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Cultura e história

Fliporto de volta às origens em sua 12ª edição

A Feira Literária Internacional de Pernambuco - Fliporto, promove sua 12ª edição de 09 a 12 de agosto com duas novidades: o retorno para Porto de Galinhas, praia que recebeu a realização da primeira festa literária em 2005, e sediou o evento até 2009; e o espaço inédito da Fliporto Geek, que chega com uma programação voltada à cultura pop, trazendo universo geek e nerd, com as histórias em quadrinhos (HQs), oficinas, desfile e concurso de cosplays. Com o tema “Diálogos no Contemporâneo”, a feira traz uma programação plural, gratuita e conectada com os temas que estão sendo debatidos na atualidade. A curadoria da Fliporto é assinada pelo advogado e escritor Antônio Campos e pelo produtor cultural Eduardo Côrtes, com produção executiva da Promundo e realização da Editora Fliporto, Cia do Lazer, Grupo Nativo e Andelivros. A Prefeitura de Ipojuca é patrocinadora do evento. Após uma temporada na cidade de Olinda, a Fliporto volta ao seu lugar de origem, onde irá ocupar vários espaços no centro do balneário, dedicados aos polos do evento. O homenageado do Congresso Literário desta edição é o escritor Marcus Accioly, poeta e membro da Academia Pernambucana de Letras que faleceu no final de 2017, e que, por mais de uma vez, esteve na Fliporto, honrando o evento com a sua presença e vasto conhecimento literário. Nomes como a poeta portuguesa Maria João Cantinho, Raimundo Carrero, Nelson Motta e o cantor e poeta ipojucano Nando Cordel estarão presentes na feira. A expectativa para esta edição é de receber cerca de 10 mil visitantes durante os 4 dias de evento. Hotéis, pousadas, restaurantes, flats, casa alugadas, táxis, lojas, comércios nas praias e até vendedores ambulantes, devem somar movimentação financeira de até 5 milhões para o município. A Fliporto também conta com os patrocínios do Convention Bureau & Visitors de Porto de Galinhas, da Cerveja Sol, Real Hospital Português e da Associação de Hotéis de Porto de Galinhas. Juntamente aos principais eventos da feira, haverão programações paralelas nos polos da Fliporto Galerinha, Fliporto Cult, o novo polo Fliporto Geek, Tribuna Livre, Fliporto Musical, EcoFliporto, Fliporto Gastrô, Fliporto Artes Plásticas e a Feira do Livro.   PROGRAMAÇÃO Atrações fixas:    Projeto do “Livro de Coração” - (FUNDAJ) Distribuição de 1000 Livros.  Chuva de Livros: Distribuição de livros nas praças e polos do evento.  Performance itinerante “O Sonho de Quinzinho” - Francis de Souza (FUNDAJ). Dia 10 de agosto, sexta-feira  10:00   A força dos Quadrinhos na literatura de hoje. Com Felipe Folgosi (Ator, escritor, roteirista e apresentador) 11:00  Tereza Costa Rego - A biografia de uma mulher em três tempos. Palestra de Bruno Albertim. 14:00 Bate papo Ilustrado (Fliporto Geek) Com os ilustradores Sandro Marcelo e Helton Azevêdo, com mediação de Patrícia Guedes (Coordenadora do Polo Fliporto Geek). 15:00 A saga literária ao longo da história. Com Cássio Cavalcante e Maria de Lourdes Hortas. 16:00  Literatura e internet Bate papo com Natanael Lima, Ney Anderson e Frederico Spencer. 17:30  Abertura oficial com a prefeita Célia Sales 18:00  Meu Ipojuca querido Romero Sales, Arnaud Mattoso e Rui Ferreira; 19:00  Empoderamento feminino: O papel da mulher no mundo de hoje Com Jô Mazzarolo, Maria de Lourdes Hortas e Célia Sales. 20:00  Diálogos sobre o turismo em Pernambuco. Com Mário Pilar, Otaviano Maroja, Alberto Feitosa e Bráulio Moura. Dia 11 de agosto, sábado 9h30   Imprensa e mulheres pernambucanas Com Luzilá Gonçalves e Nelly Carvalho. 10h30 O mundo contemporâneo recomeça no Recife Palestra de Luciano Porto, debatedor Cássio Cavalcante. 11h30 Influências Africanas na Literatura Brasileira Com Paulo Roberto Corino e Carlos Santos. 14:00 Palestra sobre o filme Recife Assombrado (Fliporto Geek) Com  Bruno Antônio e Gustavo Correia. 15h00   Bate papo com ilustradora vencedora do prêmio Jabuti. Com Anabella López (Argentina). 16:00 Brasil e Portugal na poesia contemporânea Com a poeta Maria João Cantinho (Portuguesa), Maria de Lourdes Hortas e Cássio Cavalcante como moderador. 17:00  Um olhar sobre o contemporâneo Palestra de Antônio Campos. 18:00  Literatura, teatro e cinema. Com Maria Zilda, Claudia Alencar e Katia Mesel como moderadora. 19:00  Literatura e música Nelson Motta, provocações do jornalista AD Luna (JC) 20h00 Ficção em Pernambuco Bate papo com Raimundo Carrero e Luzilá Gonçalves. Dia 12 de agosto, domingo 10:00  Vida e obra de Marcus Accioly Palestra de Alvacir Raposo. 11:00  Talk show musical Nando Cordel entrevistado por José Teles (JC)   SERVIÇO Feira Literária Internacional de Pernambuco - Fliporto 2018 Data: 10 a 12 de agosto 2018 Local: Espaço Muru-Muru / Itaoca - Porto de Galinhas, Ipojuca-PE Tema: Diálogos do Contemporâneo Homenageado: Marcus Accioly   Confira a programação completa da Fliporto 2018.

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Livro traz retrospectiva do artista Ypiranga Filho

Ypiranga, publicado pela Cepe Editora e organizado por Lêda Régis, traz diversos textos curatoriais e vasto acervo fotográfico para traçar uma retrospectiva inédita sobre a obra do artista visual pernambucano Ypiranga Filho. O lançamento do livro, que acontece dia 9 de agosto, no Museu do Estado, às 19h, também contará com exposição de mais de 100 obras do artista Pelas mãos do artista pernambucano Ypiranga Filho, 82 anos, a dureza do ferro se fez flexível, ressignificando o material. O trabalho com o metal foi pioneiro em Pernambuco nos anos 1960 e 1970, auge do modernismo e da predominância do figurativismo tropicalista no Estado. Daí se percebe a relevância de Ypiranga, que nadou contra a corrente vigente, apostando no experimentalismo característico da arte contemporânea. Subverteu as linguagens tradicionais da escultura, gravura, desenho e pintura ao criar com a fotografia, o filme, a arte xérox e a arte postal. Sua obra é considerada patrimônio fundamental da arte de Pernambuco e do Brasil. Todas as faces do prolífico Ypiranga podem ser lidas e vistas no livro Ypiranga Filho, organizado por Lêda Régis e publicado pela Cepe Editora. O lançamento ocorre dia 9 de agosto, às 19h, no Museu do Estado, e conta ainda com exposição de mais de cem obras do artista, sob curadoria de Joana D’Arc Lima e Raul Córdula. Os dois assinam textos curatoriais presentes no livro de 292 páginas, ao lado de outros grandes nomes como Marcus Lontra, Adão Pinheiro e José Cláudio. Para o presidente da Cepe, Ricardo Leitão, que assina a apresentação do livro, os textos curatoriais “formam uma base teórica e antecedem a retrospectiva inédita da obra de Ypiranga Filho, que a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) tem a honra de agora publicar”, escreve Leitão. O livro ainda conta com cronologia biográfica, e elenca todas as exposições do artista, pouco conhecido nacionalmente, apesar da relevância de seu trabalho. “Ypiranga se formou na Escola de Belas Artes, em 1969, criando uma escultura feita com cabos de vassoura como se fossem móbiles. Um marco”, pontua a curadora. No prefácio de Raul Córdula revela-se o início da relação de Ypiranga com os artistas que trabalhavam com máquinas das fábricas, na Alemanha, onde morou na década de 1960. “Assim sua obra pendeu para a expressão que emana das formas e volumes contidos nas sobras da indústria e na manipulação daqueles materiais”, escreve o artista e crítico de arte. O também crítico e curador carioca Marcus Lontra ressalta a preocupação ética das esculturas de Ypiranga, que constrói e transforma paisagens sem deixar de se integrar à natureza. “Ypiranga reforça, com toques sutis de melancolia, a ideia de que o mundo sem ganância e sem exploração pode ser um terreno fértil para aflorar a criatividade e o talento humano”, define Lontra, para quem o estilo do artista dialoga com o cubismo, surrealismo, e, entre os brasileiros, com as obras de Maria Martins, de Frans Krajcberg, Mário Cravo Neto e Boaventura da Silva Filho, o Louco. Entre os trabalhos marcantes da carreira de Ypiranga, o também artista Adão Pinheiro recorda O Cangaceiro. “Eram ferros e jantes, com uma solda elétrica aparente, brutal”, descreve. Integrante de vários grupos artísticos importantes dos anos 1960 e 1970, fez parte da Cooperativa de Artes e Ofício da Ribeira, em 1964, com grande papel político e social naquele período de repressão. Socialista declarado, sempre defendeu a coautoria do artista e do artesão. “Um trabalhador das artes consciente de seu papel social”, escreve Joana. Exposição Na mostra expositiva, espelho tridimensional do livro, estarão presentes 11 esculturas, 22 desenhos, 14 pinturas e 53 gravuras, além das obras chamadas por Joana de Transbordamentos, que estarão impressas em um painel. Buscando transmitir uma ideia de extrapolação de fronteiras definidas que escapam às definições normativas, a curadora trata como transbordantes os fazeres artísticos que relacionaram arte e vida pública, “como no happening intitulado Brigada de Artilharia Leve, proposto pelo artista Daniel Santiago, 1987, na Brigada Portinari, 1982, Evoé Nelson Ferreira, Olinda Arte em Toda Parte (2001-2007), participação na organização da I Mostra de Art-Door do Recife (1983-1986), entre outros projetos coletivos e colaborativos durante os anos 1990 até 2016”, explica. Serviço Lançamento do livro Ypiranga Filho (Cepe Editora) e exposição de obras do artista Quando: 9 de agosto, às 19h Onde: Museu do Estado (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças) Preço: R$ 90 (livro impresso) / R$ 25 (E-book)

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Tetralogia de Raimundo Carrero ganha lançamento no Recife

Depois do 28º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) e da 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), a tetratologia Condenados à Vida, de Raimundo Carrero, ganha lançamento no Recife no próximo sábado (04), a partir das 14h, no Cinema do Museu (Museu do Homem do Nordeste/Fundaj), quando também será exibido o filme Carrero, o áspero amável, da cineasta Luci Alcântara. Editado pela Cepe, a obra, que marca os 70 anos de vida do escritor (comemorados em dezembro) reúne em um só volume os romances Maçã Agreste (1989 e já esgotado), O amor não tem bons sentimentos (2007), Somos pedras que se consomem (1995) e Tangolomango (2013), cujos personagens transitam entre os livros. Foi a partir de Maçã Agreste que Carrero começou a narrar as histórias da família Cavalcanti do Rêgo - Dolores, Ernesto, Leonardo, Raquel, Guilhermina, Jeremias, Matheus, Ísis e Biba. Parentes que se relacionam e se destróem, tendo a cronologia da decadência da elite nordestina da cana de açúcar diante da industrialização como pano de fundo. Destaque para o prefácio inédito do também escritor, jornalista e crítico literário carioca José Castello, que anteriormente resenhou quase todos os livros dessa tetralogia, com exceção de Maçã Agreste, considerado por Carrero sua obra mais importante e, no entanto, menos conhecida. “A leitura desses quatro grandes romances de Carrero dilacera. Rasga a proteção íntima que costumamos usar para nos defender do mundo. A verdade é: eles nos atordoam. Enquanto relia os quatro livros, senti, muitas vezes, uma mistura desconfortável de espanto e horror”, descreve Castello em seu prefácio. Membro da Academia Pernambucana de Letras, Raimundo Carrero é um dos escritores mais premiados do País. Já ganhou o Prêmio Jabuti, mais importante prêmio literário do Brasil; dois troféus da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA); e dois prêmios Machado de Assis da Biblioteca Nacional. Em Pernambuco é vencedor dos prêmios José Condé e Lucilo Varejão. Seus livros já foram traduzidos para o francês, português, espanhol, romeno e búlgaro. Filme Escrito, produzido e dirigido por Luci Alcântara, o filme Carrero, o áspero amável, apresenta, em cerca de 25 minutos, o escritor em reflexões sobre o processo criativo (“a mim interessa investigar o homem e suas ansiedades”), a experiência de sua oficina de criação literária, os impactos provocados pelos AVCs (Acidente Vascular Cerebral), em uma narrativa audiovisual que conta com a participação do editor Tarcísio Pereira e do escritor Paulo Caldas. Trechos dos filmes Geração 65, aquela coisa toda (2008), a Minha alma é irma de Deus (2009), e da peça teatral O amor não tem bons sentimentos (2009) costuram a proposta, que contou com o apoio cultural da Companhia Editora de Pernambuco. Serviço Lançamento da tetralogia Condenados à vida, de Raimundo Carrero Data: 04.08.18, sábado Horário: 14h Local: Cinema do Museu (Museu do Homem do Nordeste) Endereço: Avenida Dezessete de Agosto, 2.187, Casa Forte Preço do livro: R$ 80,00 (impresso) e R$ 24, 00 (E-book)

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Fernando Torres divulga “Todo sonho novo é madrugada”: o mais novo lançamento da MPB pernambucana

O músico, cantor e compositor paulista radicado em Recife, Fernando Torres, lançou, no último dia 20 de julho, sua mais nova música autoral. Composta em parceria com o músico Rodrigo Carneiro, baixista da banda Palhaço Paranoide, “Todo sonho novo é madrugada” é uma canção com influências de vários nomes da MPB, a exemplo de Boca Livre, Milton Nascimento e Oswaldo Montenegro. “A inspiração vem de um caldeirão musical de trabalhos que acompanho há muito tempo. Sou fã da musicalidade dos compositores de Minas Gerais, desde o Clube da Esquina e tenho muita admiração por outros músicos como o João Alexandre e a dupla Sá e Guarabira”, conta o compositor. Amigos de longa data, Fernando e Rodrigo comphttp://portal.idireto.com/wp-content/uploads/2016/11/img_85201463.jpgam “Todo sonho novo é madrugada” em uma parceria respectiva de música e letra. A dupla, agora, repete a dose em mais uma bela composição. A música foi gravada em um formato acústico, tendência atual do compositor, e contou com o talento do pianista Kelsen Gomes e do violonista Rodrigo Leite. Presente em publicações de diferentes plataformas digitais (Facebook, Instagram, Youtube) o clipe de “Todo sonho novo é madrugada” soma 16.961 visualizações com dez dias de lançamento e vem atraindo mais admiradores. Os interessados podem conferir nos seguintes links: Fanpage Associação dos Professores do CEMO: 14 mil vews - https://bit.ly/2NRjowj Perfil pessoal do Face (Fernando TTorres): 2600 vews - https://bit.ly/2LVknLJ Instagram: 246 vews - https://bit.ly/2NOXvOg Youtube: 115 vews - https://bit.ly/2uQ72Ob FERNANDO TORRES - Doutorando em Musicologia/Etnomusicologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é mestre em Musicologia/Etnomusicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Atualmente é professor efetivo do Centro de Educação Musical de Olinda (CEMO). Como pesquisador, escreveu o livro Bossa Nova fora do eixo: Uma história da Bossa Nova na capital pernambucana, lançado em 2015. No ano seguinte, apresentou, juntamente a Daniel Vilela, o trabalho Bossa Nova e Jequibau no XII Congresso da Asociación Internacional para el estudio de la música popular, rama América Latina em Havana, Cuba. Como cantor e compositor participou de grandes festivais de música, em todo o país, sendo premiado em alguns deles, como o Festival Nacional de Música. Dividiu palco com artistas como Oswaldo Montenegro e Guilherme Arantes. Participou do espetáculo O Baile do Menino Deus por três anos consecutivos. Gravou um DVD ao vivo, com composições autorais, no SESC de Casa Amarela, no Recife, em 2007 e possui um CD com composições autorais gravado em meados de 2004. Fez shows nos carnavais do Recife nos anos 2000 por três anos consecutivos. Participou do projeto “Música é Vida!” em parceria com o Conservatório Pernambucano de Música e a Secretaria Estadual de Saúde, levando música aos pacientes dos hospitais públicos do Estado de Pernambuco.  

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Últimos dias da exposição "O tempo dos sonhos" na Caixa Cultural Recife

Quem ainda não viu a exposição O Tempo Dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália tem até o domingo, 05 de agosto, para conferir as obras de arte na CAIXA Cultural Recife. Aberta para visitação no dia 13 de junho, a coleção reúne mais de 50 peças, entre pinturas, esculturas, litografias e bark paintings (pinturas em entrecasca de eucalipto), selecionadas por importância histórica. As obras que compõem o acervo são de nomes, como Rover Thomas, Tommy Watson e Emily Kame Kngwarray, que já tiveram os seus trabalhos expostos no MoMA e Metropolitan, de Nova Iorque, Bienais como a de Veneza, São Paulo e Sidney, entre outros eventos de prestígio internacional, como o Documenta, em Kassel, e Art Basel (Miami, Basel e Hong Kong). “Essa coleção é um presente à população brasileira. Em um acervo de mais de três mil obras, selecionamos aquelas mais significativas. Muitas já foram publicadas em inúmeros catálogos de arte, citadas em teses de doutorado e exibidas em várias instituições de prestígio na Austrália, Europa e América do Norte”, conta o curador brasileiro Clay D´Paula, que assina a curadoria com os australianos Adrian Newstead e Djon Mundine. Compõem o acervo obras da Coo-ee Art Gallery, a galeria mais antiga e respeitada em arte aborígene da Oceania. Peças de coleções privadas e instituições governamentais também atravessaram o oceano exclusivamente para esta exposição. Os trabalhos artísticos representam um período de 45 anos, desde o despertar da comercialização da arte aborígene contemporânea na década de 1970 até o presente. Além de circular pela América Latina e pelo Brasil pela primeira vez, a exposição também traz o primeiro catálogo publicado em português sobre a arte aborígene. Neste ramo movimenta-se cerca de 200 milhões de dólares por ano na Austrália. Estima-se que hoje mais de 7 mil artistas indígenas vivam de sua prática artística. “Nós, brasileiros, tivemos, até hoje, poucas oportunidades de conhecer todo esse universo da arte aborígene da Austrália, o que pode, inclusive, levar-nos a refletir sobre os povos indígenas de nosso país. O Brasil e a Austrália possuem muitas coisas em comum. Contribuir para aproximá-los e convidar ao diálogo é um dos objetivos dessa exposição”, justifica o curador Clay D´Paula. O Tempo dos Sonhos - Os artistas aborígenes pintam os seus sonhos (mas não a ideia Junguiana de sonhar e sua associação com o inconsciente). Para eles pintarem o seu “Sonhar” (dreaming, em inglês) implica recontar histórias que são atemporais a fim de mantê-las vivas e repassá-las a futuras gerações. Não se trata de algo religioso, mas ligado à sua própria sobrevivência. Essas pinturas contêm informações vitais, como, por exemplo, onde encontrar “água viva” permanente. Manter o “sonhar” vivo é a motivação fundamental para a prática da arte dos artistas indígenas da Austrália. Bark paintings - Os visitantes vão apreciar as bark paintings, pintura sobre entrecasca de eucalipto, típica do norte tropical da Austrália, região conhecida como Arnhem Land (A Terra de Arnhem). Essa é uma das formas de expressão artística mais antiga do mundo, com mais de 40 mil anos. Inicialmente, as bark paintings tinham uma pobreza estética muito grande porque não foram criadas para durar, mas sim para cerimônias ou decoração. Hoje, elas trazem uma execução primorosa, sendo consideradas como arte, não artefato, e estão em museus renomados, além de integrarem coleções particulares. Artistas participantes - A mostra reúne os artistas aborígenes de maior projeção internacional, com uma paleta refinada e luminosa, como a do celebrado artista Rover Thomas (1926-1998), com suas paisagens de cor ocre que mudaram, com sua visão, a percepção paisagística australiana. Suas pinturas podem ser apreciadas da mesma forma que as criadas pelos impressionistas no século XIX, mas sem horizontes. A estética desenvolvida pelos artistas lembra o minimalismo e o expressionismo. No entanto, as obras criadas por eles trazem uma linguagem visual única e de verdades eternas – lembrando que os artistas indígenas da Austrália, na sua grande maioria, não tiveram contato algum com a arte europeia. “A arte não é uma invenção dos europeus. Toda cultura tem a sua própria e singular forma de expressão: seja na música, na dança ou na pintura. Não existe diferença entre uma obra de arte criada no deserto e na cidade. Elas devem ser apreciadas e reconhecidas da mesma forma. Esta exposição vem descortinar tais pré-conceitos, reconhecendo as obras criadas pelos artistas indígenas de todo o mundo. A arte aborígene, por exemplo, não é uma cópia, nem uma réplica. Mas uma linguagem visual inovadora e revolucionária”, afirma o curador Clay D'Paula. A grande estrela da exposição é Emily Kame Kngwarray (1910-1996). Mulher, negra, que começou a pintar aos 79 anos de idade. Emily é considerada pela crítica uma das maiores pintoras expressionistas do século XX. Ela foi comparada a Pollock e Monet, entre outros expoentes que figuram nos livros da história da arte. Emily estará representada na mostra com a pintura “Sem título, 1992”. Emily tornou-se a artista mais querida da Austrália. Representou o país na Bienal de Veneza e em vários outros eventos de arte internacional. É importante ressaltar que Emily nunca teve acesso à arte ocidental, logo, enquadrar a sua pintura dentro de um movimento artístico europeu pode ser um equívoco. Ela que, sem falar uma palavra em inglês, já expôs lado a lado com Picasso, Kandinsky e Mondrian entre outros másters internacionais da arte. “Ou eles que exphttp://portal.idireto.com/wp-content/uploads/2016/11/img_85201463.jpgam com ela”, complementa Clay D´Paula. Serviço: Exposição: O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália Local: CAIXA Cultural Recife Endereço: Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife, Recife - PE Visitação: Até 05 de agosto de 2018 Horário: terça-feira a sábado, das 10h às 20h | domingo, das 10h às 17h Classificação indicativa: Livre Entrada gratuita

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Bruno Vilela celebra 20 anos de carreira com a exposição Hermes na Amparo 60

Hoje (26) o artista Bruno Vilela inaugura a exposição Hermes, na Galeria Amparo 60. A mostra marca tanto os 20 anos de carreira do artista, que está há quatro sem expor no Recife, quanto os 20 anos da galeria, fundada em 1998, cuja primeira sede foi a casa de número 60, na Rua do Amparo, em Olinda. Esta é a primeira exposição em que Vilela integra desenho, pintura, fotografia e estudos, funcionando como uma grande instalação. As obras são costuradas por textos nas paredes, símbolos e ícones ressignificados pelo artista. Para inspirar essa série de trabalhos o artista se lançou numa pesquisa sobre o hermetismo. É por volta de 2.600 a.C. que surgem os primeiros registros do Hermetismo na história. Incorporados pelos egípcios na figura do Deus Toth, Hermes Trismegistos, o três vezes grande, é Mercúrio na mitologia romana. O semideus que tem a capacidade de levar o conhecimento do divino aos homens. “A figura de Hermes aparece até em igrejas católicas. Existe um mosaico da lendária figura numa catedral em Siena. A lenda diz que Hermes passou o conhecimento a Abraão e desde então todas as religiões têm fundamentos nos princípios herméticos. Do hermetismo surge a alquimia e dela os grandes arquitetos e artistas do renascimento que eram alquimistas”, conta Bruno. A grande obra do hermetismo é o Caibalion. Um pequeno livro com pouco mais de 120 páginas que elabora as sete leis herméticas. Na realidade a alquimia é a arte da transmutação. E a tão falada pedra filosofal é o conhecimento que transforma chumbo, pensamentos e sentimentos grosseiros, em ouro, elevação espiritual e iluminação. O hermetismo nada mais é que uma grande ciência, religião e arte, através da qual o homem aprende o caminho para a evolução. Através da pesquisa desses princípios, Bruno Vilela criou obras que revelam visualmente o conhecimento do grande mestre. São pinturas, desenhos e fotografias que surgem de um profundo mergulho no hermetismo. “As escrituras falam que Deus, O TODO, é indizível e incognoscível. A arte tem então a vocação de mostrar justamente o que não se consegue explicar com palavras”, destaca. A figura de Hermes abre a exposição na fotografia de uma escultura numa fonte. Espécie de oráculo que representa a conhecida citação do Caibalion: “Os lábios da Sabedoria estão fechados, exceto para os ouvidos do Entendimento. Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir, então vêm os lábios para os preencher com a Sabedoria.” A segunda obra tem como título mais uma citação do Caibalion: O Todo está em tudo. Tudo está no TODO. Um grande motor numa fábrica, feito de carvão e tinta acrílica, tem uma auréola que sai da sua grande roda. A sacralização e a possibilidade de se ver o criador em qualquer lugar. O grande motor criador do universo. A primeira obra do salão principal é uma fotografia de grande formato da asa de um avião. O Mensageiro faz referência as asas nos pés de Mercúrio. No céu vemos o Circumponto, antigo símbolo asiático que representa o sol e o universo, utilizado para meditação, feito de folha de prata, através de uma intervenção na fotografia. Ao lado surge o caduceu de Hermes, ressignificado através de duas fotografias e uma intervenção na parede, 2.600 a.C. é um díptico feito de uma imagem de uma Pirita, mineral que tem a propriedade de ser um amuleto que atrai prosperidade e elimina nós energéticos. Essa, em especial, foi fotografada pelo artista no Museu do Minério, em Belo Horizonte (MG), e tem o incrível formato de asa. A fotografia é replicada, espelhada e separada por um desenho feito a carvão na parede. Duas serpentes sobem em direção ao teto e são feitas das digitais do artista. O princípio da Transmutação dá título a obra seguinte. O leão de São Marcos recebe asas e também tem o papel de levar o conhecimento dos céus a nós mortais através do livro sagrado em suas patas. O espaço representado pela auréola e círculos ao redor de sua cabeça são os infinitos anéis do universo. O leão é feito de óleo e carvão. Na outra parede, vemos uma grande montanha pintada a óleo. A obra tem 150x200 cm. No cume paira um triângulo em perspectiva feito de folha de prata. A montanha representa O TODO das leis herméticas. Deus. O incognoscível. O triângulo ascendente é o céu. O triângulo descendente a terra. Os dois juntos formam a estrela de Davi. O casamento do Céu e do inferno escrito por William Blake. Os mesmos triângulos aparecem no teto e no chão da galeria com as frases: O que está em cima...É como que está embaixo. No centro da parede temos uma fotografia. É o ateliê de Burle Marx no seu sítio, no Rio de Janeiro. A composição mostra claramente um templo. Orientalismo foi um movimento do século XIX na pintura e dos anos 30 aos 60 no cinema regido pelas cores do Technicolor. Vemos o templo do mestre, de Hermes, perdido num delírio tropical entre as palmeiras. A última obra da parede tem por título também uma das leis herméticas: O que está em cima é como o que está em embaixo. O templo de Delfos na Grécia aparece como que mergulhado num mar escarlate. São as pálpebras dos olhos saturadas pela luz solar. Nesse templo, o oráculo falava aos humanos as palavras dos deuses através dos gases que saiam da terra e deixavam as sacerdotisas em transe. Também uma ligação, religação, religião, do céu com a terra. Do homem com os deuses. A última obra da exposição é um altar numa mesquita. Um grande desenho de 200x150 cm feito de carvão e tinta acrílica. Uma escada de madeira entalhada leva a um altar. Dentro dele uma luz brilha. É O Profeta. O espírito do grande mestre presente. As diversas influências de liturgias, iconografias, mitos e deuses presentes nessa exposição, de católicos a muçulmanos têm como objetivo mostrar como o pensamento hermético formou todas as religiões e o misticismo do mundo. SERVIÇO Hermes Artistas: Bruno Vilela

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8 fotos de Casa Amarela Antigamente

O bairro que teve sua primeira povoação por volta de 1630, nos arredores do Forte do Bom Jesus, hoje conta com uma população de aproximadamente 30 mil habitantes. Casa Amarela, com forte atividade comercial, abriga o tradicional mercado, o Sítio da Trindade, igrejas e hospitais de grande porte. Resgatamos em fotografias alguns registros do cotidiano da comunidade desde o início do século. A comunidade só ganhou a atual nomenclatura, após muito tempo, de acordo com a Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco, Lúcia Gaspar, no artigo Casa Amarela (Bairro, Recife). "O nome se deve, segundo a tradição, a uma casa sempre pintada de amarelo que existia próximo ao terminal da estrada de ferro e que servia de referência na região. A casa pertencia a um português rico, o comendador Joaquim dos Santos Oliveira que, por estar tuberculoso, foi aconselhado pelos médicos como terapia a mudar-se para o Arraial, por conta da excelência do seu clima. Por milagre ou não, o comendador ficou curado e, então, mandou construir uma casa quadrada, a uns 300 metros do antigo Arraial do Bom Jesus, mandando pintá-la de ocre. Foi essa casa que ficou conhecida como Casa Amarela". Confira as imagens abaixo. 1. Casa Amarela em 1905 (Manoel Tondella - Fundaj) 2. José Ignácio Guedes e família no Sítio da Estrela na Estrada do Arraial (Arquivo de Benício Dias, foto de F. Du Bocage - Fundaj) 3. Arruado Casa Amarela, com datação de 1917 (Acervo Josebias Bandeira - Fundaj) 4. Cinema Rivoli (do blog José Calvino)   5. Ônibus de Casa Amarela, em 1947 (publicada no Diário de Pernambuco) 6. Rua Padre Lemos, em Casa Amarela, Zona Norte do Recife, no ano de 1952 (Do livro Recife – Ruas, de Josivan Rodrigues) 7. Região do Sítio da Trindade (Foto de Tércio Couceiro, na página do Recife de Antigamente) 8. Bumba Meu Boi do Capitão Pereira - Apresentação no Sítio da Trindade, bairro de Casa Amarela, em 1961. (Foto de Katarina Real, no acervo da Villa Digital)

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Exposição ExistenCidades é prorrogada no MAMAM

Foi prorrogada a temporada da exposição ExistenCidades, do fotógrafo Beto Figueiroa, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM). A mostra gratuita, que seria encerrada no próximo domingo, segue em cartaz até o próximo dia 12 de agosto, provocando uma reflexão sobre texturas e espaços urbanos. Na exposição, realizada pela Jaraguá Produções com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Funcultura, o fotógrafo apresenta ao público um conjunto de 13 imagens coloridas, expostas em formato de lambe-lambe, que foram captadas em diversos lugares por onde ele passou, como Lajedo, Maceió, Mossoró, Goiana, Recife, Porto de Pedras, Serrita, Bonança e Ilha de Marajó. Para questionar a forma como o concreto está avançando sobre o convívio e sobre o afeto nas texturas urbanas atuais, as imagens são apresentadas ao público entre andaimes de construções vazados, em um projeto cenográfico assinado por Luciana Calheiros e Aurélio Velho, da Zolu Design. Além das imagens, a narrativa da exposição é reforçada por textos assinados pelo músico Jr. Black. São cinco textos, escritos em primeira pessoa, que narram histórias inventadas por Black para os personagens e cenários retratados por Beto. “Queria que as fotos falassem”, explica Beto Figueiroa, que usa ainda projeções para dialogar com as fotos e textos. Sobre Beto Figueiroa – Tendo passado parte da infância na histórica cidade de Goiana, Mata Norte de Pernambuco, Beto Figueiroa foi criado na barra da saia de Mãe Ná, sua cega e longeva avó, que ensinou a ele sobre a possibilidade de enxergar a vida sem usar os olhos. Com trabalho reconhecido pelas principais premiações do fotojornalismo nacional, como Vladimir Herzog, Beto participou de exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, além de ter seu trabalho sido divulgado em inúmeros livros e revistas. Em 2007, esteve entre os dez brasileiros escolhidos pela Fototeca de Cuba e pelo Instituto de Mídia e Arte – Imea (SP) para representar a fotografia brasileira, sendo o mais jovem da seleção na mostra “Mirame – uma ventana da fotografia brasileña”, em Havana. Em 2014, lançou a exposição "Morro de Fé", com curadoria de Mateus Sá, formada por 25 fotografias coloridas e em preto e branco, impressas em grandes formatos, ocupando paredes e telhados com até 14 metros de largura. Em 2016, lançou o livro “Banzo” pela editora Olhavê. SERVIÇO Exposição ExistenCidades, do fotógrafo Beto Figueiroa Data: Até 12 de agosto Local: MAMAM, na Rua da Aurora, 265 - Boa Vista, Recife Estrada gratuita Informações: 3355-6871

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Prosopopeia

Imagine-se habitante da capitania de Pernambuco durante o primeiro século da colonização, ou seja, de 1535 a 1635. Você veria o desenvolvimento saltando à vista. Éramos ricos, tal a abundância dos recursos naturais à nossa disposição. Eram frutas, madeiras e mesmo até plantas europeias e africanas adaptadas ao nosso solo gentil. O crescimento econômico era flagrante e, como corolário, logo teria início o aprimoramento intelectual. Por aqui passaram, e escreveram sobre Pernambuco, cronistas como Hans Staen, alemão; o inglês Anthony Kinivet e o padre Fernão Cardim. Passaram. Já o português Bento Teixeira, ficou e é considerado um dos pioneiros da produção literária brasileira. Sua obra, embora maçante e desprovida de criatividade – assim dizem os críticos – é um valioso registro histórico e um marco de vanguarda do barroco brasileiro. Toda a obra de Bento Teixeira, diga-se, é apenas um livro intitulado Prosopopeia. Diga-se mais, em verdade é um extenso poema épico servilmente inspirado em Os Lusíadas, narrando as glórias dos Albuquerque e as peripécias da viagem a Lisboa feita com seu patrono – Jorge de Albuquerque Coelho – terceiro donatário. Nela, Bento Teixeira conta que em meio à viagem o navio foi abordado pelos franceses e, como se fosse pouco, enfrentara uma violenta tempestade, ficando à deriva, sem água e sem alimentos. Relata o drama dos viajantes, assinalando os feitos e ressaltando a solidariedade e a coragem do donatário, que em todas as horas de angústia se manteve solidário com os companheiros de aventura que, felizmente, chegaram ao seu destino. No entanto, nem tudo era felicidade. A Inquisição, por outro lado, não lhe dava trégua, nutrindo consistentes dúvidas quanto à solidez da fé cristã de Bento Teixeira. Para agravar a situação, seu casamento com a rigorosa cristã Filipa Raposa não ia bem, chegando ao ponto em que ela o acusou de ser um mau cristão. A perseguição do Santo Ofício recrudesceu, culminando com a prisão de Bento Teixeira, que foi julgado e absolvido. Naquele mesmo ano, para defender sua honra (pelo menos foi o que ele alegou) matou a mulher e se refugiou no Mosteiro de São Bento, em Olinda, mas em uma tentativa de fuga foi preso e transferido para Lisboa, onde admitiu sua crença judaica e viveu seus últimos dias. Existem poucas e descontinuadas informações sobre a vida de Bento Teixeira, tanto que sua biografia somente se consolidou em 1929, com o exame dos documentos chamados Denunciações de Pernambuco – o conjunto referente aos registros da Primeira Visitação do Santo Ofício às Partes do Brasil, em que se encontra menção a um depoimento ao Tribunal de um poeta cristão novo, batizado como Bento Teixeira. Foram somente 39 anos de vida, de 1561 a 1600, tempo em que ele nos legou Prosopopeia, uma obra maçante, desprovida de criatividade, mas de fundamental importância para a nossa literatura. Olhai o grande gozo e doce glória /Que tereis quando, posto em descanso / Contardes esta larga e triste história, / Junto do pátrio lar, seguro e manso. / Que vai da batalha a ter victória, / O que do Mar inchado a um remanso, / Isso então haverá de vosso estado / Aos males que tiverdes já passado. *Por Marcelo Alcoforado

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Talento coletivo: grupos do Recife resistem às dificuldades e produzem espetáculos inovadores

Nos anos 2000 houve uma revalorização do teatro de grupo e várias companhias começaram a surgir no Recife. Prestes a completar 15 anos, o Coletivo Angu de Teatro é uma delas, cuja estreia nos palcos aconteceu com a montagem da obra Angu de Sangue, do escritor pernambucano Marcelino Freire. “Não tínhamos o intuito de construir o coletivo, mas depois de montado o elenco em 2003, decidimos continuar experimentando e a partir daí, criamos outros espetáculos”, conta Marcondes Lima, diretor e ator. O elenco também é formado por André Brasileiro, Arilson Lopes, Ivo Barreto, Nínive Caldas, Gheuza Sena, Lili Rocha e Hermila Guedes, conhecida por sua atuação no cinema. O grupo trabalha com textos de autores pernambucanos que abordam temas sociais. “Fazemos teatro com um caráter político, mas não panfletário”, garante Lima. O coletivo também possui a característica de utilizar diferentes linguagens em cena, como dança, música e audiovisual. Um caldeirão de mistura, que justifica o nome do grupo, Angu. A trupe acumula no currículo cinco montagens que já foram encenadas em inúmeros palcos pelo País, como Essa febre que não passa, trabalho construído a partir do livro homônimo da jornalista Lucy Pereira. Além de Angu de Sangue, cuja temática aborda pessoas que vivem à margem da sociedade urbana; eles montaram outros textos de Marcelino Freire (Rasif – Mar que arrebenta e Ossos). Da universidade para os palcos recifenses, outro grupo atuante na cena teatral é o Magiluth. A trupe surgiu em 2004, no curso de Licenciatura de Artes Cênicas na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Os fundadores são quatro amigos, Marcelo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres e Thiago Liberdade, que após encerrarem as aulas com o espetáculo Ato sem palavras, de Samuel Beckett, decidiram dar continuidade à peça. O elenco atual é formado por Erivaldo Oliveira, Pedro Wagner, Mario Sérgio Cabral e Bruno Parmera, além de Giordano e Lucas. A proposta do grupo está focada na construção de uma linguagem teatral por meio de um viés político e estético, facilmente perceptível em cena, e uma independência no modo de produção. Em 2007, o Magiluth produziu o primeiro trabalho autoral intitulado Corra, apontado como espetáculo revelação no Recife. Em 2008, ele retornou com a peça Ato. “A remontagem abriu as portas para que o grupo pudesse circular em festivais importantes, como o de Guaramiranga (CE), Cena Contemporânea de Brasília e Porto Alegre em Cena”, conta o ator Mario Sérgio Cabral. O coletivo já soma nove espetáculos desde a sua criação, entre eles, Um torto, solo escrito e interpretado por Giordano Castro, Viúva, porém honesta, baseado no texto de Nelson Rodrigues e Luiz “Lua” Gonzaga, que aborda o universo do Rei do Baião. Ano passado, o grupo estreou Dinamarca, trabalho mais recente que vem rodando o País. A montagem une elementos cênicos e música autoral. Outra companhia que surgiu no mesmo ano do Magiluth, 2004, é o Poste Soluções Luminosas. Formado só por atores negros, único em Pernambuco, o grupo realiza um trabalho antropológico de pesquisa teatral voltada para as matrizes africanas. É composto por Naná Sodré, Agrinez Melo e Samuel Costa, que são iluminadores e graduados também em artes cênicas pela UFPE. “Colocamos os negros como protagonistas das histórias. Nosso intuito é dar visibilidade a eles, que não costumam interpretar papéis de destaque”, justifica Naná Sodré. O trio foi criado a partir do trabalho de iluminação cênica que realizava nos espetáculos teatrais, assessorando tecnicamente as companhias. Em 2009, quando o ator e diretor Samuel Costa entrou na equipe, o Poste voltou-se para a atuação cênica. Nesse mesmo ano, eles realizaram a montagem de Cordel do Amor Sem Fim, da poetisa, atriz e dramaturga Claudia Barral. Anos mais tarde, o grupo se firmou com uma sede própria situada na Rua da Aurora, Centro do Recife. “O espaço físico surgiu como forma de assegurar um local em que pudéssemos realizar as atividades, reuniões e projetos do grupo”, diz Naná. O segundo espetáculo do Poste foi Anjo Negro, de Nelson Rodrigues, logo após veio a montagem Ombela, texto do angolano Manuel Ruy, e A Receita, solo interpretado por Naná que aborda a solidão feminina, o amor e as dificuldades do relacionamento. Um dos projetos da companhia este ano é a Escola O Poste de Antropologia Teatral voltada para atores com experiência no palco. “É uma forma que encontramos de manter o espaço”, conta a atriz. O objetivo da Escola é trabalhar as matrizes africanas e manifestações culturais brasileiras e pernambucanas. Outra novidade do grupo é que neste mês o espetáculo Cordel do Amor Sem Fim será encenado no Uruguai. Os integrantes também planejam uma série de apresentações a partir do projeto intitulado Desatino, cujas peças foram escritas por Samuel Costa e contam com os três atores em cena, entre elas estão A Receita e O Açougueiro, ainda sem previsão de estreia. Com tantas montagens realizadas, as companhias acumulam algumas participações em prêmios. O Angu, por exemplo, já integrou a grade do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (FNT), no Ceará, onde um dos integrantes ganhou o troféu na categoria melhor ator. No Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, que acontece no Recife, Marcondes Lima arrebatou a premiação de melhor figurino em Ossos. O Magiluth ganhou da Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco) prêmio de melhor espetáculo pela peça Viúva, porém honesta. “Em 2012 ainda fomos reconhecidos como a segunda melhor estreia do ano pela Folha de S. Paulo com a peça Aquilo que o meu olhar guardou para você; e ganhei como melhor ator revelação pelo blog Atores e bastidores, do portal R7”, conta Mário Sérgio Cabral. Na capital pernambucana, a trupe é fundadora do Grite (Grupos Reunidos de Investigação Teatral) que discute políticas públicas para o teatro de grupo no Estado. O trio de atores de O Poste, por sua vez, acumula 16 indicações e oito troféus, dentre eles, o prêmio Procultura de Estímulo ao Teatro 2010, da Funarte (Fundação Nacional de Artes). As atrizes Naná Sodré e Agrinez Melo ganharam o troféu de melhor atriz coadjuvante de 2014 pelo

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