Há apenas três meses em Pernambuco, o novo cônsul geral Francês, Romain Louvet, se movimenta para ampliar as relações econômicas entre o seu País e o Estado. O potencial do setor de tecnologias informação e comunicação já foi mapeado pelo diplomata, mas o momento ainda é de prospectar quais os segmentos que interessam a ambos os lados. Confira a entrevista que ele concedeu ao jornalista Rafael Dantas.
Como a presença do consulado contribui para melhoria das relações comerciais na França e Pernambuco?
Temos várias atividades. Primeiramente é importante ressaltar que somos um consulado geral. Temos praticamente a mesma missões de uma embaixada. Fazemos a gestão do fomento da economia francesa presente do Nordeste. Dentro dessa missão estão a promoção da cooperação e parcerias dentro da circunscrição do Nordeste nas áreas de cultura, ensino superior, desenvolvimento econômico. Temos uma parceria bastante natural com Pernambuco, pelo dinamismo do Estado do Nordeste. Acompanhamos como consulado essa parceria nas áreas culturais, ensino superior e pesquisa.
Em que setores há maior potencial para realização de parcerias com a França?
Estamos de olho no Porto Digital, sabemos que é um polo tecnológico interessante. Nosso trabalho está sendo de montar parcerias entre startups brasileiras e francesas. Queremos nos inserir nesse contexto fértil que existe. Podemos nos inserir porque a França tem uma boa performance nessa área de games, apesar de muita gente desconhecer essa França mais dinâmica e tecnológica. Nesse âmbito, um profissional do Porto Digital foi até a Paris conhecer as empresas de lá para tentar identificar que tipo de ação poderíamos fazer para desenvolver essas parcerias. A Business France (o órgão de apoio à internacionalização da economia francesa) já enviou representantes para Recife, após indicação da gente, para conhecer oportunidades do Porto Digital. E saíram daqui com bastante entusiasmo.
O maior interesse do consulado é então no setor de tecnologias da informação e comunicação (TIC)?
Estou num período de exploração ainda. Existe essa realidade da economia criativa forte, mas até agora consulado foi mais forte nas parcerias culturais e de pesquisa. A partir de agora estamos querendo fortalecer essa questão dos laços econômicos mais fortes. A partir da atuação mais forte nas parcerias em cultura, ensino superior e pesquisa que já possuímos no Estado, queremos usar isso para criar uma dinâmica econômica mais forte. E importante entender que temos uma visão global. Pensamos a economia a partir da experiência que já adquirimos nas áreas culturais ou de parcerias universitárias, é um conjunto. Cada elemento deve reforçar e servir o outro. A economia criativa é um dos caminhos, mas identificamos potencial também nos produtos alimentícios e na gastronomia. Estamos num estado de exploração e estamos abertos, não excluímos nada.
Como acontece a atuação do consulado geral nessas parcerias?
Facilitando os contatos com os atores franceses e brasileiros. Fazendo uma ponte. A gente usa a vontade que existe em vários municípios de Pernambuco ou da França para criar parcerias que funcionam bem. Nantes na França, por exemplo, tem várias parcerias com Pernambuco, além da região Occitânia, no sul, que tem Toulouse como a principal cidade. Temos vários modos de ação. O consulado adota papel de facilitador entre as entidades francesas e brasileiras.
Na prática o que essas cidades queriam fazer em Pernambuco?
Um exemplo é o seminário sobre iluminação publica que ocorreu em Recife, em setembro. Nantes mandou especialistas sobre o tema, montou o seminário em conjunto, pouco após a minha chegada aqui. Gostaríamos que a partir desse tipo de iniciativas nascessem oportunidades econômicas. No caso do seminário por exemplo, além de criar uma dinâmica de reflexão em torno duma problemática de iluminação no Recife como nas cidades da França, poderia ser um primeiro passo para atuação de empresas francesas competentes nessa área, aqui. O consulado acredita que Pernambuco é uma região onde tem oportunidades econômicas interessantes, apesar da ideia que o eixo Rio-São Paulo seja mais importante ser bastante difundida. Acreditamos que existem boas possibilidades aqui e estamos para pesquisar isso.
Como o poder público local poderia ajudar nesse desenvolvimento dos laços comerciais?
As autoridades publicas estão interessadas e ativas, mostraram interesse e querem desenvolver essa relação. O setor privado é mais complicado, pois tem ideia que tudo acontece no sul do País. É mais difícil convencer empresas francesas. O poder público tem que fazer a parte dele para valorizar isso e a gente como consulado fazer um esforço para valorizar imagem de Pernambuco. Essa área de investimento privado tudo resta a fazer ainda. Mas é muito importante que as empresas brasileiras tenha interesse nessa relação. Esse desejo tem que ser dos dois lados para estabelecer uma parceria.
Alguma ação planejada para 2017?
Em janeiro irei para Nantes e Toulouse para defender a pertinência e relevância de Pernambuco como lugar para investimento, se baseando nas parcerias institucionais entre os poderes públicos de lá e daqui. A partir daí pretendemos encontrar empresas de lá para investir no Estado. No momento de crise no Brasil isso pode ser complicado, mas o Brasil tem um mercado grande, com consumo grande e não tem porque isso não voltar a ser ativo no ano que vem. E esse é o momento de preparar o terreno. A relação França e Brasil tem apreciação boa de ambos os lados. Temos que usar essa simpatia para facilitar as parcerias. O papel do consulado é de promotoria desses interesses múltiplos. A França é membro também da União Europeia e tentamos nos aproximar de outras relações diplomáticas que existem em Pernambuco para desenvolver ações conjuntas.