Engenho do Meio, o que sumiu no tempo - Revista Algomais - a revista de Pernambuco
Arruando pelo Recife

Arruando pelo Recife

Leonardo Dantas Silva

Engenho do Meio, o que sumiu no tempo

Arruando por terras do primitivo Engenho do Meio (Século 16) ingressamos no Campus da Universidade Federal de Pernambuco, criada em 20 de junho de 1946, onde se localizam os principais centros de ensino e pesquisa.

Parte da área do antigo Engenho do Meio fora adquirida em 1949 pelo então reitor da Universidade do Recife Joaquim Amazonas (1879-1959) aos irmãos Antônio Luiz e Ricardo Lacerda Brennand, proprietários da Usina São João da Várzea, dando início à implantação da Cidade Universitária.

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A tarefa de planejamento e construção dos prédios da universidade fora entregue à equipe dirigida pelo professor italiano Mário Russo (1917-1996), que contou com o auxílio dos arquitetos Everaldo Gadelha, Heitor Maia Neto, Maurício Castro e Severino Vieira Leão.

O que poucos têm conhecimento é que, dentro da área do campus universitário, existe em nossos dias uma comunidade denominada de Arruado do Engenho Velho sobrevivente do primitivo engenho de João Fernandes Vieira (c.1613-1681).
As terras do primitivo Engenho do Meio, situavam-se à margem direita do Rio Capibaribe, estando hoje ocupada pelas comunidades do Engenho do Meio, Torrões, Roda de Fogo e Cidade Universitária. Dos primitivos começos preserva-se, na atual Estrada do Forte, as ruínas do Arraial Novo do Bom Jesus (1645), bastião de vital importância nas guerras de expulsão dos holandeses (1645-1654).

Por causa do falecimento de João Fernandes Vieira, em 1681, essas terras passaram a pertencer à sua mulher, dona Maria César, que continuou residindo na casa grande do engenho, existente até o final da década de 1940 quando se transformou em ruínas com o início das obras do novo campus universitário.

Naquela casa grande ocorreram as reuniões que deram origem ao movimento revolucionário denominado de Insurreição Pernambucana (1645) que veio proclamar João Fernandes Vieira chefe supremo da Revolução e governador da Guerra da Liberdade e da Restauração de Pernambuco.

Pela incúria e desinteresse dos responsáveis pelo projeto do novo campus universitário, a primitiva casa grande veio ruir constituindo-se em prejuízo irremediável para o nosso patrimônio histórico-cultural.

De modo a marcar a primitiva sede do Engenho do Meio, às margens do riacho Cavoco, foi erguida a estátua pedestre de João Fernandes Vieira, moldada em bronze pelo artista Bibiano Silva, assinalada por uma placa: O Governador das Liberdades, 1645-1654. Neste local existiu a casa de João Fernandes Vieira, onde a 13 de junho de 1645 os restauradores declararam guerra aos holandeses que ocuparam este país.

*Por Leonardo Dantas Silva

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