Arquivos Rivaldo Neto - Página 9 de 10 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Rivaldo Neto

As Imperial IPAs, o topo do amargor (por Rivaldo Neto)

A variação mais intensa das IPAs (Indian Pale Ale) são as Imperial IPAs, que possuem um consumidor extremamente segmentado deste estilo criado nos EUA. São cervejas com um grau potencialmente alto de amargor, fortes mesmo. O seu IBU - International Biterness Unit, medida que afere o grau de amargor – é alto. Porém essa medida não fornece informações sobre as sutilezas de sabor, mas serve como um guia geral e dá uma certa referência a quem se aventura em provar este estilo de cerveja, que têm como característica imediata ao experimentá-la a tônica de amá-la ou odiá-la. É bom dizer que o paladar humano é capaz de sentir até um determinado valor de IBU. Além desse valor a percepção é indiferente e isso fica em torno de 120/150 IBU, no máximo. Mas se você amar, isso se torna é um “casamento” sem crises. Essencial para o sabor da cerveja, o amargor é extremamente complexo, sendo decisivo para definir e caracterizar muitos estilos. E vai muito além do lúpulo, embora este ingrediente seja fundamental para sua existência, até porque são necessárias generosas quantidades para se chegar a uma Imperial IPA de respeito. Se você se enquadra no perfil dos hopmaniacs (lúpulomaníacos) é verdadeiramente amor ao primeiro gole. Infelizmente o clima no Brasil não é propício ao cultivo no lúpulo, por possuir em sua maioria o clima tropical. A planta se desenvolve melhor em climas frios. Mesmo assim já há sinais, estudos e experiências para que o cultivo de lúpulo vingue em solo nacional, talvez esteja aí um dos caminhos para a explosão definitiva da cena cervejeira brasileira, além de desonerar microcervejarias e cervejeiros em geral, já que ele é um insumo caro e importado. Mas vamos as cervejas. Se é pra falar das Imperial IPAs vamos com uma nacional produzida pela cervejaria Imigração de Campo Bom(RS), a Roleta Russa. Contendo 7,6%Vol e com 120 IBU é uma cerveja com notas cítricas e herbais. Retrogosto muito bom. Tem coloração alaranjada com reflexos âmbar e espuma branca com ótima persistência. É turva e um pouco adocicada no final. Para comer com uma linguiça alemã e mostarda de mel ou com um bom salame imperial. Tem uma garrafa bastante curiosa com uma tampa fliptop em forma de um tambor de revólver, contendo uma bala em alusão ao seu nome. Outra cerveja nacional que também vale muito a pena é a Vixnu, da cervejaria Colorado. Como não podia deixar de ser, a Colorado ousa em alguns dos seus rótulos com insumos diferentes como é o caso da Cauim, uma Lager que contém macaxeira. Mas na Imperial IPA foi posto rapadura. Isso deu um equilíbrio delicioso entre o malte e toques de caramelo e as notas cítricas de maracujá. Ela vem carregada de aromas cítricos de maracujá e no caso desta cerveja, contém os lúpulos Galena, Cascade, Simcoe, Amarillo e Citra. Os mesmos que são usados no seu Dry-hopping caracterizando este estilo. Com seus imponentes 9,5%Vol, 75 IBU, tem um tom acobreado, muito aromática e espuma persistente. É sem dúvida uma cerveja “extrema”. Experimente com um queijo gorgonzola. A cervejaria escocesa BrewDog é espetacular, e como não podia deixar de ser, fez uma Imperial IPA verdadeiramente sensacional. Realmente “Hard”, a BrewDog Hardcore IPA é um show de cerveja. Topando tomá-la com seus 9,2%Vol e 150 IBU (amargor nas alturas), frutada, com toque de caramelo. Ela realmente é “potente”. Os lúpulos Centennial, Columbus, Simcoe, dão um toque especial e único. Uma bebida para ser apreciada juntamente com sabores fortes e apimentados, queijos com cristais de sais, comida mexicana ou uma boa moqueca. É cerveja mais amarga produzida no Reino Unido. Momentos amargos nem sempre são ruins, no mundo da cerveja ela é tudo de bom! Pode apostar! MUNDO CERVEJEIRO A Amstel, quinta maior marca de cerveja do mundo, fez seu lançamento oficial no mercado pernambucano, com um evento no último dia 15 de agosto. A gigante holandesa, de propriedade da Heineken, vem com uma proposta de brigar com as cervejas comerciais mais populares com uma qualidade muito melhor que as que hoje se encontram no mercado. Feita com ingredientes naturais e sem conservantes, o produto realmente tem uma qualidade superior e com uma embalagem das mais bonitas. Segundo o gerente comercial da marca Luciano Gomes, a estratégia da cervejaria é bastante agressiva. “O preço é um diferencial, são realmente muito atrativos e competitivos”, afirma. A Amstel será comercializada em latas de 350ml, 473ml e garrafa de 600ml. O chope da marca já circula também em bares e restaurantes da capital pernambucana. *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas (rivaldoneto@outlook.com)  

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Cervejas e Queijos, dupla imbatível! (Por Rivaldo Neto)

Cerveja e vinhos são bebidas fermentadas. Para vinhos sabemos que sua harmonização com queijos é um casamento dos mais perfeitos. E a cerveja? Igualmente como o vinho, as cervejas e suas muitas variações abrem uma grande possibilidade de tornar a combinação dos dois, uma espetacular explosão de sabores. Vamos ver que possibilidades são essas e como podemos obter os melhores resultados. Pode ter certeza que os paladares mais exigentes vão se surpreender. Alguns pequenos conceitos podem ser seguidos, tipo, cerveja leve com queijos suaves e cervejas mais encorpadas com queijos mais fortes. Mas é interessante arriscar-se também, sair da vala comum desses conceitos que estão certos, mas que engessam o paladar, impedindo de nos aventurarmos em outros sabores e sensações. Primeiramente algumas coisas têm de ser levadas em consideração. Aconselha-se tirar o queijo da geladeira um pouco antes. Queijos gelados mascaram o sabor e o ideal é servi-lo quase em temperatura ambiente. Não corte os queijos muito antes de servir, pois ele irá perder um pouco o aroma e o sabor. Primeiramente prove o queijo, depois a cervejas. Uma observação interessante é que a harmonização por contraste tem um resultado melhor com vinhos, cerveja não funciona assim, é mais por semelhanças como dito acima. Uma boa combinação para as cervejas Pilsens e Weiss são os queijos Brie ou Camembert, ambos possuem características semelhantes. São queijos com casca branca e aveludados, seu interior é cremoso o que faz a diferença entre ambos é seu tempo de maturação (4 semanas no caso do Brie e de 2 a 8 semanas para o Camembert), inclusive os dois são pulverizados por fungos do gênero penicillium candidum, este responsável pelo aroma e sabor leve que possuem. Pode ser combinado com a cerveja Pilsen da cervejaria Schornstein, com 4,5% leve, clara, bom malte, e refrescante ou uma Primator Weizenbier, da república Tcheca, com 5,0% vol, dourada, turva e refrescante. Os queijos semiduros, ou macios, tem uma média maturação, tem um sabor leve, suave a adocicado. Como por exemplo o queijo gouda,o emmental, e o gruyère. São tenros e mais indicados para serem apreciados com as Ales, Strong Ales bem aos estilos das bitters inglesas ou as Belgian Golden Strong Ales. Uma excelente pedida é a inglesa ESB da Fullers, com 5,9%vol, dessa tradicional cervejaria. Ou a belga Duvel, com seus imponentes 8,5%vol, esta é uma das mais clássicas , embora muito limitada à Bélgica. Sua cor clara sugere uma Lager leve, mas não é. São bebidas fortes, muito frutadas, com bastante lúpulo (amargas) e de alto teor alcoólico. Já os queijos duros, com longa maturação e que contém cristais de sais como o parmesão, grana padano, pecorino, ou até indo mais longe com um bom primma donna faixa azul, o ideal é juntar essa intensidade de uma Weizenbock com personalidade como uma Schneider Weisse TAP 6, com 8,2% vol, um pouco picante e com toque de caramelo ou a Dunkel da Erdinger igualmente picante, bem malteada e com seus 5,2%vol. Queijos e cervejas dão uma porção de possibilidades e fazem realmente a satisfação de que comer e beber bem dão um enorme prazer e alegram a vida. Sintam-se a vontade para criar, cada paladar tem suas particularidades, não perca tempo e descubra o seu. Aposto que vale a pena! MUNDO CERVEJEIRO A cervejaria DeBron Bier, que inicialmente seus estilos só eram encontrados como chope, agora será envasada, o lançamento das garrafas da marca será no próximo dia 23 de agosto no Chalé 92, e promete ter um design diferenciado e com preservação das qualidades do líquido conforme o estilo, vamos aguardar! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com

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Cervejas frutadas, as mulheres adoram! (Por Rivaldo Neto)

Com o mercado de cervejas em plena ebulição, novos tipos de consumidores começam a surgir . Até um tempo atrás ficávamos restritos a poucas opções em relação às variações de cervejas que encontrávamos, isso causava um engessamento no consumo da bebida. Não é novidade que a grande maioria dos amantes de cervejas é o público masculino, não que não tivesse no feminino uma boa parcela de apreciadoras cativas, mas  agora com o leque bem mais ampliado e com a invasão de estilos, as mulheres passaram a consumir mais e a se interessar e apreciar novos rótulos. Dessa forma, com maior ou menor teor  alcóolico, leves ou encorpadas, e com aromas frutados e outros insumos mais comuns, pode-se arriscar a dizer que umas cervejas mais específicas podem sim agradar mais ao paladar das mulheres. Cervejas com mais um pouco de dulçor e frutadas  são muito consumidas. Não que as mulheres não gostem de cervejas amargas, mas é notória a preferência por novas experiências que hoje se permite ter. Esse público consumidor feminino é o plus que faltava para que o mercado cervejeiro investisse cada vez para atingi-lo. Alguns dados refletem isso: 47% consomem bebidas alcóolicas, desses 88% bebem cerveja. E nesse contexto a mulher é responsável por 63% na escolha da marca a ser comprada quando se tem como local de venda um supermercado. Dessas cervejas frutadas, com aromas muitos interessantes  e um pouco mais doces eu sugiro três que valem a pena uma experiência diferente e gratificante. A cerveja belga Liefmans Fruitesse tem 4,2%Vol, essa bebida fica por aproximadamente 18 meses com cerejas amadurecendo nas adegas da Liefmans, é meio rosada, avermelhada mesmo, tem notas de frutas vermelhas, com o morango em destaque, é adocicada e um pouco ácida, mas bem equilibrada. Ela tem uma indicação de pôr um pouco de gelo para bebê-la, confesso que não senti necessidade, mas que pode ser interessante para alguns paladares.Tem uma espuma densa e aromática. Para harmonização com o bom e velho chocolate amargo torna-se uma combinação imbatível. A  inglesa Badger Poachers Choice, produzida  pela cervejaria Hall & Woodhouse, é uma cerveja que realmente vale a pena. Ela tem aroma natural de ameixa bem definido. Uma Ale com uma coloração rubi intensa e com 5,7%Vol. Tem um leve dulçor, nada muito latente, retrogosto muito bom. Podemos dizer que é uma cerveja robusta e que combina bem com carnes e queijos que tenham cristais de sais, ao estilo Prima Donna Faixa azul, ou um bom Asiago. O melhor ainda é que ela em nenhum momento se torna enjoativa, qualidade indispensável quando se trata de cervejas frutadas. A Amazon Beer tem uma proposta interessante e exótica. Não se tem uma regra de quais frutas deve-se usar na cerveja para dar um toque no estilo fruit beer. Que tal uma com aroma de taperebá? Não sabe o que é? Bem, o taperebá é nosso popular cajá. Isso mesmo! É simplesmente deliciosa. Trata-se de uma witbier (cerveja de trigo branca), com 4,2%Vol, leve acidez, com um toque cítrico muito agradável, com uma coloração amarelo claro e um pouco seco no final. Harmoniza perfeitamente com peixes ou um bom camarão. É muito refrescante e com toda certeza vai agradar em cheio aos paladares mais exigentes. Não é pra menos que uma das primeiras divindades inventadas pelo imaginário humano chamava-se Ninkasi, a deusa cervejeira da cultura Suméria, as mulheres que partiram para dominar o mundo, agora focaram no mercado de cervejas. Isso é ótimo! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com

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Pilsners e as Lagers, parecidas mas não iguais (por Rivaldo Neto)

Tecnicamente falando, nenhuma cerveja nacional feita em larga escala é uma Pilsner (ou Pilsen). Em sua grande maioria são  na verdade American Lagers. Sempre se confunde esse dois estilos de cervejas. Ambas são cervejas de baixa fermentação. Vamos agora tirar algumas dúvidas para que possamos saber diferenciar o que bebemos, partindo do ponto que as cervejas de baixa fermentação em geral, são as mais consumidas no mundo. Tanto as Pilsner (as verdadeiras) como as American Lagers, nossas cervejas comerciais de larga escala, pertencem à família das Lagers. Podemos dizer que são primas. Mas não iguais. Vejamos. A família das Lagers pode-se dizer que é uma pouco nova. Vem do início do século XIX com o desenvolvimento das técnicas de refrigeração. Popularmente se fala que são cervejas cuja fermentação é de fundo. A levedura trabalha concentrada no fundo dos tanques, necessitando temperaturas mais baixas e por isso agindo mais lentamente. Em média dura em torno de 8 semanas seu processo de maturação. Daí o nome “Lager”, que em alemão significa “guardada” ou “armazenada”. Mas isso necessariamente  não ocorre, pois na produção em alta escala, são postos aditivos para encurtar essa período. As Lagers são divididas em várias categorias. As mais antigas são ligadas a escola alemã. Como por exemplo as Munich Helles, Märzen, Bock, Vienna Lager e as verdadeiras Pilsner. E as como falei acima, as American Lagers que dominam o mercado mundial que são mais leves ainda com inclusão de grandes quantidades cereais não maltados como arroz e milho para baratear seus custos, deixando a cerveja ainda mais leve. Esse tipo deve ser servido como se diz aqui “Estupidamente Gelada”,  assim as papilas gustativas não identificam os seus diversos defeitos, pois em baixas temperaturas elas ficam insensíveis. O paladar assim fica meio “morto”. As Pilsner tem origem Tcheca, mais precisamente na cidade de Plzeň, ou Pilsen em alemão. Mas o inventor foi o “iluminado” Joseph Groll. São cervejas douradas e claras, translúcidas, leves e com uma espuma cremosa. Mas as diferenças básicas vão mesmo pelo nível de amargor. Esse nível é denominado IBU (Unidades Internacionais de Amargor). Uma American Lager terá no máximo 15 IBU, uma Pilsen começa em 25 e vai até 45 IBU em média. Quanto mais alto, maior o nível de amargor. Sem falar que as Pilsers estão enquadradas na lei de pureza alemã de 1516 (sim, ela tem 500 anos!) que determina que a cerveja tenha apenas estes ingredientes:  A água, o lúpulo, a cevada e o malte (a lavedura ainda não era conhecida). Se você quer tomar uma boa Lager nacional, indico a Ótus, da cervejaria Coruja. Elá é frutada, aromática, boa porção de malte que fica bem definido, e uma amagor na medida certa e com seus 4,5%Vol. Já uma Pilsner “legítima” para podermos saborear tudo de bom desse estilo possui, uma excelente cerveja é a Pilsner Urquell. Uma cerveja Tcheca de cor amarelo dourado, brilhantes, transparente, com lúpulo Saaz, bem a cara das cervejas Tchecas e com um leve floral e 4,4%Vol. As “loiras” estão aí, o importante é acertar no rótulo para que o estilo mais popular do mundo seja bem representado. Přípitek (um brinde em Tcheco!). *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com

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A tradição secular das cervejas trapistas (Por Rivaldo Neto)

Você sabe o que é a Ordem Cisterciense da Estrita Observância? Ou simplesmente Ordem Trapista? Trata-se de uma ordem da religião católica, derivada da Ordem de Cister (que é baseada na doutrina de São Bento). Pois bem, são nos mosteiros dessa ordem que são produzidas as cervejas trapistas. São cervejas únicas, fortes, de alta fermentação, com sabor intenso e coloração âmbar em sua maioria. Fora cerveja, esses monges produzem também mel, pães, queijos, licor, chocolate e outra leva de produtos.  As cervejas produzidas pelas monges têm caráter quase filantrópico, pois ajudam a sustentar o mosteiro e os recursos também são usados em causas sociais. Se formos para o pé da palavra, cerveja trapista não é um estilo, é uma nomenclatura para as cervejas feitas nos mosteiros, os estilos mais comuns são: a Dubbel, Tripel e Quadrupel. Agora para uma cerveja ser “Trapista”, aí sim, tem que entrar em certos critérios. Então para evitar que se use o termo “Trapista” indevidamente foi criada em 1997 a ITA (Associação Trapista Internacional) que a princípio contava com os oito principais mosteiros, são eles: Orval, Chimay,Westvleteren, Rochefort, Westmalle,Achel, Koningshoeven e Mariawald. Hoje esse número chega a 20 e para ser “Trapista” tem de ser certificado pela Ordem.  Citando alguns critérios, são cervejas feitas dentro dos muros do mosteiro. Outra condição é que a produção de cerveja não seja a principal atividade. Mas vamos explicar alguns estilos. Primeiramente, é bom saber que estas cervejas têm em seu diferencial a quantidade de malte na sua composição. A Dubbel é uma cerveja do tipo Ale na qual é adicionando o dobro da quantidade de malte do que em uma cerveja “comum”. A Tripel, cerveja na qual se adiciona três vezes mais malte do que em uma cerveja “comum”. E por fim a Quadrupel, essa são mais escuras e mais ricas, utilizando o quádruplo de malte respectivamente. São consideradas por muitos as melhores cervejas do mundo, o que não é exagero em falar, devido a seu rigoroso e minucioso processo de produção. Experimentei três cervejas de abadia, são elas a Orval, a Tripel Karmeliet e a La Trappe Quadrupel. Primeiro a belga Orval (produzida no mosteiro do mesmo nome), e que, diferentemente de outros mosteiros, só produz apenas uma cerveja. Tem um aroma muito intenso, espuma densa, com seus 6,2%Vol, tem boa presença de lúpulo (com dry-hopping), levemente doce, de cor âmbar  e um pouco azeda, o que pode fazer com que algumas pessoas entranhem, o que não foi o meu caso, pois particularmente adorei. Harmoniza bem com peixes. Por tudo isso é uma cerveja complexa e imperdível. A Tripel Karmaliet, que é produzida pelo mosteiro carmelita de Dendermonde, na Bélgica, com seus 8,%vol,  tem uma coloração dourada, retrogosto delicioso, cítrica, amargor bem equilibrado, espuma densa, e leva malte de trigo. Um boa dica de harmonizar essa cerveja seria com uma boa massa com molhos mais fortes como um pesto, um carbonara ou um bechamel. E finalizando, produzida pelo mosteiro La Trappe, na Holanda, único mosteiro do país a produzir cerveja, vem a La Trappe Quadrupel. É uma cerveja forte, com seus 10%Vol, muito malteada, tem uma cor marrom escura, seca, o que faz com que se torne digestiva, bem aromatizada e balanceada, uma das melhores cervejas que já tomei. Excelente para comer com defumados ou queijos mais fortes para que se sinta uma explosão de sabores. O monges realmente sabem fazer cerveja, graças a Deus!   *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com

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As cervejas MADE IN PE (Por Rivaldo Neto)

Que o pernambucano é bairrista todo mundo sabe. Quem já não ouviu que foram os judeus do Recife que fundaram Nova York? Ou que o mar é um braço do rio Capibaribe? Partindo desse orgulho em ser de Pernambuco que alguns produtores de cervejas locais criaram o BebaLocal, um movimento que fortalece os produtores locais e estimula a cultura cervejeira no Estado. Uma oportunidade em conhecer algumas delas pode ser no estande montado na Fenearte com a participação de 7 cervejarias pernambucanas, são elas: Debron, Pat Lou, Ekäut, Duvália, Babylon, Estrada e Capunga. Experimentando alguns rótulos, tive uma impressão muito boa das cervejas aqui produzidas. Logo de entrada, a cervejaria Patt Lou, localizada em Vitória de Santo Antão, e que produz a Maracatu, uma IPA leve e refrescante com notas de maracujá e contendo 2 tipos de lúpulo e 6%vol. A 4All, cerveja de trigo, cítrica, suave e com dryhopping de Amarillo (lúpulo americano) e Galaxy (lúpulo neozelandês) dá um equilíbrio interessante a bebida. Uma outra cerveja presente no estande, a Babylon German Lager é leve com seus 5%Vol e com lúpulo alemão em sua composição. Da cervejaria Capunga Draft Beer, a APA (American Pale Ale) é uma cerveja leve, clara, suave, pequeno amargor e refrescante, bom para nosso clima. A Debron também presente e com uma novidade: a cervejaria, que já produz chopes Weizen, Pale Ale e Pilsner, agora recentemente lançou uma IPA. Experimentei o chope Debron Weizen tem boa textura, aromático e com boa carbonatação, com seu tom amarelo claro e levemente turva. Destaco três rótulos, a American IPA Route 66, da cervejaria Estrada, com seu amargor intenso, muito aromática amarelo escuro, e muito lupulada. Da cervejaria Duvália, para quem gosta de uma boa Stout é a pedida perfeita. Acertaram em cheio. Uma cerveja com uma espuma consistente, cremosa, bem ao estilo das inglesas com um aroma marcante de maltes torrados e com mel de engenho, dando com isso um toque marcante.   Albert Eckhout foi um desenhista holandês que participou da comitiva de Maurício de Nassau, quando Pernambuco estava sob domínio da Holanda, em 1637, e retratou os habitantes locais e assim foi dado o nome Ekäut a esta cervejaria pernambucana. A American IPA da Ekäut é uma cerveja com muito amargor, muito aromática, refrescante, notas florais, excelente retrogosto, que é a sensação que líquido deixa ao ser tomado. Contém o dois lúpulos, o Cascade (lúpulo americano) e o Magnum, que é alemão. A junção destes dois insumos dão uma excelente drinkability deixando a cerveja levemente picante e frutada.   E sabendo como nós pernambucanos somos, eu posso dizer com orgulho: cerveja feita em Pernambuco não vai demorar pra ser as melhores do mundo! Não duvidem! Aplicativo #BEBA LOCAL Para fortalecer ainda mais foi criado o aplicativo #BebaLocal, já disponínvel na Apple Store e no Google Play e também uma versão web (bebalocal.com), onde o foco é achar locais onde se bebe cervejas artesanais feitas aqui. Segundo Felipe Magalhães, idealizador do aplicativo e produtor da Babylon: “A ideia surgiu quando senti vontade de beber uma Capunga e senti dificuldade de achá-la onde estava sendo comercializada” afirmou.     *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com

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Cervejas com mel, uma experiência que vale a pena (Por Rivaldo Neto)

Lembra de Robin Hood? Do simpático Frei Tuck? Se você lembra vai lembrar ainda mais que em meio a uma ou outra batalha contra o Xerife de Nottingham, o simpático monge entornava canecas e mais canecas de uma bebida produzida por ele. Mas que bebida era essa? O Mead, como chamam alguns, um fermentando alcoólico variado do mel, muito similar ao Hydromel. O mel é uma mistura complexa de açúcares, como a glicose (cerca de 30%) e frutose (40%), água (18%) e outras substâncias como carboidratos, proteínas e aminoácidos. A inclusão do mel em bebidas é ancestral. Esse estilo vem sendo cada vez mais resgatado por produtores de cerveja da Inglaterra, Irlanda e até pelos franceses na Bretanha. Os efeitos ao adicioná-lo a cerveja é que o mel é tão fermentável quanto o açúcar e que gera uma cerveja mais seca, aumenta a quantidade de álcool, mas mesmo assim causa uma sensação alcoólica mais suave se comparada ao açúcar comum. Com isso o mel também acrescenta notas sutis de florais dando mais aroma à bebida, isso se dá devido aos vários pólens e néctares utilizados pelas abelhas em sua produção. Das cervejas importadas, a inglesa Honey Dew, da Fullers, é um verdadeiro deleite. Primeiro que é uma cerveja orgânica, turva,levemente picante, em que logo no primeiro gole o mel aparece. Os maltes e o lúpulo acrescentados tornam essa cerveja uma das melhores. Tem uma variação alcoólica de 5%Vol e é vendida em garrafas de 500ml. Devido a tudo isso a Honey Dew é a cerveja orgânica mais consumida pelos ingleses. Ao servi-la deve-se sempre mexer a garrafa em movimentos circulares no final para que os insumos orgânicos e o mel se misturem mais, proporcionando uma gratificante experiência. Uma outra opção de cerveja com mel também vem da Inglaterra e chama-se Waggle Dance, da cervejaria Wells. O nome é um curiosidade, pois trata-se de uma dança praticada pelas abelhas quando descobrem uma nova fonte de néctar. Uma cerveja igualmente saborosa, leve, de cor âmbar, com leves notas de mel e amargor na medida certa com os seus 5,2%Vol em garrafas de 500ml. A cervejaria americana Rogue Ale produz a Rogue Farms 19 Original Colonies Mead, um nome tão exótico quanto a experiência que você irá embarcar. A pedida é interessante tanto que na sua produção foram postos leveduras de champagne. Corpo bem leve, carbonatação baixa e boa drinkability em garrafas de 650ml. Aroma é o que não falta, florais mais ainda, nada mais lógico, pois estamos falando do que mais se assemelha ao hydromel. No mercado nacional, a cervejaria Colorado, recém adquirida pela Ambev, produz a Appia, que é uma cerveja de trigo com mel de laranjeira em garrafas de 600ml. É uma cerveja amarela escura, turva, ligeiramente doce e que harmonizada com uma torta de chocolate amargo dará o tom certo de amargor e o doce. Uma experiência que deliciosamente vale muito a pena. *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com

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O mundo das Weissbiers (Por Rivaldo Neto)

Muitos historiadores relatam que a descoberta da cerveja foi acidental. Especula-se que tenha se deixado um pedaço de pão de centeio que se misturou a água, e com isso deu-se a fermentação alcoólica e assim surgiram as primeiras cervejas. Isso na Suméria, antiga Mesopotâmia, e em torno de 4.000 a.C. Depois disso o processo padronizou-se e o malte, constituído de grão de cevada germinados era moído e depois misturado com água e assado. Na Antiguidade, a cerveja era um alimento importante, o líquido era turvo e cheio de resíduos, onde se colocava uma palha para filtrá-los. Desde os primeiros momentos o trigo é um dos principais ingredientes na produção das cervejas. Mas foi na Alemanha que ela ganhou um destaque especial com as Weissbiers. A palavra Weiss, no alemão significa “branco”, ou seja, “cerveja branca”, que é a coloração natural das cervejas produzidas por esse cereal. Esse estilo tem uma variação alcoólica em torno de 5% a 6% não filtrada, característica que permite a ação das leveduras adicionadas na bebida, isso permite que o líquido fique turvo, frutado e bastante aromático. A grande maioria das cervejas Weiss remetem ao cravo, à banana e à maçã, ou podem ocorrer na mistura de várias outras frutas. Como não podia deixar de ser é na Alemanha onde se encontram as principais cervejarias que produzem cervejas de trigo como as cervejas Paulaner, a Erdinguer, a Flensburger e a minha preferida que são as produzidas pela Schneider Weisse.   Muito se confunde em relação as nomenclaturas desse estilo. Só para se ter um exemplo são denominadas de Weiss,Weizen, Hefeweizen, Kristallweizen, Dunkelweizen ou Weizendoppelbock. Mas nada de se assustar, isso nada mais é que os variados estilos de coloração e regiões onde são produzidas. O importante é saber que a palavra weiss como disse anteriormente, quer dizer “branco”, Weizen significa trigo e Hef está relacionado com as leveduras, consequentemente a sua turvação. As cervejas Weiss e Weizen são turvas pálidas e claras, já as Kristallweizen são ainda mais claras. As Witbiers são também cervejas de trigo, fabricadas com o estilo belga, como por exemplo a cerveja Hoegaarden, e são mais cítricas que as weiss alemãs. Vale a pedida: Importadas: Schneider Weisse Tap 7: Cerveja clássica de trigo, excelente. Schneider Weisse Tap 6: Cerveja forte, com graduação maior que média 8,2%. Erdinguer Weissbier: Clássica, leve e com aroma muito agradável. Flensburguer: Cerveja frutada e muito marcante. Paulaner Weiss: Leve e clara, excelente para iniciar nesse estilo. Hoegaarden: Cítrica e aromática. Nacionais: Fun: Frutada, cítricas e aromática, excelente. Weiss Schornstein: Clássica e leve. Schloss: Witbier nacional, cítrica e leve. *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas rivaldoneto@outlook.com.br

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Cervejas Lendárias: A Guinness (Por Rivaldo Neto)

Sempre que se fala da Irlanda, os cervejeiros de plantão logo lembrarão da cerveja Stout mais famosa e consumida no mundo. Quando Arthur Guinness fundou a cervejaria St. James's Gate Brewery, responsável pela Guinness em 1759, talvez não tivesse a dimensão que a marca fosse alcançar. Ela é responsável por um consumo diário de 10 mil Pints de cervejas, este volume é tão grande que chega a metade do consumo de cerveja na Irlanda. Uma curiosidade é que o seu fundador que era protestante, alugou a fábrica e os terrenos em sua volta por míseros 45 libras (aproximadamente R$ 223,00), incluindo o fornecimento de água para sua produção em um contrato de arrendamento de 9 mil anos. A Guinness sempre teve um ousado processo de expansão, chegando em 1908 a ser a cerveja mais consumida no mundo. A Guinness é mais facilmente encontrada no mercado nacional em latas de 440ml. Ela contém uma cápsula de nitrogênio (N2) e ao abrir a lata inicia-se uma reação química entre gás carbônico e o líquido resultando em uma carbonatação semelhante a um chope. Isso confere a cerveja uma formação de espuma de alta qualidade e duração, além de preservar de forma quase impecável suas notas e aromas. Beber um chope da Guinness é interessante desde o momento em que está sendo servido. Quando o copo é inclinado em uma ângulo de 45graus, o líquido fica com uma coloração marrom, e em aproximadamente um minuto ele começa a decantar e a sua cor preta característica aparece dando o tom certo da cerveja, causando assim um belo efeito visual. A Guinness deve ser servido em um Pint ou caldereta, pois tal processo em outros tipos de copos fica comprometido. A Guinness é uma cerveja leve de 4,1%vol, muito equilibrada, e com uma sabor intenso de maltes de cevada tostada utilizados em sua fabricação. Para cervejeiros que gostam de café, esta cerveja é um pedida ideal, pois sua aromatização irá agradar em cheio. Para uma harmonização a Guinness cai bem com um lombo de porco defumado, carnes e linguiças para opções salgadas e para as doces um bom petit gateau. Outro lado interessante dessa cerveja é que a mesma é muito utilizada no preparo de pratos culinários. A cerveja ajuda a amaciar e dar sabor a ensopados de carne com batatas, o famoso Irish Stew (cozido irlandês), além de dar um toque especial com sorvetes. Por estas e outras a deliciosa e polivalente cerveja Guinness é um lenda, se você tem a oportunidade de degustá-la não pense duas vezes, afinal são mais de 250 anos de tradição em forma de cerveja! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet nas horas vagas

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Cerveja para celíacos (Por Rivaldo Neto)

A doença celíaca é um distúrbio inflamatório crônico do intestino delgado que afeta 1% da população mundial. Estima-se que no Brasil exista um celíaco para cada 400 indivíduos. Essa doença é causada pela intolerância ao glúten, que é uma proteína que está presente na cevada que se produz as cervejas. Durante um tempo, os amantes da cervejas, quando diagnosticados positivamente com a intolerância tinham de deixar de tomá-las (infelizmente). Mas hoje no mercado existem boas opções de cervejas 100% Glúten Free e de excelente qualidade. Alguns rótulos muito interessantes tanto nacionais quanto importados dão um leque de variados estilos para a que as pessoas portadoras da intolerância possam usufruí-las sem causar mal a sua saúde. A cervejaria brasileira Lake Side (RS) tornou-se especialista nesse tipo de bebida através de um processo exclusivo da própria fábrica, fazendo assim a quebra da proteína no glúten. A cervejaria espanhola Estrela da Galícia também produz cervejas com essas características. Da brasileira Lake Side três ótimas indicações. A sua Lager é uma cerveja vendida em garrafa de 600ml , com uma graduação de 4,5%Vol, leve, consistente e de muito agradável sabor e muito refrescante. Tem boa presença de malte e um amargor sutil. Outra que chama a atenção é a Malzebier (300ml), com os mesmos 4,5% da Lager. Do mesmo fabricante, esta cerveja tem uma bonita espuma, levemente doce, com maltes torrados, caramelo e com um final de chocolate, excelente para quem quer fazer uma harmonização com doces, tipo: um chessecake, um torta de nozes ou até mesmo um mousse de chocolate. Já para quem gosta de uma cerveja com um amargor mais intenso, a APA (American Pale Ale) preserva as características desse estilo, possui acentuado aroma de lúpulo (usando o sistema dry hopping), coloração alaranjada, aromas cítricos e leve caramelo. A graduação é um pouco maior, com seus 5,2%Vol, em garrafas de 300ml. E pra finalizar a Espanhola Daura Damm, da Estrela da Galícia. É um cerveja clara, muito agradável, de leve amargor e com uma graduação maior que as citadas acima, 5,4%Vol. Excelentes rótulos para os amantes da cerveja em geral e principalmente aos celíacos, que podem tomar uma sua “santa” cerveja, sem lhe causar dano a saúde! Um brinde! *Rivaldo Neto é designer e cervejeiro gourmet na horas vagas

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