Arquivos Cultura E História - Página 341 De 366 - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco

Cultura e história

O traduzir dos sentimentos em Lunátipos

André de Sena é um desses autores que discorre sobre cenários e personagens com absoluta precisão. Em seu livro de contos Lunátipos - Edições Bagaço – 2014, é patente a observação. No conto História de Mar, por exemplo, assim destaca o protagonista em dado momento da narrativa em primeira pessoa: “Quando criança, eu descobri que de qualquer lugar da cidade poderia ver o mar. Aos poucos ele passou a olhar mais para mim do que eu a ele, gigantesca hidra cujos tentáculos de rios dominam a cidade e se espraiam pelo interior das residências e fui me incomodando com isso até ser envolvida pela gaze escura do medo”. Aqui combina com sutileza símile e metáfora com total consciência.   Ainda em História de Mar, adere ao imaginário discursando sobre sonhos assustadores, quando a colocação de cada palavra vislumbra sua função e o efeito compatível com a poética desejada. “Há uma estranha visão de cidades antigas e clássicas, templos de mármore que servem de âncoras para galeões que descansam mansamente no mar, atracados às suas colunas por pesadas cordas, sugerindo contraditoriamente ao espírito uma sensação de extrema inquietude... Observo o movimento intenso, mas tranquilo, desses portos luxuriantes e as ondas não são ameaçadoras; antes borrifam os degraus de mármores a brincar como crianças... Mas um sentimento opressor toma vulto vindo talvez daquele próprio lugar, que sinto já ter realmente existido”. No conto Ilha de Cipango, ao lado do personagem Tomás, percorre as alamedas do inusitado com vontade de abraçar o horizonte: “Agora todas as coisas são nossas e só com o nosso desaparecimento deixarão de existir. Sinto a ilusão entre os dedos, acaricio árvores, encho a mão com grãos de areia, movo o braço dentro das ondas, tal o médico que estuda a anatomia de Deus”.   Mas é em Lunátipos, conto que dá título ao livro, que Sena anda de mãos dadas com o fantástico e nos apresenta o melhor de sua verve ficcional, exercitando criatividade na concepção dos peixes-monstros, com feitio feminino, habitando um cenário que alterna ondas encrespadas, odores de mangue, com ventos gélidos paridos nas noites de uma praia inóspita. A escrita nos envolve tal serpente malfazeja, mas que se torna cúmplice das expectativas do leitor. Num dos trechos também dá as mãos à loucura imaginosa: “Nesse dia estive no inferno... Após destruir aqueles monstros, comecei a correr pelo terreno perigoso dos arrecifes, sem sentir mais dor alguma... mas as chuvas e furiosas ondas lavavam minhas feridas... Tive a impressão que outras entidades me seguiam para me destruir, emitindo sons inexplicáveis. O oceano inteiro estava contra mim e não sei se era o vento responsável por aquelas notas”.   *Paulo Caldas é escritor

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Ser geek é indicar tecnologia para amigos e família

Qual o Geek que nunca deu conselhos sobre compras tecnológicas para parentes e amigos? Na hora de trocar de celular, câmera, computador, você sempre é o escolhido. Eu, particularmente, adoro passar dicas. A gente não consegue comprar tudo, não é mesmo? Indicar um produto é uma boa ação e uma forma legal de recebermos novas informações sobre as tecnologias através dos depoimentos dos novos usuários. Mas o que indicar? A primeira dica é: “Não é para você”. Como apaixonados por tecnologia que somos, nossa tendência é pensar logo nas melhores configurações de computadores, no celular mais poderoso, na câmera com maiores opções e oferta de lentes. Mas, lembre-se, as necessidades do seu amigo ou parente podem não ser iguais às suas. Muitas vezes, um notebook mais leve é uma opção melhor do que ter placa de vídeo dedicada, monitor em 4K. Um celular com uma boa câmera frontal, ou melhor portabilidade, pode ser uma opção mais viável para seu amigo que ama selfies. Uma câmera automática pode ser o pesadelo para você, mas exatamente o que seu amigo precisava. Pensando nisso, fizemos uma lista com algumas sugestões de computadores para você indicar ao seu amigo que não costuma ficar por dentro do universo tecnológico. Quer mais dicas? Nas próximas edições da Pernambuco Geek, você poderá acompanhar a lista de câmeras, tablets e celulares. Central Multimídia É cada vez mais comum o uso de computadores como centrais multimídia. A pessoa pode resolver seus problemas simplesmente instalando um Google Chromecast em sua TV, mas, para outros, ter um dispositivo com uma gama maior de opções pode dar a flexibilidade necessária. Nesse caso, você pode formatar aquele notebook velho, que está sem uso, para rodar filmes, músicas, e até conferir aquelas fotografias que nunca saíram do seu HD Externo. (Um dia, revelo essas fotos!). Não tem um notebook antigo dando bobeira ou quer um dispositivo novo? Dê uma olhada nos mini PCs. Dependendo da configuração (ver vídeo abaixo), essa opção também é superlegal para quem tem pouco espaço na bancada. Alguns modelos deixam acoplar o PC na parte traseira do monitor, transformando em um All In One. Existem ainda modelos mais simples, como o Intel Compute Stick, com configuração para rodar arquivos mais leves. Os preços variam de R$ 600 a R$ 4.000. Notebook Portátil Há uns anos, vimos o estouro dos netbooks e ultrabooks. Os primeiros foram rapidamente esquecidos diante do sucesso do segundo grupo. Aos poucos, fomos nos acostumando a não ter leitores de CDs e DVDs. Hoje, tudo está na nuvem. Os avanços tecnológicos diminuíram os componentes ao ponto de termos computadores que aguentam todas as tarefas rotineiras (até edição de vídeos) e pesam menos de 1kg. Se você tem dinheiro sobrando ou é um apaixonado pela Apple, vai sem medo. O MacBook tem um ótimo desempenho e portabilidade. (Além de ser lindo). Se quiser um notebook para aguentar uma rotina pesada, tem ainda modelos da HP, Samsung, Dell e Asus, mas os preços também não são lá muito atrativos. Quer economizar? Vai usar para navegar na web e editar arquivos na nuvem? Os Chromebooks têm ganho cada vez mais adeptos, apesar de não oferecerem tudo que seus concorrentes têm.             Notebook Gamer A redução do tamanho dos componentes teve impacto também no universo gamer. As placas de vídeo portáteis estão cada vez mais robustas, se aproximando do desempenho de desktops. Provavelmente, se você quer realmente jogar tudo no seu PC, a solução seja montar uma torre. Mas, para grande parte das pessoas, rodar em uma configuração menor ou jogar alguns jogos indies pode ser o suficiente. No momento, com uma placa 960M, da Nvidia, você consegue jogar praticamente todos os jogos em uma configuração razoável. É pensando nelas que indicamos o modelo abaixo.

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A história de um vigário

No Recife Antigo, centro econômico brasileiro em parte do século 19, existe uma rua chamada Vigário Tenório. Lamentavelmente, poucos sabem quem ele foi. Para começar, defina-se que a palavra vigário define o religioso que, investido dos poderes de outro, exerce em seu nome suas funções. No uso informal, porém, de forma nada airosa, vigário é quem trapaceia, faz velhacaria, é vigarista, enfim. Tanto que na música Tamo aí na atividade (sic), a banda Charlie Brown Júnior canta Eu nasci pobre mas não nasci otário. Eu é que não caio no conto do vigário. Quer saber o porquê da expressão conto do vigário? Conta-se que no século 18 havia uma disputa entre os vigários de duas paróquia de Minas Gerais por uma imagem sacra. Um deles, então, para pôr fim à disputa, propôs amarrar a santa a um burro que estava solto na rua, exatamente entre as duas igrejas. A paróquia para a qual o burro fosse ficaria com a imagem. Assim foi feito. Logo depois, porém, descobriu-se que o burro pertencia ao vigário da igreja vencedora. Foi aí que a expressão conto do vigário, passou a ser sinônimo de embuste, mas o que você vai ler a seguir não é ficção, não é conto. É pura história. História do Brasil, do heroico vigário Tenório. Em 1817 eclodiu a Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres. Um ano antes houvera uma grande seca no Estado, causando queda na produção do açúcar e do algodão que sustentavam a economia, o que redundou em miséria para grande parte da população. Faltavam farinha e feijão. E tendo a fome como conselheira, a revolta se tornou inevitável. É ai que entra em cena um dos mais valorosos e destemidos homens da nossa história: O padre Pedro de Souza Tenório ou mais notadamente o vigário Tenório. Educado na Universidade de Coimbra, Portugal, designado para a paróquia da vila de Nossa Senhora da Conceição, hoje Vila Velha, em Itamaracá, ali ele revolucionou não só a prática pastoral, mas a agricultura, com as mais modernas técnicas agrícolas, e implantando novas culturas de cana-de-açúcar e máquinas revolucionárias para a época. Acontece que a revolta foi descoberta, e toda a guarnição do forte se preparou para a guerra. O padre Tenório, por sua vez, cercou o forte com os paroquianos e uma pequena tropa vinda em seu auxílio. Só que enquanto fazia o cerco, relata o romance A Noiva da Revolução, o vigário Tenório mandou perguntar se o comandante do Forte Orange estava contra ou a favor do novo governo, e a resposta foi que “quem quisesse saber fosse lá indagar, pessoalmente...” Ele foi. Sozinho. Arrostando todos os riscos. Rendeu toda a guarnição portuguesa e deu voz de prisão ao juiz de Goiana, ali refugiado, obrigando-o a bradar “viva a revolução, viva a pátria e viva a liberdade!” Motivados pelo exemplo, os revoltosos dominaram os demais distritos, todavia, meses depois, o movimento foi sufocado, resultando em severa punição dos seus líderes. Pedro de Sousa Tenório, vigário de Itamaracá, sofreu o mais abjeto vilipêndio. Foi enforcado, teve a cabeça decepada, as mãos cortadas, o corpo amarrado a dois cavalos e arrastado pelas ruas do Recife, transformando-se em um mártir da liberdade do Brasil. Sua cabeça e as mãos foram pregadas em um poste da Vila de Goiana, até caírem, e em seguida depositados na Igreja da Misericórdia naquela Vila. O que restou do corpo atrelado aos cavalos foi sepultado no cemitério da igreja de Santo Antônio, no Centro do Recife. Nascido em 29 de junho de 1779, Pedro de Sousa Tenório, o Vigário Tenório, foi morto em 10 de junho de 1817, aos 38 anos de idade. Por tudo o que ele foi, por sua luta, por sua bravura, por seu martírio, ele é muito mais do que uma rua estreita do Recife Antigo. Ele é um exemplo que não pode desaparecer da memória dos pernambucanos. *Por Marcelo Alcoforado

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Ele acordou (por Joca Souza Leão)

Ó só o filme qu’eu vi na TV outro dia. Pra variar, não sei o título. Quando zapeei, já tava rolando. A história de um cozinheiro, melhor, chef, inglês. O bonitão, aí na faixa dos trinta e alguma coisa, três estrelas do Guide Michelin, fazia o maior sucesso com um restaurante chic em Paris. Mas, aí, pira. Álcool e drogas. Perde tudo. Grana, estrelas e restaurante. Vai tudo pro vinagre. Nova York. Subempregos para manter álcool e pó. Vira, entre outras coisas, fritador de hambúrgueres no Madison Square Garden. E come o pão que o diabo amassou. Fundo do poço. Até que pinta sua última chance. Londres. Como nos filmes clássicos Os sete samurais e Sete homens e um destino, reúne os melhores profissionais de cada especialidade. No caso, os cães chupando manga da haute gastronomie. Da sous-chef (uma francesinha por quem ele se derrete) ao chef de partie, passando pelos bambas em molhos e salteados, grelhados, peixes, canapés, sopas, massas, doces e confeitaria. No salão, gerente e maitre pra restauranter nenhum botar defeito; sommellier francês, barman inglês, garçons e commis do ramo, até os stwards, responsáveis pela limpeza e montagem dos equipamentos, eram os melhores e mais bem pagos da cidade. Ia “tudo bem, muito bem, bem, bem” – como diria Arrelia. Té que, um dia, ficam sabendo da iminente visita secreta ao restaurante de um avaliador do Guide Michelin. E a cozinha vira um pandemônio. O chef tem um acesso de fúria e estrelismo, grita e xinga todo mundo; até a francesinha, namorada e subchefe, joga pratos e panelas pra todo lado. Caos total. E o pior de tudo (ou melhor?) é que a visita secreta do Michelin gorou, o cara não foi naquela noite nem nada. Bem, o filme vai por aí e, no final, apesar de não ser filme americano, termina tudo às mil maravilhas. Você já deve ter visto, caro leitor, esses programas de televisão com chefes paulistas famosos julgando candidatos a cozinheiro, né? Nunca entrei na cozinha de um restaurante famoso, mas sempre achei que esses chefes tentam temperar suas cozinhas com a grosseria de lendários chefs internacionais, sobretudo franceses. Em alguns momentos, verdadeiros carrascos. Esporro pra todo lado. Comentários humilhantes. E os pobres coitados dos pretendentes a cozinheiro, geralmente pessoas simples, submetem-se a tudo e ainda têm que lutar contra o tempo exíguo marcado por um relógio implacável. Quanto mais arrogante e autoritário aparentar o chefe diante das câmeras, mais o sacripanta pretende que a gente acredite qu’ele é um dos gênios da milionária cozinha paulistana. Há muitos anos, fui visitar minha tia Odete, Dedé, na casa dela no bairro do Zumbi (hoje, tudo ali é Madalena). Dedé estava de cócoras diante do forno, furando e regando um assado, com toda a paciência do mundo: “É um pernil, meu filho. Mas ele tá tão tristinho.” Fomos conversar no terraço. De instante em instante, ela levantava e ia à cozinha furar e regar o pernil. De lá, ouvi sua voz emocionada: “Joca! Ele acordou!” 17Comida feita com raiva pode dar fama e dinheiro a quem a faz, mas deve fazer mal à barriga da alma de quem a come. A comida de Dedé era a melhor comida do mundo porque ela era cozinheira de verdade, gostava de cozinhar e cozinhava com amor. Não era chefe de nada nem de ninguém. Era amiga de Maria Pequena, a cozinheira da casa. E assim foi servido o delicioso pernil naquela noite de Natal. E, de sobremesa, modéstia à parte, uma bela fatia de Bolo Souza Leão. Pra gente, na intimidade, o bolo de Dedé.

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O clichê do primeiro post

Chega a ser clichê o que se espera da primeira edição de uma coluna. O autor fala um pouco sobre ele, explica o motivo que o fez assinar este espaço, os assuntos que farão parte da rotina de tópicos discutidos ao longo da vida da coluna. Normalmente, fica para o final uma pequena amostra do que o leitor pode esperar. Consciente de que falar de um clichê é tão ordinário quanto o próprio, iniciemos pelo final. Todo Geek que se preze já leu alguma obra de Douglas Adams. Provavelmente, você já teve acesso a alguma edição da sua famosa série O Guia do Mochileiro das Galáxias. Se não, corra logo no seu Kindle ou em sua livraria favorita, sob a pena de perder a carteirinha de Geek por falsidade ideológica. Não à toa toda uma campanha criada há alguns anos definiu o Dia Nerd como o Dia da Toalha (se não entendeu, a resposta provavelmente está escondida em algum dos cantos do número 42). Gênio criativo que era, Douglas Adams trabalhou ainda como editor de roteiro da série britânica Doctor Who (conversaremos sobre ela em um futuro). Falecido em 2001, Douglas Adams representa um pouco do que nossa comunidade tanto ostenta. Personagens espertos, deslocados, temas complexos. Tudo isso destilado em um texto agradável, cheio de segundas intenções e ironias. Assim, não poderia deixar de estar presente nesta primeira coluna. Para os interessados em seus personagens, assistam à série Dirk Gently's Holistic Detective Agency, disponível no Netflix (veja trailer abaixo). Baseado em um livro de mesmo nome, o seriado já teve sua segunda temporada confirmada. Curiosamente, a obra original assinada por Douglas Adams data de 1987, ano de nascimento do autor desta coluna. E assim chegamos a mim. Meu nome é Ivo Henrique Dantas. Sou jornalista, geek nas horas vagas (e às vezes na minha profissão), mestre em comunicação e professor. Acho que você já percebeu o que poderá encontrar neste espaço. Todas as quartas-feiras, a gente vai conversar um pouco sobre livros, séries, filmes, jogos, tecnologia. Então, pegue sua toalha, e bem-vindo à Pernambuco Geek.    

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Cinema Argentino na Netflix (por Wanderley Andrade)

Duas indicações ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, uma estatueta na bagagem. Esse é o saldo em menos de sete anos do cinema argentino. Em 2010, o filme "O Segredo dos Seu Olhos" levou o prêmio. Em 2015, "Relatos Selvagens" foi indicado. E se voltarmos um pouco mais na história, veremos que nossos vizinhos levaram em 1985 outra estatueta. O ganhador da vez fora o longa "História Oficial". Alguns nomes do cinema argentino se destacam, como os diretores Juan José Campanella, Daniel Burman e Pablo Trapero e atores como Ricardo Darín e Norma Aleandro (indicada ao Oscar em 1985). E nossos hermanos continuam produzindo bons filmes. Se você ainda não assistiu a algum, uma boa opção seria recorrer aos serviços de streaming. Para facilitar sua busca, indico aqui duas produções que encontrei na Netflix. Agora é só pegar a pipoca! Elefante Branco (2012) Dirigido por Pablo Trapero, diretor argentino indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes por Leonera (2008) e ganhador do Leão de Ouro de melhor diretor no Festival de Veneza por O Clã (2014), Elefante Branco trata de assuntos bem comuns aos brasileiros, como o crescimento desordenado das favelas, o tráfico de drogas e o consequente aumento da violência. No filme, Elefante Branco é o nome de um prédio construído na década de 30, projetado para ser um dos maiores hospitais da América Latina. Após passar por problemas, como o golpe de 55 na Argentina, a obra fora abandonada, transformando-se em moradia para dezenas de famílias e abrigo para viciados. Nesse cenário está o padre Julián, interpretado por Ricardo Darín. Sua influência na comunidade não se resume às celebrações das missas e batizados. Com a ajuda da assistente social Luciana (Martina Gusmán) auxilia os moradores em questões ligadas à falta de moradia e problemas relacionados às drogas. Até que Julián descobre que sua saúde não vai bem e terá que procurar alguém para o substituir. É quando entra na história o padre francês Nicolás, interpretado pelo ator belga Jérémie Renier. Nicolás traz consigo o trauma de quase ter morrido num massacre durante um trabalho missionário no Amazonas e de ter perdido vários amigos. A ida à Argentina representará não apenas um recomeço, mas também oportunidade para apagar o remorso por não ter feito algo que evitasse essas mortes. Elefante Branco tem um bom roteiro, com protagonistas complexos, bem construídos. Destaco a boa atuação de Jérémie Renier, que consegue imprimir na tela todo o drama interior vivido por Nicolás. Seu personagem precisará enfrentar, além dos traumas do passado recente, o conflito entre o celibato e sua paixão por Luciana. Tese Sobre um Homicídio (2013) Mais um filme com Ricardo Darín. Desta vez um thriller. O ator interpreta o professor de Direito Criminal Roberto Bermudez. Sua rotina começa a mudar quando uma mulher é encontrada morta na faculdade em que leciona. As circunstâncias e detalhes relacionados ao homicídio levam Roberto a crer que o autor do crime seria um de seus melhores alunos, Gonzalo, vivido por Alberto Ammann. A trama é ancorada na busca (meio paranóica) de Roberto por provas de que Gonzalo é realmente o culpado. Para isso, aproxima-se de Laura, irmã da vítima, interpretada pela bela atriz Calu Rivero. O diretor Hernán Golfrid consegue conduzir a história muito bem, sustentando o suspense até os minutos finais, a ponto de levar o espectador a suspeitar de todos, inclusive do próprio Roberto. Difícil não falar da boa atuação de Ricardo Darín, que mostra no filme por que é considerado um dos principais atores do cinema argentino. *Por Wanderley Andrade é jornalista e crítico de cinema (7wanderley@gmail.com)

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João Bosco e Danilo Caymmi se apresentam no Teatro de Santa Isabel

O Canto Brasil traz para o Recife cantores renomados da Música Popular Brasileira. Os shows de Danilo Caymmi, no dia 15 de março, e João Bosco, dia 31 de março, serão realizados no charmoso Teatro de Santa Isabel. Os renomados ícones da MPB farão única apresentação e os ingressos são limitados. A abertura dos shows dá espaço para os nomes pernambucanos Cláudia Beija e Henrique Macedo. O projeto pernambucano Canto Brasil surgiu com o objetivo de construir um espaço permanente para fortalecer o intercambio de artistas nacionais consagrados e talentos da música pernambucana. A ideia é a cada mês trazer um músico diferente sempre com o show de abertura de algum artista local. Em março, Danilo Caymmi e João Bosco dão início ao projeto que deve seguir o ano todo. Danilo Caymmi – Cantor, compositor, flautista e arranjador, integrou a Banda de Tom Jobim em turnês nacionais e internacionais, participando da maioria dos arranjos. Compôs trilhas sonoras para novelas e seriados da televisão brasileira e participou de inúmeras gravações com grandes nomes da música. Barítono de uma família de vozes marcantes capaz de igualar-se ao baixo do pai Dorival Caymmi quando emposta a voz ou ao registro da mãe Stella Maris quando aveluda, Danilo é hoje um dos mais requisitados cantores da MPB. Com Tom Jobim, começou a cantar as músicas, “A Felicidade” e “Samba do Avião”, recebendo críticas no mundo inteiro, o que o estimulou ao trabalho solo. Na apresentação do Recife acompanhado ao violão por Davi Mello, músico também do grupo "Noites do Norte", interpretará músicas próprias como Andança, Casaco Marron, O bem e o Mal, sucessos do seu pai. João Bosco – Reconhecido e aclamado no mundo como um dos melhores artistas da nossa Música Popular Brasileira. Compositor, violinista e cantor, João Bosco é um fenômeno, sua melodia, seu ritmo e sua harmonia, além de censo de arranjos, ultrapassam os níveis aceitáveis pelos mestres. Seu violão, suas levadas antológicas por descreverem o ritmo brasileiro comprovam a diversidade de nossa ritma de maneira rica, sua voz alinha todo esse universo sonoro com modesta intervenção. Serviço: Danilo Caymmi Data: 15 de março de 2017 Local: Teatro de Santa Isabel Hora: 20h30 Show de abertura: Cláudia Beija Os ingressos começam a ser vendidos a partir do dia 3 de março na bilheteria do teatro e no site compreingressos.com com os seguintes valores: Plateia e frisas: R$ 100 e R$ 200 Camarotes: R$ 90 e R$ 180 Ingresso social: R$ 120 + 1kg de alimento. João Bosco Data: 31 de março de 2017 Local: Teatro de Santa Isabel Hora: 20h30 Show de abertura: Henrique Macedo

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Projeto Arte da Palavra aproxima o público da literatura

O projeto Arte da Palavra, lançado este mês em 12 estados pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), vai divulgar até dezembro a literatura no país, promovendo a democratização e facilitando o acesso da população à obra literária. O programa vai percorrer Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Tocantins, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. O técnico de Literatura do Sesc, Henrique Rodrigues, disse, em entrevista à Agência Brasil, que a entidade já promove muitas atividades de fomento à leitura usando sua rede de bibliotecas, mas decidiu agora criar esse projeto inédito de promoção da literatura, “fazendo o Brasil se conhecer”, através de circuitos. “Essa é a primeira vez que a gente está criando um circuito nacional de promoção da literatura”, afirmou o técnico. O primeiro circuito do Arte da Palavra envolve bate-papos do público com escritores, que vão para estados onde não residem. "Por exemplo, autores do Espírito Santo e de Pernambuco se juntam e vão circular no Tocantins e em Mato Grosso. Tem sempre essa mistura", informou Henrique. “Outra questão fundamental é que os livros deles vão ser lidos com antecedência em cada localidade, em clubes de leitura e escolas do Sesc, em atividades sistemáticas de estímulo à leitura”, completou. Entre os autores convidados estão Bráulio Tavares, ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura Infantil em 2009; Cíntia Moscovich, vencedora do concurso de Contos Guimarães Rosa; e Rafael Gallo, vencedor do Prêmio São Paulo 2016. O segundo circuito de oralidades é voltado para contadores de história, rappers e outras pessoas que trabalham mais a expressão oral da literatura. No último dia 10, esse circuito ocorreu em Maceió, com uma dupla de artistas do Rio de Janeiro que trabalha com poesia e música e que já visitou Belém. A narração de histórias e a veiculação oral da poesia fazem parte do circuito. Criação O projeto inclui também o circuito de criação literária, que trata o tema em suas variadas manifestações em oficinas de literatura. Ao todo, o projeto vai passar por 48 cidades, reunindo 91 artistas e escritores. Henrique Rodrigues revelou que a meta para 2018 é ampliar o número de cidades e estados visitados. “A tendência é, em pouco tempo, que a gente tenha [o projeto] sendo realizado em todos os estados onde tenha o Sesc. A gente considera este ano um teste grande e complexo, com muita gente indo para cidades diferentes”. Como o Sesc tem grande alcance no Brasil, optou-se por fazer essa mistura, explicou Rodrigues. “Ou seja, pegar pessoas de um estado e mandar para outro, bem diferente. A gente quer promover a diversidade no seu sentido amplo”. Disse, ainda, que o grande objetivo do Arte da Palavra é atender à grande demanda socioeducativa e cultural que é a formação de leitores espontâneos de literatura, considerando as diferentes possibilidades de leitura, que ultrapassam o campo do livro impresso e abrangem as manifestações orais, entre outras frentes. Salientou que o Brasil não conhece o Brasil em todas as suas manifestações culturais. “A gente conhece pouco o nosso vizinho. Um estado não conhece a manifestação literária do estado vizinho”. Por isso, Rodrigues acentuou que o projeto visa fazer essa “farofa literária”. “A gente quer fazer com que esse pessoal se conheça; o público conheça mais esse pessoal e eles também conheçam outros públicos”. Metodologia A programação é aberta ao público em geral. O que se estabeleceu como metodologia é que nos encontros com autores e no circuito de oralidade seja feita também sessão voltada para instituições de ensino da rede pública. Isso significa que à tarde, há sessões voltadas para o público escolar e, à noite, sessões abertas para o público em geral. A entrada é gratuita. “Basta chegar”, disse Rodrigues. Somente para as oficinas de criação literária, que têm carga horária, é preciso fazer pré-inscrição, com taxa simbólica no valor médio de R$ 20, “para valorizar a oficina”, ressaltou. (Agência Brasil)

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King Kong volta à tela grande (por Wanderley Andrade)

A onda de remakes e reboots não para em Hollywood, ainda que seja difícil prever se essas produções conseguirão levar multidões às salas de cinema. Basta olhar para um passado não muito distante: longas como O Vingador do Futuro (2012) e Ben-Hur (2016), releituras de filmes que foram sucesso de público e crítica, fracassaram nas bilheterias. No final de 2016, o site The Hollywood Reporter publicou uma matéria com as produções de menor público no ano. Ben-Hur encabeçou a lista, com um prejuízo de quase US$ 120 milhões. Este ano, mais remakes e reboots chegarão aos cinemas. O primeiro estreia nesta quinta: Kong: A Ilha da Caveira. Diferente dos filmes citados logo no início, o longa chega com potencial para conquistar grandes plateias. Trazer algo novo a um universo que já foi exaustivamente explorado, sem dúvida é um grande desafio. Para compor a equipe de roteiristas foi escalado Derek Connolly, responsável pelo sucesso de bilheteria Jurassic World (2015). O elenco é formado por grandes nomes como Tom Hiddleston, Brie Larson, John Goodman, John C. Reilly e Samuel L. Jackson. A direção praticamente “caiu no colo” de Jordan Vogt – Roberts, diretor dono de, até então, inexpressivo currículo. O filme tem como pano de fundo histórico o fim da Guerra do Vietnã. Lembra muito clássicos de guerra, como Apocalipse Now (1979) e Platoon (1986). Na história, um grupo de cientistas escoltado por militares seguirá para uma misteriosa ilha do Pacífico ainda não registrada nos mapas. John Goodman interpreta o cientista Bill Randa, responsável por convencer o senado americano a liberar a expedição. Ele convoca para a empreitada o ex-agente das forças especiais da Austrália, James Conrad (Tom Hiddleston), e a fotojornalista Mason Weaver, encarnada pela atriz ganhadora do Oscar Brie Larson. Para a surpresa de todos (ou quase todos) a ilha é habitada por estranhas criaturas gigantes, entre elas, o próprio Kong. A trama simples ganha força com as intensas e bem dirigidas cenas de ação. Cenas fortes como a do ataque de Kong a helicópteros militares, filmada do interior de uma das aeronaves bem no momento em que é esmagada pela fera. Os bons efeitos especiais produzidos pela Industrial Light & Magic (divisão da Lucasfilm que traz na bagagem filmes como Star Wars, Jurassic Park, Indiana Jones e Star Trek) aliados à competente edição de som dão ao espectador a sensação de imersão no filme. A trilha sonora também se destaca, com músicas de artistas como o David Bowie e da banda Black Sabbath. Apesar do cast ser composto por grandes nomes do cinema na atualidade, em Kong: A Ilha da Caveira, poucos conseguem se destacar tanto quanto o próprio Kong e as outras criaturas da ilha. Na verdade, a trama pouco exige dos atores, que trazem apenas atuações burocráticas, com exceção de Samuel L. Jackson, que está muito bem como o Tenente Coronel Packard, responsável por liderar os militares na expedição. Kong x Godzilla A Warner e a Legendary Pictures confirmaram recentemente o encontro entre Kong e Godzilla. O crossover está previsto para acontecer em 2020. Kong: A Ilha da Caveira traz uma cena pós-créditos que revelará um pouco do que virá no futuro. A cena terá ligação com o segundo filme de Godzilla, que chegará aos cinemas em 2019. *Por Wanderley Andrade é jornalista e crítico de cinema

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Seleção por concurso: um modelo ultrapassado

*Por Pierre Lucena Já é comum encontrar um ex-aluno meu e perguntar o que está fazendo da vida, como vai a carreira e receber a resposta: “estou fazendo concurso”. No Brasil, parar de trabalhar para estudar para concurso virou profissão. Segundo o site Consultor Jurídico, o Brasil possui 12 milhões de concurseiros. Estimativas mais realistas trabalham com o número de 5 milhões de pessoas que, simplesmente, pararam qualquer tipo de atividade produtiva para se dedicar única e exclusivamente a estudar para virar funcionário público. E concurso para que? Não importa. O que é relevante é o salário que vai ganhar, a cidade onde vai trabalhar e a flexibilidade do horário. E claro, a tão sonhada estabilidade no emprego. A aposentadoria integral já é um sonho distante, pois é um privilégio de servidores antigos. A verdade é que este modelo de seleção através de concurso é o que há de mais atrasado em termos de recrutamento de pessoas. Aparentemente ao que tínhamos antigamente, que era a indicação de amigos e parentes, parece ser um grande avanço, mas é muito pouco perto do que pode ser feito e do que realmente o país precisa. Vejamos...estamos falando de 5 milhões de pessoas sem fazer absolutamente nada de produtivo, já que até o estudo em que estão empenhados se resume em grande parte a decorar leis e regras que só servirão para o exame. Estamos falando de 5 milhões de pessoas que tiveram acesso à educação (muitas delas educação pública em universidade federal) que estão paradas sem gerar absolutamente nada para o país. E pior, cujo único sonho é virar funcionário público para não sofrer qualquer tipo de pressão no emprego que o obrigue a produzir mais. Não há sonho de ser empreendedor ou mesmo de assumir qualquer risco. O único objetivo é pensar que nunca poderá ser demitido, independente do que aconteça. E qual a alternativa? Que tal colocar a prova final do curso, como o Enade, misturado à nota que a instituição tira em seu conjunto, para formar uma lista nacional, tornando o processo bem menos complicado, muito mais transparente e ao mesmo tempo, estimulando o estudante a se esforçar durante o seu período acadêmico na graduação, que é o momento certo para seu desenvolvimento intelectual. Ao mesmo tempo acabaríamos com essa loucura coletiva que envolve milhões de jovens e estimularíamos o aprendizado dentro das instituições, já que estas se veriam forçadas a oferecer ensino de boa qualidade porque a carreira de muita gente, efetivamente, começaria no primeiro dia de aula. A verdade é que o Brasil não pode se dar ao luxo de ver grande parte de seu capital humano parada sem produzir sequer um alfinete. Somados aos 40 milhões de beneficiários de programas sociais e aposentadorias precoces, que estão sem trabalhar, e aos 23 milhões de desempregados (13 milhões de desempregados formais e 10 milhões que já desistiram de procurar emprego), temos praticamente metade da capacidade de capital humano do país em idade economicamente ativa com produtividade igual a zero. E daí surge a pergunta: que país estamos construindo? Com certeza será muito difícil fazer o país sair do processo atual sem a construção de uma cultura e um pacto de um trabalho real. __________________________ Pierre Lucena é Doutor em Administração/Finanças pela PUC-Rio e professor universitário A opinião deste artigo reflete o pensamento do autor, não da instituição que dirige ou representa

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