Arruando pelo Recife

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Leonardo Dantas Silva

Igarassu, ninguém foi mais do que tu

Ao desembarcar na feitoria de Pernambuco, localizada às margens do canal de Santa Cruz, em 9 de março de 1535, o primeiro donatário Duarte Coelho Pereira, depois de demorar-se ali por alguns meses, partiu em direção ao norte deixando em terras de Igarassu o vianês Afonso Gonçalves e uma parte da nobre gente que trouxera consigo.

A presença dos portugueses na região data dos primeiros anos da colonização, ainda quando da instalação da feitoria de Cristóvão Jacques em dezembro de 1516, de onde, 10 anos mais tarde, era embarcada para Lisboa a primeira remessa de açúcar produzido no Brasil. Segundo Arlindo Rubert já nesse tempo possuía a feitoria um capelão, sendo Igarassu uma das mais antigas paróquias do Brasil. Em 1535, quando da tomada de posse de Afonso Gonçalves daquelas terras, exercia as funções de vigário o padre Pedro da Mesquita nela se mantendo até 1559.

Lutas com os índios potiguaras, que habitavam a região, dificultaram os primeiros dias da colonização, como está a testemunhar a Igreja dos Santos Cosme e Damião, erguida em memória da vitória alcançada em 27 de setembro de 1535. Em 1548, volta o núcleo populacional a sofrer um novo assédio dos indígenas, conforme conta o aventureiro alemão Hans Staden em seu livro publicado na Alemanha em 1557.

Desde o século 17 vem a então povoação ostentando o título de Mui Nobre, sempre leal e mais antiga Vila da Santa Cruz e dos Santos Cosme e Damião de Igarassu. O que parece, no entanto, é que a Vila de Santa Cruz, que Duarte Coelho pretendeu criar nas margens do Canal do rio Timbó, jamais foi concretizada o que fez a Câmara de Igarassu apropriar-se de sua referência, de forma a justificar a sua precedência em relação a Olinda.

Elevada à categoria de Leal Vila, por alvará de 1811, recebeu o predicado de cidade em 1872. Em 1935, lei estadual a considera “cidade monumento”, sendo o seu conjunto arquitetônico e urbanístico tombado em nível federal, sob o n.º 51 do Livro Arqueológico, Paisagístico e Etnográfico, em 10 de outubro de 1972 (Processo n.º 359-T).

Santos Cosme e Damião
Bem presente em telas e desenhos assinados por Frans Post, pintor holandês que esteve em Pernambuco a serviço do conde João Maurício de Nassau entre 1637 e 1644, a Igreja dos Santos Cosme e Damião de Igarassu é considerada a mais antiga do Brasil.

A tradição de sua construção remonta ao ano de 1535, sendo erguida pelo vianês Afonso Gonçalves, companheiro do donatário Duarte Coelho em suas andanças pela Índia, em agradecimento à vitória alcançada pelos portugueses em luta contra os índios da região. Segundo frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, sua construção se deve “à última vitória a 27 de setembro, dia dos gloriosos mártires Santos Cosme e Damião, e as suas memórias consagraram logo aquele lugar, levantando nele igreja sua, e dando princípio a uma povoação, que depois passou a vila, com os nomes dos santos mártires, e foi a primeira da capitania de Pernambuco”.

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