Em 1859 era o Recife a mais importante capital das províncias do Norte do Brasil, possuindo um movimentado ancoradouro, o Teatro de Santa Isabel (1850), o Palácio do Governo (1841), um moderno Cemitério Público (1851), Gabinete Português de Leitura (1851), a Casa de Detenção (1856), o Ginásio Pernambucano (1855), a Faculdade de Direito (transferida de Olinda em 1853), iluminação à gás carbônico em suas ruas centrais (1859), com as obras da ferrovia Recife-São Francisco iniciadas, quando se anunciou a visita do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina.
A notícia da visita foi trazida pelo vapor Milford Haven, que fez com que toda população ficasse à espera da armada imperial por todo o dia 21, segundo noticia o Diario de Pernambuco, de 22 de novembro de 1859:
“Desde as cinco horas da madrugada, inúmeras famílias transportaram-se às ruas da Cadeia e do Colégio [Rua do Imperador e Praça 1817] por onde deveria passar o préstito imperial, os trabalhadores deixaram suas ocupações, os artistas largaram suas oficinas, os Corpos do Exército estiveram em seus quartéis, prontos ao primeiro sinal, o povo, enfim tendo ansiedade e prazer estampados nos semblantes, vagou de um a outro lado nas imediações do Cais de Desembarque e lugares e onde existem preparados iluminações e regozijos. – Ainda porém desta vez falharam os cálculos dos inventores de notícias.”
A chegada do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina acontece no dia 22 de novembro de 1859, a bordo do navio Apa, sendo descrito com cores forte pelo Diario de Pernambuco do dia seguinte, com direito a registros do fotógrafo Augusto Stahl (Bérgamo, Itália 1828 – Alsácia, França 1877), que se encontrava no Recife documentando os trabalhos da Estrada de Ferro Recife – São Francisco.
O noticiário da chegada ocupa toda primeira página do Diario de Pernambuco de 23 de novembro, ressaltando o noticiarista a exclamação do Imperador ao desembarcar:
“Pernambuco é um céu aberto e, na realidade, a Veneza Americana, seduzia e encantava, pois, como mágica sereia estava deslumbrante de esplendores”.
A visita do imperador e da imperatriz a Pernambuco é contada em noticiário diário pelo periódico fartamente ilustrado O Monitor das Famílias – Periódico de Instrução e Recreio – Série Extraordinária, cujo primeiro número circula na data de 2 de dezembro de 1859.
A estada do casal se prolonga até 24 de dezembro de 1859, quando às cinco horas da manhã embarcam com destino ao Porto de Cabedelo, na Paraíba.
Durante sua temporada em Pernambuco Dom Pedro II fez sucessivos passeios ao Recife (Arsenal de Marinha, Hospital [Pedro II], Asilo de Mendicância, Gasômetro, Arsenal de Guerra, Madalena, Remédios, Afogados, Saneamento, Hospital Militar, Caxangá, Açude do Prata, Apipucos, Monteiro, Beco do Quiabo, Poço da Panela, Igrejas de São Pedro, Pilar, São Francisco, do Carmo, Conceição dos Militares, Belém), bairros de Santo Antônio, São José e do Recife, Alfândega, Cemitério de Santo Amaro, Lazareto do Pina, Várzea, Montes Guararapes, Fundição Starr, Ginásio Provincial, Teatro Apolo), conforme se depreende das anotações do seu Diário. Organizado por Guilherme Auler, Recife: Arquivo Público, 1952.
Em plena juventude, aos 34 anos, Dom Pedro II mostrou-se grande cavaleiro enfrentando cavalgadas pelo interior da província, onde teve oportunidade de conhecer Olinda, Igarassu, Bujari, Goiana, Tejucupapo, Itamaracá (onde foi conhecer a mangueira de Sancha), Vitória de Santo Antão, Tabocas, Escada, Jaboatão, Pirapama, Moreno, Rio Formoso, Tamandaré; aproveitando para conhecer as obras da Ferrovia Recife-São Francisco em suas oficinas no Cabo de Santo Agostinho e no Túnel do Pavão.