. Perguntamos: se você tivesse um insumo produzido no Brasil, qualificado pelo ITCbio, que fará toda a parte de controle de qualidade, você tem interesse em comprar? Claro que eles têm interesse, porque vão deixar de importar esses ativos. Onde serão localizadas essas biofábricas? Uma delas será sediada na cidade de Crateús (na foto abaixo), no sertão do Ceará, que um tem um polo de desenvolvimento tecnológico e um trabalho muito interessante na produção do mel. As outras biofábricas serão na região de Caicó, no Rio Grande do Norte, e em Carpina, em Pernambuco. Vamos contar com o apoio da Universidade Federal do Ceará, do Instituto Federal do Ceará, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que foi a nossa primeira parceira. Inclusive a biofábrica daqui do Estado vai ser instalada numa estação experimental UFRPE, em Carpina. Quais os bioinsumos que serão produzidos? Levantamos quais os insumos que a indústria está precisando. Inicialmente não vamos colocar produtos novos, mas aqueles que o setor industrial brasileiro já importa. O objetivo é fortalecer a base dessa cadeia produtiva para essas comunidades terem o retorno financeiro e, a partir daí, poderemos ampliar. Faremos um manejo racional de produtos que já são utilizados, em especial na indústria alimentícia e cosmética, e que estão sendo importados. Selecionamos três insumos da caatinga, três da mata atlântica e dois do litoral do Nordeste. Um fator importante é que o ITCbio vai fornecer um selo de origem biotecnológica. Não se trata de indicação geográfica, mas um selo desenvolvido pelo ITCBio que irá atestar a qualidade e a origem dos insumos e dos produtos acabados. Quais os insumos que serão produzidos no sertão? Um dos insumos que selecionamos é o mel produzido na caatinga. O que ele tem de tão interessante? Essa é uma região muito árida, muito agressiva para as pessoas e para as plantas. Fazendo um comparativo, podemos imaginar que ao estar num ambiente hostil, a pessoa fica preparada para se defender a qualquer momento. Na caatinga, que tem alto estresse solar, baixa quantidade de água e competitividade por nutrientes no solo, as plantas também precisam se defender. E elas se defendem produzindo compostos para que possam se manter vivas por mais tempo, para ter uma reserva nutritiva necessária para crescer. Esses compostos apresentam maior índice de oxigenação nos seus componentes. Isso significa que eles têm um potencial antioxidante fantástico contra radicais livres. O Nordeste tem esse potencial em relação às outras regiões do Brasil. Por exemplo há um estudo mostrando que a pitanga nossa

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Amaury Cantilino

"O sofrimento ansioso pode ser duradouro em demasia e vir acompanhado de uma constelação de sintomas"

Presidente da Sociedade Pernambucana de Psquiatria, Amaury Cantilino, foi um dos entrevistados da edição 195.3 da Algomais sobre a epidemia de ansiedade que atormenta a população. Nesta conversa com o repórter Rafael Dantas, o psiquiatra alerta para os ricos dos transtornos relacionados à ansiedade e sobre como lidar com eles. Sobre a ansiedade: o que é normal e o que não é tolerável? Quando podemos identificar se ela chegou em um nível preocupante para a saúde? A ansiedade normal tende a ser útil para o indivíduo. Ele acaba se precavendo de situações adversas do futuro, consegue evitar desfechos negativos, se mobiliza para resolução de problemas. Claro, sem desconsiderar que todos nós temos, de fato, limites. A ansiedade patológica atrapalha, paralisa, faz com que o indivíduo superestime os riscos e subestime as suas capacidades de enfrentamento de problemas. Se, na maioria das vezes, a ansiedade prejudica a pessoa, ao invés de ajudar na produtividade, é sinal de que algo deve ser feito. A OMS tem falado de uma epidemia de ansiedade, dentro desse contexto de pandemia da Covid-19. Como a pandemia contribuiu para o aumento dos casos de ansiedade? O estresse é gerador de ansiedade e a pandemia nos deu vários motivos para preocupação. A COVID com seus lutos e sequelas, as perdas financeiras, o desemprego, a mudança na rotina de trabalho, dentre outros inúmeros fatores, todas as indefinições deste período nos deixaram num alerta constante. O ser humano se sente mais confortável com o que lhe é previsível. Da incerteza germina a apreensão. A economia do País - com o risco do desemprego e a perda do poder de compra - são fatores importantes para o estresse da população de maneira geral e da classe média? A falta de emprego pode ser particularmente perturbadora. Em qualquer classe social, com o tempo, a pessoa se habitua a um determinado padrão de consumo. Já foi dito que “quanto mais você tem, mais você tem com o que se preocupar”. É o apego, o medo atávico da privação. Todos nós temos em maior ou menor intensidade. A queda da renda exige adaptações que nem todos conseguem assimilar. No país em que vivemos, onde a pobreza e as dificuldades de acesso ao básico ainda são tristes realidades para uma parcela significativa da população, não surpreende que as pessoas tenham essa aflição constante. O que é possível fazer para minimizar ou prevenir as situações mais críticas da ansiedade (já que muitos fatores geradores da ansiedade são absolutamente externos ao indivíduo)? Quando é o momento de buscar um profissional para apoio? Quando a situação deve ser direcionada a um psicólogo e quando deve ser orientado um psiquiatra? Embora boa parte dos fatores geradores sejam externos ao indivíduo e ninguém seja completamente livre, da mesma forma, ninguém é integralmente aprisionado pelas circunstâncias. Todos temos um campo de ação e, neste espaço, podemos fazer escolhas que nos conduzam a um estilo de vida mais próximo ao que nos propicia equilíbrio. Outro aspecto relevante é sempre ter a consciência de que, no mais das vezes, como diria a minha avó, “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”. O sofrimento agudo, na grande maioria das vezes, é passageiro. No entanto, para algumas pessoas, esse sofrimento ansioso pode ser duradouro em demasia e vir acompanhado de uma constelação de outros sintomas como insônia, irritabilidade, crises repetitivas de taquicardia, tremores, falta de ar, etc. Ele pode se constituir numa síndrome que requer tratamento. Normalmente deve-se pensar numa consulta psiquiátrica quando ele é significativamente intenso a ponto de prejudicar sobremaneira o funcionamento social, familiar, acadêmico ou ocupacional. Atualmente, há medicamentos bastante seguros e eficazes para tratar os chamados transtornos de ansiedade, assim como diversas modalidades de psicoterapia, além de meditação, atividades físicas, etc. que podem conjuntamente promover uma melhor qualidade de vida para o indivíduo atormentado com a ansiedade.

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Aumenta confiança do empresário pernambucano

(Da Fecomércio-PE) A confiança dos empresários do varejo variou positivamente em junho, configurando o segundo mês seguido de alta. Mesmo com os reflexos do clima sobre o cotidiano dos consumidores e estabelecimentos comerciais da RMR – que tem um grande peso sobre a atividade no estado – durante o mês de junho, os gestores e empresários do setor seguiram apontando um sentimento de confiança para o segundo semestre do ano. Segundo recorte local da pesquisa feito pelo Instituto Fecomércio - PE, em junho o ICEC avançou 5,4% em relação a maio, chegando a 117,5 pontos. Esse é o maior patamar alcançado pelo índice desde o início da pandemia, em março de 2020, quando recuou de 126,1 (abril/2020) para 123,9 pontos. É a primeira vez desde março de 2020 que todos os componentes do ICEC se encontram acima de 100 pontos, patamar que expressa satisfação ou otimismo entre os empresários. Pernambuco: evolução dos componentes do ICEC (valores em pontos) - jan/2020 a jun/2022 Fonte: CNC. Além disso, essa visão ocorre nos dois universos de empresas avaliados pela pesquisa da CNC: até 50 funcionários e 50 ou mais funcionários. Na comparação anual, com junho de 2021, o ICEC teve alta de 37,3%, com grande influência do subíndice que avalia a situação atual (ICAEC) em relação ao observado no mesmo período do ano anterior, que chegou ao patamar de 54,3 pontos em junho do ano passado e agora ultrapassou pela primeira vez os 100 pontos em junho deste ano. A avaliação quanto às expectativas para os próximos meses segue registrando o melhor desempenho entre os componentes do ICEC, tendo alcançado 146,3 pontos em junho. Com relação às intenções de investimento, estoques e contratação para os próximos meses, aumentou de 46,5% para 53,8% a parcela de empresários que pretendem realizar investimentos no negócio ao longo dos próximos três meses. Essa perspectiva é corroborada pela parcela de empresários que demonstram intenção de aumentar o quadro de funcionários no mesmo período (de 68,8% em maio 71,2% em junho). Pernambuco: empresários do comércio segundo as intenções para a contratação, investimento e estoque nos próximos três meses - junho/2021, maio/2022 e junho/2022 Intenções Jun/21 Mai/22 Jun/22 Contratação de Funcionários Aumentar muito o quadro 6,0 4,0 2,8 Aumentar um pouco o quadro 37,2 64,8 68,4 Reduzir um pouco o quadro 45,7 26,0 23,1 Reduzir muito o quadro 11,1 5,2 5,7 Nível de Investimento Muito maior 5,3 6,7 10,5 Um pouco maior 21,8 39,8 43,3 Um pouco menor 36,0 39,8 35,0 Muito menor 36,9 13,7 11,2 Situação Atual dos Estoques Adequada 55,4 67,7 65,5 Acima da adequada 30,8 22,8 23,2 Abaixo do adequada 13,8 9,0 10,9 Não sabe/respondeu 0,0 0,4 0,4 Fonte: CNC.

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Laís Xavier: "Queremos ampliar o ecossistema de tecnologia para o interior do Estado"

Em um mercado com predominância dos homens, Laís Xavier se tornou, há um ano e meio, a primeira mulher a presidir a Assespro PE/PB (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação de Pernambuco e da Paraíba). A entidade é a segunda maior do País em número de associados no segmento de TIC. Apesar de o setor exibir um desempenho de fôlego, como a própria expansão do ecossistema do Porto Digital comprova, o momento em que Laís estreou na gestão da entidade, em janeiro de 2021, era extremamente desafiante. A pandemia forçava o mundo a se reinventar e o avanço exponencial do trabalho remoto aumentou ainda mais a grande dificuldade da área: a baixa oferta de mão de obra qualificada. Neste mês em que a associação anunciou uma parceria importante com a Prefeitura do Recife, conectando a Central de Estágios da Assespro ao Programa Embarque Digital, ela conversou com o jornalista Rafael Dantas sobre o papel da entidade e sobre os esforços de interiorização do ecossistema de tecnologia. Caruaru e Petrolina são os primeiros destinos da Assespro no Agreste e no Sertão. Atualmente com quantos associados a Assespro-PE/PB conta no Estado? Em Pernambuco e na Paraíba temos 173 empresas associadas. Houve um aumento de 13% do número de associados na atual gestão. Nós alcançamos o segundo lugar em número de associados de todo Brasil. Quais os principais segmentos representados entre os associados da Assespro-PE/PB? Os principais segmentos das empresas associadas são business intelligence, marketing & branding, educação, consultoria em TIC, e-commerce, AI (inteligência artificial), healthtech, HRtech, fintech, agrotech, lawtech, segurança, call center, data center, energia, entre outras. Como foi a sua trajetória profissional no setor de TIC até chegar à presidência da Assespro PE/PB? Sou formada em ciências da computação na UFPE. Assim que saí da faculdade, abri uma empresa e fui CEO dela durante 12 anos, a Mídias Educativas. Hoje estou no conselho dessa empresa, mas agora estou num desafio maravilhoso. Sou CTO (Chief Technology Officer ou diretora de tecnologia) e fundadora da Muda meu Mundo. Atuamos no setor agro, conectando pequenos agricultores e agricultoras familiares com empresas do setor de varejo. Mas durante esse percurso sempre participei ativamente de todas as discussões do ecossistema de tecnologia e inovação. Já fui vice-presidente da Assespro, já fui diretora e desde o começo de 2021 fui conduzida para a presidência. Como tem sido a experiência à frente da Assespro e quais os principais marcos desse período de gestão? Estou à frente da Assespro desde janeiro de 2021. Sou a primeira presidente mulher. Iniciamos o trabalho na associação em um momento difícil que foi a pandemia. Tivemos que transformar muita coisa que fazíamos de networking, que era presencial, para um formato virtual. Foram tempos difíceis no começo da gestão. Mas conseguimos evoluir muito na Central de Estágios, que é o braço de empregabilidade da Assespro. Conseguimos fazer com que os nossos associados tenham acesso a um banco de talentos muito legal. Esse foi um ponto superfavorável. Conseguimos também interiorizar parte das nossas ações. E voltamos recentemente com os almoços presenciais, num formato mais arrojado, ampliando networking e a quantidade de associados. Ainda é um momento desafiador, porque estamos na retomada da pandemia, mas tem sido muito bom. Como tem sido esse esforço de interiorização da Assespro? Estamos agora em Caruaru e em Petrolina. Estamos com presença, temos um ponto nessas cidades e alguns representantes que são embaixadores nossos nesses espaços. Que tipo de empresas estão nessas cidades? Começamos a fazer interiorização há três meses. O objetivo é que ampliemos essa ideia de ecossistema que temos na capital e no Porto Digital para o interior do Estado. Porque lá existem muitas indústrias pujantes. Temos uma indústria criativa fantástica no Agreste, em Caruaru, que precisa do suporte de tecnologia. E já existem muitas empresas de tecnologia lá. Em Petrolina temos um polo do agro muito grande e muitas empresas tecnológicas que conseguem ajudar no desenvolvimento da indústria local. Então, qual é a ideia? Ampliar a experiência que temos na capital para todo o Estado para que Pernambuco se transforme em um grande ecossistema de TIC. Leia a entrevista completa na edição 195.4 da Revista Algomais: assine.algomais.com

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Capa da Semana: Pequenas editoras, grandes leituras

Muita gente nem sabe que ao lado das gigantes do mercado editorial existe uma infinidade de pequenas e médias editoras. Elas trazem diversificação e originalidade ao setor editorial que não seria possível apenas na cadeia dos tradicionais publishers. A produção literária das editoras independentes de Pernambuco experimentou o terremoto da pandemia, como em todos os segmentos da cultura, mas já voltou às suas atividades com mais vigor em 2022. O avanço nos meios digitais, a chegada de novos autores e até a multiplicidade de ações para sobreviver estão entre os fenômenos que mantiveram a produção dessas pequenas empresas ou coletivos de promoção da leitura. Diante do retorno das feiras e eventos presenciais e com a expectativa de mudanças nas políticas culturais, o cenário permanece desafiador, mas com uma narrativa de mais otimismo para os próximos capítulos dessa saga do setor. Leia a reportagem completa na edição 195.3 da Revista Algomais

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