Sair das redes sociais será uma das promessas que farei neste final de ano e que, certamente, não cumprirei no ano novo. Também não cumprirei a promessa de comer menos doces e de não exagerar no sal. Visitar mais a família – mãe, vó e tios – será prometido, mas o resultado eles já conhecem: no máximo, um almoço por semestre. Fazer mais exercícios também estará na lista de promessas, como sempre. Sei que não cumprirei novamente, mas prometerei mesmo assim, para não perder a tradição.
Chegamos ao último mês de um ano que parece ter iniciado ontem. O tempo voou. Num piscar de olhos, 2018 terminou. Na infância o tempo passava mais lentamente. Minhas férias na praia duravam um mês. Mas pareciam durar uma década e não terminavam assim tão de repente. Hoje, nem sei o que são férias. As promessas feitas no final de 2017 ainda estão aqui, fresquinhas, na mente. Entrar na academia, fazer crossfit, viajar bastante, reunir os amigos, dar mais tempo aos filhos. Nada disso eu cumpri. Estou inadimplente com meus projetos pessoais e, provavelmente, já com tudo o que vier pela frente. No próximo ano, nada vai ser diferente. 2019 será como sempre. Um oceano de inadimplemento.
Talvez se eu fixasse uma multa diária pelo descumprimento de promessas de ano novo tomasse vergonha na cara. Acho que fazer um contrato seria uma boa. De um lado, eu, e do outro, eu mesmo. Deus é testemunha e minha mulher fiadora: “Cadê? Tu não dissesses que ia fazer isso e aquilo? Como é que é? Vai ou não vai tomar vergonha nessa cara? Levanta desse sofá, murrinha!”
Certamente continuarei trabalhando bastante, comerei frituras, não ganharei dindin, não viajarei bastante, não darei tempo aos filhos. Deus e minha mulher sabem que a realidade é esta. Porque me conhecem o suficiente. Não tenho palavra. Não sou bom em cumprir promessas. Então melhor aceitarmos essa cruel realidade. As sete ondas que pularei na noite de ano sorrirão da minha cara, espalhando espumas de descrença na areia branca de alguma praia pernambucana. Se mandar uma oferenda a Iemanjá, retornará com bilhete: “valei-me, você de novo! Não aguento mais. É verdade esse bilhete!”
Minhas promessas pouco importam para todos nós. As que importam mesmo são as de Bolsonaro. Que ele possa cumprir todas elas ou, quem sabe, descumprir algumas para o bem do Brasil. Essas coisas de colocar armas na mão da população, extinguir Ministério do Trabalho ou acabar com o programa “mais médicos” bem que poderiam ser descumpridas. Poderia ensinar ao presidente como não cumprir promessas. Eu daria um bom político. Neste caso, faria um bem danado ao Brasil.
Que 2019 seja um ano melhor para todos nós. Feliz ano novo, meus amigos!