Até 15/11, o Recife sedia a primeira edição do projeto Criaturas Urbanas, que realizará um conjunto de ações em espaços públicos da região metropolitana. Ao longo de dez dias de vivência em quatro laboratórios de experimentação, diferentes formatos serão concebidos em uma imersão artística-política-afetiva. Juntos, artistas e não-artistas buscam imaginar, desenvolver e executar variadas maneiras de interferir na cidade.
Descendente direto do saudoso SPA das Artes, o projeto é coordenado por Rosa Melo, Lia Letícia, Adah Lisboa e Luciana Padilha e tem incentivo do Funcultura. Entre os participantes dos laboratórios, há destaques da arte contemporânea brasileira como a baiana Virgínia de Medeiros, os pernambucanos Zé Paulo, Maurício Castro e Lourival Cuquinha, o carioca Ronald Duarte e os paraenses Paulo Paes e Fernando de Pádua, que se somam a dezenas de interessados selecionados localmente por meio de uma chamada pública.
“É uma celebração do legado de coletivos que surgiram no Recife desde os anos 1950s. Dessa vez, o Criaturas Urbanas retoma essa experiência agregando várias gerações”, observa a crítica de arte pernambucana Ana Luísa Lima, integrante do lab de Meditação Crítica que está acontecendo na Casa Marte, no bairro da Encruzilhada. De fato, a “velha guarda” das artes visuais se mistura à pulsão de uma nova geração, representada por Ricardo Brazileiro, Rádio Aconchego, Coletivo Carne, Maria Magú, Ingá Maria Patriota, Chico Ludemir, Maria Clara Araújo e Michel Gomes.
Emaranhando-se com a cidade, o Criaturas Urbanas vem tecendo redes orgânicas que permitem realizações conjuntas com coletivos artísticos e agentes locais de transformação. São coletivos parceiros que recebem os labs do projeto a Casa Marte, o Conjunto 301- AIP, o GTP+, o Casarão das Artes Pilar, SIS/Rádio Aconchego, Coletivo Escambo e o Ponto de Cultura Coco de Umbigada.
Liderado por por Mãe Beth de Oxum, o Coco de Umbigada (rua João de Lima, Guadalupe, Olinda)r ecebe amanhã (quarta, 8/11), a partir das 17h, o Laboratório Interativo Ambulante Engenho. Juntos realizam um minitorneio do game Contos de Ifá, inspirado nos Orixás, que será projetado na parede da Igreja de Guadalupe, em Olinda.
Também amanhã (quarta, 8/11), a partir das 18h, crianças que frequentam o Casarão das Artes Pilar (av. Tiradentes, 122) na comunidade do Pilar, Recife Antigo, apresentam uma peça sonora desenvolvida em parceria com Yuri Bruscky, a partir da gravação de sons do entorno. No domingo, saem em cortejo pela comunidade com figurinos e instrumentos desenvolvidos em oficinas com Zé Paulo e Ruth Steyer.
Na sexta (10/11), a partir das 14h, os participantes do lab ‘Transmissões – ativismo. Narrar-se é Criar-se’ convocam a cidade para um arrastão partindo da sede da Amostras (av. Manoel Borba, 545, 1o andar, Boa Vista), rumo ao Bar da Praça no bairro Bola na Rede. Lá acontece um happening aberto ao público das 15h30 às 17h.
Em Arthur Lundgren 1, Paulista, a Quadra do Mangueirão (av. Euclides da Cunha) é o ponto de encontro para um mutirão de transformação no próximo final de semana (11 e 12/11), onde a população local atuará em conjunto com os integrantes do coletivo Escambo para ações como a implantação de Ciclofrescas (ciclovias traçadas considerando as áreas sombreadas por árvores), plantação de mudas, grafite e outras táticas de reconstrução urbana. Todos são bem-vindos.
Outras ações serão delineadas ao longo da semana e um Diário de Bordo dos laboratórios pode ser acompanhado pelo site www.criaturasurbanas.art.br.
LABORATÓRIOS EM ANDAMENTO
1 - Ambulante Interativo Engenho
Com os artistas Biarittzz, Fernando de Pádua, Ricardo Brazileiro e a Rádio Aconchego (Maria Magú e Gus Cabrera), o núcleo desenvolve propostas de intervenções coletivas a partir do contato com grupos que já atuam na cidade.
2- Transmissões – aRtivismo. Narrar-se é Criar-se.
Com os artistas Chico Ludermir, Maria Clara Araújo e Virgínia de Medeiros, o núcleo aborda a narrativa a partir das formas que o corpo permite – com a fala, com a dança, com o grito, com o choro, com os olhos e com o silêncio.
3 - Meditação Crítica ou 4UADRILHA ou Tá Môco?
Com a curadora Ana Luisa Lima, o artista Maurício Castro e a jornalista Tati Diniz, o núcleo aborda processos contemporâneos de emissão de mensagens para gerar uma coleção de lambe-lambes.
4 - Barrocada: Quando é que a Casa Caiu?
Com o Coletivo Carne (Iagor Peres e Jorge Kildery) e os artistas Lourival Cuquinha e Ronald Duarte, o núcleo apresenta um panorama de artistas e coletivos que desenvolvem projetos em espaços públicos, trazendo reflexões sobre as cidades e como vivemos nelas.