Da Semas
A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas/PE) promove hoje (14) a primeira expedição com mergulhadores para fazer a retirada de coral-sol (Tubastraea spp) visando conter a bioinvasão da espécie exótica. A ação é fruto de uma parceria com UPE, UFRPE, Syrien Dive, Abssal Mergulho, Projeto de Conservação Recifal – PCR e o Corpo de Bombeiro de Pernambuco. Ao todo, 20 mergulhadores e pesquisadores vão participar da expedição rumo ao naufrágio Virgo, distante cinco quilômetros da costa, localizado em frente à cidade do Recife.
Segundo José Bertotti, secretário da Semas/PE, o coral-sol é uma espécie invasora com alto poder de dispersão que coloca em risco a biodiversidade nativa. “É uma ameaça ao nosso ecossistema recifal nativo, podendo esse animal provocar ainda impactos negativos junto ao turismo subaquático e à pesca artesanal. Por isso, estabelecemos um plano de ação para controlar a presença dessa espécie no litoral continental e oceânico do Estado. São estratégias consistentes elaboradas junto com a academia e a sociedade civil, que agora também contribuem com a execução das iniciativas”, frisou.
O naufrágio Virgo, afundado em 2017, fica a 20 metros de profundidade. Ele está com cerca de 24% de sua área tomada pelo coral e foi o primeiro a ter presença da espécie invasora identificada pelo ONG PCR. Na atividade, os mergulhadores serão divididos em duas equipes e cada uma atuará em um lado da embarcação. A retirada acontecerá da proa em direção a popa do barco naufragado. Contando os intervalos de descanso e reposição de equipamentos, a operação pode durar até seis horas. Parte do material coletado será encaminhado às universidades e aos pesquisadores parceiros. O restante seguirá para destinação adequada.
Bertotti reforça que essa é a primeira expedição de uma série de cinco já previstas para a retirada do coral em naufrágios contaminados. Também serão realizados outros mergulhos para verificação de presença da espécie em novas áreas de naufrágios e em ambientes naturais distribuídos da costa pernambucana, sendo três deles no Arquipélago de Fernando de Noronha. “O coral-sol tem uma facilidade de se alojar em casco de navios e materiais artificiais. Então, decidimos fazer uma pesquisa nos pontos mais prováveis em que possam aparecer. Precisamos ainda verificar os recifes naturais e, principalmente, evitar que esses sejam contaminados”, argumentou.
Plano de Ação – Com a chegada do coral-sol ao litoral pernambucano, a Semas elaborou, em parceria com Agência CPRH, Distrito Estadual de Fernando de Noronha, universidades Federal (UFPE) e Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade de Pernambuco (UPE) e Projeto Conservação Recifal, o Plano de Ação para combater a espécie exótica. O documento prevê cinco etapas: Diagnóstico; Remoção; Monitoramento; Comunicação e Normas. Essas etapas são realizadas simultaneamente como forma de garantir um controle mais efetivo do animal.
Na etapa de diagnóstico, o objetivo é ter uma visão do status da contaminação dos ambientes marinhos consolidado em relatório com mapa e medidas mitigadoras a serem adotadas. Já a fase remoção prevê até o momento a extração de indivíduos nos outros quatro naufrágios: Walsa, Bellatrix, São José, Phoenix. Na etapa de monitoramento, o plano contempla a realização de mais campanhas de mergulho, além de um reforço na comunicação com as autoridades portuárias, mergulhadores profissionais, pescadores e instituições que atuam em ambientes recifais.
Coral-sol - Espécie exótica-invasora, originária do Oceano Pacífico Sul, o coral-sol é encontrado principalmente no Arquipélago de Fiji. Os vetores de introdução dele estão relacionados à plataforma e outras estruturas da exploração de petróleo, contudo, os navios também são tidos como vetores, através, principalmente, da incrustação da espécie em seu casco. Os indivíduos se fixam ao encontrar costão rochoso ou materiais artificiais como cimento, granito, aço e cerâmica, podendo ocupar áreas até onde não há incidência de luz. São capazes de se reproduzir em alta velocidade, ocupando o espaço da fauna nativa e provocando um efeito devastador na biodiversidade marinha brasileira.