O cenário imprevisível e tumultuado das eleições de 2018 foi debatido hoje na reunião do Conselho Estratégico Algomais Pernambuco Desafiado na sede da TGI. Palestras dos jornalistas Gilvan Oliveira e Sérgio Montenegro, sobre o pleito eleitoral, e de Ecio Costa, sobre as propostas econômicas do candidatos e a atual conjuntura, trouxeram uma análise das principais candidaturas e sobre o comportamento do eleitorado. Na próxima edição da Algomais traremos uma reportagem sobre o evento.
Sérgio Montenegro fez uma leitura histórica de todas as eleições desde a redemocratização, apontando algumas semelhanças entre o pleito de 1989 e o deste ano, como o número de candidatos elevado. "As muitas candidaturas atuais se devem a um fator diferente daqueles observados na eleição de 89. Lá eram uma expressão de liberdade, pós-ditadura. Hoje é o pós-corrupção, o discurso da renovação. Mas não consigo ver muita renovação em muitos candidatos que estão nessas eleições", afirma o jornalista político. Ele informa ainda que mesmo entre os analistas mais otimistas, as estimativas de renovação do Congresso são de no máximo 30%.
O surgimento de candidaturas fortes fora dos palanques dos grandes partidos ou das coligações mais tradicionais é uma tendência que tem se apresentado no mundo, na análise de Gilvan Oliveira. "O Brasil sempre é o reflexo das democracias mais maduras. Há algumas tendências de outros países que podem acontecer aqui", comenta. Ele apresentou a comparação com a situação política da França, em que um movimento liderado por Emmanuel Macron derrotou as forças políticas históricas. A eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, contra todas as perspectivas dos analistas; e o surgimento dos partidos Ciudadanos e do Podemos, na Espanha, são outros típicos exemplos. "Esses movimentos nascem de eleitores que ficaram órfãos de interação com os partidos políticos tradicionais".
O distanciamento das instituições partidárias com os eleitores impulsiona o surgimento de candidatos que se apresentam de forma mais independente das estruturas tradicionais, como o caso do deputado Jair Bolsonaro (segundo lugar em todas as pesquisas). Outras candidaturas, como a de Marina, na Rede, Álvaro Dias, do Podemos, que se apresentam com a chancela de movimentos, também ganham representatividade nesse momento. "Há uma tendência lá fora de pessoas órfãs de representatividade política que estão migrando para líder personalista ou algum movimento que os abrace", afirma Gilvan.
No Estado, a polarização entre o governador Paulo Câmara e o senador Armando Monteiro Neto tem como grande incógnita o destino dos votos da candidata petista Marília Arraes após a decisão do PT em apoiar o PSB local. A disputa nacional, apesar de bem intrincada com os assuntos locais, tem a tendência de caminhar de forma mais distante nas eleições 2018. "De 86 para cá, esta é a eleição mais descolada da realidade nacional", aponta Sérgio Montenegro.
ECONOMIA
Ecio Costa apresentou um balanço do desempenho econômico nacional no primeiro semestre de 2018, com a sinalização lenta da recuperação da economia e com o impacto da greve dos caminhoneiros nas estimativas de desempenho do País no ano. O economista, que é sócio da Cedes Consultoria e Planejamento, fez ainda uma análise das propostas dos principais candidatos ao pleito presidencial, que revelou muita similaridade. Entre os temas que deverão compor a agenda para o Brasil a partir de 2019 estão a redução do déficit fiscal; o fomento ao crescimento econômico via investimentos e geração de empregos; a organização e continuidade às reformas que diminuam o peso e ineficiência do Estado; e a promoção de uma maior abertura comercial.