Arquivos Cultura E História - Página 256 De 375 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

O sagrado dos terreiros no olhar de Roberta Guimarães

Em tempos de intolerância por que passa o Brasil, a força da palavra Agô – que no idioma iorubá significa “com licença” – traduz com fidelidade as imagens da fotógrafa pernambucana Roberta Guimarães. Inédita no Recife, a exposição traz 40 fotografias, vídeos e informações sobre terreiros de xangô de Pernambuco, conduzindo o olhar para a diversidade, combate ao preconceito e reafirmação dos direitos humanos. A abertura aconteceu no dia 23 e segue até 2 de junho, no Museu do Estado (Sala Lula Cardoso Ayres, 1º andar), acesso gratuito. Nos outros dias, a entrada é o valor de acesso do museu: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). As imagens são o resultado de mais de três anos de pesquisa feita pela fotógrafa, em 14 terreiros de xangô de Pernambuco, trabalho já registrado no livro “O Sagrado, a pessoa e o orixá”, lançado em 2013, no Recife. São apresentadas imagens que mostram as particularidades dos rituais, respeitando a tradição e a religiosidade. Algumas sessões fotográficas exigiram mais de 12 horas de trabalho seguidas, acompanhando rituais extremamente minuciosos, como o Ebó das Águas, em que o adepto passa por uma preparação, vai se banhar num rio e depois retorna ao terreiro para finalização da cerimônia. A curadoria é do antropólogo Raul Lody, um dos mais reconhecidos especialistas em cultura afro do país. Formado em Etnografia e Etnologia pela Universidade de Coimbra, é doutor pela Universidade de Paris e responsável por dezenas de estudos na área das religiões afro-brasileiras. “Esta é uma experiência artística, estética e etnográfica sobre o xangô pernambucano, numa leitura fotográfica de Roberta Guimaraes”, diz Lody, ressaltando que o trabalho caminhou nos muitos momentos do sagrado de matriz africana, que se mostram nos rituais, cores, formas, texturas. “Um depoimento visual emocionado que chega com imersões profundas nas muitas interpretações sobre este patrimônio de fé”, explica. Para a fotógrafa Roberta Guimarães, seu trabalho – apresentado em João Pessoa há cinco anos – traz, de fato, importantes questões humanas, como respeito e solidariedade. E, ainda, um alerta sobre os caminhos percorrido pelo país. “O xangô faz parte da nossa identidade, da nossa cultura, e nos ensina sobre amor, afeto e tolerância. Agôchama para essa reflexão”, completa. A mostra tem produção executiva da Imago e da Janela Gestão de Projeto. Conexão – A exposição conecta as fotografias ao mundo digital dos vídeos. No meio do espaço com as fotos haverá uma projeção com imagens dos elementos da natureza que representam os orixás. Ao percorrer a mostra, vários vídeos vão se entrelaçando na narrativa, reforçando princípios como respeito, abordando questões como de gênero. Em um deles, com imagens de Roberta e edição de Pedro Andrade (Jacaré Vídeo), é mostrada a transformação –crossdressing - de dois filhos de santos em divindades de sexo oposto. Outro vídeo traz a interpretação dos Itãs (contos de tradição iorubá, que abordam os feitos dos orixás), com narração da contadora de histórias Kemla Baptista, criadora do “Caçando histórias”, iniciativa que promove atividades lúdicas em comunidades de terreiro. Participa também da narrativa o cantor e compositor Jr. Black, que começou com a banda recifense Negroove e possui parcerias artísticas com China, Mombojó, DJ Dolores, Bande Dessinée, entre outros. O material tem produção de Hugo Coutinho e Pedro Andrade (Jacaré Vídeo). Com 18 minutos, em uma dobradinha da própria Roberta com o também fotógrafo Breno Laprovítera, e áudio de Pedro Andrade (Jacaré), uma projeção apresentará o dia-a-dia dos terreiros, dos rituais e entrevistas com filhos e pais de santos falando sobre suas relações com a religião. Neste vídeo, o fio condutor é a profunda relação da religião com a natureza, que transcende dos atos religiosos para o cotidiano de seus seguidores. Educação – Durante a mostra haverá um projeto de Arte Educação desenvolvido por Kemla Baptista, com a concepção colaborativa de Bruna Rafaella. Serão visitas guiadas direcionadas a pessoas com deficiência visual e auditiva. O trabalho é feito em parceria com o Instituto de Cegos e o SUVAG. Acessibilidade - A exposição contará com áudiodescrição para as fotos expostas, com libras,e legendas LSE nos vídeos. A empresa responsável é a Com Acessibilidade Comunicacional, de Liliana Tavares. A exposição terá desdobramento positivo também para a Fundação Joaquim Nabuco, referência em pesquisa da cultura afro no Nordeste. Serão doadas para o acervo da Fundaj, 20 imagens disponíveis na mostra (em formato digital). Carreira – Com mais de 20 anos de experiência, Roberta Guimarães é formada em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e cursou Fotografia no Instituto Superiore di Fotografia de Roma (Itália). Tem ainda especialização em Estudos Cinematográficos (Unicap). Atuou como repórter fotográfica na Folha de Pernambuco e no Jornal do Commercio. É diretora e sócia fundadora da Agência Imago. Entre outros trabalhos de Roberta estão os livros “É do coco é do coqueiro”, “Eu vi o mundo e ele começava no Recife” e “Olaria Ocre”, em parceria com os artistas Dantas Suassuna e Joelson Gomes. Em 2013, lançou, no Recife, o livro “O Sagrado, a pessoa e o orixá”, trabalho que resultou na exposição Agô, que teve estreia, em 2014, em João Pessoa. A fotógrafa participou, também, de diversas mostras no Recife, em outras cidades e fora do país. Entre as exposições, Interpress Photo O Homem e a Vida (Prêmio medalha de prata Man and Life, 1991); II Salão FINEP de Fotojornalismo( Rio de Janeiro, 1995); Causas da Mortalidade Infantil em Pernambuco ( UNICEF Teatro Nacional de Brasília, 1996), VI Festival Mundial do Minuto ( SESC - SP – 1996) Projeto Lambe-Lambe ( ICA - Londres, 1997), Un Paisaje de identidad Cultural (fotos do Rio São Francisco, Salamanca- Espanha, 2005). SERVIÇO: Exposição Agô Local: Museu do Estado de Pernambuco (Sala Lula Cardoso Ayres, 1º andar) - Av. Rui Barbosa, 960 - Graças, Recife Abertura: 23 de abril de 2019, às 19h. Fica em cartaz até 2 de junho de 2019 Visitação: de terça-feira a sexta-feira: das 9h às 17h |Sábados e domingos: das 14h as 17h | Fechado às segundas Entrada gratuita na abertura. Nos outros dias R$ 6 (inteira)

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Lançamento de catálogo e vídeo narram processo de permuta entre Recife e Havana

Na próxima sexta-feira (26), o Museu do Estado receberá a etapa final de um processo de residência artística que buscou unir as similitudes entre o Recife e a cidade de Havana, em Cuba. Na ocasião serão lançados um catálogo, que será distribuído gratuitamente, e um vídeo-registro. A publicação e o vídeo narram os processos, trocas e vivências experienciadas no projeto Se Permuta, que reuniu três ações realizadas por artistas pernambucanos em solo cubano: um procedimento de deriva, um mural e um site especific. O evento também contará com um bate-papo entre os envolvidos para relatarem suas experiências, com intérprete de libras. O termo, "Permuta", carrega um significado peculiar no contexto histórico cubano: a expressão foi utilizada para designar, num longo período da revolução, as trocas informais entre as casas, pois não era possível às pessoas vender ou comprar imóveis. Assim, as mudanças de endereço eram viabilizadas através das "permutas" entre famílias que trocavam suas moradias, muitas vezes as negociando em ambientes públicos, como nas tradicionais feiras de troca que ocorrem até hoje aqui no Recife. Idealizado a partir desses paralelos evidentes em elementos da paisagem e também nas cargas simbólicas entre as duas cidades, o projeto materializou as percepções da coordenadora geral do projeto, Maria Eduarda Belém, e do cubano radicado no Recife, David Alfonso Suárez, coordenador artístico. O Se Permuta contou com a participação dos artistas plásticos Alexandre Ponz, Heitor Pontes e Luciano Matos, do Coletivo Vacilante, além da designer Sofia Lobo. Esse grupo desembarcou em Cuba no mês de setembro de 2018 para explorar as sensações de familiaridade e de déjà vu entre as duas cidades. Em solo cubano, o Se Permuta teve contou com a parceria da Fábrica de Arte Cubano (F.A.C), espaço cultural instalado numa edificação que já foi uma antiga fábrica de óleo de cozinha. Além de permitir, de forma inédita, a pintura de seus murais, a F.A.C também disponibilizou uma sala para a instalação do site specific Y se te lo imaginas” inaugurado no dia 04 de outubro, durante evento de reabertura semestral do equipamento. As fotos e relatos do catálogo, assim como o vídeo foram pensados para transcender o caráter de relato: mais do que registros das atividades, esses produtos compõem a narrativa principal do projeto e evidenciam as experimentações de permuta realizadas entre os artistas pernambucanos e os cubanos. “O lançamento da publicação e do vídeo-registro é uma maneira que encontramos de partilhar a nossa experiência com o público, de procurar mostrar as semelhanças culturais que temos, como latinos, bem como as afinidades que descobrimos e que nem pensávamos em ter. Cada uma das ações artísticas desenvolvidas teve ritmo e repertório próprios e possibilitou uma abordagem desse parentesco entre Havana e Recife sob diferentes perspectiva", explica Maria Eduarda. O Se Permuta foi financiado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura, o Funcultura, na linguagem Artes Plásticas, Artes Gráficas e Congêneres. O FabLab Recife também apoia o projeto. Participaram do Se Permuta, do lado cubano, os artistas Anabel Alfonso, Darién Sánchez, Edel Rodríguez (Mola), Gabriela Gutiérrez, Idania del Río, Nelson Ponce e Raúl Valdés (Raupa). SERVIÇO: Se Permuta: lançamento e distribuição de catálogo; vídeo-registro 26 de abril, às 18h Museu do Estado Evento com intérprete de libras Sobre as ações artísticas: Y se te lo Imaginas: Site especific A instalação artística que ocupou uma das salas da F.A.C de 04 a 20 de outubro começou a ser construída desde Recife e foi, durante o processo, incorporando elementos trazidos das derivas e vivências cotidianas em Havana. A proposta da dupla de artistas foi montar um espaço de registro de impressões sobre esse sentimento de parentesco entre Havana e Recife, através do uso de elementos de cartografia cujas rotas imaginárias deram origem a um” espaço assemblage”, composto por traçados, tecidos, elementos encontrados ao acaso e um mar de letras que misturava a prosa poética do pernambucano Mário Sette e do cubano Sérgio Bianchi, que pareciam falar de uma mesma cidade, com seus recantos e personagens, dentre outras experimentações. Y se te lo Imaginas: processo de deriva Maria Eduarda e Sofia Lobo apropriaram-se de um objeto simples do cotidiano, o lençol, que foi ressignificado como veículo poético para um processo de deriva realizado pelas ruas de Havana. Presente na paisagem visual de Havana, tremulantes, secando ao mormaço caribenho, os lençóis cubanos já velhos, puídos e marcados pelo tempo, foram permutados por lençóis trazidos pelas artistas com uma estamparia que reuniu símbolos oriundos de fontes arquitetônicas diversas compartilhadas pelas duas cidades. Além de conhecerem personagens marcantes como Bianca, Verônica, Joaquim e Osvaldo, entre outros, as artistas também recolheram relatos por escritos ou em forma de desenho que estão gravados em um caderno disponível para apreciação no evento. Pintura do Mural da F.A.C Uma mescla de figuras icônicas como Luiz Gonzaga, personagens folclóricos com a La Ursa, dizeres populares, trechos de música, elementos da cultura habanera como os “almendrones” passaram a fazer parte da massa colorida que hoje cobre o quarteirão da F.A.C. Entre abstrações, figurativos, pixos e caligrafias, o mural é o resultado de um processo de 15 dias de trocas e experimentações provocados pelo Coletivo Vacilante, junto com David Alfonso Suárez e os cubanos Anabel Alfonso, Darién Sánchez, Edel Rodríguez (Mola), Gabriela Gutiérrez, Nelson Ponce e Raúl Valdés (Raupa). A ação realizada pelo grupo teve caráter inédito: foi primeira vez que a antiga fábrica de óleo de cozinha, que virou espaço cultural em 2014, teve seu mural totalmente ocupado por uma intervenção artística. A obra acabou por tornar-se o maior grafite de Havana.

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Uma usina moendo arte

No mesmo solo onde a cana-de-açúcar foi a principal atividade econômica por décadas, hoje é a arte que está brotando. No antigo campo de pouso da Usina Santa Terezinha, em Água Preta, foi plantado pelo casal Ricardo e Bruna Pessoa de Queiroz, em 2016, a Usina de Arte. Inspirado no Instituto Inhotim, o projeto pernambucano é um parque-jardim botânico de 29 hectares, onde as obras de artistas consagrados estão a céu aberto. A identidade histórica do local, revelada nos trabalhos artisticos, é um diferencial desse espaço, onde a referência da economia canavieira está presente em várias instalações. "É um lugar que deixou de moer cana para moer arte. Tudo aqui foi de 2016 para cá. Inclusive as três lagoas são de água de nascente, que se formaram por gravidade. Esse é um tipo de empreendimento que não dá para ter muita pressa para construir", afirma Ricardo Pessoa de Queiroz. A Usina de Arte é um projeto que vai se construindo continuamente, com a chegada de novas obras, além da plantação de jardins com espécies vindas do mundo inteiro. O lugar inspirativo e bucólico recebe artistas e escritores que fazem residências de criação, sendo responsáveis pelas experiências e cenários com que os visitantes se deparam num passeio pelo espaço. Com exceção das obras que estão dentro do hangar, desenvolvidas pelo artista paraibano José Rufino, todas as demais estão ao ar livre. E, sempre que possível, com uma proposta de interação com os visitantes, não apenas de contemplação. No hangar, que já é um espaço que representa a memória da usina, Rufino montou uma exposição com peças e documentos antigos da Santa Terezinha. Sucatas que viraram arte completamente contextualizada com o lugar. Na parede externa do espaço há o desenho do Rio Jacuípe, que corta a região, construído com antigas ferramentas e parafusos, que terminam numa cadeira que está suspensa na parede. Seria uma referência aos antigos senhores de engenho da centenária atividade canavieira de Pernambuco? Cabe ao visitante contemplar e deduzir. As memórias trabalhistas e sociais da cultura sucroalcooleira marcam a obra desse artista, que está no projeto desde 2015, ainda antes da inauguração. Muitas peças que estão ao ar livre foram montadas com antigas estruturas usadas na Usina Santa Terezinha, que foram resignificadas pelos artistas. Esse detalhe traz uma identidade ao espaço e reforça a sua história, como a Rádio Catimbó, do artista Paulo Meira. De um dos pontos mais altos do jardim, ela funciona de fato como antena de rádio e é um dos melhores pontos de observação de todo o empreendimento, tendo a própria usina como cenário no horizonte de observação. . . Outro destaque que tem a inspiração na antiga atividade econômica da região é a obra Átrio, do artista plástico Marcelo Silveira. Construída em uma colina do parque, ela é uma réplica de uma área interna das antigas residências e que faz referência à Casa Grande. A locomotiva com a placa 21 é outra marca dos tempos áureos da indústria canavieira. No passado a Usina Santa Therezinha chegou a ter 80 quilômetros de malha ferroviária e 21 locomotivas em operação. Um pequeno labirinto cercado de plantas com efeitos alucinógenos (o Eremitério, de Márcio Almeida) e a cabeça do bandeirante suspensa sobre um dos açudes (a obra Tinha que acontecer, cabeça de bandeirante, do artista Flávio Cerqueira) são algumas instalações de destaque que compõem o intrigante acervo na Usina de Arte. O Jardim Botânico foi idealizado pelo biólogo Eduardo Gomes Gonçalves, em 2016. O lugar é visitado principalmente no final da tarde, quando o clima é mais ameno, já sendo bastante frequentado para ensaios fotográficos. Tanto espécies nativas, como ipês e carnaúbas, como exóticas, a exemplo da Palmeira Azul, vinda de Madagascar, compõem um mosaico natural do parque artístico botânico. As plantas são cuidadas pelas jovens biólogas Samara Ferreira e Joana Farias, nascidas nas proximidades da antiga usina e responsáveis pelas visitas guiadas. Quem já visitou Inhotim, vai identificar os bancos construídos com enormes troncos de árvores instalados ao ar livre da Usina de Arte. São as "esculturas mobiliárias" criadas por Hugo França a partir de resíduos florestais, que também estão presentes no museu mineiro. Ele foi um dos pioneiros nas imersões criativas na Usina de Arte. Além de ser um espaço de passeio e contemplação no ano inteiro, completamente gratuito, a Usina de Arte promove anualmente um evento cultural. O Festival Arte na Usina dura mais de uma semana, mobilizando centenas de turistas e moradores da comunidade local. Na Safra 2018, como se chamam cada edição, aconteceram apresentações de Almério, DJ Dolores, Chico César, Cordel do Fogo Encantado, entre outros. Oficinas de desenho, fotografia, moda, literatura e dança integram a programação do evento. Serviço: Usina de Arte: entrada gratuita. Visitas guiadas de segunda a sexta, às 8h e às 14h, mas o parque é aberto também aos finais de semana. Tel. 81 2125.3900. aPara uma experiência gastronômica local, a Usina de Arte indica aos visitantes a Ró Lanches ou os restaurantes Capim de Cheiro e Alquimia. *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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8 fotos das Estações Ferroviárias Antigamente

Os trilhos fazem parte da memória dos pernambucanos no interior e na capital. Se hoje o sistema de transporte sobre trilhos é restrito à região metropolitana, na século passado a via férrea seguia para cidades como Garanhuns e Caruaru, além de outras cidades vizinhas ao Recife que hoje não são mais atendidas, como Olinda. Selecionamos imagens do acervo do IBGE e da Fundaj com fotos das estações. Algumas viraram centros culturais, outras desapareceram. Clique nas fotos para ampliar (as descrições das imagens e datas são dos acervos pesquisados).   Estação da Rede Ferroviária do Nordeste, em Garanhuns (IBGE) A estação de Garanhuns foi inaugurada em 1887 como ponta da linha que vinha do Recife. Mais tarde foi transformada em ramal, com a abertura da E. F. Sul de Pernambuco, a partir de Paquevira. Segundo as informações sobre a estação, o prédio preserva a arquitetura inglesa do século XIX e seria, portanto, o prédio original da estação. O ramal e a estação foram desativados em 1971. A estação ainda existe, na praça Dom Moura, e abriga o Centro Cultural Alfredo Leite desde o ano de 1979. . Estação Ferroviária em Caruaru (IBGE) A estação de Caruaru foi inaugurada em 1895. A primeira máquina do trem tinha o nome de Barbosa Lima Sobrinho, governador de Pernambuco. O prédio atual foi construído por volta de 1940, pelo seu estilo arquitetônico. O famoso Trem do Forró, que corre no carnaval de Recife todos os anos, costumava ir até esta estação. . Estação Ferroviária em São Lourenço da Mata (IBGE) A Estação de São Lourenço da Mata foi aberta em 1881. Até, pelo menos, o início de 1981, ainda havia trens de passageiros de Recife para São Lourenço da Mata, que possivelmente eram diários. . Estação da Encruzilhada (Acervo Josebias Bandeira, Fundaj) Dedicatória datada de 03.12.1904 . Estação Ferroviária S. Great Western, em Moreno (Acervo Benício Dias, Fundaj, Foto: F. Du Bocage) . Estação em Olinda, em 1905 (Acervo Manoel Tondella, Fundaj) Próximo às ruínas do Convento do Carmo . Estação do Carmo (Acervo Benício Dias, Fundaj) Estação do Carmo C.T.U.R.O.B. Data da foto entre 1895 e 1905 . Estação Central da Estrada de Ferro Recife (Acervo Josebias Bandeira) Data aproximada de 1890. Dedicatória datada de 12.12.1908. Atualmente conhecido como Estação Central e Estação Recife.   *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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As falsas verdades do Brasil Holandês...

No Recife, para os menos avisados e mequetrefes de plantão, todo passado vem do chamado Tempo dos Flamengos, do período holandês (1630-1654) melhor dizendo. Até a nossa tradicional Praça da República, o Passeio Público do Campo das Princesas, cuja planta do seu ajardinamento assinada por Emilio Beringuer encontra-se datada de cinco de setembro de 1875, tem sua origem atribuída ao Conde João Maurício de Nassau, que esteve no Recife entre 1637 a 1644! Na verdade, no seu tempo, foi o Conde de Nassau responsável pela construção no local do Palácio de Friburgo e seu horto (detalhado em planta baixa por Caspar van Baerle, em 1637), então apelidado de Palácio das Torres. Mas, com o seu retorno aos Países Baixos, foi o horto destruído por conta da Guerra da Restauração Pernambucana (1645-1654), segundo acentua Tadeu Rocha (1967): “Do antigo Palácio e do seu parque nada mais resta...”. O primitivo palácio durou até 1769, quando veio a ser demolido, dele restando, tão somente, uma pequenina construção, registrada por Robert Southey (1774-1843) in History Brazil (1819), na qual funcionava o Erário Régio, “e o espaço em redor tornara-se um grande descampado passando a ser chamado de Campo do Erário, cujo polígono é detalhado por F.A. Pereira da Costa (Anais, v.4, p.209)”. No Campo do Erário foram depois construídos o Palácio da Presidência da Província (1843) e o Teatro de Santa Isabel (1850). As duas novas construções que pontuavam o velho descampado viriam ser apreciadas pelo imperador D. Pedro II, chegado ao Recife em 22 de novembro de 1859. A municipalidade de então rendia homenagem ao lhe impor nova designação de Campo das Princesas, conforme comprovam as fotografias obtidas pelas lentes de Augusto Sthal (c. 1855), reproduzidas em publicação de Gilberto Ferrez, Raras e Preciosas Vistas e Panoramas do Recife – 1755-1855 (Coleção Pernambucana, v.14); bem de acordo com as imagens de Emil Bauch (1852) e Louis Schlappriz (1863). Somente em 1862 é que apareceu na imprensa um pedido de arborização de alguns logradouros do Recife, dentre os quais o Campo das Princesas, cujo gradeamento e calçada no seu entorno aparece em relatório da Presidência da Província de 1º de março de 1871, com a nova denominação de Passeio Público. Em 1871, orçamento da Repartição de Obras trata da aquisição de um gradil, quatro portões em ferro, oito bancos com dois tipos e ornatos, quatro figuras com lampiões globulares, quatro estátuas “representando a Justiça, a Fidelidade, a Amazona e a Concórdia”, juntamente, “com quatro estátuas representando o inverno, o estio, a primavera e o verão” (Arrais, 2004). O Passeio Público vem ser inaugurado em 1872, segundo noticia o Diario de Pernambuco nas suas edições de 19 e 21 de outubro daquele ano. A planta do ajardinamento do novo Passeio Público, assinada por Emile Beringuer, encontra-se datada de cinco de setembro de 1875, conforme original no Arquivo Público o Estado. No que diz respeito ao registro iconográfico dos jardins do Campo das Princesas ver as fotos de Marc Ferrez (1875) e de outros profissionais, publicadas no livro Jardins do Recife – 1872-1937, de Aline de Figueirôa Silva (CEPE, 2010). O interessante disso tudo é que, para os desavisados e mequetrefes [homem presumido de sabido; Padre Antônio Vieira, Cartas, 41. Tomo, 1], os jardins da atual Praça da República foram originários do Horto do Conde João Maurício de Nassau (1642). Como no cancioneiro popular: Há sinceridade nisso, Não há.... Não há...

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Cresce em Pernambuco o número de editoras cartoneras

Embora pouco conhecidas do grande público em Pernambuco, as edições cartoneras têm sido uma alternativa para novos escritores publicarem suas obras diante da crise que o mercado editorial enfrenta. Trata-se de um processo artesanal, com tiragens pequenas, de normalmente 50 exemplares, em que os livros são produzidos manualmente com capas de papelão reaproveitado. O movimento cartonero nasceu em 2003 na Argentina, que na época enfrentava uma grande recessão econômica. A iniciativa partiu do jovem escritor Washington Cucurto e do artista plástico Javier Barilaro. A ideia de unir a arte literária ao reaproveitamento do papelão baseia-se nos preceitos da economia solidária, tornando os livros mais acessíveis e baratos, ao reduzir os custos da sua produção. Pernambuco é um dos locais no Brasil onde as cartoneras mais prosperaram e hoje existem aproximadamente 15 dessas editoras no Estado. Uma das mais atuantes, a Mariposa Cartonera foi fundada no Recife por Wellington de Melo, cuja obra de estreia nesse sistema artesanal foi O Caçador de Mariposas, lançada em 2013, em homenagem a seu filho Aleph. “Eu tinha esse poema longo e havia conhecido o movimento há um ano. Pensei que seria uma forma legal de fazer o livro, porque queria produzir cada exemplar com as minhas próprias mãos”, revelou o escritor e editor. Em sua 16ª edição, a obra foi até traduzida para o francês pela Cosette Cartonera. Na França, está na sua segunda edição. . . A Mariposa acumula 33 livros publicados de vários autores e mais de cinco mil exemplares concebidos. Além de Wellington, a designer-chefe Patrícia Cruz Lima e os editores Christiano Aguiar e Tatiana Lima Faria compõem a equipe. “A literatura contemporânea é o nosso carro-chefe. Temos muito cuidado em trabalhar apenas com autores e obras em que acreditamos. Por onde nós circulamos temos uma ótima aceitação de nossos livros, tanto do conteúdo estético quanto textual”, afirma Wellington. Cada obra da editora custa em média R$ 20. A produção artesanal de livros em Pernambuco teve início com a oficina ministrada pela artista plástica Lúcia Rosa, da Dulcineia Catadora, de São Paulo, primeira cartonera do Brasil. A iniciativa foi promovida pela Secretaria Estadual de Cultura no Festival de Inverno de Garanhuns de 2012. Na época Melo coordenava o departamento de literatura daquele órgão estadual. “Estimulamos bastante o intercâmbio de experiências, por meio de oficinas na capital e no interior, o que intensificou a criação de editoras no Estado”, informou Melo. De fato, outras editoras surgiram graças a oficinas realizadas pela secretaria e também pela Mariposa. É o caso da Lara Cartonera surgida no final de 2013, no IFPE (Instituto Federal de Pernambuco), no campus de Belo Jardim. “Após a oficina, enxerguei no movimento cartonero uma nova saída para a publicação de livros”, afirmou o poeta, editor e produtor cultural David Biriguy. O mesmo caminho foi seguido pela caruaruense Candeeiro Cartonera. “Ficamos espantados com algo que nunca tínhamos visto antes: um livro com capa de papelão. A obra era O Caçador de Mariposas. Decidimos fazer algo parecido”, conta o editor Marcelo Barbosa. Desse movimento também surgiu a Malha Fina, primeira cartonera universitária do País. Sua equipe é formada por professores, alunos e colaboradores. . . Como não estão dentro do sistema editorial de mercado, os livros das cartoneras não são vendidos nas livrarias convencionais. “Nem sempre é fácil encontrá-los porque estão inseridos num contexto alternativo em que a venda direta (feita pelos próprios autores ou editores) é muito mais priorizada. Às vezes, são comercializados durante eventos e até mesmo na internet”, comentou Melo, acrescentando que a exclusão do mercado tradicional permite que as cartoneras não sejam afetadas pela crise. “A liquidez é imediata, uma vez que você trabalha diretamente com o público”. No entanto, é muito difícil um editor ou autor se sustentar apenas com a produção artesanal. “Ao participar de eventos, tenho percebido que a maioria das editoras ainda atinge um público muito reduzido”, lamenta Biriguy. “Precisamos formar leitores e isso deve ser feito ainda dentro da escola em um trabalho conjunto”, apontou o editor, que afirma ter dificuldades em vender os livros no interior. “A procura é quase que escassa. Em Belo Jardim, por exemplo, as vendas normalmente acontecem apenas em lançamentos. Já durante os eventos literários consigo ter vendas melhores”. O estímulo ao movimento é escasso no interior, porém, existem exceções. A Macarajá Cartonera iniciou uma parceria com a Secretaria de Educação de Carnaíba, Sertão do Pajeú, para promover a formação de professores e apadrinhar a criação de um selo cartonero na cidade. “Lá é um oásis na realidade cultural", surpreende-se a editora e escritora da Macarajá, Patrícia Vasconcelos. Apesar das dificuldades, as editoras seguem ampliando suas atuações. Em setembro passado, o Estado sediou o 1º Festival Internacional Cartonera, produzido pela Nós Pós. O evento contou com a participação de 21 editoras: três internacionais (Argentina, Chile e França), duas de São Paulo, quatro do interior de Pernambuco e as 12 restantes da Região Metropolitana do Recife. A feira teve a duração de um mês inteiro recheada de palestras e oficinas, que passaram por São Paulo e nas cidades pernambucanas de Lagoa dos Gatos, Garanhuns, Goiana e na capital. “Nós somos uma referência no País quando se trata do movimento cartonero”, orgulha-se Wellington. *Por Marcelo Bandeira

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7 fotos do Estádio dos Aflitos Antigamente

O Timbu fez aniversário no começo deste mês e nós publicamos hoje uma homenagem ao seu histórico estádio. Selecionamos uma série de 7 fotos antigas do Naútico nas temporadas de 1962 e 1963, garimpadas do arquivo do jornal Última Hora (PE), na Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Oficialmente o clube foi fundado em 7 de abril de 1901. O Estádio ganhou o nome do ex-presidente, Eládio de Barros Carvalho, apenas em 1953. O maior público do recebido no local foi de 31.613 pessoas, em 16 de Agosto de 1970, quando o Náutico bateu o Santa Cruz por 1 x 0. Confira as imagens abaixo. Clique para ampliar. .   No Campeonato Pernambucano de 1962 No Campeonato Pernambucano de 1962 Enfrentando o Sport, em 1962 Náutico x Centro Limoeirense, em 1963 . Despedida do goleiro Waldemar, diante do Santa Cruz , 1963 . Em 1963 o Santa Cruz enfrentou o Treze, de Campina Grande, nos Aflitos

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Semana Santa de cinema nordestino gratuito no Agreste

Uma sala de cinema em uma das paisagens mais bonitas do Agreste pernambucano. Nesta Semana Santa, dias 20 e 21 de abril, o povoado de Serra Negra, há 9km de Bezerros, será palco da segunda edição do Curta Na Serra – Mostra de Cinema ao Ar Livre. O evento tem como objetivo oferecer cinema gratuito à população da região, com uma programação diversa de filmes independentes feitos no Nordeste, além de outras atividades e shows musicais. A edição 2019 traz o recorte de curtas-metragens nordestinos, abraçando a pluralidade de linguagens audiovisuais produzidas na região, como ficção, documentário, videoclipe, entre outras. A curadoria foi feita pelos produtores Marlom Meirelles, Eva Jofilsan e Amanda Ramos, enfocando duas vertentes – 11 filmes no primeiro dia, trazendo a temática da arte como resistência social e política; e, no segundo, 7 filmes que provocam reflexões sobre afeto e coletividade em tempos de ódio e intolerância. . . O recorte de filmes perpassa temáticas como empoderamento feminino, a importância da arte para a construção da sociedade, a resistência da cultura e das boas tradições do Nordeste, além de respeito à diversidade sexual e de gênero. Ao todo, são cerca de 3h30 de programação audiovisual gratuita, exibida em telão ao ar livre no anfiteatro do Mirante de Serra Negra. A sessão do sábado começa às 19h, e a do domingo às 18h. A ação acontece de forma a incentivar a produção audiovisual do Nordeste e também aproximar a Sétima Arte de uma localidade onde essa linguagem artística não chega. “O Curta Na Serra vem para trazer possibilidades ao público do Agreste de se informar e se emocionar com a telona, sobretudo com os filmes feitos no Nordeste”, detalha Marlom Meirelles, diretor da Eixo Audiovisual, produtora que realiza o evento. HOMENAGENS - Como de costume, o Curta Na Serra rende homenagens a artistas importantes, tanto da área do cinema quanto de outras áreas, contemplando pelo menos uma personalidade de Bezerros. No primeiro dia, a sessão de filmes começa com solenidade de abertura e uma homenagem à atriz Marcélia Cartaxo, paraibana que figurou em telenovelas e filmes nordestinos nas últimas décadas. No segundo dia, o artesão bezerrense Lula Vassoureiro, Patrimônio Vivo de Pernambuco, será agraciado por sua contribuição às artes plásticas, pela confecção de máscaras de papangu ao longo de sua vida. SHOWS - O Curta Na Serra traz também apresentações ao Polo Cultural de Serra Negra, reverenciando projetos de música autoral pernambucana e também espetáculos cênicos. No sábado (20), após a sessão, a Som Na Rural recebe o projeto Corre-Campo, formado pelos artistas Marcello Rangel, Ágda Moura e Luiza Fittipaldi, com direito a festa posteriormente com os DJs Clássico dos Clássicos. No domingo (21), a programação começa à tarde: às 16h tem o espetáculo “Histórias da Caixola”, com contação de histórias por Alexandre Revorêdo e Stephany Metódio; às 16h30 é a vez do espetáculo “TrupeÇando”, do palhaço Allan Barros; às 17h, o Som Na Rural recebe show da caruaruense Gabi da Pele Preta. ENCONTRO DO AUDIOVISUAL – A Casa das Flores será palco do Encontro do Panorama Nordeste, atividade paralela do II Curta Na Serra. Às 10h do domingo (21), um grupo formado por realizadores de filmes, mostras e festivais do Nordeste vai se encontrar para dialogar sobre o atual cenário de produção audiovisual da região, de forma a discutir entraves e potencialidades. Realizadores do Agreste também estarão presentes para intercâmbio de saberes, contemplando a realidade do cinema na localidade. SOBRE O EVENTO – O Curta Na Serra – Mostra de Cinema ao Ar Livre é uma realização da produtora Eixo Audiovisual com coprodução da Espiral Filmes. A primeira edição do Curta Na Serra ocorreu em 2017 e mobilizou centenas de pessoas em torno das atividades promovidas, ajudando a aquecer o turismo cultural em Bezerros. A segunda edição ocorre com patrocínio da Prefeitura Municipal de Bezerros e incentivo da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco. SERVIÇO: II Curta Na Serra – Mostra de Cinema ao Ar Livre Quando: sábado e domingo, 20 e 21 de abril de 2019 Onde: Serra Negra – Bezerros/PE Gratuito Programação: SÁBADO, 20 DE ABRIL: Panorama 1: Nossa Arma é o Cinema – Anfiteatro de Serra Negra, 19h. · Cerimônia de abertura; · Homenagem a Marcélia Cartaxo; · Exibição de filmes: Ultravioleta (PB) O Poeta do Barro Vermelho (AL) Julian, Sem A, Sem O (PB) Tempo Circular (PE) Não Te Quero Mais Mizéra (PE) Desyrrê (PE) Impávido Colosso (PE) Eu o Declaro Meu Inimigo (PE) Quanto Craude no Meu Sovaco (PE) Avalanche (AL) Revólver (PE) Shows – Polo Cultural de Serra Negra, 22h. Som Na Rural recebe o projeto Corre-Campo: Marcello Rangel, Ágda Moura e Luiza Fittipaldi + Festa com DJs Clássico dos Clássicos. DOMINGO, 21 DE ABRIL: Encontro do Panorama Nordeste – Casa das Flores, 10h. DOMINGO, 21 DE ABRIL: Encontro do Panorama Nordeste – Casa das Flores, 10h. Shows e Espetáculos – Polo Cultural de Serra Negra, 16h. · Histórias da Caixola - Contação de histórias com Alexandre Revoredo e Stephany Metódio; · Espetáculo TrupeÇando, com o palhaço Allan Barros; · Som Na Rural recebe Gabi da Pele Preta. Panorama 2: Segura Minha Mão – Anfiteatro de Serra Negra, 18h. · Homenagem a Lula Vassoureiro; · Exibição de filmes: Família Tropa Trupe – O Circo Enquanto Vida (RN) Guaxuma (PE) Nova Iorque (PE) Clandestino (SE) Terra (PE) O Som do Silêncio (BA) Bala Perdida (PE)

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Leitura para transformar vidas

As ruas são estreitas na comunidade Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro. Idosos e adultos sentados nas cadeiras de balanço na frente de suas casas. Crianças correndo na via empoeirada. Um cenário típico de qualquer periferia do Recife, com pouco espaço e muita gente. A maioria com escassas instituições culturais, mas, nesse caso, há uma biblioteca. Há oficinas, pequenos cursos, mediação de leitura e cerca de sete mil livros à disposição. Da janela dos fundos dá para ver parte do manguezal. Mas a verdadeira janela aberta nesse espaço é para o mundo. De lá saíram jovens que entraram na universidade, no mercado profissional e ganharam novos rumos. Como diria Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”. A equipe de reportagem da Algomais chegou à Biblioteca Comunitária de Caranguejo Tabaiares por indicação do professor da UFPE Clecio Bunzen. Doutor em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas, ele questionou o resultado da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro, que aponta que a população do Brasil lê pouco. O estudo apontou que 30% dos brasileiros nunca compraram um livro. “Há um discurso de que o brasileiro não lê, mas não se mostram as razões. Diante da situação de desigualdade do País avalio que se lê muito”, contextualiza o pesquisador que lista o valor do salário mínimo, a pouca estrutura das escolas e a ausência de bibliotecas como alguns dos fatores que dificultam a leitura. Mas ressalva que muitos leem livros emprestados de amigos, de bibliotecas, em materiais disponíveis na internet, entre outros caminhos. “Poderia melhorar o cenário de leitura? Sim. Mas faltam políticas públicas de incentivo à leitura”, sentenciou o docente. Mais da metade das escolas públicas brasileiras não tem bibliotecas ou salas de leitura (55%), segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A formação das bibliotecas comunitárias é um dos esforços populares para compensar essa falta e também a dificuldade de compra de livros. Em Caranguejo Tabaiares, o espaço é frequentado por grupos de escolas públicas e por crianças que chegam espontaneamente para lazer ou para estudar. . . O coordenador atual da instituição é Reginaldo Pereira, 36 anos. Ele frequenta o espaço desde a fundação em 2005. A partir da experiência como voluntário e leitor assíduo, as portas do mundo se abriram. Pereira estudou administração na Universidade de Pernambuco e teve até uma experiência na França, a partir de uma parceria com a Biblioteca de Rua de Nantes. “A leitura abriu meu horizonte. Eu tinha dificuldade de ler. Nunca pensei em fazer um curso superior, mas essa relação com a biblioteca me fez poder sonhar”. Os conhecimentos acadêmicos se voltaram para gerenciar a instituição e arrecadar recursos para manutenção do espaço. Outro jovem que trilhou esse caminho foi Enderson da Costa. Aos 27 anos, ele cursa direito e trabalha numa empresa de rastreamento de veículos. Nasceu e cresceu na comunidade, na qual afirma que 75% dos seus amigos de infância morreram. “A biblioteca mostrou que há vida após os 'muros' da favela. O livro foi a oportunidade que me foi dada para conhecer várias coisas, novos mundos. Quando moramos numa favela somos pré-determinados aos trabalhos braçais ou à criminalidade. A literatura me libertou". Enderson conta que não é fácil ser o único negro na sua sala e que o escasso vocabulário dificultou os primeiros períodos da formação. Mas agora ele sonha em ser aprovado no exame da OAB, seguir carreira na advocacia e escrever um livro. Outra iniciativa de incentivo à leitura que nasceu no Recife é o da Geladeira Cultural (que reforma o eletrodoméstico usado para abrigar cerca de 100 livros). A iniciativa do servidor da UFPE Sérgio Santos já alcança 47 instituições no Estado e atende mais de cinco mil crianças. Desse projeto nasceu também a Feira Literária da Periferia, que está na sua quinta edição. "Sempre quis aproximar os livros das crianças, que transportam o garoto desse mundo caótico, para o mundo literário, onde elas podem ser o que quiser e sonhar", conta o Sérgio. . . Ester Rosa, doutora em psicologia escolar e do desenvolvimento humano, afirma que existem movimentos reivindicatórios de políticas públicas de incentivo à leitura. "Em primeiro lugar é importante oferecer o acesso aos livros e há uma necessidade também de mediadores. A biblioteca segue tendo um papel importante nessa formação, pois é um lugar de sociabilidade, de encontro com o livro e com outras pessoas que gostam de literatura", disse a professora que integra o Centro de Estudos em Educação de Linguagem da UFPE. LEIA TAMBÉM . Leitura de livros clássicos na mira da educação . Família, o grande incentivo para formação de leitores   *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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Jovens do Pró-Criança realizam Via Sacra no Recife e em Jaboatão

Nos Coelhos, a procissão encenada será conduzida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Limacêdo Antonio Os últimos momentos de Jesus Cristo na Terra serão revividos pelos alunos do Movimento Pró-Criança, nesta terça-feira (16). A nona edição da Via Crucis promovida pela instituição percorrerá as principais ruas do bairro dos Coelhos, área central do Recife, a partir das 9h. Este ano, a procissão será conduzida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Limacêdo Antônio e contará com cerca de 40 crianças e adolescentes no elenco. Além de relembrar a paixão e morte de Jesus, o evento tem o objetivo de discutir a importância das políticas públicas, tema da Campanha da Fraternidade 2019. Nos Coelhos, algumas casas serão transformadas nas chamadas estações – pontos de parada onde são refletidos os principais momentos da Via Crucis de Cristo, desde a condenação até o sepultamento. Nos 14 intervalos, conduzidos por Dom Limacedo, os jovens rezarão com os moradores. Páscoa Solidária Os jovens atendidos pelo Pró-Criança na unidade localizada no Bairro do Recife e em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, realizam a Via Sacra na quarta-feira (17). O cortejo no Recife Antigo percorrerá as principais ruas da localidade a partir das 14h30. Após a procissão, educadores da unidade farão a entrega de 130 ovos de chocolate, que foram doados durante a campanha Páscoa Solidária. Na unidade do Pró-Criança em Piedade, a Via Crucis terá início às 15h30 e vai levar a reflexão sobre a paixão e morte de Jesus às ruas da comunidade Dom Hélder.

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