Elis Costa estreia a videodança “O voo” nesta sexta-feira – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Elis Costa estreia a videodança “O voo” nesta sexta-feira

Nesta sexta-feira, 11 de março, Elis Costa estreia a videodança “O Voo”, às 19h, no canal da artista no Youtube (link na bio do Instagram @eliscosta), com acesso gratuito e livre para todos os perfis. Após a primeira exibição do filme inédito, haverá uma live de lançamento e debate com toda a equipe que participou da criação da obra, às 20h, no mesmo canal, com interpretação em Libras. O projeto tem incentivo da Lei Aldir Blanc, através do edital Criação, Fruição e Difusão 2ª edição – LAB PE 2021.

        Além da exibição de estreia, a videodança “O voo” seguirá em temporada com mais três sessões abertas ao público, uma no sábado seguinte ao lançamento, 12, e as outras duas no fim de semana dos dias 18 e 19 de março, sempre no mesmo horário e canal. As exibições dos sábados contarão com audiodescrição para a democratização do acesso e inclusão das pessoas com deficiência visual. A videodança ficará disponível para visualizações durante 1h a cada sessão, aberta ao público e com faixa etária livre.

A videodança “O voo” nasce das percepções que atravessam nossos corpos nesta pandemia. Encarar a irreversibilidade, a impermanência e os sentimentos decorrentes das rupturas inesperadas e violentas de vínculos significativos, consequências da Covid-19, nos causam uma sensação de desintegração, perdas de referências e alteração da realidade. A elaboração do luto, que é humano e necessário, impulsionou a artista da dança Elis Costa a investigar seus próprios movimentos e a mergulhar dentro de si mesma. A partir das metáforas atribuídas ao ato de voar, Elis entende “O voo” como a capacidade de transmutar, de integrar para continuar viva.

A artista explica que os primeiros passos dessa criação aconteceram durante uma performance on-line de longa duração chamada COVID-A, idealizada e proposta por Valéria Vicente e com o envolvimento de mais de 30 artistas do Brasil, em homenagem às vítimas da Covid-19, quando o país chegava ao marco de 100 mil mortes em agosto de 2020. Foi quando Elis Costa apresentou, por 1h30, o experimento que intitulou naquele momento de “Estudando o voo”. Após esse primeiro experimento, a artista iniciou a produção da videodança “Plantando o voo” e, agora, estreia o desdobramento e culminância de todo esse processo, a videodança “O voo”.

Para a realização da videodança “O voo”, a artista Elis Costa uniu uma equipe de profissionais para somar na cinematografia, na dramaturgia, no roteiro, na caracterização, na trilha sonora, na direção de arte e todas as demais funções necessárias para a construção coletiva de uma obra de audiovisual sob a perspectiva da dança. “Gosto de dizer que ‘O voo’ contém as suas fases anteriores, que fazem parte de um mesmo caminho, ainda que seja outro lugar. Os próprios nomes escolhidos das obras já revelam essa posição, assumem o processo, a construção, a artesania”, Elis Costa.

“Tenho me compreendido como uma artista que se interessa em exibir o processo. Como a própria natureza do luto é processual, entendo a estreia do novo trabalho e a partilha de seus passos como inseparáveis. Somos aproximadamente 6 milhões de enlutados e enlutadas hoje no Brasil só por COVID. É muita gente. Ainda assim enfrentamos uma crescente invisibilização na medida que as narrativas oficiais induzem a dúvida sobre o horror que vivemos. Foram 650 mil vidas perdidas, oficialmente, entre elas a do meu pai – e o número segue crescendo diariamente. A ausência do meu pai é concreta e eu a sinto a cada segundo. Para nós, a memória é um lugar imprescindível no caminho pela justiça e reparação necessárias. Há um sentido de denúncia dessa banalização, seja na própria videodança, seja na escolha por partilhar o seu processo”, Elis Costa.

“O voo” é uma videodança inédita, produzida de forma independente, com estreia marcada para a semana onde somamos exatos dois anos da primeira morte oficial por Covid-19 no Brasil. É um convite ao delírio, a imergir na imaginação como uma ponte de criação de outros mundos e possibilidades.

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