Arquivos Cultura E História - Página 207 De 381 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

25ª edição da Festa de Reis mantém viva a tradição

Em sua 25ª edição, a tradicional Festa de Reis da Casa da Rabeca do Brasil, na segunda-feira (6 de janeiro), abrirá espaço para uma especial homenagem a Mestre Aicão, do Boi Coroado de Araçoiaba e fundador do Maracatu Leão Coroado. O mestre faleceu no último dia 26 de dezembro, deixando um importante legado para a cultura popular do estado. O evento começa às 19h e marca o encerramento do ciclo natalino da Casa da Rabeca, iniciado com o Encontro de Cavalo Marinho, no dia 25.12. Promovida pela família Salustiano, a festa tem acesso gratuito e conta com apoio da Fundarpe, da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco e da Prefeitura de Olinda. Na abertura se apresentará o Mamulengo Alegre de Olinda e, na sequência, os Cavalos Marinho Boi Matuto de Olinda, criado pelo saudoso Mestre Salustiano; Boi Brasileiro e Estrela do Amanhã, ambos de Condado, Boi Ventania, de Feira Nova e o Boi Coroado de Aracoiaba, numa grande homenagem ao seu criador, Mestre Aicão. A festa de reis ou reisado chegou ao Brasil pelos colonizadores portugueses e é uma das mais tradicionais manifestações culturais brasileiras, em especial no Nordeste. As apresentações reúnem grupos de personagens ricamente vestidos – como o Mestre, Mateus e Catirina – e outros figurantes – que simulam batalhas por meio de cantos e danças em celebração ao Dia de Reis. SERVIÇO: 25ª Festa de Reis da Casa da Rabeca do Brasil Quando: segunda-feira, 06 de janeiro de 2020 Onde: Casa da Rabeca (Rua Curupira, 340, Cidade Tabajara – Olinda/PE) Horário: 19h Entrada gratuita. Mais informações: 3371-8197

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Janeiro de Grandes Espetáculos começa ao som de Capiba

O 26º Janeiro de Grandes Espetáculos abre as cortinas para o público, nesta quarta-feira (8), às 19h30, no Teatro de Santa Isabel, com uma homenagem a Capiba. O show “Noites Sem Fim”, do pernambucano Geraldo Maia, dá um recorte especial à larga obra de Lourenço da Fonseca Barbosa: o cantor escolheu privilegiar o Capiba compositor das valsas, sambas, guarânias e maracatus mais do que o Capiba dos frevos. Convidado especial para a ocasião, o ator Arilson Lopes intercala o repertório musical com a declamação de poemas de Carlos Pena Filho e Ascenso Ferreira, dois grandes parceiros de Capiba. Ingressos estão à venda por R$ 40 e R$ 20 (serviço abaixo) – o show contará com recurso de audiodescrição e tradução em Libras. Versátil, múltiplo, capaz de produzir composições em gêneros diversos, Capiba (1904-1997), natural de Surubim, escreveu mais de 200 canções que vão do bolero ao maracatu, do samba-canção a peças eruditas. “Tenho predileção especial não pelo Capiba dos belos e alegríssimos frevos, mas pelo compositor das melodias e letras dolentes, às vezes desesperançadas, tristes mesmo, e que, em alguns casos, ecoam o barroco”, explica Geraldo. O repertório de “Noites Sem Fim” traz clássicos como “Recife, Cidade Lendária”, “Serenata Suburbana”, “Maria Bethânia”, “Verde Mar de Navegar”, “A Mesma Rosa Amarela” (parceria com Carlos Pena Filho), “Quando Se Vai Um Amor” e “Sem Pressa de Chegar” (parceria com Délcio de Carvalho). O quinteto que acompanha Geraldo Maia é formado por Alberto Guimarães (violão 7 cordas), Adalberto Cavalcanti (bandolim e direção musical), Bráulio Araújo (baixo acústico), Júlio César (acordeon) e Renato Bandeira (guitarra semiacústica). “Optei por uma formação quase camerística neste show. Não tem percussão, não tem bateria, não tem instrumento elétrico. Isso para reforçar o tom intimista, boêmio, lírico, poético, às vezes meio soturno das canções”, afirma o cantor. Dentro da programação do JGE, “Noites Sem Fim” será reapresentado na quinta-feira (9), às 20h, no Teatro de Santa Isabel; e também dia 16, no Manhattan Café Teatro, e dia 25, no Teatro Samuel Campelo, em Jaboatão dos Guararapes. Antes do show, a Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco), realizadora do evento, recebe no palco os cinco homenageados desta edição do JGE: o ator e diretor Zé Manoel (categoria Teatro), Joca (categoria Técnica), o maestro Edson Rodrigues (Música), a bailarina e coreógrafa Cecília Brennand (Dança) e a Família Marinho (Poesia). O JANEIRO – Há 26 anos, o mês de janeiro é sinônimo de arte, cultura e grandes espetáculos em Pernambuco. Em 2020, o maior festival de artes cênicas e música do Estado ocupa os principais teatros do Recife, de 8 de janeiro a 3 de fevereiro, com mais de 90 atrações de teatro, dança e música. A programação do Janeiro de Grandes Espetáculos está disponível no www.janeirodegrandesespetaculos.com. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente através do site Sympla e quiosques da Ticket Folia nos shoppings Recife, RioMar e Tacaruna – alguns eventos têm entrada franca ou bilhetes trocados por 1 kg de alimento. A efervescente produção artística pernambucana responde pela maioria da programação. Ultrapassando as divisas do Estado, companhias/artistas da Bahia, Paraíba, São Paulo e Rio Grande do Sul foram escalados. Da China, Eslováquia e de Portugal, virão quatro espetáculos. Oito teatros da capital vão virar palco para o JGE: Santa Isabel, Apolo, Arraial, Barreto Júnior, Boa Vista, Hermilo Borba Filho, Luiz Mendonça, Marco Camarotti. Algumas montagens serão apresentadas nos espaços alternativos Casa Maravilhas, Manhattan Café Teatro, Sesc Casa Amarela e Espaço Fiandeiros, que também recebem oficina, exibição de documentário e palestra. Além da capital, seis cidades integram o Janeiro. Em parceria com o Sesc, os municípios de Caruaru (Teatro Rui Limeira Rosal), Garanhuns (Teatro Reinaldo de Oliveira), Goiana (Igreja Matriz de Nossa Sra. do Rosário) e Jaboatão dos Guararapes (Teatro Samuel Campelo). Camaragibe (Casarão de Maria Amazonas) e Serra Talhada (Espaço Cabras de Lampião) também abrem as cortinas para o festival. Em 2020, o festival volta a premiar os melhores espetáculos pernambucanos que estiveram em cena. Após um hiato de dois anos, a premiação ganha nome e sobrenome: Prêmio Copergás de Teatro, Dança e Música de Pernambuco. SERVIÇO Abertura do Janeiro de Grandes Espetáculos com o show “Noites Sem Fim” Dia 8 de janeiro (quarta), às 19h30 Teatro de Santa Isabel: Praça da República, s/n, Santo Antônio, Recife Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda no site Sympla e quiosques da Ticket Folia (shoppings Recife, RioMar e Tacaruna). Na bilheteria dos teatro, à venda duas horas antes da sessão.

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Teatro Fernando Santa Cruz abre ocupação de pautas para 2020

A cena Teatral olindense está bem movimentada após a reabertura do Teatro Fernando Santa Cruz, no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, na entrada de Olinda. A segunda convocatória para a ocupação do espaço já está disponível no site da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (addiper.pe.gov.br) e, para o mês de fevereiro, faz um chamamento preferencialmente para temáticas voltadas para o ciclo de carnaval As inscrições acontecem entre 02 e 17 de janeiro com o preenchimento do cadastro via e-mail teatrofernarndosantacruz@addiper.pe.gov.br. Fortalecendo a política pública de ocupação do equipamento cultural, espetáculos inéditos e não inéditos de artes cênicas, circo, música, dança, ópera, entre outros poderão participar gratuitamente da concorrência para a utilização do espaço desde que possuam todas as exigências dispostas no edital. Durante a primeira temporada – que está em cartaz até o final de janeiro – o espaço recebe os espetáculos H(eu)stória, Auto de Natal,Ainda escrevo para Elas, Orquestra Malassombro, Retomada, Soledade, Meia Noite e o espetáculo de música Fábio Trummer e Espera o Outuno, Alice. A programação completa está disponível nas redes sociais do Centro Cultural. Fomentação local – Considerando a importância de manter viva a cultura local, fica destinado o percentual mínimo de 20% da ocupação das pautas para espetáculos realizados por artistas, grupos, coletivos, companhias ou trupes com residência ou sede no município de Olinda.  

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Oralidade para conectar raízes e criar novos espaços de encontro

O lirismo do sertão em contato com a oralidade da África do Oeste. Em um intercâmbio de imersão, o contador de histórias François Moïse Bamba partilha sua herança da tradição oral com comunidades quilombolas de Carnaíba, no Sertão do Pajeú, durante vivências, apresentações e oficinas gratuitas. O ator natural do Burkina Faso, país do oeste africano, tem sua passagem no sertão pernambucano programada para os dias 11 a 18 de janeiro. O projeto, que tem incentivo do Funcultura, visa contribuir com o enriquecimento das culturas, por meio de um aprendizado mútuo. Contar histórias, dentro dessa tradição oral, é uma arte que François Bamba domina e pratica. “O conto de uma maneira geral nos países africanos, e na África do Oeste em particular, era a grande escola da vida. Antes da chegada do colonizador, passávamos pelo conto para ensinar, para educar e para coabitação, colaboração e respeito das coisas e dos humanos. O conto tem esse valor muito forte, ainda tem”, relata François. As atividades do projeto serão de visita às comunidades, rodas de conversa, partilhas de saberes, momentos de contos, oficina em torno da oralidade e um momento de encerramento aberto ao público com apresentações de François, de grupos da comunidade e um palco aberto a outros artistas do sertão do Pajeú, que acontecerá no dia 18 de janeiro. Todas gratuitas e realizadas no terreiro cultural do quilombo de Abelha, em Carnaíba, onde o artista e uma equipe vão residir durante os oito dias. A ação abrange também os quilombos de Brejo de Dentro, Gameleira e Travessão do Caroá, que com o Abelha dialogam entre si através das artes e de elementos tradicionais dos quais são herdeiras. A matriz afrodescendente é o elo dessas comunidades que abrigam em torno de 330 famílias e uma população de 1.320 pessoas. “As comunidades quilombolas e os grupos de tradição cultural são portadoras da tradição oral, através da qual suas práticas se perpetuam. Acreditamos que colocar em contato essas práticas, entre artistas de cá e de lá seja profundamente enriquecedor para ambos os lados, pois o encontro permite reconhecermos no corpo a conexão antes de tudo humana que a oralidade traz, e mais precisamente a conexão histórica que temos, e através desse corpo torná-la atual e viva, abrindo caminho para novos possíveis” pontua Laura Tamiana, artista residente em Recife que acompanha François na tradução do francês para o português, na cena e fora dela, e produz suas atividades no Brasil. A dupla trabalha junto desde 2017 em atividades artísticas e culturais no Brasil e no Burkina, através de suas estruturas de produção, a Terreiro Produções e a Companhia Les Murmures de la Forge (Os Murmúrios da Forja). Deram ao conjunto de suas atividades realizadas em parceria o nome de Ba-kô, que na língua Bambara tem dois significados: “as costas da mãe” e “do outro lado da margem”, esse nome simbolizando para eles o convite a ir ao encontro do outro, à descoberta do mundo, a partir de um lugar de acolhimento e cuidado. Com as turnês do artista no Brasil, já realizaram mais de 50 apresentações em 8 estados brasileiros nesses dois anos. Para a imersão no Pajeú contam também com a coprodução da Equinócio Criações, de Karuna de Paula, e a colaboração de Edna Andrade, moradora e uma das lideranças do quilombo Abelha, ambas articuladoras e parceiras do projeto desde a sua concepção. SERVIÇO Do Burkina Faso a terras quilombolas – um encontro pela oralidade De 11 a 18 de janeiro de 2020 Encerramento aberto ao público no dia 18 de janeiro a partir de 19h. Proposta: Oito dias de intercâmbio entre François Moïse Bamba e comunidades quilombolas de Carnaíba, no sertão do Pajeú, terra conhecida por sua forte oralidade através da poesia no sertão pernambucano. Local: Quilombo Abelha Real

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Queima da Lapinha encerra Ciclo Natalino hoje (6)

Como reza a tradição cultural nordestina, os festejos do Ciclo Natalino, promovidos pela Prefeitura do Recife desde o último dia 1º de dezembro, em vários locais da cidade, encerram hoje (6), com a Queima da Lapinha, que reunirá 11 pastoris no Pátio de São Pedro, a partir das 17h. A Queima da Lapinha é uma tradição religiosa do século 19, trazida pelos jesuítas para o Brasil, cujo simbolismo está relacionado à manjedoura onde nasceu o Menino Jesus e ao dia em que ele foi visitado pelos três reis magos. Feita de folhagens secas e incensos, a lapinha é queimada aos olhos do público, que joga seus pedidos no fogo, na esperança de que sejam realizados. Todo o ritual é acompanhado de cânticos e jornadas, conduzidas pelas pastoras. A concentração para o cortejo será no Pátio do Carmo, de onde cordões azuis, encarnados e pastoras seguem em cantoria até o Pátio de São Pedro, acompanhadas por Mendes e sua Orquestra. Desta edição do evento, participarão os pastoris: Pastoris Estrela Brilhante, Angel de Brasília Teimosa, Giselly Andrade, Campinas Alegre, Tia Mariza, Estrela do Mar, Estrela Guia do Cabo, Rosa Mística dos Torrões, Sonho de uma Adolescente, Viver a Vida- 3ª idade e Tia Nininha – 3ª idade. Ao final da cerimônia, Lapinha já queimada, os pastoris darão as boas-vindas ao próximo ciclo festivo da cidade, saudando o Carnaval que se anuncia, ao som do frevo. O encerramento será em grande estilo, com participação do Coral Edgar Morais e do Grupo Matulão de Dança. Serviço Queima da Lapinha Data: 06/01 Local: Pátio de São Pedro Horário: A partir das 17h Programação 17h às 20h30 – Mendes e sua Orquestra Pastoril Estrela brilhante Pastoril Angel de B. Teimosa Pastoril Giselly Andrade Pastoril Campinas Alegre Pastoril Tia Mariza Pastoril Estrela do Mar Pastoril Estrela Guia do Cabo Pastoril Rosa Mística dos Torrões Pastoril Sonho de uma Adolescente Pastoril Viver a Vida – 3ª idade Pastoril Tia Nininha – 3ª idade 20h30 – Coral Edgar Morais e Grupo Matulão de Dança

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Pernambuco pioneiro na telona

Por Houldine Nascimento e Wanderley Andrade, especial para Algomais O Prêmio do Júri para Bacurau no Festival de Cannes, em maio deste ano, é consequência de um trabalho consistente de cineastas pernambucanos, resultado de toda uma tradição cinematográfica pouco conhecida do grande público. Há quase duas décadas, Pernambuco tem chamado atenção do restante do País e (por que não?) do mundo pela força e peculiaridade de diversas produções audiovisuais. O êxito da sétima arte no Estado, contudo, não é de hoje. Quando o assunto é cinema, o pioneirismo de Pernambuco é evidente já no começo do Século 20, quando as primeiras salas de exibição são instaladas no Recife: inaugurado em julho de 1909, o Pathé foi a primeira sala local. Na década de 1920, os italianos Ugo Falangona e J. Cambiere desembarcam na Veneza Brasileira com o cinematógrafo. Mais adiante, a dupla funda a produtora Pernambuco Film, que repassa toda a estrutura para a Aurora-Film, fundada por Ary Severo, Edson Chagas e Gentil Roiz. Não por acaso, o trio se sobressaiu na produção audiovisual pernambucana naquele momento. “Ary Severo tinha voltado da Europa, viu o cinema acontecendo, e isso fez com que ele se juntasse a Gentil Roiz, um ourives apaixonado por cinema, e Edson Chagas. Daí eles resolveram produzir filmes”, ressalta o pesquisador e cineasta Alexandre Figueirôa. Posteriormente, o ator e diretor sergipano Jota Soares se junta a esses três nomes. Era um período em que a capital pernambucana transbordava modernidade, conforme pontua Figueirôa: “Havia bonde elétrico, iluminação nas ruas. Era um boom desenvolvimentista e o cinema, de certa forma, é uma invenção da modernidade. Então, fazer cinema naquele momento era algo inovador, diferente. Isso foi uma das motivações.” Nesse contexto, surgiu o que se convencionou chamar Ciclo do Recife (1923-31), quando 13 longas-metragens foram produzidos no Estado. As primeiras produções do movimento sofriam forte influência do cinema estadunidense, hegemônico no mundo. Eram obras com personagens bem demarcados, numa relação maniqueísta, com temáticas que envolviam amor, dignidade e honra. O primeiro filme do ciclo é Retribuição (1924), de Gentil Roiz. Na trama, Edith Paes (Almery Steves) recebe como herança de seu pai um mapa do tesouro. Um ano depois, ajuda um desconhecido enfermo (Barreto Júnior). Uma quadrilha planeja roubar sua fortuna, mas a heroína recebe a ajuda do mocinho para que isso não aconteça. Na equipe de produção, Ary Severo foi o assistente de direção, enquanto Edson Chagas assinou a direção de fotografia e Jota Soares o auxiliou na função. A recepção do público foi positiva. A este filme, seguiram-se Um ato de humanidade (1925), produção de propaganda que promoveu a estreia de Soares como ator, e Jurando vingar (1925), dirigido por Severo. O terceiro filme do Ciclo do Recife já não foi recebido com muito entusiasmo. Pelo contrário: a ausência de cor local acabou despertando críticas de quem acompanhava com afinco a sétima arte. “Esses realizadores faziam filmes inspirados no que eles viam, produções sobre aventura e norte-americanas, sobretudo. Algumas pessoas dos jornais e que acompanhavam cinema reclamavam que os filmes não tinham elementos da cultura nordestina e pernambucana”, comenta Alexandre Figueirôa. Dessa cobrança para refletir a cultura pernambucana na tela grande, nascem, em 1925 e 1926, as duas produções do movimento com maior destaque: Aitaré da praia, de Gentil Roiz, e A filha do advogado, de Jota Soares. A primeira traz imagens de pescadores e jangadas no litoral do Estado, já a segunda evidencia o urbanismo recifense, suas pontes, casarios e o vai e vem de automóveis. A filha do advogado foi além das divisas de Pernambuco e chegou a ser exibido em cidades como Belém, Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo. A crítica acolheu bem o filme. Na extinta revista Cinearte, houve o seguinte registro: “Digam o que quiser os invejosos e despeitados, mas a estréa (sic) do Jota como director (sic) não podia ser melhor. A photographia (sic), embora não esteja isenta de falhas, é a melhor vista em films (sic) pernambucanos. Quanto ao conjunto de intérpretes agradou plenamente.” Mesmo com essa trajetória de prestígio, os custos da produção foram altos e levaram a Aurora-Film à falência. Outras produtoras surgiram: Olinda-Film, Planeta-Film, Veneza-Film e Vera Cruz-Film. Produção da Liberdade-Film, No cenário da vida (1931), com direção de Jota Soares e Luiz Maranhão, marca o desfecho do prolífico Ciclo do Recife. O advento do som no cinema foi determinante para que o movimento formado por filmes mudos chegasse ao fim, como revela o diretor e pesquisador Paulo Cunha: “Na década de 1930, há uma quebra (na realização de filmes) por causa da tecnologia do cinema sonoro, que demorou a chegar aqui. Isso fez com que os produtores brasileiros ficassem incapacitados de acompanhar esse tipo de produção.” Apesar dessa ruptura, Cunha atenta para o vanguardismo local. “Em várias outras cidades do Brasil, o cinema é muito posterior. Um exemplo muito simples disso é que o primeiro longa-metragem de ficção feito no Recife é datado de 1923 (referindo-se a Retribuição). Já o primeiro longa de Salvador, na Bahia, foi produzido no final dos anos 1950. Daí vemos como o Recife foi pioneiro no processo de adoção do cinema como forma de expressão”, analisa. NOVO CICLO A vocação para o audiovisual também passa pelo Movimento Super-8, nos anos 1970. O novo ciclo é considerado uma espécie de renascimento do cinema pernambucano. Além de Paulo Cunha, fizeram parte dessa geração nomes como Geneton Moraes Neto (Esses onze aí, codirigido com Cunha), Fernando Spencer, que se preocupou em documentar episódios importantes do cotidiano local (Trajetória do frevo e Valente é o galo são alguns exemplos) e em resgatar a história do Ciclo do Recife (Almeri & Ari, Estrelas de celuloide, História de amor em 16 quadros por segundo); e Jomard Muniz de Britto com trabalhos experimentais. Um desses trabalhos de Jomard é O palhaço degolado (1976), alegoria apoiada numa perspectiva de um palhaço que encena uma prisão existencial e evoca, através de uma narrativa exagerada, nomes da cultura nordestina como Ariano Suassuna e Gilberto Freyre. O movimento vanguardista

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Espaços alternativos exibem música autoral

Por Yuri Euzébio Em meio às dificuldades de incentivo para o setor de cultura e ao fechamento de casas de espetáculos, pipocam no Recife espaços alternativos para apresentação de diversas formas artísticas, em especial, da música independente produzida em Pernambuco. Em comum, esses locais têm um caráter intimista, com lotação limitada, preços acessíveis e a força de vontade de seguir nadando contra a maré da crise econômica. Em muitos deles, o proprietário resolveu abrir os portões do quintal da própria casa como cenário para exibição da arte local. Foi o que fez a jornalista Aline Feitosa, que transformou a área externa da sua residência no Pequeno Latifúndio, espaço onde se apresentam músicos da cena autoral. É uma espécie de jardim secreto em meio à selva de concreto do bairro do Espinheiro, onde Aline monta um palco com cadeiras para receber seus clientes e artistas. “Gosto de dizer que o Pequeno Latifúndio não é um bar, nem um espaço, é a minha casa. Quando eu recebo as pessoas aqui, trato como se fossem convidados do meu lar, fico na cozinha, preparo os drinques”, destacou a proprietária e pau pra toda obra. A ideia do espaço surgiu como um passo natural da vida da jornalista, que já havia dado uma guinada com a criação de uma assessoria e consultoria em comunicação para artistas e projetos culturais, cuja sede era também na sua casa, e da percepção do momento penoso à cultura vivido pelo País. “Transformar isso aqui em um lugar que recebesse shows partiu da minha constatação de não haver mais espaços e nem incentivo para músicos, principalmente os que fazem música autoral”, explicou Aline em meio às plantas do seu quintal. “Aqui não é uma casa de shows, é uma casa de encontros”, conceitua explicando que em geral são os próprios músicos que trazem seus equipamentos. Para não atrapalhar a vizinhança, ela pede para que produzam um som num volume baixo. Muitos nem usam amplificador, tocam acústico. “É uma experiência bacana tanto para o músico que está fazendo um formato inusitado, quanto para o público que se vê na obrigação de não fazer barulho e prestar atenção”, ressalta. O casal de jornalistas Jefte Amorim e Andrea Trigueiro também abriram as portas de sua casa para as artes. Só que na Vila Nazaré, em Cabo de Santo Agostinho, onde fundaram o Esperantivo Casa, Comida e Cultura. A ideia inicial era ter um local para descansar e acabaram alugando uma casa onde funcionava um bistrô. “Como havia a estrutura de restaurante, acabamos recebendo alguns amigos e cozinhando pra eles. Começamos a abrir ao público também com bebidas e as boas conversas”, conta Jefte. “Juntamos essa experiência com o sonho de ter um lugar para promover a obra, a memória, o trabalho e a vida do poeta Esperantivo”. Cordelista, Esperantivo é imortal da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel (PE), Academia Cabense de Letras (PE) e Academia de Cordel do Vale da Paraíba (PB). O espaço oferece ainda visita guiada e uma exposição permanente sobre a vida e a obra do poeta. “Fazemos também recepção, sob agenda, para grupos educacionais, oferecemos oficinas de cordel e cedemos nosso espaço como palco para parceiros que queiram ministrar oficinas ou elaborar conteúdos que estejam ligados à nossa missão”, explica Andrea. O maior desafio do Esperantivo, segundo o casal, é também seu maior compromisso: a formação de um público cabense que valorize e se acostume com experiências culturais na cidade. No centro do Recife, a TV Tumulto é outro ponto de resistência que aposta nos sons autorais e independentes da cidade. O projeto encabeçado pelo músico Juvenil Silva, divide o mesmo espaço com o ateliê do artista plástico Flávio Emanuel e vem com um conceito diferente. “A TV Tumulto é como se fosse um programa de TV, só que todo mundo entra e todo mês vamos fazer algum evento diferente”, explicou o artista. Todas as atividades que acontecem no local são registradas em vídeo com o objetivo de formar uma programação nas redes sociais. O espaço agrega expressões artísticas diferentes, que vão desde a música até a leitura de obras literárias. “A proposta da casa é multiartística. Até porque Flávio é um artista plástico renomado, a mulher dele Alice Gouveia é professora de cinema da UFPE e está sempre com o pessoal do audiovisual, e eu sou músico. Temos vários contatos do pessoal de teatro também, Fernando Arruda atua na produção e é ligado às artes cênicas”, reiterou. “Quando alguém nos pede para fazer um show, propomos diálogos com outras expressões artísticas”, explicou. O instrumentista Juvenil além de vez ou outra dar uma canja no palco, também é responsável por fazer a curadoria da casa. O músico pondera que mesmo com todas as dificuldades do momento atual, é muito gratificante promover a arte. “Acho que quanto mais difícil, maior tem que ser a resistência”, defendeu. Congregando bar e eventos culturais, o Terra Café já é referência pra quem gosta de curtir uma boa música na cidade. O espaço surgiu, ocasionalmente, quando a arquiteta Fernanda Batista resolveu abrir o quintal do seu escritório para a criação de um lugar de socialização e isso foi ganhando uma proporção maior. Ela conta que tudo começou quando chamou um amigo, que era cantor e compositor, pediu para se apresentar no local. Aos poucos o espaço foi se transformando num café, bar e restaurante com apresentação de shows. “Esse já é o terceiro endereço, começou num local pequenininho na Boa Vista, aí fomos pra Rua Monte Castelo que já foi um pouco maior e depois, como a demanda foi aumentando, sentimos a necessidade de ter um equipamento cultural ainda maior para dar esse suporte ao público”, esclareceu Gabriela Dias, sócia e administradora do local. Apesar das mudanças de endereço, o Terra mantém desde o princípio as mesmas características de um ambiente que funciona num quintal arborizado para que quem estiver lá se sinta em casa e da proposta de unir música e bebidas. Também funciona de segunda a sexta para almoço e

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6 fotos de Camaragibe Antigamente

Destacamos hoje o município de Camaragibe. Encontramos 6 imagens que nos remontam à ocupação de décadas atrás da cidade nos acervos da Biblioteca do IBGE, da Fundaj e da Página Camaragibe Antigo. As fotos são da Fábrica de Tecidos de Camaragibe, do Casarão de Maria Amazonas, que fica no antigo Engenho Camaragibe, e uma de uma região de curral do município. A Vila da Fábrica de Camaragibe foi a primeira vila operária da América Latina. Antes de se tornar cidade, Camaragibe (que se escrevia Camarajibe) era pertencente à São Lourenço da Mata. Clique nas imagens para ampliar. . Companhia Industrial Pernambucana – Fábrica de Tecidos de Camaragibe (Biblioteca do IBGE) . Vista aérea da Companhia Industrial Pernambucana – Fábrica de Tecidos de Camaragibe (Biblioteca do IBGE) . Casarão de Maria Amazonas (Acervo de Rubemar Graciano – Camaragibe Antigo) . Engenho Camaragibe (Casa de Maria Amazonas), Provavelmente dos anos 1960/1970 (Acervo de Rubemar Graciano – Camaragibe Antigamente) . Convento das Carmelitas (Acervo de Rubemar Graciano – Camaragibe Antigamente) . Curral em Camaragibe (Acervo Benício Dias – Fundaj)

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Prefácio estacionado (crônica)

Somos vizinhos, o que para mim já é um enorme atrevimento. Encontrei, por acaso, Dr. José Paulo Cavalcanti no empresarial onde mantemos nossos escritórios de advocacia. Três charutos preenchiam o bolso da frente do seu blazer. Óculos denunciavam tamanha intelectualidade, enquanto o suspensório sustentava o peso de ser o escritor brasileiro mais traduzido no exterior, depois de Paulo Coelho. O cheiro de tabaco incensou elegantemente o elevador e remeteu-me ao hálito do meu pai. Evidentemente que ele não faz a menor ideia de quem eu sou. Só duas coisas me ligam a este homem: já roubei coco da sua casa de praia, também amo Lisboa. Ele não desconfia de nada disso. Não poderia perder a chance de me apresentar. Essas oportunidades são raras nas nossas vidas. Estava em frente a uma entidade. Então, com a cara de pau que me é peculiar, abordei o homem: – Dr. José Paulo, o senhor escreveria o prefácio do livro a ser lançado por este jovem cronista amador que vos fala? – De jeito nenhum – respondeu ele, com profunda franqueza. – Para que eu faça isso seria necessário ler, reler, admirar e não ter dúvidas quanto ao seu talento, meu filho. – Mas escrevo melhor que Rubem Braga – disse eu, na tentativa de ser simpaticamente engraçado. – Duvido muito – rebateu ele com inegável autoridade, mas com um sorriso de canto de boca, retribuindo o senso de humor. Fomos andando até nossos carros. Estavam estacionados, coincidentemente, um de frente para o outro. Ficamos ali plantados por cerca de trinta minutos. Tive uma aula gratuita de intelectualidade e de vida. Ele deve ter notado de imediato minhas limitações porque calado estava, calado fiquei, enquanto danou-se a falar sobre vários assuntos, sobretudo literários. Lembrou episódios envolvendo gigantes do mundo da escrita. Não me atrevi a opinar sobre coisa alguma, enquanto aquela enciclopédia ambulante me metralhava de sabedoria. Talvez por nervosismo e tietagem. Dava para ouvir a voz da minha avó: “Cale-se e recolha a sua insignificância”. Mas pude assimilar uma dica por ele vomitada: – Meu filho, quando escrevo, antes de publicar, reviso mais de cem vezes o texto até que não consiga mais alterar uma vírgula sequer. O encontro já tinha valido a pena. Óbvio que para mim. Ao nos despedirmos, Dr. José Paulo solicitou que encaminhasse aos seus cuidados aquela que considero minha melhor crônica. Disse que se gostasse, solicitaria todo o restante para ler. Opa, já enviei, claro. Estou a rezar, no aguardo da sua resposta. Por enquanto o prefácio está estacionado como nossos carros. Seria maravilhoso que o Dr. José Paulo fosse para mim um pouco do que Gertrude Stein foi para Ernest Hemingway. A diferença é que não iríamos nos encontrar na Rue de Fleurus, 27, Paris. No máximo, fumaríamos Montecristo no Pina. Evidentemente que não sou nenhum Hemingway e, ele, escreve melhor e – não duvido – deve entender mais de Matisse e Picasso do que Mrs. Stein. Aviso aos amigos que meu livro será lançado no ano que se aproxima, com ou sem prefácio. Feliz 2020 a todos!

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Primeiro grupo só de mulheres estreia no 25º Encontro de Cavalo Marinho

A cultura popular também é espaço de afirmação da força e do protagonismo feminino. Essa é a mensagem que a Família Salustiano passa com a criação do primeiro grupo de Cavalo Marinho composto apenas por brincantes mulheres: o Flor de Manjerona, que estreia no próximo dia 25 de dezembro, abrindo a 25ª edição do Encontro de Cavalo Marinho, na Casa da Rabeca. O evento reúne ainda outros grupos pernambucanos do folguedo, a partir das 18h, com acesso gratuito. Fundado em julho de 2019 pelas irmãs Moca Salu (Imaculada Salustiano), Mariana Salustiano, Betânia Salustiano e Bia Salu (as Salustianas), o Flor de Manjerona reúne 17 mulheres e 6 crianças que usam a poesia, a música e o movimento para dar vida ao primeiro Cavalo Marinho de mulheres do Brasil. A ideia é empoderar as mulheres brincantes que partilham o sonho de atuar de maneira igualitária aos homens nesta manifestação que nem sempre lhes foi acessível. “No nosso universo, o protagonismo sempre foi do homem. No começo, a gente ficava só olhando e desejando, até que, na década de 1990, começamos a substituir brincantes faltosos e passamos a ocupar cada vez mais espaço”, lembra Imaculada. Para Mariana Salustiano, a estreia do grupo representa a culminância de uma trajetória de crescimento no universo da cultura popular e de busca pela representatividade feminina. “Esse momento é de realização de um grande sonho das Salustianas, sempre foi um desejo nosso”, afirma. Se dividindo entre o banco, a galantaria e as diversas figuras do folguedo considerado uma das expressões populares mais complexas do Brasil, as mulheres do Flor de Manjerona atuam em todos os papéis, da Rabeca (um dos principais instrumentos do banco), até personagens como o Mestre Ambrósio, o Capitão Marinho e o Vaqueiro. Também se apresentam no 25º Encontro de Cavalo Marinho os grupos Boi Matuto e Boi da Luz, ambos de Olinda, além do Estrela de Ouro, Estrela Brilhante e Boi Pintado, de Condado. O evento integra o calendário de festejos capitaneados pelos filhos e netos para manter o legado de Mestre Salu, um dos maiores símbolos da resistência da cultura popular do nosso Estado, falecido em 2008. Este ano a iniciativa conta com apoio da Fundarpe, da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco e da Prefeitura de Olinda. CAVALO MARINHO – Variação do Bumba-Meu-Boi, o Cavalo Marinho é típico da Zona da Mata nordestina e tem relação próxima com a religiosidade local, atingindo seu ápice na época natalina. Com performances que envolvem música, teatro, coreografias e falas improvisadas, e prestam homenagem aos Reis Magos, que na tradição cristã teriam visitado Jesus logo após o seu nascimento, trazendo presentes para a criança. CICLO NATALINO – O Encontro do dia 25 de dezembro marca o ciclo de comemorações natalinas da Casa da Rabeca, e é realizado pelo espaço desde 1995, por iniciativa do Mestre Salustiano, uma das mais emblemáticas personalidades da cultura popular do Estado. O ciclo encerra com a festa do Dia de Reis, em 6 de janeiro, também a partir das 18h, embalado pelo ritmo, as cores, os personagens do reisado. SERVIÇO 25º Encontro de Cavalo Marinho Quando: Quarta-feira, 25 de dezembro de 2019 Onde: Casa da Rabeca (Rua Curupira, 340, Cidade Tabajara – Olinda/PE) Horário: 18h Entrada e estacionamento gratuitos Mais informações: 3371-8197

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