A cena política nacional tomou o debate do encontro do Projeto Empresas & Empresários 2017, que traz como tema “Pernambuco muito além da crise”. Realizado pela TGI, INTG e CEDES, o projeto tem patrocínio do Governo do Estado. Como o estudo tem um viés propositivo, os membros do Conselho Estratégico Algomais Pernambuco Desafiado ressaltaram que uma superação do cenário de recessão passa pela mobilização da sociedade em prol da reforma política.
Os conselheiros também destacaram a importância de os brasileiros adotarem práticas anticorrupção desde as pequenas atividades do cotidiano. O recado é de que a mudança econômica sustentável demanda uma transformação até de alguns aspectos culturais dos brasileiros e das suas organizações.
A força que poderá mover a classe política para a reforma, no entanto, ainda está silenciosa, na avaliação dos conselheiros. “O brasileiro é leniente e tem conveniência histórica em apenas observar a situação de crise”, afirma o conselheiro Édson Menezes. Ele defende ser necessário um esforço para alcançar um contingente maior de pessoas em torno dessa causa para mover o Congresso a votar os projetos de interesse nacional.
O conselheiro João Bosco de Almeida defende também um novo posicionamento da classe empresarial. Ele lembrou, por exemplo, que os parlamentares do Congresso Nacional foram eleitos com financiamento dos empresários. “Não temos saída se não for pela política, se acharmos ela desnecessária, não vamos resolver o problema. Esse Congresso que está aí foram as empresas e as elites que colocaram lá, não foi o povão. Esse é o Congresso feito com dinheiro, não com ideologia”, ponderou.
O conselheiro Eduardo Lemos Filho considera que há ainda pouco conhecimento por parte da população brasileira sobre a reforma política. E mesmo que a discussão sobre as mudanças pareçam ser enfadonhas para a maioria das pessoas, é importante lembrar que muitas transformações positivas para o País surgiram de decisões políticas. “Estamos discutindo muito pouco sobre o assunto. Na realidade, a classe média brasileira entende muito pouco de política”.
A distância da participação mais forte da sociedade desse momento é avaliada como um risco para o conselheiro Gilliatt Falbo. “Nós estamos neste momento de desordem e desorganização do Estado brasileiro atapetando o caminho para um governo autoritário, seja militar ou civil. Ou dependemos de organização popular ou irá surgir o salvador da pátria”, alerta.
Diante das exposições, o conselheiro Sérgio Cavalcante propõe que os empresários pernambucanos vão além das fronteiras do Estado e lancem proposições sobre o cenário nacional. “Pernambuco nunca foi de esperar acontecer. Sempre fomos de influenciar as decisões nacionais. Podemos fazer mais que só chegar ao governador. Temos um Conselho Estratégico bastante privilegiado que dá para discutir o posicionamento da sociedade pernambucana em relação ao País como todo”, sugere.
PROPOSITIVO
Na reunião, o diretor da Algomais e coordenador do Conselho Estratégico, Ricardo de Almeida destacou a missão do projeto E&E de buscar alternativas para uma maior dinâmica na economia e nas empresas pernambucanas. “A ideia é não ficarmos paralisados diante da crise. Ela existe e é relevante, mas vai passar. Iremos identificar o que as empresas dos 15 setores econômicos selecionados estão fazendo para conviver com ela e superá-la”, explica o consultor Ricardo de Almeida.
O roteiro da pesquisa tem as seguintes questões centrais: o impacto da crise nas empresas, as medidas para superação no Brasil e em Pernambuco, e a superação da crise no ambiente empresarial.
Durante o evento, foi apresentado um balanço pelo economista Ecio Costa, da CEDES, que identificou leve melhora da economia pernambucana no primeiro trimestre deste ano. Mas, ressalvou que a resolução definitiva desse cenário tem um horizonte distante. “Ainda é cedo para acreditar que a crise está resolvida. A depressão foi grande e os efeitos ainda reverberam sobre a economia e a vida das pessoas. Os dados levantados, porém, animam e criam expectativas positivas”, pondera. O PIB de Pernambuco cresceu 1,4% no primeiro trimestre, enquanto que o desempenho nacional foi negativo em -0,4%.
A próxima edição da Algomais trará uma matéria com a análise do desempenho recente da economia pernambucana elaborado pela CEDES e apresentado por Ecio Costa aos conselheiros.