Arquivos Cultura E História - Página 147 De 390 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

Voz, baixo e bandolim: Isadora Melo retorna com novo EP

Para ouvir o novo EP da recifense Isadora Melo é preciso não só ouvidos bem atentos, mas coração aberto e pulmões carregados. Todo ar, seu mais novo trabalho de estúdio, chega às plataformas de streaming no dia 21 de janeiro, presenteando o público com cinco faixas inéditas de voz, baixo e bandolim. As composições cheias de lirismo, que tomam forma na voz doce e, ao mesmo tempo, potente da artista, contam ainda com as parcerias luxuosas de Juliano Holanda - cantor e compositor já consagrado na música pernambucana contemporânea - e Martins, que despontou como uma das revelações do cenário fonográfico nacional em 2020. Outros pernambucanos ilustres se juntam a eles para dar vida às canções de Todo ar. Rafael Marques, companheiro de Isadora, e seu virtuoso bandolim marcam presença em todas as faixas da pequena coletânea musical, imprimindo uma sonoridade original com ares, ora de Choro, ora de Trova, mas sem perder as raízes nordestinas, lembradas o tempo inteiro pelo sotaque bem marcado da cantora. O músico ainda contribuiu, juntamente com Marcello Rangel - cantor e compositor de destaque da nova safra de artistas do estado - para o coro da faixa Corpo de uma flor. Walter Areia, ex-Mundo Livre S.A. também participou, diretamente de Lisboa, onde reside desde 2016, com o contrabaixo, que foi mixado à distância num estúdio da Zona Norte do Recife, conferindo ainda mais o tom lírico ao lançamento popular. As cinco faixas de Todo ar falam sobre observações do cotidiano da artista e contemplação do tempo, tema recorrente em suas reflexões. Parte significativa das músicas surgiram em meio ao isolamento social, provocado pela pandemia de Covid-19 desde março de 2020, período que também foi marcado pelo nascimento de seu filho, Sereno, de 1 ano e 4 meses. "Tudo o que eu queria pensar e o que vinha era sobre tempo, sobre a barriga crescendo, sobre as crises que estamos enfrentando. (Disso) Saíram Sábio senhor; Azeite, limão e sal (da contemplação da relação que temos aqui em casa e comidas) e Como o sol da manhã (feita pra Sereno, ele pequenininho e eu pensando em como explicar as coisas do mundo, olhando na estante dele o livro Mania de explicação, de Adriana Falcão)”, explica Isadora. “Acho que o tempo é a mensagem. Sempre falo de tempo, evoco o tempo de escuta, o tempo do silêncio. No meu primeiro disco (Vestuário, 2016), o tempo também era um elemento importante para mim, pausa e respiro. Mas nesse EP, eu deixo a melancolia, que eu sinto que trazia em Vestuário, e deixo o tempo com a contemplação mesmo”, completa a artista. Já Corpo de uma flor começou a ser feita há quase quatro anos, numa parceria entre Isadora e Martins. “Mandei, em 2018, uns textos para Martins e ele musicou uma parte. Aquela música ficou esquecida pela metade. Quando nos fechamos na quarentena, em março de 2020, eu resolvi ser mais ativa nas leituras e criações. A primeira música que nasceu nesse período foi essa. Reabri o arquivo, escrevi o refrão e os outros dois versos e nasceu Corpo de uma flor”, lembra Isadora sobre o processo criativo. "E vira água e vira leite, queimando dentro até o céu, ai, ai. E vira dança e vira crença e vira ofício de todo dia", diz o refrão escrito por ela. Todo ar, canção que dá título ao EP, foi a composição derradeira entre as cinco faixas, numa parceria entre Isadora, Martins e Juliano Holanda. "Vivendo desta maneira, a vida sai soprando toda a poeira que o tempo atrai. E todo o ar que eu respirar eleve a ave que há em mim, dor às vezes vira flor no meu jardim", canta a artista no refrão da música, que fala sobre o processo de alguém encontrando o seu lugar no mundo, o auto acolhimento quando se aprende a gostar de quem se é. “Todo ar foi a última que compus, em parceria com Martins e Juliano Holanda. Eu fiquei por muito tempo com a melodia criada, sem conseguir botar a letra, e mandei pra Martins, que fez, com a maestria de sempre, a parte A. Chamamos Juliano pra terminar a canção”, detalha. Junto com o EP, será lançado o clipe da faixa Todo ar, no dia 21 de janeiro. O vídeo foi dirigido por Luara Olívia, fotógrafa e filmmaker recifense, que vem conquistando cada vez mais espaço na cena audiovisual pernambucana, através de clipes musicais de artistas do estado, como Sofia Freire, Barro, Flaira Ferro, Samico e Larissa Lisboa. Com Isadora, o conceito para ilustrar a canção foi colocá-la numa posição de contrates entre prazer e dor. Gravado numa casa “fora do lugar”, o videoclipe mostra a cantora destruindo numa mesa de café da manhã, posta sob a luz do sol. "Ela (Luara Olívia) me via muito solar nas minhas músicas, nas minhas gravações. E eu já enxergava o contrário: via-me numa caixa preta. E aí a gente entrou num consenso de destruir o prazer, que é encontrar esse caminho de ser você, porque tem muitas dores, mas também muita delícia. Então a gente entrou no conceito de destruir a mesa de café da manhã, que é a minha refeição preferida. Partimos desse ponto de colocar essa mesa num lugar solar, como ela me via, mas de ser sobre desfazer essa mesa, não de desfrutar", explica Isadora sobre a ideia que, junto com a diretora, quis transmitir pelo videoclipe. O pré-save, tanto do EP, quanto do clipe, já está disponível em todas as plataformas digitais.

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Obra de J. Borges ganha exposição no Museu de Arte do Rio

Cariocas e turistas terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a Xilogravura através da exposição J. Borges – O Mestre da Xilogravura, que começa no dia 22 de janeiro no Museu de Arte do Rio. A mostra traz uma coletânea de 40 xilogravuras, sendo 10 obras inéditas, 10 matrizes inéditas e as 20 obras mais importantes da sua carreira, com temas que retratam a trajetória de vida do artista, considerado pelo dramaturgo Ariano Suassuna como o melhor gravador popular do Brasil. José Francisco Borges, o J. Borges, de 86 anos, é Patrimônio Vivo de Pernambuco, título concedido pelo Estado aos mestres da cultura popular pernambucana, reconhecidos como Patrimônio Imaterial. É natural de Bezerros, no Agreste pernambucano, onde vive e trabalha até hoje. Filho de agricultores, trabalhava desde os 10 anos na lida do campo. O gosto pela poesia o fez encontrar, nos folhetos de cordel, um substituto para os livros escolares. Na exposição, os visitantes poderão conferir obras que retratam diversas fases da história de J. Borges com os temas ‘No Tempo da Minha Infância’, ‘Na Minha Adolescência’, ‘Vendendo Bolas Dançando e Bebendo’, ‘Serviços do Campo’, ‘Cantando Cordel’, ‘Plantio de Algodão’, ‘A vida na Mata’, ‘Plantio e Corte de Cana’, ‘Forró Nordestino’ e ‘Viagens a Trabalho e Negócios’. "Estou muito alegre com essa exposição sobre meu trabalho na xilogravura. Eu ainda quero viver bastante. O que me inspira é a vida, é a continuação, é o movimento. É aquilo que eu vejo, aquilo que eu sinto", afirma J. Borges. A exposição reserva um lugar especial para a poesia popular com um espaço dedicado à literatura de cordel. Cordelista há mais de 50 anos, os versos de J. Borges tratam do cotidiano da vida simples do campo, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrupção, os folguedos populares, a religiosidade, a picardia, entre outros assuntos. A originalidade, irreverência e personagens imaginários são notáveis nas suas obras. “O nordeste brasileiro ocupa um lugar importante no imaginário popular. Essas manifestações são ainda mais fortes na Literatura de Cordel. Narram lendas e verdades também. Daí surge J. Borges, que oferece ainda mais vida a esses contos numa infinidade de imagens. Ele encontrou uma maneira acessível de retratar os desafios cotidianos de um povo”, ressalta Raphael Callou, diretor da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), instituição que faz a gestão do MAR. A mostra trará ainda 2 obras assinadas por J. Miguel e Bacaro Borges, filhos e aprendizes do artista, além da exibição de uma cinebiografia sobre vida e obra do artista, assinada pelo jornalista Eduardo Homem. “A exposição retrata a magia da sua obra, tão importante para o povo brasileiro e para o mundo. A arte visual brasileira se tornou mais importante depois que J.Borges começou a criar seu trabalho de xilogravuras, tornando-se um dos maiores xilogravuristas do mundo. Sem dúvidas, ficará na memória do público para sempre”, afirma Angelo Filizola, curador da exposição. O artista desenha direto na madeira, equilibrando cheios e vazios com maestria, sem a produção de esboços, estudos ou rascunhos. O título é o mote para Borges criar o desenho, no qual as narrativas próprias do cordel têm seu espaço na expressiva imagem da gravura. O fundo da matriz é talhado ao redor da figura que recebe aplicação de tinta, tendo como resultado um fundo branco e a imagem impressa em cor. As xilogravuras não apresentam uma preocupação rigorosa com perspectiva ou proporção. A produção geral é da empresa Cactus Promoções e Produções Eireli-ME.

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Cepe lança livro sobre a vida e obra Tereza Costa Rêgo

Da Cepe Principal voz feminina do modernismo pernambucano, Tereza Costa Rêgo (1929-2020) ganha livro de arte A liberdade em vermelho, editado pela Cepe. A obra é repleta de fotografias de suas criações, além de textos inéditos assinados por artistas, curadores e escritores como Raimundo Carrero, João Câmara, Clarissa Diniz, Marcus Lontra, Bruno Albertim, Denise Mattar, Cida Pedrosa e Ana Mae Barbosa. Além de depoimentos de amigos e da própria Tereza, que permeiam as páginas do livro, cujo projeto editorial é assinado pela jornalista, escritora e neta de Tereza, Joana Rozowykwiat. O lançamento ocorre dia 20 de janeiro, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, e é acompanhado de uma exposição no Espaço Cultural Cícero Dias, com curadoria dos jornalistas Bruno Albertim e Marcus Lontra. A mostra é realizada pela Cepe, Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE/ Fundarpe) e Mepe. Filha da aristocracia açucareira já decadente, Tereza nasceu “para enfeitar o piano da sala”, como ela mesma dizia. “Não hesitou, contudo, em quebrar o piano”, escreve Bruno, escritor e biógrafo de Tereza. Aos 15 anos, ela entrou na Escola de Belas Artes do Recife. Foi lá que conheceu e ficou amiga de artistas como Francisco Brennand, Aloísio Magalhães e Reynaldo Fonseca, e teve como professores Vicente do Rego Monteiro e Lula Cardoso Ayres. Em 1949, ganhou do Salão de Artes Plásticas de Pernambuco uma viagem a Paris. Nessa época já ficaram conhecidas obras povoadas por sinhazinhas como instituição do patriarcado, como escreve Bruno. . . Depois começou a pintar mulheres despidas, figuras constantes em seu trabalho. Engajada na pintura regionalista, transpassa os limites do modernismo brasileiro. Formada em História pela USP, acompanhou de perto também os acontecimentos políticos da época, quando começou a viver uma história de amor com o dirigente do Partido Coomunista Diógenes de Arruda Sampaio. Com ele, entrou na clandestinidade e passou a se chamar Joanna. Exilou-se no Chile, na Europa e na China. Em 1979, quando o casal voltou ao Brasil, Diógenes morreu de infarto fulminante. Com a perda, a pintora decidiu que não seria mais a companheira do líder revolucionário; seria mulher e pintora. “A Cepe vê com muita responsabilidade e alegria essa ideia de publicar uma obra sobre a trajetória e a arte de Tereza Costa Rêgo. Focamos na obra de um dos principais nomes da arte moderna pernambucana para apresentá-la nacionalmente”, declara o editor da Cepe, Diogo Guedes. O curador Marcus Lontra costuma dizer que o Brasil tem não apenas o dever, mas o direito de conhecer Tereza Costa Rêgo, para quem a obra “é fundada em três pilares: o feminino como regência, a história como base e o vermelho como caminho”, resume. Se no início vieram as figuras femininas misteriosas, como diz Lontra, “meninas-bonecas inanimadas e sufocadas por uma estrutura social opressiva que agredia a intimidade corajosa e determinada da artista”, com o exílio ao lado do grande amor, Diógenes de Arruda Sampaio, Tereza trava “conhecimento próximo com as ideias marxistas e com o materialismo histórico”, o que lhe dá “instrumentos necessários para a elaboração de uma pintura comprometida com a história e com o seu tempo”, analisa Lontra. A arte-educadora Ana Mae Barbosa conclama em seu texto a reescrita da história, reconsiderando as artistas mulheres. “Acho que ainda é tímida a reconstrução da história da participação das mulheres na arte dos países ocidentais. Devíamos começar a escrever a história do machismo nas artes”, defende Ana, lembrando que, no ano 2000, quando aconteceu a exposição dos 500 anos de colonização do Brasil, na Bienal de São Paulo, não havia nenhuma artista mulher na arte do século XIX. “Por isso, pesquisando textos sobre Tereza Costa Rêgo, fico tão feliz em ver que depois de um grande tempo tendo sua obra mal divulgada, no século XXI o sistema das artes acordou para sua importância e são muitos os artigos sobre sua pintura na internet”. Vencedora do Prêmio Jabuti 2020, a poetisa Cida Pedrosa teve publicado na íntegra seu discurso de homenagem à artista, proferido em 2019, quando era secretária da Mulher da Prefeitura do Recife, e descreve Tereza como a artista que empodera mulheres. “A pintura dela é toda a minha dor já vivida. É toda a tristeza esquecida. É a minha alegria possível. É toda a capacidade que eu tenho de morrer e renascer em um vermelho único, que ela criou como marca para um mundo que nem sempre está pronto para saber quantas Terezas existem no coração de uma mulher”. Já para o artista João Câmara, Tereza cumpriu com dignidade e beleza uma longa vida de artista e de mulher. “No seu caso, seria difícil separar as duas coisas. Minha melhor e mais feliz lembrança dela é seu belo sorriso, irmão de um olhar de sabedorias e encantos”. EXPOSIÇÃO O co-curador, escritor e jornalista Bruno Albertim, amigo íntimo de Tereza, conta que essa exposição está sendo pensada há alguns anos, antes mesmo de a artista falecer, com o objetivo de “nacionalizar” o nome da artista pernambucana. “Ela queria muito ver sua obra exposta em grandes museus do Brasil. Com seu falecimento, surge a necessidade de adicionar um caráter biográfico à mostra”, declara Bruno, autor da biografia Tereza Costa Rêgo: Uma mulher em três tempos (2018, Cepe Editora). O jornalista pretende levar a exposição para vários museus do País. O conceito curatorial ressalta o caráter épico e histórico da produção de um dos grandes nomes femininos da pintura modernista pernambucana, “ainda não devidamente reconhecida pela historiografia oficial do Brasil”. Para possibilitar o contato com as obras, de acordo com Joana Rozowykwiat, houve um trabalho prévio de pesquisa, que localizou obras de períodos diversos. “Algumas delas muito antigas, da década de 40, quando a artista ainda assinava como Terezinha; outras mais recentes, mas que nunca haviam sido expostas”, revela a jornalista. "A liberdade em vermelho é um convite a conhecer e se aprofundar no trabalho de Tereza Costa Rêgo. É uma forma de ampliar o alcance da sua produção, levando toda a sua beleza,

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Pesquisa revela crise no mercado musical gerada pela covid-19

Da Agência Brasil A segunda edição da pesquisa Músicos/as & Pandemia, realizada pela União Brasileira de Compositores (UBC) em parceria com o cRio, laboratório de ideias da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), mostra que 89% dos músicos tiveram perdas em função da pandemia da covid-19, em 2021, e 50% dos trabalhadores do setor perderam toda a sua renda. O cenário sinalizado é de crise continuada. O levantamento ouviu cerca de 611 músicos associados ou não à UBC e 37 empresas ligadas ao setor de eventos de todos os estados do país, em dezembro último. Entre os artistas, 89% afirmaram que passaram a ganhar menos dinheiro durante a pandemia, alta de 3 pontos percentuais em relação a 2020, quando 86% afirmaram terem sofrido perdas. “A gente percebe exatamente isso, que a pandemia continua afetando o setor da música”, afirmou a coordenadora de Comunicação da UBC, Mila Ventura. A maior parte dos profissionais ouvidos é formada por homens (84%), contra 15% de mulheres. Em sua maioria, os entrevistados estão na faixa etária de 31 a 50 anos (57%), têm ensino médio (32%) ou superior (27%) e estão distribuídos no Rio de Janeiro (26%), São Paulo (19%), Bahia (11%), Minas Gerais e Rio Grande do Sul (9% cada) e Pernambuco (6%). Os demais estados englobam outros 19%. De acordo com a UBC, autores, instrumentistas, cantores e produtores são os profissionais mais comuns da cadeia produtiva. A faixa de renda mínima que eles disseram necessitar para se manter varia entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por mês, embora 19% tenham afirmado que precisam arrecadar mais de R$ 5 mil mensalmente, para poderem sobreviver. Entre todos os entrevistados, 46% trabalham unicamente com a música. Índice anual A intenção da UBC é criar um índice anualizado para o setor, para sentir o impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado, ao longo do tempo. O diretor-executivo da UBC, Marcelo Castello Branco, destacou a importância dos levantamento dos dados e como eles podem nortear a atuação não só da entidade, mas de toda a indústria. “Eles são vitais ferramentas de trabalho para nossas previsões e estimativas. A inteligência de negócios nos ajuda a enfrentar e desafiar estes dias que manual de sobrevivência nenhum especulou”, destacou Castello Branco. Além dos artistas, a crise atingiu os mais diversos elos da cadeia produtiva do setor. Entre as empresas ouvidas pela pesquisa, 33% tiveram que diminuir os salários dos colaboradores desde que se iniciou o isolamento social, e somente 40% não precisaram demitir funcionários nesse período. Entre os artistas que tiveram suas receitas totalmente interrompidas devido à covid-19, 50% afirmaram ter perdido 100% do que ganhavam com música antes da pandemia, 25% dos entrevistados perderam até 50% e os 25% restantes tiveram queda de até 80% dos rendimentos. Apesar da queda brutal de receita, a esperança em dias melhores permaneceu existindo entre os músicos brasileiros: 53% dos entrevistados manifestaram que pretendem continuar trabalhando apenas com música, embora diversificando suas atuações nesse mercado; 30% seguirão se dedicando à carreira da mesma maneira; 3% pretendem seguir no mercado, mas diminuir a atuação com música e focar em outra profissão complementar; e 2% pretendem deixar de trabalhar com música. O levantamento revela ainda que 46% dos entrevistados têm sua renda totalmente proveniente da música, enquanto 18% já começaram a procurar outras atividades por causa da pandemia, e 35% afirmaram que já tinham outros trabalhos anteriormente.“O que a gente percebe é que tem um percentual da galera que migrou para outros pontos da própria música. Começou a produzir mais. Essa movimentação é bastante interessante. As pessoas começaram a aprender e a mexer em outros setores, além da parte da composição e shows ao vivo, e migraram para outras outras áreas da música para fazer sua renda acontecer”, analisou Mila Ventura. Resiliência Em relação ao baixo percentual (2%) dos profissionais que pretendem deixar de trabalhar com música, a análise de Mila é que isso reflete a resiliência e o amor à profissão dos entrevistados. “Quem trabalha com música é com muita paixão e entende que essa é a única maneira de se expressar para o mundo”. A maioria dos consultados confia no retorno positivo das plateias nas apresentações ao vivo: 39% acham que os eventos terão grande adesão de público devido à demanda reprimida do isolamento social; 34% acreditam que shows e eventos terão adesão controlada, seguindo os protocolos das agências sanitárias; e 11% afirmaram que apresentações ao vivo terão baixa adesão de público devido ao medo de novas variantes. Mila Ventura chamou a atenção que as informações para a pesquisa foram coletadas em dezembro, quando não se tinha a visão de crescimento da variante Ômicron e ainda havia uma perspectiva mais favorável do que hoje. “Os resultados são negativos, mas ainda não se tinha a visão que temos hoje de crescimento da Ômicron, cancelamento do carnaval de rua e de eventos previstos para janeiro e fevereiro. Eu acho que seria ainda pior se a gente repetisse a pesquisa hoje”, comentou a coordenadora de Comunicação da UBC. “Os impactos seriam maiores, porque já têm muitos shows cancelados. Eu vislumbro uma perda ainda maior, com a quantidade de shows e de eventos cancelados”. A União Brasileira de Compositores (UBC) foi fundada em 1942. É uma associação sem fins lucrativos, dirigida por autores, cujo objetivo principal é a defesa e a promoção dos interesses dos titulares de direitos autorais de músicas e a distribuição dos rendimentos gerados pela sua utilização, bem como o desenvolvimento cultural. A entidade representa mais de 40 mil associados, entre autores, intérpretes, músicos, editoras e gravadoras.

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Banho de cachoeira e muita história em Escada

Que tal tomar um banho gelado de cachoeira, para se refrescar deste calorão que está fazendo e, de quebra, conhecer a casa-grande de antigos engenhos que tiveram moradores e visitantes ilustres? Você pode fazer esse passeio diferenciado em Escada, que fica pertinho do Recife, a 62 km de distância. Nos idos do século 19, o município, privilegiado por terreno fértil e pela abundância de águas, presentes em rios, cachoeiras e corredeiras, abrigou parte importante da oligarquia açucareira de Pernambuco, época que pode ser lembrada hoje nos antigos engenhos e em algumas edificações observadas na sede, sobretudo na Rua da Matriz. O Turismo Rural de Escada, idealizado e organizado pelo escadense Álex Antony, é dividido em cinco rotas temáticas, que fazem parte atualmente do Turismo do Estado de Pernambuco, por meio do projeto Bora Pernambucar, do qual já foi agraciado com o carimbo da campanha do passaporte Pernambucano de incentivo ao turismo local. A rota Caminhos das Águas, consiste num passeio pelas cachoeiras, bicas, corredeiras, quedas d’água e piscinas naturais, existentes na zona rural de Escada, num total de 12 cachoeiras, propícias ao banho, como Pé de Serra, Meireles, Bomba, Rasga Sunga e Matapiruma. Na Rota dos Barões, um dos destaques são as ruínas da casa-grande do Engenho Jundiá, onde nasceu o artista plástico Cícero Dias em 1907. É uma pena observar que uma edificação tão bonita e importante como patrimônio esteja nessas condições. Mas a visita vale a pena. O local foi palco de vários acontecimentos, alguns trágicos, como a inesperada invasão do cangaceiro Antônio Silvino, em 1899, que assassinou a filha do primeiro prefeito de Escada e outros empregados e no início do século 20. A casa-grande recebeu visitantes menos violentos, como o Lord Carnavon, descobridor do túmulo de Tutacamon no Egito. A casa-grande do Engenho Sapucaji, datada de 1862, também acolheu personalidades. Em 1887 recebeu o príncipe da Alemanha Henrique, da Prússia, e na década de 1990, o pintor Cícero Dias, que morava na época em Paris. Já o Engenho Conceição de Cima, atualmente é uma fazenda de cacau, com produção de chocolates, genuinamente pernambucano. Ele pertence aos herdeiros do conselheiro João Alfredo, que teve participação decisiva na promulgação da lei Áurea, em 1888. Mais informações no Instagram @turismoescada e no telefone 81 99115-6667.

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Torre Malakoff apresenta nova exposição de Guilherme Patriota

O artista visual Guilherme Patriota inaugura neste sábado (15), a partir das 16h, a sua primeira exposição individual. Intitulada “Fluxo Fantasia”, a mostra fica em cartaz na Torre Malakoff, até o dia 30 de março, e reúne 42 desenhos, 75 fotografias e dois vídeos artísticos. A curadoria é de Laura Sousa e Renata Pimentel. A entrada é gratuita, mediante apresentação de comprovante de vacinação e uso de máscara. “A exposição exalta a pluralidade de Guilherme como criador de personas e seus contextos ou cenários. Entre o colorido e o preto e branco, o figurativo e as formas geométricas. Sua maneira de sentir o mundo e os acontecimentos desvela um fluxo que hibridiza histórias e aproxima ironias cotidianas, questionamentos políticos, imagens documentais e seu traço particular”, afirma Laura Sousa, que assina a curadoria. Criação de um universo que induz a muitas descobertas em suas minúcias e interligações, “Fluxo Fantasia” ocupa quatro salas no primeiro andar da Torre Malakoff e traz observações do cotidiano e suas contradições, cores, paisagens, personagens, disputas e encontros. “Esta exposição tem um significado muito importante para mim, dado que é uma observação minuciosa de duas mulheres incríveis (Laura Sousa e Renata Pimentel) sobre minha produção de mais de vinte anos ininterruptos. As minhas noções de improviso e fluidez, que nasceram na minha infância em Itapetim (PE), somadas às pesquisas artísticas empíricas nascidas em Campina Grande (PB), aliadas ao profissionalismo técnico acumulado em Recife (PE) e às minhas viagens pela América Latina e Europa podem ser observadas, absorvidas e (re)interpretadas nos discursos imagéticos dos desenhos, das palavras, das fotografias e dos vídeos como um simples ato de viver a arte”, comenta Guilherme Patriota. “É uma busca por um equilíbrio pessoal enviesado ao próprio equilíbrio artístico, o equilíbrio do planeta. Nas construções menos aritméticas estão as cores e os traços da busca pelo equilíbrio “natural” de qualquer ser que caminha na verdade colorida dos traços em preto e branco”, completa o artista. Os desenhos apresentados, feitos com nankin, lápis colorido, canetas porosas e outros materiais, são de diferentes dimensões e, no conjunto, estão presentes trabalhos que pertencem às séries “Geométrico Anti-geométrico”, “Processo de Passagem”, “Sistemas” e, também, desenhos sem título. O artista nos envolve em possíveis construções de enredos com diversas possibilidades de leituras sensíveis entre realidade e ficção. Outro destaque da mostra é a série “Os descamisados ou releituras indecentes de uma história da arte mal contada” exibida, primeiramente, de forma virtual e que terá um recorte que poderá ser visto presencialmente. São trabalhos inspirados, por exemplo, no livro “A História da Beleza”, organizado por Umberto Eco, e que colocam em contato e sobreposição representações simbólicas da Arte nos fazendo pensar sobre a força da noção do Belo em nossa formação cultural coletiva e no nosso gosto estético. Em videoarte, Guilherme mescla personas e cidades, trazendo um arcabouço de imagens produzidas em viagens por distintos países e regiões de Pernambuco e do Brasil. Por tantos percursos, que incluem vivências na Itália, na Inglaterra, França, no Sertão do Pajeú (PE), Sertão da Paraíba e em outras geografias, que traçam memórias e encontros a partir dos temas/títulos “Lugargente” e “Gentelugar” e que reforçam seu mecanismo inventivo em que o fazer artístico flui, como em um improviso consciente, e vai conduzindo seu próprio olhar de contador/narrador. O conjunto de fotografias pertence à série “Recife Mobille” (work in progress). Produzida com diferentes smartphones e sempre em trânsito pela capital pernambucana, essa é uma série contínua que, para as curadoras, revela o olhar investigativo e curioso de Guilherme diante de personagens e cenários registrados no Recife no exato momento em que o artista foi provocado por cores, ângulos e por situações inusitadas. “Guilherme instaura uma espécie de mestiçagem de técnicas, espaços, geografias; como músico – que também é – revela-se um exímio improvisador; é um multiartista que inventa mundos, tece narrativas diversas, urde uma fantasia em que opostos convivem, ambiguidades se (re)velam e o Sertão do Pajeú se espraia pelo Recife, pela latino-americanidade, chegando a reinventar a sua própria Europa ‘descamisada’. Guilherme encanta e provoca o olhar e a subjetividade. Impossível não se fascinar pelos seus mundos inventados”, pontua a também curadora, Renata Pimentel. Guilherme Patriota é artista, jornalista, pós-graduado em Literatura e Estudos Culturais, estudou Cinema Político Latino Americano, é documentarista e produtor cultural com mais de 20 anos de experiência. É de Itapetim, Sertão do Pajeú, vive e trabalha no Recife e foi diretor de Produção da Mais Propaganda, Coordenador audiovisual do Museu de Arte Assis Chateaubriand, Coordenador de produção e logística da Secult-Fundarpe e é sócio fundador da Theia Produtores Associados (2001 – atual). Nas artes visuais, desenvolve um trabalho contínuo e ininterrupto desde 1999, entre desenhos, pinturas, colagens, doc art, videoarte e textos (contos, poesias e roteiros), participou de quatro exposições coletivas, ilustrou os livros “A Síndrome Ocidental” (Frederico de Navarro) e “De pueri et viri” (Antônio de Pádua Dias da Silva). A realização da mostra é da Theia Produtores Associados e o incentivo é do Funcultura (Secult, Fundarpe – Governo de Pernambuco). A expografia é assinada por Mariana Melo e Gustavo Albuquerque, a identidade visual por Adeildo Leite, a montagem é resultado da parceria com a Art.Monta Design, a fotografia das obras é de Eric Gomes e as molduras do Ateliê de Molduras (Arnaldo Vitor e Gerson Vitor).

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Palco Esperantivo leva shows de Babi Jaques & Lasserre e Raphael Costa a ruínas históricas, no Cabo

O Esperantivo - Casa, Comida e Cultura, hub criativo digital e selo de música independente, leva à Vila de Nazaré, no Cabo de Santo Agostinho, shows do duo Babi Jaques & Lasserre e do cantautor pernambucano Raphael Costa neste sábado, dia 15/01. A programação contará ainda com declamação livre de poesia e apresentação em literatura de cordel e acontece a partir das 14h nas ruínas do antigo Convento Carmelita, na área interna da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré (uma das igrejas mais antigas do Brasil, erguida em 1597).   A ação marca a estreia presencial do Palco Esperantivo, projeto idealizado pelos jornalistas e artistas pernambucanos Jefte Amorim e Andrea Trigueiro. "É uma alegria muito grande pra gente, depois do fechamento da casa de circulação artística, voltar a promover atividades de fortalecimento da cultura e de valorização do patrimônio do Cabo", destaca Jéfte, que também participa da programação com declamação em poesia e apresentação da programação do palco.   Todas as atividades do Palco Esperantivo integrarão a programação da Feirinha do Vale da Lua, iniciativa de inclusão produtiva e desenvolvimento local criada por empreendedoras do litoral do Cabo. Com isso, além dos shows, o público presente poderá participar de oficinas promovidas pela Feirinha e ainda contar com estrutura de gastronomia, moda, artesanato, artes plásticas, terapias interativas, produtos e serviços ofertados diretamente por quem produz.   A entrada é gratuita, mas, por medida de segurança sanitária, atendendo às recomendações do Governo do Estado de Pernambuco, só será permitida a entrada e permanência de pessoas usando máscara e com comprovante de vacinação.     SOBRE OS SHOWS Para esta edição do Palco Esperantivo na Feirinha do Vale da Lua estão escalados para as apresentações musicais o duo Babi Jaques & Lasserre, conhecido por, desde 2019, ter vivido em uma van com um Palco Hacker acoplado, de forma nômade pelo País. O duo foi destaque do Festival No Ar Coquetel Molotov.exe com um documentário sobre a experiência. https://www.youtube.com/watch?v=fi54p-XQMn4   Além do duo, também fará show o artista pernambucano Raphael Costa, compositor, intérprete e curador da Casa de Seu Jorge. Com parcerias com nomes com Elba Ramalho e Marcelo Jeneci, Raphael levará ao palco canções produzidas durante a pandemia e também de seus discos de estúdio.     SERVIÇO Palco Esperantivo com shows de Babi Jaques & Lassere e Raphael Costa Sábado, dia 15 de janeiro de 2022, a partir das 14h. Ruínas do Antigo Convento Carmelita - Rua do Sol, S/N, Igreja de Nossa Senhora de Nazaré - Vila de Nazaré - Cabo de Santo Agostinho/PE Entrada Gratuita (de máscara e comprovante de vacinação)  

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Três Contos Mágicos em cartaz no Barreto Júnior

Domingo é dia de teatro, uma verdadeira tradição afetiva na história de cada recifense. Por isso, no dia 16 de janeiro, domingo, o teatro Barreto Júnior (Pina, zona sul do Recife) será palco da produção especial "Três Contos Mágicos", do Humantoche Produções. Uma peça teatral onde há uma contação de histórias que levará o público a três contos infantis inesquecíveis: "Branca de Neve", "Cinderela" e "A Pequena Sereia". Dentro de um castelo encantado há um baú que guarda objetos especiais que servirão de guia para a contação das histórias, quando o público será convidado a relembrar e passear pelos clássicos da literatura infantil com muita dança, cores, músicas e efeitos especiais. Ao longo da peça os atores irão interagir com a garotada - todos os profissionais usam máscara de proteção, e o uso de máscara pelos espectadores dentro do teatro também será obrigatório. AÇÕES CONTRA COVID E DOAÇÃO PARA BAHIA Além de solicitar esquema vacinal completo dos espectadores, a organização fiscalizará o uso de máscara dentro do teatro e evitará aglomerações - tanto que apenas 182 espectadores serão permitidos. O espetáculo "Três Contos Mágicos" será apresentado dia 16/1, domingo, a partir das 16h30 no teatro Barreto Junior (Rua Estudante Jeremias Bastos, 39, Pina, Recife-PE), com ingressos vendidos apenas pelo Sympla, para evitar reunião das pessoas na bilheteria. Valores: R$ 50,00 (inteira) ou R$ 25,00 (meia entrada) e ainda R$ 25,00 + 1 kl de alimento (ingresso social). Os alimentos arrecadados serão doados para as vítimas das chuvas na Bahia. Crianças de até 12 anos pagam meia. Outras informações pelo 81 9803-2724.

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9 fotos das cidades do Litoral Norte antigamente

Destaque da matéria de capa da Revista Algomais desta semana, um passeio pelo passado do Litoral Norte é o tema da primeira publicação do ano da coluna Pernambuco Antigamente. Uma viagem que passa por Itapissuma (foto de abertura), Itamaracá, Paulista, Goiana e Igarassu. Confira as imagens abaixo. Ilha de Itamaracá, em 1880 (Foto de Constantino Barza, no Acervo Benídio Dias/Fundaj) Veja também: 6 fotos de Itamaracá Antigamente . Katarina Real no Forte de Orange, em 1966 (Katarina Real/Fundaj) . Praça Agamenon Magalhães, em Paulista . Igarassu, em 1956 (Biblioteca do IBGE) . Igreja Matriz de São Cosme e São Damião Veja mais em 12 imagens de Igarassu Antigamente . Igreja Nossa Senhora da Soledade ou Convento da Soledade . Igreja da Ordem Terceira do Carmo (Goiana, PE), 1858, imagem de Auguste Stahl. . Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, em Goiana (do site Goiana dos Caboclinhos)   Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafaeldantas.jornalista@gmail.com | rafael@algomais.com)

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"Uma das coisas mais emocionantes da Usina de Arte é ver como as pessoas do local mudaram".

A arte salva. É o que preconizam expoentes de diversas modalidades artísticas. Um exemplo interessante dessa redenção aconteceu na Usina Santa Terezinha, desativada no final dos anos 1990, quando deixou sem perspectivas a comunidade de seis mil pessoas que moram no distrito da cidade de Água Preta, na Zona da Mata Sul, onde está localizada. Mas toda essa decadência foi ressignificada com a sua transformação em Usina de Arte. Renomados artistas plásticos fazem estadia no espaço e produzem obras que compõem o cenário do exuberante jardim botânico cultivado com espécies de várias localidades do mundo. Se a produção da monocultura da cana devastou a mata atlântica, agora, com o plantio do parque, até os jacarés e as tartarugas voltaram a frequentar a região. Do contato com o projeto, várias pessoas da comunidade tornaram-se microempreendedores de restaurantes, pesque-pague, guia de turísticos e de trilhas. A vivência com a arte fez também brotar dois artistas da região que têm obras expostas no parque. Oficinas são oferecidas aos alunos das seis escolas existentes dentro da usina com temas que vão da fotografia à operação de equipamentos numa fab lab (do inglês fabrication laboratory, laboratório de fabricação). Nesta conversa com Cláudia Santos, a presidente da Usina de Arte Bruna Pessoa de Queiroz, conta a história dessa metamorfose orquestrada por ela e o marido Ricardo, que contaram com o auxílio luxuoso de vários artistas. E, para aqueles que quiserem diversificar uma programação de verão que não seja só de praias, o parque artístico-botânico e o seu entorno reserva atrações que vão da arte contemporânea, trilhas, a banhos na barragem, entre outras diversões. Como surgiu a ideia da Usina de Arte? A Usina Santa Terezinha foi construída pelo coronel José Pessoa de Queiroz, bisavó do meu marido, Ricardo Pessoa de Queiroz, que passou a infância dele na usina. Como toda usina de cana, atravessou suas crises, teve vários percalços com o governo militar e a sua última moagem foi no final da década de 1990. E ficou fechada esse tempo todo. Sou prima do meu marido e quando começo a namorar com ele, queria muito conhecer a usina, porque era muito comentada na minha família. Mas para Ricardo era uma relação mais difícil de perda. A usina foi tomada da família até ser novamente recuperada e isso causava um certo trauma. Passou-se um tempo até reabrir a casa e começar a frequentá-la. As pessoas da comunidade local estavam diariamente lá pedindo para voltar a funcionar a usina. Não acreditávamos mais nesse caminho, depois de 20 anos. Começamos a pensar como isso poderia ser feito. Fizemos uma visita a Inhotim e nos apaixonamos pela proposta. Convidamos um artista, que tem muitas peças expostas lá, Hugo França para vir para usina. Ele vem e faz o primeiro trabalho e vira um grande amigo. Ele retornou em 2013, 2014 e 2015 e nos sugeriu que convidássemos outros artistas. Então, por diversos caminhos, chegamos ao nome de José Rufino, que é convidado a pensar uma obra para a usina. Ele termina virando nosso parceiro e nesse momento nasce o projeto sem muita formatação. Nesse mesmo ano, visitamos a SP-Arte, porque já que escolhemos esse caminho, fomos aprofundar os conhecimentos, e novamente Hugo nos apresenta a Fabio Delduque, realizador do Festival de Arte Serrinha, em Bragança Paulista (SP). Foi uma sinergia gigante porque esse festival é realizado numa antiga fazenda de café e somos uma fazenda de cana. Fábio ia sair numa itinerância com um grupo de artistas. Já estava certa uma viagem para a Ilha do Marajó (PA) e Serra da Moeda (MG) e estava faltando a conexão com o Nordeste. A primeira itinerância da Serrinha aconteceu aqui na usina em novembro de 2015. Foi muito mágico. Não havia público externo, apenas a comunidade e o grupo de artistas. Achamos que era importante incluir o cenário artístico local. Fizemos alguns convites para alguns artistas do Recife participarem. Foram seis dias numa imersão, realizamos oficinas, tivemos uma performance no final do festival com os alunos , a bailarina Lu Brites e Benjamim Taubkin tocando piano na instalação da antiga usina. Foi muito, muito bonito. No final desse festival formalizamos como a usina iria funcionar. Em janeiro de 2016 nos tornamos, oficialmente, uma associação. Mas digo que estreamos em 2015, quando já atuava na usina com um pensando mais voltado para a comunidade. A partir daí desenvolvemos diversas ações, convites para residências artísticas e elegemos vários projetos. Fale um pouco do museu de arte e por que a escolha pela contemporânea. Nós o chamamos de Parque Artístico Botânico, outros chamam de museu a céu aberto. A arte contemporânea é o que há de mais atual e é uma forma de comunicar um pensar artístico muito amplo. Encontramos nesse caminho uma ferramenta boa de troca. Os artistas estão muito permeáveis e se permitem trocar com a comunidade. Rufino foi o primeiro e foi muito mágico o período que ele passou em imersão. Ele foi curador do projeto durante alguns anos. Para nós, a participação da comunidade é muito importante. Passamos a convidar a artistas que tivessem a disponibilidade de ir à comunidade, trocar, entender, conversar, explicar um pouco do trabalho realizado. Tudo que fazemos parte de dentro da comunidade para fora. O artista é convidado a conhecer a usina, ele fica quanto tempo achar necessário, não temos um cronograma muito fixo para sua permanência. Depois ele retorna, pensa numa proposta que passa pelo conselho curatorial, o artista discute com o conselho e após a aprovação, esse artista começa a frequentar a usina para instalação dessa obra. Sempre realizamos aulas, conversas com a comunidade e, muitas vezes, a obra nasce dessa troca com o espaço, com a história e com as pessoas do lugar. E como é o Parque Botânico? Como se trata de um jardim botânico, temos plantas de todos os continentes. Ainda é um projeto, mas já fazemos parte da Rede Brasileira de Jardins Botânicos, temos parcerias com jardins do País todo, recebemos biológicos do Kews Garden (do Reino Unido). Um dos

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