Causa mais comum de demência, a Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que tem se tornado cada vez mais frequente, tornando-se um problema de saúde pública e comprometendo a qualidade de vida das pessoas acometidas. Mas não são apenas os portadores da doença que sofrem os efeitos da perda de memória. Seus familiares também sentem esse baque. “Eles necessitam conciliar suas rotinas, estando presentes no cuidado com esses pacientes que perdem progressivamente sua independência para atividades cotidianas e, nas fases mais avançadas da doença, perdem a capacidade de cuidar de si mesmos”, explica a geriatra Andréa Figuerêdo, do Hospital Esperança Olinda.
A profissional explica que a incidência de demência aumenta exponencialmente com a idade, que se torna então um fator de risco importante para o desenvolvimento do Alzheimer. “Estudos científicos demonstraram que quanto maior a idade, maior a chance de apresentar a doença”, afirma. Por isso, a importância de se manter atento aos sinais clínicos da Doença de Alzheimer, de modo a tratá-la ainda nas fases precoces e, com isso, retardar os efeitos das perdas causadas pela doença.
Conforme explica Andréa Figuerêdo, o primeiro sinal da doença é o comprometimento da memória. Em especial, para fatos recentes. “O indivíduo pode esquecer compromissos, de dar recados, de realizar pagamentos, pode repetir histórias e perder objetos”, diz a médica. “A memória para fatos passados encontra-se preservada nas fases iniciais, podendo ser lembrada com maior frequência do que os fatos recentes. Progressivamente, o paciente apresenta dificuldade de gerir sua vida e manter independência para as atividades cotidianas, como tomar remédios, cuidar das finanças, arrumar a casa e usar o telefone”, completa. Pode haver ainda alteração do humor e do comportamento associados, como depressão, irritabilidade e ansiedade.
Apesar de não existirem evidências científicas de algo específico que possa evitar a Doença de Alzheimer, existem alguns fatores de risco conhecidos. São eles: idade (quanto maior a idade, maior o risco de apresentar a doença), fatores de risco cardiovasculares (como hipertensão, diabetes, obesidade, sedentarismo e dislipidemia que é o aumento do colesterol no organismo), histórico familiar de parente do primeiro grau com Doença de Alzheimer diagnosticada antes dos 65 anos e portadores de Síndrome de Down. “Outro fator de risco considerado importante para o desenvolvimento da doença é a baixa escolaridade. Assim, a melhoria no acesso das pessoas à educação poderia ser mais um fator protetor contra o desenvolvimento da doença”, revela a geriatra, que indica a adoção de um estilo de vida saudável, que inclua dieta e exercícios físicos regulares, como forma de minimizar o risco associado ao desenvolvimento da Doença de Alzheimer e outros tipos de demência.
Tratamento – No que diz respeito ao tratamento do Alzheimer, o Hospital Esperança Olinda conta com um Ambulatório do Esquecimento, que funciona às quintas-feiras pela manhã e atende pessoas com problemas relacionados à memória. O local atende de 6 a 8 pacientes por semana, encaminhados por outros profissionais ou a partir de demanda espontânea, que passam por testes que avaliam a memória já na primeira consulta, bem como por exames complementares (ressonância magnética, tomografia de crânio e exames laboratoriais) para auxiliar na avaliação do problema a partir do rastreio de possíveis causas de demência reversíveis com o tratamento adequado.
“Dispomos de avaliação neuropsicológica que realiza testes cognitivos mais detalhados para avaliar o comprometimento da memória. A terapia ocupacional também faz parte da equipe e, através de consultas periódicas, orienta os pacientes e familiares na estruturação e organização da rotina das atividades do dia a dia desses pacientes, de forma a preservar, dentro do possível, a autonomia e independência, minimizando as perdas decorrentes do prejuízo da memória”, explica a geriatra Andréa Figuerêdo, do Hospital Esperança Olinda.