Promovendo um diálogo entre diferentes linguagens para pensar a nova lógica das cidades brasileiras nas primeiras décadas do século 21, estreia hoje (2), a exposição ExistenCidades, do fotógrafo Beto Figueiroa, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), equipamento gerido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.
Simulacro de um universo quase urbano, com recursos audiovisuais, a mostra conta com 13 fotografias coloridas, expostas em formato de lambe-lambe. O ExistenCidades é realizado pela Jaraguá Produções com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura.
Para questionar a forma como o espaço urbano vem sendo estruturado, a instalação será feita entre andaimes de construções vazados, com a assinatura de Luciana Calheiros e Aurélio Velho, da Zolu Design. Nesse cenário, as fotografias expostas sugerem a reflexão sobre as cidades, evocando resquícios de convivências, urbanização, concreto, placas, escadas e até mesmo a simples e reflexiva ideia de uma boleia de caminhão ambientada em um “não-lugar”. “Fotografei em Lajedo, Maceió, Mossoró, Goiana, Recife, Porto de Pedras, Serrita, Bonança e na Ilha de Marajó. São ‘fios da meada’ que trazem referências de cidades”, explica Beto Figueiroa, que convidou o músico e amigo Jr. Black para assinar os textos que integram a narrativa que conduzirá os visitantes pela mostra.
São cinco textos, escritos em primeira pessoa, que narram histórias inventadas por Black para os personagens e cenários retratados por Beto. “Queria que, em algum momento, as fotos falassem e resolvi experimentar essa construção como uma espécie de ambientação que desse esse tipo de suporte”, conta o fotógrafo, que usa projeções de imagens para dialogar com as fotos e textos.
Durante a exposição, haverá, ainda, o lançamento do catálogo da mostra e um debate sobre da cidade e seus não-lugares, com a presença, além de Figueiroa e Jr. Black, da fotógrafa Ana Lira e do professor doutor em Comunicação Social José Afonso Júnior, da Universidade Federal de Pernambuco. No mesmo dia, será realizada uma visita guiada para surdos com o objetivo de utilizar a fotografia como meio de expressão e comunicação, aumentando a visibilidade e a inclusão da comunidade surda na sociedade.
Sobre Beto Figueiroa – Tendo passado parte da infância na histórica cidade de Goiana, Mata Norte de Pernambuco, Beto Figueiroa foi criado por uma mulher cega. Mãe Ná, sua avó, morreu em 2009, aos 106 anos e sempre foi uma referência não só na conduta de vida como na arte de enxergar. O jeito de ver as coisas se construiu de maneira diferenciada – bem provavelmente pela força dos ensinamentos de Mãe Ná, que jamais o viu, mas o acompanhou de perto, desde o início de sua carreira como fotógrafo.
Com trabalho reconhecido pelas principais premiações do fotojornalismo nacional, como Vladimir Herzog, Beto participou de exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, além de inúmeras publicações em livros e revistas. Em 2007, esteve entre os dez brasileiros escolhidos pela Fototeca de Cuba e pelo Instituto de Mídia e Arte – Imea (SP) para representar a fotografia brasileira, sendo o mais jovem da seleção na mostra “Mirame – uma ventana da fotografia brasileña”, em Havana. Em 2014, lançou a exposição “Morro de Fé”, com curadoria de Mateus Sá, formada por 25 fotografias coloridas e em preto e branco, impressas em grandes formatos, ocupando paredes e telhados com até 14 metros de largura. As imagens a céu aberto e em grandes proporções foram fixadas nas fachadas e muros das casas do Morro da Conceição. Em 2016, lançou o livro “Banzo” pela editora Olhavê e o segundo da sua carreira.
SERVIÇO
Exposição ExisteCidades, do fotógrafo Beto Figueiroa
Abertura: Dia 2 de maio, 19h
Data: Até 29 de julho
Local: MAMAM, na Rua da Aurora, 265 – Boa Vista, Recife
Estrada gratuita
Informações: (81) 3355-6871