Entrega do Oscar e desfile de escola de samba. Taí, páreo duro, taco a taco. Não sei qual dos dois o mais chato. Mas acho que o Oscar ganha. Por uma peinha de nada, mas ganha.
Crítica de filme americano começa pelos milhões de dólares que custou e quanto já rendeu de bilheteria (o que deve interessar às bolsas de valores; a mim, lhufas!). Depois, elenco, os chamados “astros” e “estrelas”, com os corpos celestiais de sempre. Daí, quantos óscares ganhou ou teve como indicações (pra mim, de há muito pra cá, quanto mais óscares, pior; mais razões pra não ver o filme).
Roberta (sempre ela) me convenceu a assinar a Netflix. Não foi fácil. Eu pensava que só tinha as famigeradas séries americanas. Mas não. É só saber procurar. Se você for no índice por gênero, aí, sim, quase tudo é americano. E o resto, “estrangeiro”. A dica é digitar o nome do filme ou nacionalidade: espanhóis, argentinos, italianos, franceses, suecos… e por aí vai. “Filmes em espanhol” vale para uruguaios, chilenos, colombianos…
No romance “picaresco, aventuroso e cinematográfico” de Homero Fonseca, Roliúde, o personagem Bibiu dana-se pelos ocos do mundo a contar filmes clássicos nas feiras para os matutos que nunca tinham visto um filme na vida. Pois, aqui mesmo, vou dar uma de contador de filmes, que nem Bibiu.
O título é 7 Anos. Colombiano. (Não faço ideia de quanto custou, assim como não sei elenco nem direção, só sei que são excelentes.) Quatro amigos de desde sempre, três homens e uma mulher (linda, diga-se), na faixa dos 30 e poucos, são sócios numa empresa de alta tecnologia. Num sábado, ficam sabendo que a Receita Federal descobriu que estavam aplicando dinheiro em contas secretas na Suíça e que serão presos pela Polícia Federal na segunda-feira. Penas: sete anos de cadeia. Mas, se apenas um assumisse a culpa, livraria a cara dos outros. Mas quem? Cada um tinha bons motivos pra não ser ele, mas um outro. Diante do impasse, contratam um mediador. Um sujeito bem mais velho que os quatro, cara de burocrata, gordinho, baixinho e metódico. Se você, leitor, tava pensando qu’eu ia contar o final, pode tirar o cavalinho da chuva. Filmaço. Veja e me conte.
Quer outro? Pra ficar só por aqui, entre nossos hermanos sul-americanos, esse é uruguaio: O apóstata. Um jovem estudante de filosofia, numa pequena e pacata cidadezinha do interior (os uruguaios não destroem suas cidades como a gente destrói aqui), decide deixar a religião católica. Quer dizer, ele quer apostatar. Não apenas abandonar, abjurar, mas apagar todo e qualquer vestígio de sua existência como católico. Tá pensando que é fácil? Na paróquia local, o jovem protocola um requerimento para que sua certidão de batismo seja extinta. De instância em instância eclesiástica, sabe onde o requerimento vai parar? No Vaticano. Taí um filminho despretensioso, divertido, sensual e tudo mais.
Como o espaço acabou, fico por aqui. Mas, não perca O insulto, do Líbano. Uma briga besta, doméstica, de um palestino com um libanês vai bater na suprema corte. Hilário. E os filmes espanhóis e argentinos são show de bola.