Tatuagem, da ideia até a montagem

Da Cepe

A Cepe publica um livro fundamental para jovens cineastas e interessados na nova produção audiovisual brasileira: A invenção de Tatuagem. Ricamente ilustrado, o título aborda o processo criativo do cineasta pernambucano Hilton Lacerda, Tatuagem (2013), que em 2015 entrou para a lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema entre os 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. A publicação é resultado de pesquisa feita pelos autores: Paulo Cunha, Marcos Santos e Georgia Cruz. Eles narram o processo criativo em todas as etapas do primeiro longa de Hilton, desde a ideia inicial até a montagem. O lançamento será no próximo dia 20, às 17h, no pátio térreo da Fundaj do Derby.

O evento acontece logo após a exibição do filme, às 15h, na Sessão Cinemateca no Cinema da Fundação. A entrada é gratuita, mas terá limite de 100 espectadores na sala. A Fundaj adotará o protocolo anti-Covid.

“A Cepe tem se interessado cada vez mais em abordar a produção audiovisual pernambucana no seu catálogo, e A invenção de Tatuagem faz parte desse caminho. É um livro que traz o efervescente processo criativo e as várias etapas de elaboração do longa de Hilton Lacerda, com um mergulho não só no filme como produto final, mas também nas pesquisas, discussões e histórias que fomentaram a obra”, define o editor da Cepe, Diogo Guedes.

Para quem não assistiu ao filme, Tatuagem conta o romance entre Clécio, líder de um grupo teatral, o Chão de Estrelas, e Fininha, um soldado do Exército brasileiro. A história se passa em Olinda, em 1978, nos primeiros anos da ditadura militar. No livro os autores contam que a obra faz referências afetivas ao grupo de teatro Vivencial, ao ator Pernalonga, ao pop-filósofo Jomard Muniz de Britto e ao diretor Guilherme Coelho.

Quando ainda elaborava a ideia do longa, o cineasta chegou a pensar em fazer um filme baseado no romance Orgia, do escritor argentino Túlio Carella, que viveu no Recife nos anos 1960. Outra possibilidade era um documentário sobre o escritor Jomard Muniz de Britto, que segundo Hilton é o maior articulador entre a vida boêmia, marginal e a vida acadêmica.

Numa conversa com o escritor João Silvério Trevisan, o diretor foi aconselhado a abordar ficcionalmente o universo do Vivencial, conhecido como o território da diferença na época em que existiu, ocupado por transformistas, favelados, gays e héteros, professores e estudantes universitários, militantes de esquerda e gente do povo. Uma vastidão humana e a oportunidade de contar várias histórias em uma só, abordar vários temas que vinha estudando, como sexualidade, contracultura, a importância do próprio Jomard num cenário de resistência e a vida recifense.

Todo esse universo faz parte do livro, a força da prosa poética de Jomard no prefácio, a construção do argumento, a discussão cinematográfica sobre o âmbito do Super-8, enfim, um filme contemporâneo a partir da ótica passada.

Os três autores leram diferentes tipos de tratamentos do roteiro, estudaram fotografias de cena, consultaram materiais da direção de arte, como cenografia, figurinos e adereços, assim como retornaram às obras que inspiraram o diretor: livros, filmes e histórias. A pesquisa foi realizada no campo dos programas de pós-graduação em comunicação e em design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Diretor e roteirista de Tatuagem, Hilton Lacerda diz que o livro é uma janela interessante para compreender processos e escolhas e criar a sensação de proximidade na realização do filme. “Pessoalmente, e acredito que para todos que participaram do projeto, adiciono uma forte dose de paixão por ver as memórias eclodirem de maneira tão viva no livro. E isso nós precisamos muito: manter-nos atentos e provocadores, mesmo sob as nuvens cinzas que pairam sobre o nosso País”, enfatiza.

A invenção de Tatuagem é ricamente ilustrado, com fotos do diretor de fotografia Ivo Lopes, do fotógrafo Flávio Gusmão e do autor Marcos Santos, sem falar das imagens anteriores às filmagens que são de outros fotógrafos, como Ana Farache, que cedeu imagens do Vivencial. O projeto gráfico da designer Sandra Chacon, traz para o leitor a estética do filme.

“A Cepe é provavelmente a única editora no Brasil com coragem para bancar uma edição dessas a preço acessível. O catálogo da Cepe demonstra um cuidado todo especial com o cinema feito em Pernambuco, publicando livros com roteiros e pesquisas relevantes”, enfatiza Paulo Cunha, autor de Geneton – Viver de ver o verde mar (Cepe 2019), em coautoria com a jornalista e fotógrafa Ana Farache. O escritor tem ainda outro título pela Cepe, também com a abordagem do audiovisual, A aventura do Baile Perfumado: 20 anos depois (2016), escrito em parceria com a jornalista Amanda Mansur.

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