Cepe Editora lança 65 perfis de personagens da história em Pernambuco
Da Cepe A fim de popularizar a história de Pernambuco, o jornalista, escritor, cartunista e quadrinista Paulo Santos de Oliveira já criou HQs para revistas e jornais, inspirou filmes e peças teatrais e agora lança o livro Pernambuco, histórias e personagens, pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). São 65 perfis biográficos de figuras que marcaram cinco séculos da memória do Estado. O título se destaca pela linguagem acessível, classificada pelo prefaciador da obra, Caesar Sobreira, como uma narrativa que obedece ao rigor histórico, mas que apresenta um leve sabor de crônica. O lançamento acontecerá nesta quinta-feira, dia 9, às 19h, no canal da Cepe Editora no YouTube. Na live, o autor conversará com Caesar Sobreira (professor titular de Antropologia no Departamento de Ciências Sociais da UFRPE), com o advogado Maurício Rands e George Cabral (professor do Departamento de História da UFPE e presidente do Instituto Arqueológico de Olinda), que fará a mediação do encontro. Cinquenta dessas histórias foram publicadas semanalmente no Diario de Pernambuco, na forma de minibiografias, entre os anos de 2016 e 2017, como parte das comemorações relativas ao Bicentenário da Revolução de 1817. Nesta edição o autor acrescentou 15 biografias inéditas. Entre os nomes perfilados estão Duarte Coelho Pereira, da Nova Lusitânia, apresentado como aposentado, rico, cinquentão e recém-casado com uma jovenzinha de 18 anos, antes de o rei de Portugal Dom João III o incumbir de assumir o posto de primeiro capitão-donatário da Capitania de Pernambuco. E assim, de forma coloquial, Paulo Santos vai descrevendo personagens e fatos. Desenhos do quadrinista e ilustrador da Cepe, Pedro Zenival, fazem a abertura de cada capítulo. O artista visual assinou ainda os desenhos da primeira HQ da editora, também de autoria de Paulo Santos: 1817, Amor & Revolução (Cepe,2017). História é um gênero no qual a Cepe tem investido bastante, especialmente a pernambucana. De acordo com o editor Diogo Guedes, o livro busca atrair a curiosidade do leitor através da linguagem e da estrutura do enredo. “A escolha de Paulo Santos, de tratar a história através de personagens, é uma forma de tornar o nosso passado mais interessante. O livro procura mostrar um pouco dessas pequenas e grandes narrativas existentes no passado de Pernambuco, abrangendo um período grande de tempo. Não é uma obra focada nos meandros de cada evento histórico, mas sim no esforço de despertar o interesse do leitor para a memória pernambucana”, ressalta. O principal critério do autor para selecionar os personagens a serem perfilados foi que a narrativa das suas vidas lançasse luz sobre diferentes aspectos dos episódios históricos abordados. Ele escolheu padres para realçar o papel da Igreja, militares para assuntos bélicos e políticos para as questões dessa área. Sempre focado no gênero, Paulo Santos escreveu também A Noiva da Revolução, livro sobre o movimento de 1817, que inspirou o premiado filme A Revolução Esquecida, da cineasta Tizuka Yamazaki, com participação do autor no roteiro. O documentário, inclusive, foi vencedor do prêmio TAL, Televisón América Latina, em 2018. Segundo Caesar, os dois títulos se dedicam ao resgate histórico. Logo na apresentação, o escritor reforça a necessidade de se conhecer a história e cita um trecho do francês Alexis de Tocqueville (1805-1856), autor do clássico A democracia americana: “Quando o passado não ilumina o futuro, o espírito vagueia nas trevas”. Paulo Santos se queixa de um certo desinteresse da população por sua própria memória, apesar da dedicação de estudiosos, museus locais, Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico, e da Academia Pernambucana de Letras. Mas acredita que também faltam livros, quadrinhos, filmes e seriados que a popularizem. Por isso concentrou seu trabalho na forma. O escritor lembra que Pernambuco, histórias e personagens é uma obra escrita por um romancista, não por um historiador profissional. “Meu propósito é apenas contribuir para aumentar um pouco o interesse por esse tesouro oculto, por essa verdadeira botija que costuma aparecer nos sonhos de muita gente, pedindo para ser desenterrada: a memória popular do passado pernambucano”, diz o autor. SOBRE O AUTOR Na década de 1970, Paulo Santos de Oliveira participou da histórica revista de HQ Balão, ao lado de Laerte, Chico e Paulo Caruso e Luis Gê. Colaborou com Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e Pasquim. No Recife trabalhou em jornais locais, e foi correspondente de jornais de oposição à ditadura. Fundou periódicos alternativos locais, ao lado de Xico Sá, Geneton Moares Neto, Lailson, Clériston, Ral e Bione. Nos anos 80, coordenou a comunicação de movimentos sindicais e populares. E com a virada do século tornou-se escritor, autor de romances históricos, como A Noiva da Revolução (2007), que inspirou a criação da peça teatral O Nascimento da Bandeira (por Ronaldo Correia de Brito); o já citado documentário dramatizado 1817, A Revolução Esquecida, por Tizuka Yamazaki; o CD de música erudita Suíte 1817, (por Múcio Callou, em 2018); a HQ A Noiva (por Thony Silas, desenhista da Marvel Comics, em 2017); e outra HQ, 1817, Amor e Revolução (Cepe, 2017). Em 2012, lançou O General das Massas, sobre as trajetórias pessoais e políticas de Abreu e Lima e Simón Bolívar. Recentemente, em parceria com a Embaixada da Holanda, lançou a série Pernambukids. ENTREVISTA COM O AUTOR A primeira HQ publicada pela Cepe foi em 2017 e de sua autoria: 1817, Amor e Revolução. Qual a ideia de expandir o universo da história para formatos e linguagens tão diferentes? PAULO SANTOS DE OLIVEIRA - O primeiro trabalho que planejei fazer sobre 1817 seria uma HQ, mas achei o tema tão rico e tão vasto que resolvi tratá-lo em forma de romance. Daí virei escritor e criei A Noiva da Revolução, que só saiu em quadrinhos mais adiante. E também se tornou um filme, 1817, A Revolução Esquecida, de Tizuka Yamazaki, com alguma participação minha no roteiro. Em que momento você se permitiu fazer especulações sem compromisso com o rigor científico? PAULO OLIVEIRA - Quando pesquisamos sobre acontecimentos históricos é natural encontrar diversas versões distintas para o mesmo evento. Ao historiador rigoroso cabe checar essas fontes, compará-las etc., até onde for
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