Wanderley Andrade – Página: 3 – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Wanderley Andrade

The Chosen: nadando contra a corrente

Peixes cinza cruzam a tela escura da esquerda para a direita. Surge o primeiro, depois vários. Logo um peixe verde aparece, nadando em sentido oposto. Outros da mesma cor pontuam de verde toda a cena. Há um corte e vemos o cardume nadando em círculos, peixes cinza em sentido horário e um único verde no anti-horário. Se você já viu The Chosen, sabe que estou falando da bela abertura da série. Aos que ainda não a conhecem, “The Chosen” é uma produção independente financiada via crowdfunding, em 2019. Arrecadou cerca de 10 milhões de dólares só para a primeira temporada. Os episódios destacam o lado mais humano de Jesus, diferente do que já vimos em outras produções do gênero. Voltando aos peixes, não resisto e recorro ao clichê que nos conclama a nadar contra a corrente. Uma breve folheada no livro de Atos é suficiente para entendermos o porquê dos discípulos daquela época terem recebido o título de “cristãos”. Porém esses mesmos discípulos não imaginariam que o cair das páginas do calendário traria más notícias. No século XVII, Galileu foi condenado por heresia na Inquisição ao defender a teoria heliocêntrica. Nadou contra a corrente, todavia, para não morrer, teve de voltar e seguir o fluxo. Mais páginas caíram e, com elas, as Cruzadas e suas atrocidades em nome de Cristo. Estamos no século XXI e parece que pouco mudou. A guerra na Ucrânia prova que evoluímos em tecnologia, mas regredimos em amor, considerando que usamos muitos desses avanços tecnológicos para tirar vidas. O que fazer? Sabe aquele peixe verde lá do início? Seja. Onde ver:Baixe o aplicativo na Play StoreDisponível também no Globoplay

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Netflix: Rito de Passagem (crítica)

Maite Alberdi é daquelas cineastas de notável talento, que conseguem tratar de temas por vezes delicados com grande respeito e sensibilidade. Não à toa, seu filme Agente Duplo concorreu ao Oscar de Melhor Documentário ano passado. Antes dele, em 2016, a diretora chilena lançou The Grown-Ups, no Brasil, Rito de Passagem, doc que chegou recentemente à Netflix. O filme acompanha a rotina de uma escola exclusiva para jovens adultos com síndrome de down. Personagens igualmente complexos e adoráveis enfrentam problemas nos relacionamentos, nos conflitos do primeiro contato com o sexo e na busca por independência. Alberdi é feliz ao dosar momentos de humor e drama, o que dá bom ritmo ao filme. Difícil não se apegar a personagens tão ricos e complexos como Rita, que, apesar dos problemas de saúde devido ao consumo excessivo de doces, é flagrada escondendo chocolate nos bolsos nos momentos de trabalho na cozinha da escola. Difícil não se emocionar com a relação de Anita e Andrés, que, contrariando a vontade de seus familiares, planejam se casar. A fotografia atua como ferramenta narrativa ao destacar tão somente o ponto de vista e universo das personagens com síndrome de down. Os rostos dos educadores, pais e responsáveis pelos alunos aparecem embaçados, não conseguimos identificá-los. Rito de Passagem trata de inclusão com muita sensibilidade, dando voz e vez a personagens que têm muito a dizer e ensinar, com frequência silenciados pela sociedade.

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Oscar 2022: novidades e apostas

Contagem regressiva para mais um Oscar que, refletindo a sociedade atual onde tudo se renova com grande velocidade, chega com algumas mudanças. O objetivo é atrair o público, que vem diminuindo a cada ano. A última edição, por exemplo, teve uma queda de 58% na audiência em relação a 2020. Diferente das últimas três edições, esta terá apresentador, ou melhor, um trio de apresentadoras: Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes serão as anfitriãs. Por sinal, é inédita a presença de um trio feminino a frente da premiação. Outra mudança diz respeito às categorias. No intuito de dinamizar a cerimônia, oito das 23 ficarão de fora da transmissão ao vivo. São as seguintes: Melhor Documentário em Curta-Metragem, Melhor Montagem, Melhor Som, Melhor Trilha Sonora, Cabelo e Maquiagem, Direção de Arte, Curta-Metragem em Animação e Curta-Metragem em Live-Action. A academia também lançou uma novidade, a Oscar Fan Favorite.  Até o último dia 3 de março, os fãs puderam votar em seu filme favorito da temporada passada. Entre os dez títulos, alguns que normalmente não figurariam na premiação, como “Army Of The Dead: Invasão Las Vegas”, da Netflix, e “Cinderela”, original Amazon Prime Video. Apostas Na última quarta (23), a Revista Algomais em parceria com o Cinegrafando promoveu uma live no Instagram com o Oscar como protagonista. Os jornalistas Houldine Nascimento e Wanderley Andrade conversaram sobre os indicados e apresentaram as novidades da premiação. Como é de costume, a dupla compartilha aqui suas apostas para as principais categorias da noite. Houldine Nascimento Melhor Filme: “Ataque dos Cães” Melhor Diretor: Jane Campion (“Ataque dos Cães”) Melhor Ator: Will Smith (“King Richard: Criando Campeãs”) Melhor Atriz: Penélope Cruz (“Mães Paralelas”) Melhor Ator coadjuvante: Troy Kotsur (“No Ritmo do Coração”) Melhor Atriz coadjuvante: Ariana DeBose (“Amor, Sublime Amor”) Melhor Roteiro Original: “Belfast” Melhor Roteiro Adaptado: “No Ritmo do Coração” Melhor Filme internacional: “Drive My Car”, de Ryûsuke Hamaguchi Melhor Animação: “Encanto” Melhor Documentário: “Summer of Soul (…ou, Quando A Revolução Não Pode Ser Televisionada)”, de Questlove Melhor Trilha Sonora: Hans Zimmer (“Duna”) Melhor Canção: “Dos oruguitas”, de “Encanto” Melhor Fotografia: Greig Fraser (“Duna”) Wanderley Andrade Melhor Filme: “No Ritmo do Coração” Melhor Diretor: Jane Campion (“Ataque dos Cães”) Melhor Ator: Will Smith (“King Richard: Criando Campeãs”) Melhor Atriz: Jessica Chastain (“Os Olhos de Tammy Faye”) Melhor Ator coadjuvante: Troy Kotsur (“No Ritmo do Coração”) Melhor Atriz coadjuvante: Ariana DeBose (“Amor, Sublime Amor”) Melhor Roteiro Original: “Não Olhe Pra Cima” Melhor Roteiro Adaptado: “No Ritmo do Coração” Melhor Filme internacional: “Drive My Car”, de Ryûsuke Hamaguchi Melhor Animação: “Encanto” Melhor Documentário: “Summer of Soul (…ou, Quando A Revolução Não Pode Ser Televisionada)”, de Questlove Melhor Trilha Sonora: Hans Zimmer (“Duna”) Melhor Canção: “No Time To Die”, de “007: Sem Tempo para Morrer” Melhor Fotografia: Greig Fraser (“Duna”)

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Crítica| Eternos

E se o universo fosse dominado por seres ditos celestiais que na ânsia por criar novos mundos terão de destruir outros tantos em nome de uma causa “maior”? A História Mundial é permeada por personagens de motivações semelhantes, ditadores que a favor de uma ideologia ou projeto ceifaram a vida de milhões. Eternos, nova aposta da Marvel, reflete sobre o tema e estabelece uma nova fase para o MCU. A história acompanha a jornada dos Eternos, uma raça de super-humanos concebida por Arishem, representante de seres cósmicos chamados Celestiais. O grupo tem como missão livrar a humanidade da presença dos Deviantes, criaturas também criadas pelos Celestiais. Porém os planos de Arishem para os humanos são outros. A descoberta abalará os Eternos, que se voltarão contra seu criador. Logo na famosa abertura (a que mostra o folhear de páginas de HQs da Marvel) a primeira mudança: o tema épico escrito por Michael Giacchino dá lugar à melodia suave e ancestral composta por Ramin Djawadi, responsável pela trilha de Game of Thrones. A direção é de Chloé Zhao, ganhadora do Oscar por Nomadland. É possível notar a mão da diretora em sequências quase documentais, contemplativas, pouco comuns em filmes da Marvel. O filme tem elenco de peso, a começar por Angelina Jolie, que estreia no MCU. A atriz encarna Thena, imortal que manipula energia e tem domínio sobre armas como uma lança dourada. Richard Madden, o Robb Stark de Game of Thrones, interpreta Ikaris, integrante mais poderoso do grupo, capaz de voar e lançar raios pelos olhos (algo parecido na concorrência?). Salma Hayek encarna Ajak, matriarca da equipe, única capaz de se comunicar com os Celestiais. Gemma Chan, de Podres de Ricos, vive a personagem de maior peso para a história, Sersi, imortal que terá de assumir a liderança do grupo. Alguns personagens mereciam tempo maior de tela, como o ator sul-coreano Don Lee, conhecido por Invasão Zumbi. Em Eternos ele é Gilgamesh, imortal de grande força, por vezes alívio cômico da história. O ator irlandês Barry Keoghan, é Drug, imortal telepata que se refugia em uma floresta na América do Sul. Kumail Nanjiani (Silicon Valley, Doentes de Amor) é o ator que mais provocou burburinho ao postar nas redes sociais a preparação pela qual passou para viver Kingo, imortal que assumiu a carreira de astro de Bollywood. Representatividade é palavra forte em Eternos. Chloé propõe personagens de gênero diferente das HQs. É o que acontece com Lia McHugh (O Chalé) no papel de Duende, imortal que carrega o fardo de nunca envelhecer, e Lauren Ridloff (The Walking Dead) como Makkari, a mulher mais rápida do universo. Lauren é a primeira atriz surda a atuar em um filme da Marvel. Brian Tyree Henry, da série Atlanta, interpreta Phatos, inventor de grande talento, e primeiro herói gay da Marvel nos cinemas. O ritmo lento de algumas sequências deverá desagradar a parcela de público acostumada a cenas de ação de produções como Vingadores: Ultimato. Soma-se a isso o desafio de desenvolver em pouco tempo (ainda que em mais de 2h30) um universo de personagens complexos. Por outro lado, considero válido o esforço da Marvel em reformular esse universo, transgredindo a máxima popular de não mexer em time que está ganhando. Origem Os Eternos surgiram na década de 70, criação de Jack Kirby que, em parceria com Stan Lee e Joe Simon, lançou personagens como o Capitão América, Hulk, Thor e Homem de Ferro. A centelha criativa que originou esse universo vem da mitologia grega. Thena é inspirada na deusa grega Atena. Ikaris, como o próprio nome aponta, vem de Ícaro, personagem mitológico que morreu ao voar próximo ao Sol com asas de cera. Da Literatura Inglesa veio a inspiração para Duende, das histórias de Peter Pan, personagem criado por J. M. Barrie.

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Crítica: Duna

Escrita por Frank Herbert, Duna é considerada uma das obras mais importantes da ficção científica. Ao todo, foram mais de 22 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. O sucesso entre os fãs do gênero resultou na adaptação cinematográfica dirigida por David Lynch. O longa estreou em 1984 e fracassou em crítica e público. Nem o próprio Lynch gostou do recorte final, que sofreu consideráveis interferências dos produtores. Resultado: narrativa confusa, diálogos carregados de exposição e fãs enfurecidos. Mas há esperança. Ao menos é o que acredita e vende o diretor Denis Villeneuve com sua versão de Duna que estreia esta semana nos cinemas. Na trama, em meio ao domínio de um império intergaláctico feudal, a família de Paul Atreides (Timothée Chalamet) recebe a missão de administrar o planeta-deserto Arrakis. Do lugar brota a especiaria mais valiosa de todo o universo, conhecida como “melange”. A substância desperta a ganância de outro clã, os Harkonnens, que lidera uma conspiração contra a Casa Atreides. Porém, algo maior está em curso, o cumprimento de uma profecia relacionada ao futuro de Paul e aos nativos do planeta Arrakis. Sob as cenas grandiosas e efeitos especiais é possível enxergar o subtexto: imagine um lugar que tenha suas riquezas exploradas por outra nação e que a “solução” para os conflitos locais será a chegada de outros estrangeiros. Lembra de algo parecido no mundo real? A história será contada em duas partes, decisão acertada do diretor franco-canadense. O filme de Lynch (ou seria dos produtores?) falhou ao tentar condensar a grandiosa jornada de Paul Atreides em pouco mais de duas horas. Só o primeiro livro na versão em português tem quase 700 páginas. Villeneuve escalou elenco de primeira para o projeto. Além de Timothée Chalamet no papel de Paul Atreides, estão no filme o excelente Oscar Isaac, firme como o Duke Leto Atreides, a atriz sueca Rebecca Ferguson, encarnando Jessica Atreides, Jason Momoa, que interpreta o guerreiro e amigo de Paul, Duncan Idaho, personagem com maior peso e presença na nova adaptação e Zendaya como Chani, personagem ainda pouco explorada na primeira parte. Completam o cast, Stellan Skarsgård, Javier Bardem, Josh Brolin e Dave Bautista.     Duna é o grande projeto de Villeneuve, nome de peso da nova geração de diretores. Sicario, A Chegada, Blade Runner 2049 dispensam apresentações. Em 2016, o diretor revelou à revista Variety o sonho de levar a obra à tela grande. Tela grande que foi pivô de grande polêmica. Duas semanas antes da estreia no Festival de Veneza, Villeneuve não permitiu à imprensa acesso a qualquer link de visualização do filme. Dessa forma, a obra só poderia ser vista, no primeiro momento, nas telonas. Reconheço que essa é daquelas obras que precisam ser vistas no cinema, com som e imagem de qualidade. A experiência não será a mesma na pequena tela de um celular. O longa deve se destacar nas grandes premiações, principalmente nas categorias técnicas como design de som, que aqui auxilia no processo de imersão, atuando como ferramenta narrativa. A trilha sonora é assinada pelo eclético Hans Zimmer, que já compôs para gêneros diversos como terror (It, Annabelle 2), animação (O Rei Leão, Kung Fu Panda) e ficção científica (A Origem, Blade Runner 2049). Duna tem aura de blockbuster, ainda assim, dificilmente agradará ao público que costuma procurar produções do gênero, como Os Vingadores e a franquia O Senhor dos Anéis. Cenas contemplativas como as que acontecem no deserto, momentos de ação pontuais, além do universo complexo criado por Herbert, podem entediar o espectador que não está familiarizado com os livros do autor.  

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Rio Capibaribe em verso e na tela

Figura imponente em postais sobre o Recife, o Rio Capibaribe parece encarnar uma serpente que rasga e divide regiões em todos os sentidos. Testemunha ocular de quão desigual pode ser uma cidade, o rio cruza bairros ditos nobres e, seguindo o fluxo, desliza sob humildes palafitas. Imponência que, de longe, anuvia o que, de perto, faz arder nossas narinas: o odor acre de águas enfermas de poluição, contaminadas pela ação do homem de consciência e moral igualmente enfermas. Extremos que serviram de matéria prima a João Cabral de Melo Neto ao escrever o poema O Cão Sem Plumas, e, anos depois, inspiraram a cineasta Katia Mesel a produzir o curta-metragem Recife de Dentro pra Fora. O Cão Sem Plumas foi lançado em Barcelona, em 1950, antes da peça em versos, Morte e Vida Severina, trabalho mais conhecido do poeta, publicado cinco anos depois. O poema é dividido em quatro partes: a primeira e segunda recebem o título de Paisagem do Capibaribe. A terceira e quarta, Fábula do Capibaribe e Discurso do Capibaribe, respectivamente. Ainda que protagonista nos versos, o rio sempre tem sobre as margens a sombra do homem. A ligação rio-homem é intensa e íntima de tal maneira que os torna única essência, rio, homem, lama e pele. Recife de Dentro pra Fora estreou em 1997. Com trilha sonora de Geraldo Azevedo, passou por grandes festivais, ganhando prêmios como o de Melhor Documentário no Festival de Vitória, Melhor Fotografia em Gramado e o Prêmio Multishow de Melhor Trilha sonora no Festival de Brasília. É possível considerar o curta uma adaptação cinematográfica do poema de João Cabral, até porque, para ser classificada assim, a obra fílmica não precisa necessariamente ser fiel a cada estrofe do texto. O curta desvela, já no primeiro ato, detalhes da relação entre João Cabral e o Capibaribe, nas palavras do próprio poeta, que nasceu e viveu testemunha do correr das águas turvas e sujas do rio. Relação que, ouso dizer, não se deu por completa, pois, como revela, nunca se banhou naquelas águas. Protagonista de uma grande tragédia, o Capibaribe avança e atua para uma plateia que, por vezes, participa do espetáculo. Público que assume o arquétipo de antagonista ao lançar no rio o pior de si. Como fez João Cabral em O Cão Sem Plumas, Katia Mesel inverte o ponto de vista que agora é do rio e não do homem. O rio encara a cidade e geme de dor. O cão em decomposição boiando é metáfora perfeita para um rio que corre, porém sem vida.

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Série indicada ao Emmy é destaque na HBO Max

Saiu a lista com os indicados ao Emmy 2021, cheia de boas notícias para a HBO Max. O serviço de streaming lidera as indicações, 130, seguido da Netflix, com 129, e, mais atrás, a Disney+, que teve 71. Entre as séries da HBO, destaco The Flight Attendant, thriller de comédia que marca o retorno da atriz Kaley Cuoco às telas, após o fim da siticom The Big Bang Theory. Na história, Cassie Bowden (Kaley Cuoco), uma comissária de bordo alcoólatra, acorda em um hotel em Bangkok ao lado de Alex Sokolov (Michiel Huisman), homem misterioso que conhecera durante um voo de Nova York à Tailândia. Banhado em sangue e sem vida, Alex exibe um enorme corte no pescoço. Confusão armada, Cassie foge do hotel. Lutará agora contra o tempo para tentar livrar a própria pele. Série viciante, criada por Steve Yockey, que tem no currículo a longeva “Sobrenatural”. Os episódios sustentam ritmo alucinante, atado a uma narrativa dinâmica que consegue prender bem a atenção do espectador. Sem esquecer, claro, da contagiante trilha sonora composta por sucessos como “Energia”, do duo Sofi Tukker, e “Voulez-Vous”, do ABBA.   Após Kaley Cuoco interpretar por doze anos a personagem Penny em TBBT, causa certo estranhamento ver a atriz em outro papel. Nos primeiros episódios, Penny e Cassie até lembram a mesma personagem. Porém, com o desenrolar da trama, Kaley consegue convencer, assumindo com muito talento o protagonismo necessário ao novo papel. Atuação que rendeu uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz no Emmy. “The Flight Attendant” recebeu, ao todo, nove indicações ao Emmy, além de Melhor Atriz para Kaley Cuoco, o de “Melhor Série de Comédia” e “Melhor Atriz Coadjuvante” para Rosie Perez. A segunda temporada está prevista para o primeiro semestre de 2022.  

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Documentário premiado em Sundance acompanha corrida eleitoral no Quênia

Divide et impera, dividir para conquistar. Proferida, a princípio, pelo filósofo estoicista, Epicuro, a frase ficou conhecida quando proclamada por líderes militares do porte de Júlio César e Napoleão Bonaparte, servindo de norte e estratégia para vencer inimigos e subjugar nações. Os ingleses também seguiram rigidamente a máxima quando chegaram ao continente africano, mais especificamente ao Quênia. Entre as estratégias, dividiram o país em diferentes grupos, como conta o documentário Softie, exibido na 10ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema. Dirigido por Sam Koko, o longa documental, ainda que se debruce brevemente sobre a história do país africano e da dominação inglesa, tem como foco a difícil jornada de Boniface Mwangi, um ativista político outrora fotojornalista da CNN, candidato a uma vaga no parlamento. Boniface enfrentará uma eleição manchada por corrupção e constantes ameaças à família. Já no primeiro ato, o doc aponta o Quênia como um dos países mais corruptos do mundo. E não fica apenas no dito. Em uma das cenas, Boniface, em campanha, é abordado por pessoas que querem trocar voto por dinheiro. Em outra sequência, uma multidão invade o posto eleitoral às 5h da manhã à procura de suborno. Os desafios não se limitam à corrupção no processo eleitoral. O jovem candidato terá de encarar crises também na própria casa. “Quais são as suas prioridades?” O questionamento de Njeri, esposa de Boniface recebe rápida resposta: “Deus, país e família.” A pressão aumenta no momento em que toda a família é ameaçada de morte. Njeri e os filhos seguem imediatamente para os EUA. Boniface resiste e continua em campanha no Quênia. “Softie” é um grito contra a corrupção, doença que pode se espalhar facialmente em qualquer país, de primeiro mundo ou não. Doença que deve ser combatida não pela força, mas pela consciência política e respeito à democracia. A Mostra Ecofalante de Cinema segue de forma online até 14 de setembro. Na programação, além de “Softie”, que ganhou o prêmio de melhor montagem no Festival de Sundance, filmes como “Jogo do Poder”, de Costa-Gavras, e o brasileiro “A Bolsa ou a Vida”, produção mais recente de Silvio Tendler. Confira a programação completa no site.

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Série indicada ao Emmy é destaque na HBO Max

Saiu a lista com os indicados ao Emmy 2021, cheia de boas notícias para a HBO Max. O serviço de streaming lidera as indicações, 130, seguido da Netflix, com 129, e, mais atrás, a Disney+, que teve 71. Entre as séries da HBO, destaco The Flight Attendant, thriller de comédia que marca o retorno da atriz Kaley Cuoco às telas, após o fim da siticom The Big Bang Theory. Na história, Cassie Bowden (Kaley Cuoco), uma comissária de bordo alcoólatra, acorda em um hotel em Bangkok ao lado de Alex Sokolov (Michiel Huisman), homem misterioso que conhecera durante um voo de Nova York à Tailândia. Banhado em sangue e sem vida, Alex exibe um enorme corte no pescoço. Confusão armada, Cassie foge do hotel. Lutará agora contra o tempo para tentar livrar a própria pele. Série viciante, criada por Steve Yockey, que tem no currículo a longeva “Sobrenatural”. Os episódios sustentam ritmo alucinante, atado a uma narrativa dinâmica que consegue prender bem a atenção do espectador. Sem esquecer, claro, da contagiante trilha sonora composta por sucessos como “Energia”, do duo Sofi Tukker, e “Voulez-Vous”, do ABBA.   Após Kaley Cuoco interpretar por doze anos a personagem Penny em TBBT, causa certo estranhamento ver a atriz em outro papel. Nos primeiros episódios, Penny e Cassie até lembram a mesma personagem. Porém, com o desenrolar da trama, Kaley consegue convencer, assumindo com muito talento o protagonismo necessário ao novo papel. Atuação que rendeu uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz no Emmy. “The Flight Attendant” recebeu, ao todo, nove indicações ao Emmy, além de Melhor Atriz para Kaley Cuoco, o de “Melhor Série de Comédia” e “Melhor Atriz Coadjuvante” para Rosie Perez. A segunda temporada está prevista para o primeiro semestre de 2022.  

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Cinema de horror found footage é tema de livro escrito por pernambucano

Em 1999, a história do desaparecimento de três estudantes de cinema enquanto filmavam um documentário em uma floresta viralizou na internet. Segundo relatos, uma jovem encontrou o material produzido e o entregou à polícia. Nele, o registro do suposto encontro dos estudantes com uma bruxa. O lançamento de “A Bruxa de Blair” é considerado importante marco para o found footage. Desde então, grande número de produções do gênero chegou ao mercado. Fenômeno de grande importância do audiovisual contemporâneo, essas obras serviram de material de estudo para Rodrigo Carreiro, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco. Ao longo de dez anos de pesquisa, o professor catalogou mais de 1.000 títulos (todos em longa-metragem), participou de congressos científicos e orientou pesquisas sobre o tema. Fruto da pesquisa, Carreiro lançou este mês, pela editora Estronho, o livro O Found Footage de Horror. Em entrevista à coluna Cinema e Conversa, o escritor conta detalhes do projeto. O livro é fruto de pesquisa de um programa de pós-graduação desenvolvido na UFPE. O que te motivou a iniciar o projeto? Comecei a pesquisa fazendo um levantamento dos filmes de found footage que existiam. Percebi, imediatamente, que o fenômeno era muito maior do que eu imaginava no início, que não se tratava de uma dúzia, ou quinze ou vinte filmes, mas de centenas. Comecei a catalogá-los e vi que o fenômeno estava espalhado globalmente. Isso me permitiu, ao longo de dez anos de pesquisa, produzir uma lista de aproximadamente 900 filmes catalogados. Lista que vai muito além disso, pois muitos desses filmes são postados diretamente nas redes sociais, em particular no YouTube e no Vimeo, sem nenhum tipo de procedimento de catalogação, por exemplo, no IMDB, em base de dados. Posso dizer, seguramente, que existem mais de 1000 longas-metragens nesse formato. No início, a falta de recursos resultou na produção de filmes do gênero, como “A Bruxa de Blair”. Com o passar do tempo, produtoras maiores lançaram, com mais dinheiro, longas como ‘Cloverfield: Monstro”. O maior investimento melhorou ou piorou o gênero? A partir do momento em que os grandes estúdios começaram a perceber a amplitude do fenômeno, realmente começaram a injetar dinheiro, porém não tanto dinheiro assim. Acho que “Cloverfield”, que custou 25 milhões de dólares, foi o filme de found footage mais caro feito até hoje, é um filme de exceção. A maior parte dos found footage, mesmo os caros, são feitos com cinco, seis milhões de dólares, que para o padrão brasileiro é pouco. Além disso, existem centenas de filmes que são realizados sem orçamento ou com orçamento microscópico, especialmente fora dos EUA. Então, do ponto de vista técnico foi importante o investimento financeiro nesses filmes, mas do ponto de vista estético não tem grande diferença.   O mercado brasileiro tem bons exemplos de filmes found footage? Poderia citar alguns? No Brasil existe a produção de found footage, mas é residual. Até porque o gênero horror, no Brasil, só agora nos últimos dez anos, tem produzido bons filmes de longa-metragem, mas, em geral, que tratam de problemas sociais, não é aquele horror puro que a gente costuma ver em filmes de Hollywood. Eu destacaria dois filmes nacionais: “Os Desaparecidos”, de David Schurmann, realizado em 2001, e “O Matadouro”, de Carlos Júnior, que teve uma repercussão bem razoável nas redes sociais, produzido com apenas R$ 300,00, chegando a ter duas sequências. Esses são os filmes mais conhecidos e importantes do Brasil. O found footage já pode ser considerado ultrapassado ou é possível observar uma renovação do gênero? Eu não diria que o fenômeno do found footage já pode ser considerado ultrapassado. Eu acho que o gênero faz parte de um fenômeno maior que é a incorporação na linguagem do audiovisual cinematográfico do erro técnico, da imperfeição. Aquela coisa da câmera tremida, fora de foco, que perde o áudio em alguns momentos, que tem pouca iluminação, passou a ser naturalizada pelo espectador, principalmente porque o consumo audiovisual de hoje não é mais concentrado na televisão e nos filmes de Hollywood, mas sobretudo nas redes sociais, no YouTube, no Facebook, onde a produção caseira, familiar, casual é muito grande. As pessoas naturalizaram esse fenômeno que foi incorporado ao longa-metragem através do found footage. Isso posto, eu diria que sim, o gênero vem passando por uma renovação, o quinto capítulo do livro trata disso, que são aqueles filmes que constituem uma espécie de subgênero do found footage, filmes que passam todos em telas de computador, com personagens conversando entre sim através de aplicativos como Skype, como o Zoom e outros. Já existem várias produções nesse formato como “Host”, realizado durante a pandemia, e “Searching”, filme que teve uma boa bilheteria em 2018, e o mais conhecido deles, “Amizade Desfeita”, de 2014, que conseguiu arrecadar quase 70 milhões de dólares em bilheteria nos EUA.

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